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DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROF. ANDRÉ LUIZ BATISTA NEVES
ALUNA: LUISA MARTINS FARIAS (2023.1)
PODER LEGISLATIVO:
Separação/Invasão dos poderes:
• A CF/88 consagrou a Separação dos Poderes como um princípio fundamental do Estado, insuscetível
de supressão, ou seja, cláusula pétrea.
• John Locke inaugurou a teoria da separação dos poderes em 1690, quando queria impugnar o
absolutismo real. Depois, Montesquieu, no livro Espírito das leis, disse que o poder só pode ser
limitado pelo próprio poder e criou a tripartição e recíproca limitação dos poderes.
• É pautada na ideia de contenção de poder – independência e harmonia entre os poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário.
• Check and balances = sistema de freios e contrapesos: um poder interfere no outro.
• O Estado está cada vez mais complexo e o modelo de Montesquieu não dá conta de abarcar a
especialização de atividades (hoje temos órgãos com funções autônomas: TCU, MP, ...).
• As funções típicas dos poderes são: Executivo = administrar/governar, Legislativo = fiscalizar e criar
leis e Judiciário = julgar/resolver conflitos.
• Ao lado das funções típicas (que não são de exercício exclusivo, mas predominante), temos as
funções atípicas, que são realizadas como meio de garantir a independência e autonomia.
• Ex.: legislativo exerce função atípica de julgar o presidente da república por crime de
responsabilidade e administrar os seus próprios órgãos, serviços e servidores.
Poder Legislativo:
• A CF/88 atribuiu ao poder legislativo as funções típicas de legislação (editar normas) e fiscalização
(controlar a atuação dos outros poderes e investigar fatos determinados relevantes). Temos órgãos
legislativos da União – Congresso Nacional, dos estados – assembleias legislativas, do DF – Câmara
legislativa e dos municípios – câmara de vereadores.
• Órgãos do Poder Legislativo da União:
➢ É o Congresso Nacional, composto por sistema bicameral (característica da federação) =
Câmara dos Deputados (representa o povo – Deputados Federais eleitos pelo sistema
proporcional com lista aberta) e Senado Federal (vontade dos estados federados na
formação da vontade nacional – 3 senadores por estado, 81 no total, eleitos por sistema
majoritário simples, com mandato de 8 anos).
➢ O Congresso nacional tem existência própria, com competências políticas específicas.
➢ O número de Deputados Federais varia entre 8 e 70, com total máx. de 503 Dep., definido
por Lei complementar n 75/93. O número é proporcional a população por estado.
• Órgãos do Poder Legislativo dos estados → É a Assembleia Legislativa, órgão unicameral composto
pelos Deputados estaduais eleitos pelo sistema proporcional com lista aberta para mandato de 4
anos.
• Órgãos do Poder Legislativo dos Municípios → É a câmara de vereadores, órgão unicameral com
vereadores eleitos pelo sistema proporcional com lista aberta e mandato de 4 anos.
• Organização interna do Poder Legislativo:
➢ Mesa diretora → todo órgão executivo tem uma Mesa, é o órgão de direção da casa
legislativa, responsável pela condução dos trabalhos. Na União temos 3: As Mesas diretoras
da Câmara de Deputados, do Senado e do Congresso Nacional. Cargos: 1 presidente, 2 vice-
presidentes, 4 secretários e 4 suplentes de secretários. São eleitos pelos próprios
parlamentares para mandatos de 2 anos, vedada reeleição para mesmo cargo na eleição
subsequente.
➢ Comissões Parlamentares → Órgãos de natureza técnica que examinam as propostas
legislativas em curso e sobre elas emitem pareceres para controlar e investigar fatos
relevantes e determinados. A CF permite:
a) comissões permanentes – comissões temáticas, ex.: comissões do Trabalho,
Orçamento, Meio Ambiente) duram por sucessivas legislaturas;
b) comissões temporárias – criadas para fins específicos e duram o tempo necessário
para conclusão de seus trabalhos (são as comissões de inquérito, as especiais e as
externas).
c) comissões mistas são as criadas no Congresso, compostas por Deputados e
Senadores.
d) comissões representativas – exerce uma atividade de representação, durante o
recesso, do Congresso Nacional. Eleita na última sessão ordinária antes do recesso.
• Terminologia:
1. Legislatura = duração de 4 anos, composta por 4 sessões legislativas (anual);
2. Sessão legislativa = espaço do tempo em que há atividade parlamentar no ano: (1º
período – 02/02 a 17/07 e 2º período – 01/08 a 22/12);
3. Sessão legislativa extraordinária = realizada nos intervalos da sessão legislativa ordinária,
durante o recesso parlamentar, para discutir matéria de urgência ou em caso de
decretação de estado de defesa ou intervenção federal.
4. Sessões ordinárias = reuniões diárias no horário normal de expediente.
5. Sessões extraordinárias = reuniões diárias que ocorrem fora do horário de expediente.
6. Sessões preparatórias = precedem a inauguração dos trabalhos do Congresso Nacional
na primeira e na terceira sessões legislativas de cada legislatura.
7. Sessões solenes = realizadas para grandes comemorações ou homenagens especiais.
Polícias Legislativa → É o órgão de segurança interna das casas legislativas, responsável pelas atividades
típicas de polícia, mas limitada ao âmbito dos fatos ocorridos no recinto da Câmara, Senado e Congresso.
Compete-lhe, por meio de instauração de inquérito (CPP), a apuração e investigação das infrações penais
cometidas no interior das casas legislativas. O inquérito é enviado à autoridade judiciária competente.
➢ Função atípica de administrar – garante a autonomia desse poder (não depende do Executivo) e
mantém a ordem dentro do Congresso. Também deve preservar as moradias dos legisladores e
acompanhá-los em viagens da agenda de trabalho.
➢ Para busca e apreensão dentro do Congresso, a competência é da Polícia Judiciária.
TRIBUNAL DE CONTAS:
• A CF prevê dois sistemas de controle e fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial das entidades federadas e de suas respectivas administrações direta e indireta:
1. Sistema interno – exercido por cada Poder, por meio de seus próprios órgãos, visando
aferir a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subversões e renúncias
de receitas. Se tomarem conhecimento de irregularidade, devem dar ciência ao Tribunal
de Contas correspondente, sob pena de responsabilidade solidária.
2. Sistema externo – exercido pelo Poder Legislativo com o auxílio do Tribunal de Contas do
ente federativo correspondente.
• Os Tribunais de Contas surgiram na república por iniciativa de Ruy Barbosa (ministro da justiça) que
tinha por objetivo criar um tribunal que fiscalizasse as contas da administração pública.
• A jurisdição brasileira é una (à princípio, nada pode deixar de ser examinado pelo poder judiciário).
Ou seja, no Brasil não temos justiça administrativa.
• Natureza jurídica → As decisões dos tribunais de contas são definitivas no ramo administrativo, mas
podem ser revistas no judiciário – são judiciariforme.
• Função → São órgãos auxiliares dos poderes legislativos.
• Atuação conjunta – art. 71, I c/c art. 48, IX; art. 71, IV e art. 71, §§ 1º e 2º.
• O Tribunal de Contas tem competência para atividade de:
1. auxílio – examina as contas públicas do chefe do poder executivo e envia parecer para o
poder legislativo correspondente, que vai apreciar e julgar (art. 71, I, CF);
2. julgadora ou decisória – caso trate-se de qualquer outro administrador público, o tribunal
de contas aprecia diretamente (ART. 71, II, CF).
• Caso a verba venha de órgão executivo diferente do que recebe (ex.: verba da União p/ município),
perde-se a prerrogativa de análise do legislativo e será julgado pelo TC de onde a verba sai.
• Composição:
1
a) TCU – 9 ministros, escolhidos: 3 pelo Presidente da República com aprovação do Senado (2
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deles alternadamente dentre auditores e membros do MP) e 3 pelo Congresso Nacional. O
TCU tem um Ministério Público especial (art. 130, CF)
Subsídios → art. 39, §4, CF - Os detentores de mandatos eletivos são remunerados por um subsídio que, ao
contrário do salário, não pode ser acrescido de gratificações, adicionais ou abonos. O art. 37, X, CF esclarece
que o valor do subsídio deve ser fixado por lei específica com direito a revisão anual, sempre na mesma data.
Tudo isso foi reformado devido ao texto da EC nº 19/98.
Incompatibilidades (art. 54) → Rol de impedimentos aos parlamentares. Podem ser negociais, funcionais ou
políticas e dividem-se em:
a) Desde a expedição do diploma – a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público,
autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço
público, salvo contrato de adesão; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado,
inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades da alínea anterior;
b) Desde a posse – a) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze de favor decorrente
de contrato com pessoa jurídica de direito público; b) ocupar cargo ou função que sejam demissíveis
ad nutum nas entidades referidas em “a”; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das
entidades a que se refere “a”; d) ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
a) Cassação – Ocorre por meio de deliberação do plenário da casa legislativa, por voto aberto da maioria
absoluta (julgamento político que avalia a conveniência da absolvição ou condenação política do
parlamentar). Pode ocorrer quando o parlamentar:
i. infringir qualquer das proibições estabelecidas no art. 54 (incompatibilidades);
ii. cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar (instância teórica
do que é socialmente aceito como comportamento adequado parlamentar) – cabe ao
próprio Congresso determinar (autocontenção);
iii. sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
b) Extinção – Por via de simples declaração da mesa diretora da casa legislativa, nas hipóteses de o
parlamentar:
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i. Deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, a 3 das sessões ordinárias da casa;
ii. Perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
iii. Quando o decretar a justiça eleitoral.
➢ STE passou a entender que, salvo justa causa, perde o mandato o parlamentar eleito
por sistema proporcional que se desfiliar do seu partido de eleição, por violar o
princípio constitucional da fidelidade partidária;
➢ Não perderá o mandato o deputado ou senador: a) investido no cargo de Ministro de
Estado, Governador, Secretário de Estado ou chefe de missão temporária; b) licenciado
pela respectiva Casa por motivo de doença ou para tratar, sem remuneração, de
interesse particular (não pode ultrapassar 120 dias por sessão legislativa).