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DIREITO CONSTITUCIONAL
PROF LUCAS NETO

PODER LEGISLATIVO (ARTS. 44 A 75, CF/88)

Ao consagrar o princípio da separação dos poderes, a Constituição Federal de 1988


atribuiu funções determinadas a cada um dos três poderes, mas não de forma
exclusiva. Todos eles possuem, pois, funções próprias, ou típicas e, também, funções
atípicas, que ora são exercidas para consecução de suas finalidades precípuas, ora o
são para impor limites à atuação dos demais poderes, no âmbito do mecanismo de
freios e contrapesos.

São funções do Poder Legislativo: elaborar leis (emendas à Constituição, leis


complementares, leis ordinárias, leis delegadas, conversão de medidas provisórias em
lei, decretos legislativos e resoluções), exercer a fiscalização política do Poder
Executivo e a fiscalização orçamentária de todos os que lidam com verbas públicas,
com o auxílio do Tribunal de Contas.

É importante esclarecer que essas duas funções típicas do Poder Legislativo dispõem
da mesma dignidade, do mesmo grau de importância, vale dizer não há hierarquia
entre elas. As duas formas atribuídas pelo constituinte originário ao Poder Legislativo,
sem nenhuma relação de subordinação entre elas.

As funções atípicas do Poder Legislativo são administrar e julgar. O Legislativo exerce


função atípica administrativa quando, por exemplo, dispõe sobre a sua organização
interna ou sobre a criação dos cargos públicos de suas Casas, a nomeação, a promoção
e a exoneração de seus servidores. O desempenho da função atípica de julgamento
ocorre, especialmente, quando o Senado Federal julga certas autoridades da República
nos crimes de responsabilidade.

1) Composição do Congresso Nacional (arts. 44 a 47, CF/1998)

De acordo com o art. 44 da CF, o Poder Legislativo Federal é exercido pelo Congresso
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (sistema
bicameral).

O sistema bicameral vigente no Brasil é do tipo federativo, existindo uma Casa


Legislativa composta por representantes do povo eleitos em número relativamente
proporcional à população de cada Unidade Federativa (Câmara dos Deputados), e uma
outra Casa (Senado Federal) com representação igualitária de cada uma das unidades
da Federação (Estados-membro e Distrito Federal, com três Senadores de cada
unidade da Federação).

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O Poder Legislativo estadual é exercido pela Assembleia Legislativa; o distrital é


exercido pela Câmara Legislativa e o municipal pela Câmara dos Vereadores. Para
estas pessoas políticas, portanto, o sistema é unicameral.

A Câmara dos Deputados é composta de representantes do povo, proporcionalmente à


população de cada ente federado, valorizando o princípio republicano-democrático.
Cada legislatura tem a duração de quatro anos (Deputados Estaduais, Deputados
Federais e Vereadores), exercendo os Senadores um mandato de oito anos.

O número total de Deputados, eleitos segundo o princípio proporcional, é estabelecido


por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes
necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de 8 ou mais de 70 Deputados. Cada Território elegerá 4
Deputados.

O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal,


eleitos segundo o princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3
Senadores, com mandado de 8 anos, renovados de 4 em 4 anos, alternadamente por
1/3. Cada Senador será eleito com 2 suplentes de sua livre escolha ou de escolha do
partido, diferentemente do Deputado, cujo suplente é aquele que conseguir
determinado número de votos.

Em regra, o Congresso Nacional atua por meio da manifestação das duas Casas
Legislativas, em separado, situação em que as proposições tramitam pelas duas Casas
e essas, de forma autônomas e sem subordinação, sobre elas deliberam. Mas há
situações excepcionais em que a Constituição exige o trabalho simultâneo das duas
Casas e essas, hipótese em que temos a denominada sessão conjunta.

Na sessão conjunta, como a própria denominação indica, as Casas atuam ao mesmo


tempo, embora as deliberações sejam em separado, isto é, a contagem de votos se dá
entre os pares de cada Casa.

O § 3° do art 57 da Constituição Federal estabelece que, além de outros casos previsto


no texto constitucional, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em
sessão conjunta para:

I – Inaugurar a sessão legislativa;


II – Elaborar o registro comum e regular a criação de serviços comuns às duas
Casas;
III – Receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da república;
IV – Conhecer do veto e sobre ele deliberar.

Dentro os outros casos previstos no texto constitucional em que as Casas atuarão sem
sessão conjunta, merece destaque, a reunião para discussão e votação da lei
orçamentária, conforme previsto no art. 166.

O Congresso Nacional desenvolve suas atividades por legislaturas. Temos sessões


legislativas ordinárias ( período anual em que deve estar reunido para os trabalhos,

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dividido em dois períodos, 2 de fevereiro a 17 de julho e 1° de agosto a 22 de


dezembro), e sessões legislativas extraordinárias ( convocadas pelos Presidentes do
Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou da República para deliberar sobre
matéria especificada, nos intervalos as sessão legislativa ordinária).

2) Órgãos do Poder Legislativo

a) Mesas Diretoras

O órgão administrativo de direção das Casas Legislativas é sua mesa.

A mesa é o órgão responsável pelas funções meramente administrativas, como pela


condução dos trabalhos legislativos que se desenvolvem em cada Casa. Temos, então,
a Mesa da Câmara dos Deputados, Mesa do Senado Federal e, também, a Mesa do
Congresso Nacional, que atua nas sessões conjuntas deste.

A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os


demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal são eleitas, respectivamente,


pelos deputados e senadores, devendo ser assegurada, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam
da respectiva Casa.

Os membros das mesas são eleitos para mandato de dois anos. Com isso, temos duas
eleições para a mesa em cada legislatura A Constituição Federal veda a recondução de
membro da mesa para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

Essa proibição só alcança a eleição realizada no âmbito da mesma legislatura.


Terminada a legislatura, os membros da mesa poderão ser reconduzidos, para o
mesmo cargo, na primeira eleição da nova legislatura que se inicia.

b) Comissões

As Casas Legislativas, para o bom desempenho de seus trabalhos legislativos,


constituem comissões, que são órgãos colegiados, compostos por número restrito de
membros.

A atuação do Legislativo por meio de comissão visa, na realidade, a facilitar o trabalho


do Plenário das Casas, pois caberá às comissões estudar e examinar as diversas
proposições legislativas e apresentar pareceres que orientarão as discussões e
deliberações plenárias.

A precisão genérica das atribuições das comissões parlamentares está no § 2° do art.


58 da Constituição Federal, nos termos seguintes:

§ 2° - às comissões, em razão da matéria da sua competência, cabe:

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I – discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a


competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da
Casa;
II – realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III – convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos
inerentes as suas atribuições;
IV – receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer
pessoa contra atas ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V – solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI – apreciar programa de obrigas, planos nacionais, regionais e setoriais de
desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.

As comissões do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal


são criadas pelas Casas correspondentes, na forma e com atribuições definidas no
regimento interno respectivo As comissões integradas conjuntamente por deputados e
senadores são chamadas Comissões Mistas do Congresso Nacional.

A própria Constituição Federal determina a criação de importantes comissões mistas do


Congresso Nacional, como a Comissão Mista destinada a apreciar as medidas
provisórias adotadas pelo Presidente da República e a Comissão Mista do Orçamento,
prevista no art. 166.

As comissões podem ser permanentes ou temporárias.

As comissões permanentes são órgãos técnicos criados pelo regimento interno, com a
finalidade de discutir e votar as proposições e projetos que são apresentados à
respectiva Casa, ou com atribuições fiscalizadoras.

As comissões permanentes são órgãos técnicos criados pelo regimento interno, com a
finalidade de discutir e votar as proposições e projetos que são apresentados à
respectiva Casa, ou com atribuições fiscalizadoras.

As comissões temporárias são aquelas criadas para apreciar determinado assunto, e se


extinguem ao término da legislatura, ou antes, quando alcançado o fim a que se
destinavam ou expirado o seu prazo de duração. São exemplos de comissões
temporárias as comissões representativas, destinadas a representar a Casa Legislativa
em congressos, solenidade ou atos públicos, e as comissões parlamentares de
inquérito (CPI), criadas para investigar fato determinado de interesse público.

Comissões Parlamentares de Inquérito

As CPI,s são comissões temporárias, criadas pela Câmara dos Deputados, pelo Senado
Federal ou pelo Congresso Nacional, com o fim de investigar fato determinado de
interesse público.

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É importante ressaltar que a atuação das comissões parlamentares de inquérito


consubstancia função típica do Poder Legislativo, no desempenho da sua atribuição
fiscalizatória de atos conexos ao Poder Público.

A previsão constitucional para a criação de comissões parlamentares de inquérito está


no art. 58, nos seguintes termos:

§ 3° - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de


investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a
responsabilidade civil ou criminal das infratores.

Com fundamento nesse dispositivo constitucional e na jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal sobre a atuação das comissões parlamentares de inquérito, podemos
analisar seus aspectos mais relevantes:

- É condição indispensável para criação da CPI o apontamento de um fato determinado


a ser investigado. Não se admite a criação para uma investigação de objeto genérico,
inespecífico, abstrato. Entretanto, nada impede que a comissão parlamentar investigue
mais de um fato, desde que eles sejam determinados.

- Deve ser criada por prazo certo. Porém, tal indicação não é peremptória, haja vista
que são permitidas sucessivas prorrogações, desde que no âmbito da mesma
legislatura, observados os requisitos regimentais para essa postergação.

- Dispõem de poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. É certo,


porém, que esses poderes não são ilimitados, tampouco alcançam as matérias de
competências dos membros do Poder Judiciário.

- É possível a criação de comissão parlamentar de inquérito para investigar fato


determinado que já esteja sendo investigado em inquéritos policiais ou processos
judiciais regularmente instalados, situação em que as investigações ocorrerão
paralelamente.

- Os poderes de investigação das comissões parlamentares criadas pelas Casas do


Congresso Nacional não alcançam fatos ligados estritamente à competência dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, pois essa medida implicaria interferência
indevida da União na esfera de autonomia desses entes federados.

- Os poderes de investigação também não alcançam os chamados atos de natureza


jurisdicional, assim entendidos aqueles praticados por membros do Poder Judiciário no
desempenho de sua atividade típica (decisões judiciais).

- Alcançam somente considerados de interesse público, excluindo-se aquele de


interesse exclusivamente privado.

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- O depoente tem o direito de permanecer calado durante o interrogatório, negando-se


a responder àquelas indagações formuladas pelos integrantes da comissão
parlamentar que, no seu entender, possam incriminá-lo, pois ninguém, pode ser
obrigado a depor contra si mesmo.

- As comissões parlamentares podem convocar particulares e autoridades públicas


para depor, na condição de testemunhas ou como investigados.

- As comissões parlamentares podem determinar as diligências, as perícias e os


exames que entenderem necessários, bem como requisitar informações e buscar todos
os meios de prova legalmente admitidos.

- As comissões parlamentares podem determinar e quebra dos sigilos fiscal, bancário e


telefônico do investigado.

- Não podem determinar a busca e apreensão domiciliar de documentos, haja vista


que, em respeito à inviolabilidade constitucional do domicílio, essa medida só poderá
ser determinada por ordem judicial.

- Não dispõem de poderes para determinar a quebra do sigilo judicial (segredo de


justiça). Se o processo judicial tramita sob segredo de justiça, as comissões
parlamentares não poderão ter acesso ao respectivo conteúdo protegido.

- Também não podem autorizar a interceptação das comunicações telefônicas (escuta).


Deveras, essa excepcional medida só poderá ser determinada por ordem judicial, para
fins de investigação criminal ou instrução processual penal nos estritos termos do art.
5°, inciso XII, da CF/**.

- Qualquer que seja o resultado de suas investigações, não poderão determinar a


anulação de atos de Poder Executivo.

c) Reuniões

O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a


17 de julho e de 1° de agosto de 22 de dezembro.

Esse período em que ordinariamente o Congresso Nacional se reúne recebe a


denominação de sessão legislativa ordinária. Cada sessão legislativa ordinária é
composta de dois períodos legislativos, um era cada semestre (2/2 a 17/7 e 1°/8 e
22/12). Os intervalos entre os períodos legislativos são chamados de períodos de
recesso parlamentar.

Cada legislatura tem a duração de quatro anos.

Determina a Constituição que a sessão legislativa não será interrompida sem a


aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias – LDO.

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Durante os períodos de recesso, a Constituição prevê a possibilidade de convocação


extraordinária do Congresso Nacional, hipótese em que temos a denominada sessão
legislativa extraordinária.

O Presidente do Senado Federal poderá convocar extraordinariamente o Congresso


Nacional nas hipóteses de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal,
de pedido de autorização para decretação de estado de sítio e para o compromisso e a
posse do Presidente e do Vice-Presidente da República.

Em caso de urgência ou interesse público, a convocação poderá ser feita pelo


Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, mas, nestas
hipóteses, a convocação dependerá de aprovação da maioria absoluta de cada uma
das Casas do Congresso Nacional.

Note-se que somente a convocação feita pelo Presidente do Senado Federal tem a
força de, por si, forçar a reunião extraordinária do Congresso Nacional, haja vista que
sua manifestação de vontade não dependerá de aprovação da maioria absoluta de
cada uma das Casas do Congresso Nacional. A convocação realizada pelos demais
legitimados dependerão de aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do
Congresso Nacional.

Determina a CF/88 que na sessão legislativa extraordinária o Congresso Nacional


somente delibera sobre a matéria para a qual foi convocada. Essa regra, porém, não
impede a apreciação de matérias variadas, constante de medidas provisórias em vigor
na data da convocação. Isso porque, se houver medidas provisórias em vigor na data
da convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente
incluídas na pauta da convocação, independentemente das matérias por elas
disciplinada.

Não há mais nenhum pagamento extra para os parlamentares em razão da convocação


extraordinária. Em resposta ao clamor popular, o legislador constituinte derivado
incluiu disposições expressa no texto constitucional, vedado o pagamento de parcela
indenizatória.

No primeiro ano da legislatura, os trabalhos das Casas Legislativas começam mais


cedo, em 1° de fevereiro, com as sessões preparatórias, para a posse de seus
membros e a eleição das respectivas mesas. As sessões preparatórias ocorrem nas
duas Casas Legislativas e, na prática, já integram a sessão legislativa ordinária.

- Das reuniões (art. 57, CF/1998)

A sessão legislativa ordinária corresponde às reuniões do Congresso Nacional. Assim


dispõe o art. 57 da CF/88. “ O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital
Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1° de agosto de 22 de dezembro. ” As
reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil
subsequente, quando recaírem em sábados domingos ou férias.

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A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os


demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre o


matéria para o qual foi convocado, salvo se ainda houver medidas provisórias em vigor
na data de convocação dessa sessão, hipótese em que serão incluídas na pauta de
convocação.

A convocação das sessões extraordinárias poderá ser feita: I – pelo Presidente do


Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal;
II – pelo Presidente da República, pelo Presidentes da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em
casa de urgência ou interesse público, com aprovação da maioria absoluta de cada
uma das Casas do Congresso Nacional.

3) Deputados e Senadores (arts. 53 a 56, CF/19888)

As imunidades parlamentares representam elemento importante para a independência


do Poder Legislativo. São prerrogativas outorgadas aos membros do Congresso, para
que estes possam ter bom desempenho de suas funções. Dividem-se em dois tipos: I –
imunidade material, real, ou substantiva, implicando exclusão da prática de crime, bem
como inviolabilidade civil, pelas opiniões, palavras e votos, desde que proferidas em
razão do exercício da função parlamentar; II – imunidade processual, formal ou
adjetiva, traz regras sobre prisão e processo criminal.

A doutrina, algumas vezes, refere-se às imunidades ou prerrogativas parlamentares


também como inviolabilidades.

As imunidades representam elemento fundamental para a independência do Poder


Legislativo. São regalias, em fase do ordenamento jurídico pátrio, concedidos pela
Constituição aos membros do Congresso, para que estes possam bem efetivar suas
funções.

Imunidades materiais: A Constituição Federal prevê serem os Deputados e


Senadores invioláveis por suas opiniões e votos (art. 53, caput), no que a doutrina
denomina imunidade material ou inviolabilidade parlamentar.

A imunidade material: implica subtração da responsabilidade pena civil, disciplinar


ou política do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos. Nas suas opiniões,
palavras ou votos, jamais se poderá identificar, por parte do parlamentar, qualquer dos
chamados crimes de opinião ou crimes de palavra, como os crimes contra a honra,
incitamento a crime, apologia de criminoso, vilipêndio oral a culto religioso, etc, pois a
imunidade material exclui o crime nos casos admitidos; o fato típico deixa de constituir
crime, porque a norma constitucional afasta, para hipótese, a incidência da norma
penal.

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Imunidade formal: é o intuito que garante ao parlamentar a impossibilidade de ser


ou permanecer preso ou ser processado sem autorização de sua Casa Legislativa
respectiva.

Em conformidade com art. 53, Deputados e Senadores são invioláveis, civil e


penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos (trata-se de imunidade
material). É importante salientar que em relação aos vereadores, essa espécie de
imunidade está restrita às opiniões, palavras e votos proferidos no exercício do
mandato e na circunscrição do respectivo Município.

Pela imunidade formal ou processual, com profundas alterações pela Emenda


Constitucional 35/2001, os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal (foro privilegiado).

Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser


presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos
dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão (a sessão de votação não é mais
secreta, como ocorria antes).

Os Deputados e Senadores não serão obrigados, a testemunhar sobre informações


recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que
lhes confiaram ou deles receberam informações.

As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só


podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa
respectiva no caso de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional. São,
ainda, irrenunciáveis, pois decorrem da função exercida e não da figura do
parlamentar.

De acordo com o art. 54, I, da CF/88, os Deputados e Senadores não poderão, a partir
da expedição do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas
uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os
de que sejam demissíveis ad nutum, na mesma entidade acima mencionadas.

- Perda do mandato de Deputado e Senador (art. 55, CF/1988)

Perderá o mandato o Deputado ou Senador: que infringir qualquer das proibições


estabelecidas no art. 54, cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro
parlamentar, que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das
sessões ordinárias da Casas a que pertencer, salvo licença ou missão por esta
autorizada; que perder ou tiver suspendido os direitos políticos; quando o decretar a
Justiça Eleitoral; que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

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O art. 56 da CF/88 enumera casos em que o congressista poderá ausentar-se do Poder


Legislativo para o exercício de determinadas funções públicas ou solicitar certas
licenças sem a perda do mandato, nos termos seguintes:

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:


I – investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário
de Estado, do Distrito Federal, de Territórios, de Prefeitura de Capital ou chefe de
missão diplomática temporária;
II – licenciado pela respectiva Casa por motivos de doença, ou para tratar, sem
remuneração, de interesse particular, desde que, nestes casos, o afastamento
não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
§ 1° - O suplente será convocado nas casas de vaga, de investidura em funções
previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias.
§ 2° - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenche-la
se faltarem mais de quinze meses para o termino do mandato.
§ 3° - Na hipótese de inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela
remuneração do mandato.

Na hipótese de afastamento para o exercício de uma das funções publicas previstas no


inciso I, o parlamentar poderá optar pela remuneração do mandato eletivo.

No caso de ocorrência de vaga (em virtude perda de mandato, de falecimento etc), de


investidura nas funções enumeradas no inciso I do art. 56 ou de licença superior a
cento e vinte dias, o suplente do parlamentar será convocado para a assunção do
mandato eletivo. O suplente exercerá as atividades congressuais até que a hipótese de
vacância cesse ou até o término do mandato. Ocorrendo vaga e não havendo suplente,
far-se-á nova eleição para preenche-la se faltarem mais de quinze meses para o
término do mandato, não haverá nova eleição, hipótese em que a vaga não será
preenchida na respectiva legislatura.

4) Competências

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravoso ao patrimônio nacional;
II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a
permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar.
III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do
País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de
sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
V- sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
VI – inundar temporariamente sua desse;

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VII – fixar idêntico subsidio para os Deputados Federais e os Senadores,


observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4 °, 159, II, 153, III e 153, § 2°, I;
(Redação dada pela Emenda Constitucional n° 19, de 1998).
VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos
Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4°, 150, II,
153, III e 153, § 2°, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional n° 19, de 1998)
IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e
apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos de
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI – zelar pela preservação de suas competência legislativa em face de atribuição
normativa dos outros Poderes;
XII – apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de
rádio e televisão;
XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal de Constas da União;
XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV – autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI – autorizar, em terras indígenas, e exploração e o aproveitamento de
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais
XVII – aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com
área superior a dois mil e quinhentos hectares.
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministros de Estado ou quaisquer titulares de
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações sobre assuntos previamente determinados,
importante crime de responsabilidade a ausência sem justificações adequada.
(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão m° 2. De 1994).
§ 1° Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmera
dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante
entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assuntos de relevância de
seu Ministério.
§ 2° As Meses da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão
encaminhar pedidos escritos de informações a Mnistro de Estado ou a qualquer
das pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crimes de
responsabilidade a recusa, ou o não – atendimento, no prazo de trinta dias, bem
como a prestação de informações falsas. (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão n°2. De 1994)

Seção III
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


I – autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processos contra
o Presidente e o Vice-Presidente e os Ministros de Estado;
II – proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não
apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa;
III – elaborar seu regimento interno;

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IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, policia, criação, transformação


ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de
lei para fixação da respectiva remuneração observados os parâmetros
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentarias; (Redação dada pela Emenda
Constitucional n° 19, de 1998)
V – eleger membros do Conselho da República, nos termos da art. 89, VII.

Seção IV
DO SENADO FEDERAL

Art. 53. Compete privativamente ao Senado Federal:


I – processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e o Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos
com aqueles. (Redação dada pela Emenda Constitucional n° 23, de 02/09/99)
II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho da União nos crimes de
responsabilidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional n° 45 de 2004)
III – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicado pelo Presidente da
República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a
escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V – autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI – fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o
montante da divida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
VII – dispor sobre limites globais e condições para as operações de credito
externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de
suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público Federal;
VIII – dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em
operações de credito externo e interno;
IX – estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X – suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucionalmente por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
XI – aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de oficio, do
Procurador-Geral da República antes do termino de seu mandato;
XII – elaborar seu regimento interno;
XIII – dispor sobre sua organização, funcionamento, policia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a
iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração observados os

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parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentarias. (Redação dada pela


Emenda Constitucional n° 19, de 1998)
XIV – eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV – avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em
sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações
tributarias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído
pela Emenda Constitucional n° 42, de 19.12;2003)
Parágrafo Único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como
Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que
somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do
cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem
prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Exercícios

1. Poderá o mandato o Deputado ou Senador, perda essa que está declarada pela Mesa
da Casa respectiva, assegurada ampla defesa:
a) cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar
b) que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões
ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada.
c) que, desde a expedição do diploma, aceitar ou exercer cargo, função ou emprego
remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, em autarquia.
d) que, desde a posse, patrocinar causa em que seja interessada empresa
concessionaria de serviço público.
e) que, desde a posse, tornar-se a titular e mais de um cargo ou mandato público
eletivo.

2. No que se refere à administração pública, aos deputados e senadores, às atribuições


do presidente da República e às funções essenciais à Justiça, julgue os itens seguintes.
Quando um deputado federal emite sua opinião no âmbito no Congresso Nacional, ele
estará inviolável, civil e penalmente, estando isento de ser enquadrado em crime de
opinião. No entanto, se as palavras forem proferidas fora do Congresso Nacional,
haverá a necessidade de se perquirir o vínculo de suas opiniões com a atividade
política para que seja mantida a inviolabilidade.

Gabarito
1. B
2.C

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