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PODER LEGISLATIVO

Prof(a). Déborah C. Domingues de Brito


Poder Legislativo – noções gerais
■ Na divisão dos Poderes estabelecida pela Constituição Brasileira cabe ao
Poder Legislativo, entre outras atribuições, a elaboração de leis e a
fiscalização dos atos do Poder Executivo.
■ O mais democrático e representativo dos três Poderes (Legislativo,
Executivo e Judiciário), o Legislativo é formado por vereadores, deputados e
senadores eleitos pelo povo.
■ No Brasil temos o modelo bicameral no Poder Legislativo Federal e o
modelo unicameral dos demais Poderes Legislativos (Estadual, Distrital e
Municipal)
■ Na CF está previsto no Titulo IV – Da organização dos poderes.
■ Capitulo I – Poder Legislativo – arts. 44 ao art. 75.
É erro grave ver Tribunal de Contas como órgão
auxiliar do Legislativo, diz Ayres Britto
■ O ministro emérito do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, disse em palestra no Fórum
da Justiça Eleitoral e dos Tribunais de Contas, que se comete um erro
gravíssimo ao pensar ou afirmar que os Tribunais de Contas são órgãos
auxiliares do Poder Legislativo. O evento foi realizado no último dia 10,
em Brasília (DF).
■ Para Britto, essa interpretação equivocada advém do fato de o Tribunal de
Contas estar inserido, na Constituição Federal, no capitulo devotado ao
Poder Legislativo. Conforme o ministro, apesar de ser moderna e
avançada, a Constituição brasileira tem defeitos no atacado e no varejo e a
localização dos Tribunais de Contas no texto constitucional é um desses
erros.
■ “A exemplo do Ministério Público, que não integra nem o Executivo, nem o
Legislativo e nem o Judiciário, os Tribunais de Contas também não pertencem e nem
são auxiliares de nenhum dos Poderes. Eles fazem parte da estrutura do Governo.
São órgãos necessários a pólis“, disse o ministro.
■ Conforme Ayres Britto, os Tribunais de Contas partilham com o Poder Legislativo a
atividade de controle da gestão pública, porquanto o Legislativo realiza controle
político e os Tribunais julgam técnica e administrativamente a gestão dos recursos
públicos. “Se se ler na Constituição quais são os órgãos do Congresso Nacional,
verificar-se-á que estão especificados apenas a Câmara dos Deputados e o Senado.
Não consta o Tribunal de Contas”, ponderou.
■ O ministro disse ainda que estão corretos os Tribunais de Contas no julgamento dos
gestores públicos que atuam como ordenadores de despesas, incluindo entre estes os
prefeitos municipais. Ele definiu ainda como estapafúrdia a decisão contrária nesse
sentido proferida em ano recente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com seu
voto contrário. “Respeito a decisão, mas mantenho meu entendimento”, disse.
http://site.tce.ma.gov.br/index.php/noticias-intranet/32-e-erro-grave-ver-tribunal-de-contas-como-orgao-auxiliar-do-legislativo-diz-ayre
s-britto
. Visualizado em 31 de agosto de 2020.
Poder Legislativo Estadual
Unicameralismo: Assembleia Legislativa Deputados
Estaduais
Número de Deputados: proporcional ao numero de habitantes do Estado –
art. 27, caput, CF;
Mandato: 4 anos, sendo permitida a reeleição;
Remuneração: é chamado de subsidio e será fixado por lei de iniciativa da
Assembleia Legislativa, não podendo ser superior a 75% do valor
estabelecido ao Deputado Federal – art. 27, § 2º da CF;
Poder Legislativo Municipal

Unicameralismo: Câmara de Vereadores Vereadores


Número de Vereadores: será proporcional à população do Município,
obedecendo os limites estabelecidos no art. 29, IV, CF ;
Mandato: 4 anos, sendo permitida a reeleição;
Remuneração: é chamado de subsidio e será fixado por lei de iniciativa da
Câmara de Vereadores em cada legislatura para a subsequente, respeitando os
limites impostos no art. 29, VI da CF;
Poder Legislativo Distrital

Unicameralismo: Câmara Legislativa Deputados Distritais

Aplicação das regras das Assembleias Legislativa – o art. 32, § 3º


determina que sejam aplicadas as Deputados Distritais as mesmas regras
contidas no art. 27, CF;
Congresso
Nacional
■ BICAMERALISMO: Câmara dos Deputados e Senado Federal
■ Atribuições: estão previstas nos arts. 48 e 49 da CF
■ Art. 48 contém atribuições passíveis de SANÇÃO
(concordância) do Presidente da República;
■ Art. 49 competência exclusiva do Congresso, cujas
atribuições NÃO DEPENDEM DE SANÇÃO PRESIDENCIAL.
■ Subsidio: Deve ser idêntica a remuneração dos Deputados e Senadores,
respeitando o teto estabelecido na CF, que ninguém pode ganhar mais
que o Ministro do STF. (art. 49, VII, CF).
Câmara dos Deputados:
■ É a casa dos representantes do POVO e por tal motivo cada Estado e o
Distrito Federal tem um numero diferente de deputados federais, variando de
acordo com o número de habitantes de cada Estado.
■ O Estado que tem menos habitantes terá um numero menor de deputados e
vice e versa. Ex: São Paulo tem o maior numero de Deputados – 70 e
estados como Acre, Alagoas, Rondônia, entre outros tem 8 Deputados
Federais.
■ Total de deputados federais: 513 ( LC 78/93).
■ Mandato: 4 anos, não tendo limite para reeleição.
■ O território terá um número fixo de 4 Deputados
Federais.
■ Sistema eleitoral: proporcional.
■ Requisitos para ser deputado:
■ a) brasileiro nato ou naturalizado (excepcionalmente admite-se o
português equiparado residente no Brasil há mais de 3 anos e que
aqui exerce os seus direitos políticos);
■ b) maior de 21 anos;
■ c) domicilio eleitoral na circunscrição;
■ d) estar em gozo de seus direitos políticos;
■ e) alistamento eleitoral;
■ f) filiação partidária.
Expressões importantes:
LEGISLATURA: período de 4 anos correspondente aos mandatos dos Deputados
Federais. Um senador é eleito para duas legislaturas.
SESSÃO: a reunião parlamentar.
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA: reuniões realizadas dentro do período
de expediente legislativo determinado pelos regimentos internos das casas. Dentro
de um ano o Congresso deve reunir-se, dividindo em dois períodos legislativos: 1º)
de 02 de fevereiro a 17 de julho e o 2º) de 01 de agosto a 22 de dezembro;
RECESSO PARLAMENTAR: períodos em que não possuem expediente
legislativo. 23 de dezembro a 01 de fevereiro/ 18 a 31 de julho.
SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA: são as reuniões convocadas
durante os períodos de recesso parlamentar. Podem ser obrigatórias ou
facultativas.
■ Competências privativas: art. 51 da CF.
■ Critica ao artigo 51 – embora o texto traga a palavra
privativa, trata-se de uma competência exclusiva, pois
é indelegável e intransferível.
■ As atribuições constantes do art. 51 são
instrumentalizadas por Resolução e não passam pelo
crivo do Presidente, pois não há sanção ou veto.
SENADO FEDERAL

Composição: é composto por REPRESENTANTES DOS


ESTADOS e do DISTRITO FEDERAL;
Numero de senadores: cada Estado e o Distrito Federal elegerão o
número fixo de 3 senadores. Total = 81.
Mandato: o mandato será de 8 anos (duas legislaturas);
Renovação do Senado: é feita de 4 em 4 anos, na proporção de 1/3 e
2/3, ou seja, em uma eleição escolhe-se um Senador e na outra 2
Senadores.
Requisitos para candidatura:
a) ser brasileiro nato ou naturalizado ( para ser Presidente da Câmara
deve ser brasileiro nato) – arts. 14, § 3º, I e art. 12, § 3º, III, CF);
b) maior de 35 anos - art. 14, § 3º, VI, a, CF;
c) pleno exercício dos direitos políticos - art. 14, § 3º, II, CF;
d) alistamento eleitoral - art. 14, § 3º, III, CF;
e) domicilio eleitoral na circunscrição do pleito - art. 14, § 3º, IV, CF;
f) filiação partidária - art. 14, § 3º, V, CF.
■ Sistema eleitoral: majoritário
■ Competência privativa: art. 52 da CF e não
dependem de sanção presidencial.
■ Uma das principais competências atribuídas aos
Senadores é a de processar e julgar o Presidente da
Republica em crimes de responsabilidade.
■ O Senado Federal NÃO POSSUI representantes dos
Territórios.
SENADO FEDERAL CÂMARA DOS DEPUTADOS

Representantes dos Estados e do Distrito Representantes do povo


COMPOSIÇÃO Federal

SISTEMA DE ELEIÇÃO Sistema majoritário Sistema proporcional

Nº DE PARLAMENTARES Numero fixo de 3 Senadores por Estado 513 Deputados Federais – sendo no
e pelo DF = 81 mínimo 8 e no máximo 70.
Território não elege senador. Territórios: nº fixo de 4

MANDATO 8 anos = 2 legislaturas 4 anos = 1 legislatura

A cada 4 anos, por 1/3 e 2/3, sendo que A cada 4 anos


RENOVAÇÃO cada senador cumpre o mandato de 8 anos

IDADE MINIMA 35 anos 21 anos


Os órgãos legislativos possuem competências definidas no texto
constitucional. Sobre o tema, à luz das normas constitucionais, é
correto afirmar que

a) é competência exclusiva do Congresso Nacional resolver


definitivamente sobre tratados de qualquer natureza.

b) o Presidente da República pode ausentar-se do país por


período indefinido sem autorização do Congresso.

c) cabe ao Presidente do Senado aprovar o estado de defesa e o


estado de sítio.

d) cabe ao Congresso exclusivamente sustar os atos normativos


do Executivo que exorbitem de delegação legislativa.
Acerca do Poder Legislativo, analise as afirmativas a seguir:

I. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos, pelo
sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.

II. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão dois Senadores, com mandato de oito anos.

III. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, e cada legislatura terá a duração de quatro anos.

IV. Cada Senador será eleito com dois suplentes.

É correto o que se afirma

a) penas em I e II.

b) penas em I e III.

c) penas em II e IV.

d) apenas em III e IV.


IMUNIDADES
PARLAMENTARES
Imunidade parlamentar:
■ É o conjunto de prerrogativas destinadas a assegurar o livre exercício da
função parlamentar.
■ Trata-se de uma PRERROGATIVA (relacionada à função) e não um
PRIVILÉGIO (relacionado à pessoa).
■ Após o término do mandato, o parlamentar não prosseguirá com essa imunidade, pois não é
um atributo pessoal, mas relacionado à função por ele exercida.
■ MODALIDADES:
MATERIAL
IMUNIDADE
QUANTO À PRISÃO
FORMAL
QUANTO AO PROCESSO
Imunidade material ou inviolabilidade
parlamentar:
■ Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
■ Corresponde à irresponsabilidade penal e civil por opiniões, palavras e votos
dos parlamentares.
■ O parlamentar não será compelido a pagar indenização por danos materiais
ou morais decorrentes de suas palavras, ainda que ofensivas.
■ Da mesma forma não responderá penalmente por suas palavras,
opiniões ou votos.
Responsabilidade política:
■ Contudo, poderá ser responsabilizado politicamente por suas opiniões,
palavras e votos, podendo perder o mandato por quebra de decoro
parlamentar, nos termos do art. 55, II, da CF.
■ Todavia a responsabilidade politica fica a cargo da própria casa legislativa.
■ Exemplo: o ex Deputado Federal e ex Presidente da Câmara, Eduardo
Cunha teve o seu mandato cassado por seus pares porque em uma CPI teria
mentido.
■ O Poder Judiciário não intervêm em matéria interna corporis, sendo uma
decisão inteiramente da casa legislativa.
Imunidade dentro e fora do recinto:
■ A imunidade parlamentar material não se restringe as palavras proferidas dentro da casa
parlamentar.
■ O parlamentar exerce sua função não apenas dentro de suas respectivas casas, mas
também em entrevistas, pronunciamentos, reuniões externas, entre outras.
■ Em tese está acobertado pela imunidade material em todas essas hipóteses.
■ Para o STF: “A cláusula de inviolabilidade constitucional, que impede a
responsabilização penal e/ou civil do membro do Congresso Nacional, por suas
palavras, opiniões e votos, também abrange, sob seu manto protetor, as entrevistas
jornalísticas, a transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de
relatórios produzidos nas Casas Legislativas e as declarações feitas aos meios de
comunicação social, eis que tais manifestações – desde que vinculadas ao desempenho
do mandato – qualificam-se como natural projeção do exercício das atividades
parlamentares. [Inq 2.332 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 10-2-2011, P, DJE de 1º-3-
2011.]
■ Decisão recente do STF também declarou a Imunidade parlamentar material em
entrevistas ou redes sociais: “Ofensas em entrevistas a meios de comunicação de
massa e em postagens na rede social WhatsApp. O "manto protetor" da imunidade
alcança quaisquer meios que venham a ser empregados para propagar palavras e
opiniões dos parlamentares”. (Min. Luis Roberto Barroso).
■ Afastamento da imunidade parlamentar: apenas quando claramente AUSENTE o
vinculo entre o conteúdo do ato praticado e a função publica parlamentar exercida.
(Min. Gilmar Mendes).
■ CONTUDO, a jurisprudência do STF faz uma distinção quanto ao local onde é
proferida as palavras:

No plenário da casa: IMUNIDADE ABSOLUTA, não


importando o conteúdo
■ PALAVRAS PROFERIDAS
Fora do plenário da casa: IMUNIDADE RELATIVA,
deve haver o vínculo com a função parlamentar.
■ Parlamentar enquanto candidato à reeleição: se o parlamentar se pronuncia como
candidato a reeleição em uma entrevista, debate, discurso, não está no exercício de sua
função parlamentar e por essa razão NÃO TERÁ imunidade parlamentar por essas
palavras.
■ Comunicabilidade entre coautores: se o parlamentar pronuncia palavras conjuntamente
com uma pessoa que não o é, não se estenderá ao civil a imunidade, conforme
entendimento da Sumula 245 do STF: “A imunidade parlamentar não se estende ao
corréu sem prerrogativa.”
■ Efeitos temporais: quanto às palavras proferidas no exercício da função parlamentar, o
deputado ou senador não poderá, jamais, ser processado penal ou civilmente, mesmo após
o termino de seu mandato.
■ Parlamentares que possuem imunidade material: senadores, deputados federais,
deputados estaduais e distritais, em qualquer lugar que estejam.
■ Quanto aos vereadores, o STF entendeu que o mesmo possui imunidade material nos
limites da circunscrição de seu Município.
Imunidade formal processual:
■ § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão
submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
■ § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à
Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e
pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação.
■ § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa
Diretora.
Requisitos:
■ CRIMES COMUNS COMETIDOS APÓS A DIPLOMAÇÃO;
■ PEDIDO DE SUSTAÇÃO FEITO PELO PARTIDO POLITICO;
■ VOTO ABERTO DA MAIORIA ABSOLUTA DOS MEMBROS DA
CASA RESPECTIVA;
■ O PEDIDO FEITO PELO PARTIDO POLITICO DEVERÁ SER
APRECIADO PELA CASA NO PRAZO IMPRORROGÁVEL DE 45
DIAS.
Imunidade formal processual

■ Foro competente para julgamento de parlamentar: STF


■ Oferecimento da denúncia - Ministro do STF poderá recebê-la SEM
A PRÉVIA LICENÇA DA CASA;
■ Pedido de suspensão do processo – ocorrendo o CRIME APÓS A
DIPLOMAÇÃO, poderá o partido politico pedir a sua suspensão;
■ Prazo para apreciação do pedido de sustação - deverá ser apreciado
pela Casa no prazo improrrogável de 45 dias;
■ Não há imunidade processual em relação a crimes praticados
ANTES DA DIPLOMAÇÃO.
STF conclui julgamento e restringe prerrogativa
de foro a parlamentares federais Quinta-feira, 03
de maio de 2018
■ Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o foro por
prerrogativa de função conferido aos deputados federais e senadores se aplica apenas a crimes
cometidos no exercício do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. A decisão foi
tomada na sessão desta quinta-feira (3) no julgamento de questão de ordem na Ação Penal (AP)
937. O entendimento deve ser aplicado aos processos em curso, ficando resguardados os atos e
as decisões do STF – e dos juízes de outras instâncias – tomados com base na jurisprudência
anterior, assentada na questão de ordem no Inquérito (INQ) 687.
■ Prevaleceu no julgamento o voto do relator da questão de ordem na AP 937, ministro Luís
Roberto Barroso, que estabeleceu ainda que, após o final da instrução processual, com a
publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para
processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar
outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.
■ Seguiram integralmente o voto do relator as ministras Rosa Weber e Cármen
Lúcia, presidente da Corte, e os ministros Edson Fachin, Luiz Fux e Celso de
Mello. O ministro Marco Aurélio também acompanhou em parte o voto do
relator, mas divergiu no ponto em que chamou de “perpetuação do foro”. Para
ele, caso a autoridade deixe o cargo, a prerrogativa cessa e o processo-crime
permanece, em definitivo, na primeira instância da Justiça.
■ Ficaram parcialmente vencidos os ministros Alexandre de Moraes e Ricardo
Lewandowski, que reconheciam a competência do STF para julgamento de
parlamentares federais nas infrações penais comuns, após a diplomação,
independentemente de ligadas ou não ao exercício do mandato. E ainda os
ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que deram maior extensão à matéria e
fixaram também a competência de foro prevista na Constituição Federal, para os
demais cargos, exclusivamente para crimes praticados após a diplomação ou a
nomeação (conforme o caso), independentemente de sua relação ou não com a
função pública em questão.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=377332. Visualizado em
10/10/2020
Imunidade formal para a prisão:

■ § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso


Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão.
■ Única exceção – prisão em flagrante de crime inafiançável.
■ Outras prisões processuais: a única prisão processual que pode recair
sobre o parlamentar é a PRISÃO EM FLAGRANTE, não podendo ser
decreta a PRISÃO PREVENTIVA ou PRISÃO TEMPORÁRIA.
■ Caso haja prisão em flagrante por crime inafiançável os
autos deverão ser remetidos à respectiva casa no prazo
de 24 horas para deliberação sobre a permanência ou
soltura do parlamentar.
■ A votação deverá ser aberta e o quórum para essa
deliberação será o da maioria absoluta.
■ Estende-se essa prerrogativa aos deputados estaduais e
distritais.
■ Vereador NÃO TEM imunidade parlamentar formal
(seja para prisão ou a processual). A única imunidade
que o vereador tem é a material.
Josué, deputado federal no regular exercício do mandato, em entrevista dada, em sua residência, à
revista Pensamento, acusa sua adversária política Aline de envolvimento com escândalos de desvio
de verbas públicas, o que é objeto de investigação em Comissão Parlamentar de Inquérito
instaurada poucos dias antes. Não obstante, após ser indagado sobre os motivos que nutriam as
acaloradas disputas entre ambos, Josué emite opinião com ofensas de cunho pessoal, sem
qualquer relação com o exercício do mandato parlamentar. Diante do caso hipotético narrado,
conforme reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a afirmativa
correta.

a) Josué poderá ser responsabilizado penal e civilmente, inclusive por danos morais, pelas ofensas
proferidas em desfavor de Aline que não guardem qualquer relação com o exercício do mandato
parlamentar.

b) Josué encontra-se protegido pela imunidade material ou inviolabilidade por suas opiniões,
palavras e votos, o que, considerado o caráter absoluto dessa prerrogativa, impede a sua
responsabilização por quaisquer das declarações prestadas à revista.

c) Josué poderá ter sua imunidade material afastada em virtude de as declarações terem sido
prestadas fora da respectiva casa legislativa, independentemente de estarem, ou não, relacionadas
ao exercício do mandato.

d) A imunidade material, consagrada constitucionalmente, foi declarada inconstitucional pelo


Supremo Tribunal Federal, de modo que Josué não poderá valer-se de tal prerrogativa para se
Após ampla investigação, os órgãos competentes concluíram que o deputado federal X
praticara um crime de homicídio, figurando como vítima o também deputado federal Y,
seu desafeto político. Esse fato, ocorrido dentro das dependências da respectiva Casa
Legislativa, despertou intenso debate a respeito de qual seria o órgão competente para
julgá-lo. À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que X deve ser julgado

a) pelo Superior Tribunal de Justiça, órgão competente para processar e julgar os


Deputados Federais no caso de crime doloso contra a vida.

b) pelo Tribunal do Júri, órgão competente para julgar qualquer pessoa pela prática de
crime doloso contra a vida.

c) pelo Supremo Tribunal Federal, órgão competente para processar e julgar os


Deputados Federais em infração penal comum que possua relação com à função
parlamentar

d) pela Câmara dos Deputados, órgão competente para julgar os Deputados Federais
por crimes de responsabilidade, considerados como tais aqueles que tenham
relação com o exercício do mandato.
A imunidade formal e a imunidade material consistem em prerrogativas
conferidas aos ocupantes de determinados cargos públicos. Em relação
às referidas imunidades, é correto afirmar que:

a) a imunidade formal se aplica inclusive aos Vereadores.

b) Os Deputados Estaduais gozam de imunidade material somente


dentro do limite territorial do seu Estado.

c) os Vereadores gozam de imunidade material relativa às suas


opiniões, palavras e votos, nos limites territoriais do Município a que
estejam vinculados.

d) a imunidade relativa à proibição de prisão impede inclusive a prisão


em flagrante por crime inafiançável de deputados federais e
senadores.
REUNIÕES E
COMISSÕES
PARLAMENTARES
Reuniões:
■ O art. 57, caput, da CF dispõe que: O Congresso Nacional
reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a
17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
■ O período anual de reunião do Congresso Nacional é
denominada de sessão legislativa,

PERÍODO NOMENCLATURA
Ano legislativo Sessão legislativa
Semestre legislativo Período legislativo
Quatro anos Legislatura
■ SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA – art. 57, §§ 6º ao 8º da
CF – é a convocação do Congresso Nacional no período do recesso
parlamentar (nos intervalos da sessão legislativa ordinária – janeiro, parte
de julho e dezembro).
Presidente do Senado inc. I

■ CONVOCAÇÕES Presidente da República


(art. 57, § 6º) Presidente da Câmara
Presidente do Senado inc. II
Requerimento da maioria
dos membros de ambas as casas
■ Art. 57, § 7º e 8º - Em se tratando de sessão extraordinária o Congresso não
pode deliberar sobre outras matérias que não estejam na pauta. EXCEÇÃO: caso
uma medida provisória esteja perto do término do seu prazo de vigência será
incluída na pauta de votação.
■ SESSÃO LEGISLATIVA PREPARATÓRIA: (art. 57, §4º) - Cada uma das
Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no
primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das
respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o
mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
■ SESSÃO LEGISLATIVA CONJUNTA: (art. 57, §3º) – embora os deputados e
senadores estejam dentro do mesmo ambiente, os votos são computados
separadamente em cada uma das casas.
■ Não confundir com sessão unicameral que foi permitida pelo art. 3º da ADCT,
sendo os votos computados conjuntamente.
COMISSÕES PARLAMENTARES:
■ Toda casa parlamentar é composta por várias comissões permanentes e
temporárias que são organismos internos compostos por um número
menor de parlamentares para apreciar, discutir e deliberar sobre temas que
lhe são pertinentes.

Comissões permanentes
■ COMISSÕES Comissões temporárias
(art. 58 da CF) Comissões parlamentares de inquérito
Comissões mistas
Comissões representativas ( recesso)
Comissões parlamentares de inquérito – art. 58, § 3º:

■ Criação: podem ser criadas pela Câmara ou pelo Senado, em conjunto ou


separadamente, mediante requerimento de 1/3 de seus membros.
(Câmara: 171 deputados e Senado: 27 Senadores)
■ Requisitos para criação:
a) Requerimento subscrito por, no mínimo, 1/3 dos parlamentares;
b) Indicação, com precisão de fato determinado a ser apurado na
investigação parlamentar;
c) Indicação do prazo certo para desenvolvimento dos trabalhos.
■ Objeto: investigar e apurar fato certo e determinado.
■ Composição: art. 58, § 1º da CF.
■ Poderes: as CPIs tem poderes de investigação próprios da autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos internos das Casas,
dentre outros:
a) intimação de testemunhas;
b) condução coercitiva de testemunhas;
c) inspeção local;
d) requisitar documentos;
e) decretar a quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados.
■ Limitações aos poderes da CPI: embora tenha poderes instrutórios do juiz, estes
não compreendem poderes exclusivos de juízes, como atos decisórios, cautelares
e outros poderes que são reservados da jurisdição, como por exemplo:
a) decretar bloqueio de bens;
b) prisões . Exceto – prisão em flagrante
c) busca domiciliar;
d) interceptação telefônica;
e) indiciamento de suspeitos;
f) investigação de atos de conteúdo jurisdicional.
■ Prazo: será determinado pelo Regimento Interno de cada Casa. Ex: Câmara dos
Deputados as CPIs terão o prazo de 120 dias para conclusão dos trabalhos.
LIMITAÇÕES AOS PODERES DA CPI:

a) Decretar bloqueio de bens;

b) Decretar prisões, exceto prisão em flagrante;

c) Realizar busca domiciliar;

d) Realizar interceptação telefônica;

e) Investigar atos de conteúdo jurisdicional.


■ O STF já entendeu que é permitido aos investigados serem assistidos por advogados,
podendo inclusive com eles se comunicar durante os seus depoimentos;
■ Caso seja ouvido um parlamentar numa CPI, havendo vinculação das palavras com
ele proferidas com sua função parlamentar gozará de imunidade parlamentar
material, não podendo responder criminal ou civilmente por suas opiniões, votos ou
palavras;
■ O relatório final será apresentado à respectiva Casa, concluindo o trabalho por
projeto de resolução.
■ Se for o caso as conclusões da CPI serão encaminhadas ao Ministério Publico que
promoverá a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
■ Obs: As CPIs estaduais e distritais pelo principio da simetria possuem os mesmos
poderes das CPIs federais. Contudo, já decidiu o STF que às CPIs municipais os
atos constritivos como condução coercitiva de investigados ou testemunhas e quebra
de sigilo bancário, fiscal e telefônico só serão possíveis através de autorização
judicial.
Ocorreu um grande escândalo de desvio de verbas públicas na administração pública federal, o
que ensejou a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), requerida pelos
deputados federais de oposição. Surpreendentemente, os oponentes da CPI conseguem que o
inexperiente deputado M seja alçado à condição de Presidente da Comissão. Por não possuir
formação jurídica e desconhecer o trâmite das atividades parlamentares, o referido Presidente,
sem consultar os assessores jurídicos da Casa, toma uma série de iniciativas, expedindo ofícios
e requisitando informações a diversos órgãos. Posteriormente, veio à tona que apenas uma de
suas providências prescindiria de efetivo mandado judicial. Assinale a opção que indica a única
providência que o deputado M poderia ter tomado, prescindindo de ordem judicial.

a) Determinação de prisão preventiva de pessoas por condutas que, embora sem flagrância,
configuram crime e há comprovado risco de que voltem a ser praticadas.

b) Autorização, ao setor de inteligência da Polícia Judiciária, para que realize a interceptação


das comunicações telefônicas (“escuta”) de prováveis envolvidos.

c) Quebra de sigilo fiscal dos servidores públicos que, sem aparente motivo, apresentaram
público e notório aumento do seu padrão de consumo.

d) Busca e apreensão de documentos nas residências de sete pessoas supostamente


envolvidas no esquema de desvio de verba.
Deputados Federais da oposição articularam-se na Câmara dos Deputados e
obtiveram apoio de 1/3 (um terço) dos respectivos membros para instaurarem
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), visando a apurar supostos ilícitos
praticados pelo Presidente da República. Para evitar que integrantes da base
governista se imiscuíssem e atrapalhassem as investigações, foi deliberado que
somente integrantes dos partidos oposicionistas comporiam a Comissão.
Diante do caso hipotético narrado, com base na ordem constitucional vigente,
assinale a afirmativa correta.
a)O procedimento está viciado porque não foi atingido o quórum mínimo de maioria
simples, exigido pela Constituição de 1988, para a instauração da Comissão
Parlamentar de Inquérito.
b)O procedimento encontra-se viciado porque não assegurou a representação
proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participam da Casa
Legislativa.
c) O procedimento encontra-se viciado em razão da inobservância do quórum mínimo
exigido, de maioria absoluta.
d)O procedimento narrado não apresenta quaisquer vícios de ordem material e
formal, estando de acordo com os preceitos da Constituição de 1988.
PERDA DO MANDATO
PARLAMENTAR
Art 55 CF:

■ O art. 55 da CF traz os casos em que o Deputado ou


Senador deixará o mandato, seja por perda ou
cassação.
■ A perda ou também chamada de extinção trata-se de
um ato meramente DECLARATÓRIO já a cassação
dependerá do VOTO DA MAIORIA ABSOLUTA
DOS MEMBROS DA CASA LEGISLATIVA.
PERDA DO MANDATO (art. 55, CF)

EXTINÇÃO CASSAÇÃO
 Art. 55,  Art. 55,
 III (deixar de comparecer, em  I (infringir as proibições do art.
cada sessão legislativa, à terça 54);
parte das sessões ordinárias da
Casa salvo licença ou missão  II (conduta incompatível com o
autorizada); decoro parlamentar), e;

 IV (perda ou suspensão de  VI (condenação criminal


direitos políticos), e; transitada em julgado).
 V (quando decretar a justiça
eleitoral).
Perda do mandato parlamentar:
■ A perda do mandato parlamentar consiste em um mero ato declaratório por
parte da Mesa da Casa respectiva decorrente dos fatos previstos no art. 55,
III, IV e V da CF.
■ Tratam-se de situações que ensejam ATO DECLARATÓRIO DA MESA
DIRETORA.
■ Segundo o § 3º do art. 55, será declarada pela Mesa da respectiva casa, de
oficio ou mediante provocação de qualquer de seus membros ou do partido
politico representado no Congresso Nacional, assegurada a ampla defesa.
Por deliberação da maioria absoluta I
dos membros da casa II
VI
PERDA DO MANDATO

Por declaração/formalização III


da respectiva mesa IV
ART. 55 V
Perda – art. 55, III, IV e V:
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das
sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta
autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta
Constituição;

ATO MERAMENTE DECLARATÓRIO DA MESA DIRETORA NÃO


CABERÁ VOTAÇÃO – PORÉM O PARLAMENTAR TEM A AMPLA
DEFESA.
Cassação do mandato parlamentar:
■ Consiste em um ato constitutivo tomado pela Casa Parlamentar que
revogará (cassará) o mandato do parlamentar.
■ CUIDADO: não confunda cassação de mandato parlamentar (revogação do
mandato por decisão dos outros parlamentares) com cassação de direitos
políticos (que é vedada, nos termos do art. 15 da CF).
■ A cassação do mandato decorre das hipóteses previstas no art. 55, I, II e VI
da CF.
■ A perda do mandato será decidida por maioria absoluta dos votos, mediante
provocação da respectiva casa ou do partido politico. A votação deve ser
aberta.
Cassação do mandato:

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:


I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo
anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro
parlamentar;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em
julgado.
Aparente conflito de normas
constitucionais?
■ Ao que se parece há um aparente conflito de normas da Constituição,
pois o art. 15, III, determina que terá os seus direitos políticos suspensos
àquele que tiver condenação penal transitada em julgado.
■ O art. 14, § 3º, II, determina como condição de elegibilidade o pleno
exercício dos direitos políticos.
■ Já o art. 55, VI, determina que o parlamentar só perderá o mandato após
processo de cassação e aprovação da maioria absoluta dos votos dos
membros da Casa respectiva.
■ Como resolver tal conflito?
■ A doutrina entende que existe um aparente conflito de normas, uma vez que
inicialmente exige-se o pleno gozo dos direitos políticos para concorrer as
eleições (art. 14, § 3º, II) e despreza tal exigência para o exercício do mandato
efetivo (art. 55, VI).
■ Contudo, para os doutrinadores constitucionalistas, como foi manifestação do
constituinte originário deve-se ampliar o âmbito de aplicação das normas
aparentemente conflitantes, identificando aquela que estabelece a regra geral e a
especial.
■ Partindo dessa premissa pode-se concluir que, o Deputado ou Senador que for
condenado criminalmente, após transito em julgado da decisão, não perderá
automaticamente o seu mandato, isso só ocorrerá APÓS PROVOCAÇÃO DA
RESPECTIVA MESA OU DE PARTIDO POLITICO REPRESENTADO NO
CONGRESSO NACIONAL E APROVAÇÃO PELO VOTO DA MAIORIA
ABSOLUTA DOS MEMBROS DA RESPECTIVA CASA.

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