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1 INTRODUÇÃO
Tipos de sistemas eleitorais. Os sistemas eleitorais são definidos conforme as regras de apuração,
contagem e agregação de votos, bem assim pela forma de conversão dos votos em mandatos. É o
conjunto dessas regras que caracteriza os sistemas.
a) o sistema majoritário;
b) o sistema proporcional;
c) o sistema misto (combina o sistema majoritário com o proporcional para eleger o Parlamento).
Sistemas eleitorais no Brasil. No Brasil, adota-se o sistema majoritário nas eleições para os cargos
do Poder Executivo (presidente, governador e prefeito) e para os cargos do Senado. Já o sistema
proporcional é utilizado nas eleições para deputados (federais, distritais e estaduais) e vereadores.
No sistema majoritário, considera-se eleito o candidato que obtiver mais votos dentre os
competidores.
A eleição para Presidente da República. A Constituição Federal, em seu art. 77, §§ 2º e 3º,
estabelece que será eleito Presidente o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos, não
computados os em branco e os nulos. Caso nenhum candidato alcance a maioria absoluta na
primeira votação, haverá nova eleição entre os dois candidatos mais votados, considerando-se eleito
aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
A eleição para o Senado. Nos termos do art. 46, §§ 1º ao 3º, da Constituição Federal, o Senado
Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio
majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 (três) Senadores, com mandato de oito
anos. A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços. Cada Senador será eleito com dois suplentes.
No sistema majoritário pode ser exigida a maioria relativa ou a maioria absoluta. Na primeira
hipótese teremos o chamado sistema majoritário simples, adotado no Brasil nas eleições para
senadores e prefeitos de municípios com até duzentos mil eleitores. Neste caso exige-se um único
turno de eleição, vencendo o candidato mais votado, independentemente da soma dos votos dos
concorrentes.
O sistema majoritário simples é criticado justamente por permitir a eleição de candidatos não
legitimados pela maioria absoluta do eleitorado. Nesse sentido, candidatos com alto nível derejeição
podem ser eleitos.
O sistema majoritário absoluto foi adotado no Brasil para as eleições de Presidente da República,
governadores e prefeitos de municípios com mais de 200 (duzentos) mil eleitores. No sistema
majoritário absoluto, os votos do eleito devem corresponder necessariamente a mais de 50% dos
votos válidos, não sendo levados em conta os votos em branco, os votos nulos e as abstenções. Caso
a maioria absoluta não seja alcançada no primeiro turno das eleições, os dois candidatos mais
votados disputarão o segundo turno.
O sistema de voto distrital é uma modalidade do sistema majoritário. Nesse modelo o eleitorado é
dividido em distritos geográficos, onde serão disputadas as vagas para o parlamento. Conforme já
mencionado, o voto distrital consiste na transformação dos Estados e do Distrito Federal em
distritos, nos quais seriam realizadas eleições.
A Bahia como exemplo hipotético. O Estado da Bahia, por exemplo, que atualmente elege 39
deputados federais pelo sistema eleitoral proporcional atual, seria dividido em 39 distritos, onde
haveria, em cada um desses distritos, uma eleição pelo voto majoritário uninominal. Uma
alternativa seria um número menor de distritos com eleições pelo voto majoritário plurinominal;
nesse caso teríamos mais de um candidato eleito em cada distrito.
A eleição para a Câmara dos Deputados. O número total de deputados, bem como a
representação por Estado e pelo Distrito Federal será proporcional à população de cada Estado,
conforme estabelecido na Lei Complementar nº 78/1993, sendo 8 (oito) o número mínimo e 70
(setenta) o número máximo de deputados por unidade da Federação, conforme o art. 45, §§ 1º e 2º
da CF. O Estado da Bahia elege 39 (trinta e nove) deputados federais.
O número de vereadores. Segundo a Constituição Federal, em seu art. 29, inciso IV, a quantidade
de cadeiras na Câmara de Vereadores é proporcional ao número de habitantes. Exemplos:
A Câmara de Vereadores do Município de Salvador possui 43 vereadores, uma vez que a população
da Capital baiana é de cerca de 2.900.000 habitantes.
Cálculo do quociente eleitoral. Exemplo das eleições de 2020 para Vereador em Salvador1. Em
2020 existia cerca de 1,8 milhão de eleitores em Salvador, mas somente 1,4 milhão votou (400 mil
se abstiveram). Desse 1,4 milhão que votou, 200 mil votaram em “branco” ou “nulo”. Logo, os
1 Números arredondados para facilitar o entendimento.
votos considerados válidos foram 1,2 milhão. Considerando a eleição para o cargo de Vereador (43
vagas), o quociente eleitoral exigido para um partido (as coligações deixaram de existir para a
eleição proporcional) conquistar uma vaga na Câmara de Vereadores de Salvador é de,
aproximadamente, Qe = 27.906 votos: 1,2 milhão/43.
Cálculo do quociente partidário. Exemplo das eleições de 2020 para Vereador em Salvador.
Considerando o quociente eleitoral de 27.906 votos, basta dividir o número de votos obtidos pelo
partido para saber quantos vereadores elegerá.
Usando como exemplo o Partido Avante, que teve 34.841 votos (sendo 3.630 votos de legenda),
dividindo-se esse valor pelo quociente eleitoral (27.906), conclui-se que o partido terá direito a 1
(uma) vaga: 34.841/27.906 = 1,24.
A candidata eleita pelo AVANTE foi DÉBORA SANTOS, com 7.586 votos.
Tomando como outro exemplo, o DEM, que teve 164.885 votos (sendo 41.927 votos de legenda),
conclui-se que o seu quociente partidário será 5,9 (cinco inteiros e nove décimos). Logo, o partido
terá direito a 5 vereadores pelo cálculo do quociente partidário (no total, o DEM elegeu 7
vereadores).
Da proibição de coligações para as eleições proporcionais. Desde 2020 foi proibida a coligação
partidária para eleições proporcionais. Deste modo, o quociente eleitoral passará a ser calculado
apenas considerando os resultados obtidos pelos partidos individualmente.
Da exigência de 10% do quociente eleitoral para a eleição (art. 108 do Código Eleitoral). Para
se eleger, o candidato tem que atingir, pelo menos, 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, para
evitar a eleição de candidato sem representatividade, beneficiado com os votos do demais
candidatos do partido.
O Caso Enéas Carneiro. Em 2002, Enéas Carneiro candidatou-se a deputado federal por São
Paulo, obtendo a maior votação da história brasileira, até então, para aquele cargo: cerca de 1,5
milhão de votos. Seu partido (PRONA) obteve votos suficientes para, através do sistema
proporcional, eleger mais 5 (cinco) deputados federais, sendo que um deles teve apenas 275 votos.
3.2 Os sistemas de voto em lista aberta e lista fechada
O voto em lista aberta. Considerando que as vagas conquistadas pelos partidos ou coligações
partidárias são definidas pelos eleitores, observando-se a ordem de votação nominal obtida por cada
candidato individualmente, pode-se concluir que o sistema eleitoral adotado nas eleições para
deputados e vereadores no Brasil é o sistema eleitoral proporcional de lista aberta.
O sistema de voto proporcional em lista aberta não permite aos partidos políticos o controle sobre a
distribuição das cadeiras em disputa nas eleições para o parlamento. Nesse sistema, os eleitores
escolhem diretamente os candidatos que desejam eleger, por afinidades ideológicas ou por outras
razões de natureza pessoal.
No sistema de voto em listas partidárias preordenadas (ou lista fechada) é apresentada ao eleitor
uma lista ordenada com os candidatos elegíveis ao pleito e, nesse caso, o eleitor votaria apenas na
legenda partidária e não nos candidatos. O sistema de listas fechadas representaria uma economia
significativa no financiamento público das campanhas, uma vez que não existiriam disputas entre os
candidatos de um mesmo partido a serem resolvidas pelos eleitores. Além de menos oneroso aos
cofres públicos, o sistema eleitoral de listas fechadas também facilita o controle do repasse de
verbas públicas.
O sistema eleitoral misto nada mais é do que um modelo em que parte dos deputados é eleita pelo
voto proporcional e parte pelo voto majoritário. Com isso, busca-se mitigar as desvantagens dos
dois sistemas. Esse modelo não é adotado no Brasil.