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Senado Federal

Comissão da Reforma Política

Encaminho a Vossa Excelência Proposta de Emenda a Constituição e


Projeto de Lei, referente aos seguintes temas aprovados pela Comissão de Reforma
Política.

Tema 1 – PEC Sistema Eleitoral – Lista Fechada – Quota para mulheres

Tema 2 – PLS Financiamento Público de Campanha

Proponho a Vossa Excelência que a próxima reunião da Comissão seja


realizada às 14:00hs, do dia 10 de maio, com o objetivo de examinar os textos ora
encaminhados.

Cordiais saudações,

Francisco Dornelles

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Comissão da Reforma Política

Tema 1 – PEC Sistema Eleitoral – Lista Fechada – Quota para mulheres

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº , DE 2011

Altera o artigo 45 da Constituição Federal, para


instituir o sistema eleitoral proporcional de listas
preordenadas nas eleições para a Câmara dos
Deputados.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos


termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte
Emenda ao texto constitucional:

Art. 1º O caput do art. 45 da Constituição Federal passa a


vigorar com a seguinte redação:

“Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de


representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, em listas
partidárias preordenadas, respeitada a alternância de um nome de
cada sexo, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
Federal, na forma da lei.
.......................................................................................” (NR)
Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor após sua
aprovação em referendo concomitante às eleições de 2012, convocado para
essa finalidade.

JUSTIFICAÇÃO

A presente proposta de emenda à Constituição tem o objetivo


de adotar o chamado “voto em lista fechada” nas eleições para a Câmara
dos Deputados, Assembléias Legislativas, Câmara de Vereadores e Câmara
Legislativa do Distrito Federal, conforme proposta aprovada por esta

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Comissão de Reforma Política, instituída pelo Ato nº 24, de 2011, do


Presidente do Senado Federal.

A opção por fazer a alteração mediante proposta de emenda à


Constituição se justifica em razão de que a adoção do ‘voto em lista
fechada’ para as referidas Casas Legislativas por projeto de lei seria
inconstitucional.

Com efeito, o art. 14, caput, da Lei Maior, estabelece que a


soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, mediante
plebiscito, referendo e iniciativa popular.

Por outro lado, o art. 45, caput, também da Constituição


Federal, preceitua que a Câmara dos Deputados compõe-se de
representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada
Estado, em cada Território e no Distrito Federal.

Desse modo, como visto, a Constituição Federal requer que os


Deputados Federais sejam eleitos diretamente, sendo que em nossa tradição
constitucional voto direto significa voto em candidatos, em pessoas
concretas, vale dizer, significa que entre os eleitores e os parlamentares por
eles eleitos não há intermediários.

E ocorre que o “voto em lista fechada” retira do cidadão a


condição de eleitor primário definida no art. 14, caput e no art. 45, caput,
da Lei Maior, pois em tal espécie de sistema eleitoral os escolhidos para
compor a Câmara dos Deputados são, na verdade, votados diretamente
pelas convenções dos partidos políticos e não pelos eleitores.

Por conseguinte, as convenções ou direções partidárias que


elaborariam as listas preordenadas se caracterizariam como intermediários
ilegítimos entre o eleitor e o eleito, frustrando a natureza direta do voto.

Como consequência, temos que a chamada “lista fechada”


contraria a exigência constitucional no sentido de que a soberania popular é
exercida pelo voto direto. Portanto, entendemos que não pode ser adotada
mediante projeto de lei.

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Propomos a lista fechada com alternância obrigatória de um


nome de cada sexo. A vigência dessa regra redundará no aumento
significativo da presença feminina nas Casas Legislativas formadas a partir
do voto proporcional. Vigora hoje a exigência de um mínimo de 30% das
candidaturas para cada sexo. A reserva de candidaturas nas listas abertas
não fez mais até o momento que garantir às mulheres algo em torno de
10% das cadeiras em disputa, percentual que deixa o Brasil nas piores
posições na comparação internacional. A alternância de um para um nas
listas fechadas levará, já na primeira eleição, à paridade aproximada entre
os sexos.

Em face do exposto, consideramos que uma decisão sobre


matéria dessa relevância deve ser cercada de todas as precauções no sentido
de assegurar a maior legitimidade possível ao procedimento e ao resultado.
Nessa perspectiva, propomos, em primeiro lugar, alterar o sistema eleitoral
por meio de proposta de emenda à Constituição que, como é sabido, requer
o voto favorável de três quintos dos membros de cada uma das Casas para
que seja aprovada. Em segundo lugar, propomos submeter a proposição a
referendo, de modo a aferir diretamente a posição do principal interessado
na questão: o eleitor.

Como conclusão, solicitamos o apoio dos Senhores Senadores


para a aprovação da presente proposição.

Sala das Sessões,

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Tema 2 – PLS Financiamento público de Campanha

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº , DE 2011

Dispõe sobre o financiamento público exclusivo


das campanhas eleitorais e dá outras
providências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º Esta Lei estabelece o financiamento público exclusivo


das campanhas eleitorais.

Art. 2º O art. 38 da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1996,


passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 38. ..............................................................................


................................................................................................
§ 3º Nos anos em que se realizarem eleições, serão ainda
consignadas ao Tribunal Superior Eleitoral dotações orçamentárias
correspondentes ao número de eleitores inscritos em 31 de
dezembro do ano anterior, multiplicado por R$ 7,00 (sete reais), em
valor de janeiro de 2011.
§ 4º Os recursos orçamentários calculados na forma do § 3º
deste artigo serão aplicados exclusivamente pelos partidos políticos
e respectivos candidatos nas campanhas eleitorais.” (NR)

Art. 3º Os recursos referidos no art. 2º serão distribuídos nos


termos do art. 41-A da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.

Art. 4º Em todos os casos de proporcionalidade partidária de


que trata esta Lei, será considerada a legenda partidária pela qual o
parlamentar foi eleito na última eleição.

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Art. 5º Os recursos mencionados no artigo anterior serão


depositados no Banco do Brasil S/A, à disposição do Tribunal Superior
Eleitoral, até o dia 20 de cada mês, em quatro parcelas mensais, iguais e
sucessivas, a partir de maio, e não serão objeto de contingenciamento, sob
pena de responsabilidade.

§ 1º Dentro de quinze dias, a contar da data do depósito a que


se refere o caput deste artigo, o Tribunal distribuirá os recursos aos partidos
políticos.

§ 2º Os recursos recebidos para o financiamento das


campanhas serão distribuídos entre as diversas eleições e candidatos
segundo critérios definidos pelo partido político.

Art. 6º A prestação de contas da aplicação dos recursos


financeiros nas campanhas eleitorais será feita em conformidade com a
legislação vigente, em especial com os arts. 28 a 32 da Lei nº 9.504, de 30
de setembro de 1997.

Art. 7º O § 5º do art. 39 da Lei nº 9.096, de 1995, passa a


vigorar com a seguinte redação:

“Art. 39.................................................................................
§ 5º Nos anos em que se realizarem eleições, é vedado o
recebimento de doações de que trata este artigo.” (NR)

Art. 8º Os arts. 19, 20, 24 e 28, § 4º, da Lei nº 9.504, de 1997,


passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 19. Até 10 (dez) dias úteis após a escolha de seus


candidatos em convenção, o partido constituirá comitês financeiros.
.....................................................................................” (NR)
“Art. 20. O candidato a cargo eletivo fará, diretamente ou
por intermédio de pessoa por ele designada, a administração
financeira de sua campanha, usando recursos repassados pelo
comitê, na forma da lei.” (NR)

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...........................................................................................
“Art. 24. É vedado aos partidos políticos e aos candidatos
receberem doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro oriundas
de pessoas físicas e jurídicas e destinadas às campanhas eleitorais.
Parágrafo único. A infringência da vedação estabelecida no
caput sujeita os partidos e candidatos às penalidades previstas em
lei, inclusive ao indeferimento ou cassação do respectivo registro
ou diploma.” (NR)
........................................................................................
“Art. 28 .........................................................................
.........................................................................................
§ 4º Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são
obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede
mundial de computadores (internet), nos dias 6 de agosto e 6 de
setembro, relatório discriminando os recursos em dinheiro que
tenham recebido para financiamento da campanha eleitoral, e os
gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral para
esse fim.” (NR)

Art. 9º O Tribunal Superior Eleitoral expedirá as instruções


necessárias à execução do disposto na presente Lei.

Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 11. Revogam-se o § 2º do art. 22-A, o art. 23, o art. 27, o


art. 81 da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997 e demais disposições em
contrário.

JUSTIFICAÇÃO

A presente proposição dispõe sobre o financiamento público


exclusivo das campanhas eleitorais, aprovado pela Comissão de Reforma
Política instituída pelo Ato nº 14, de 2011, do Presidente José Sarney.

Cabe ressaltar que o financiamento público exclusivo das


campanhas eleitorais está diretamente vinculado com a proposta de adoção

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do sistema de lista fechada nas eleições para a Câmara dos Deputados,


Assembléias Legislativas, Câmaras de Vereadores e Câmara Legislativa do
Distrito Federal.

Outrossim, a proposta do financiamento público exclusivo das


campanhas eleitorais inspira-se na necessidade de redução dos gastos
dessas campanhas, que vêm crescendo exponencialmente no País, bem
como na necessidade de por fim à utilização de recursos não
contabilizados, oriundos do chamado “Caixa 2”.

Ademais, tal modalidade de financiamento permite, também, à


Justiça Eleitoral, à Imprensa e à Cidadania, verificar se a prestação de
contas dos partidos e dos candidatos está correta e se é compatível com os
gastos realizados.

Cabe, ainda, fazer referência ao princípio da igualdade,


inscrito no art. 5º da nossa Lei Maior. Esse princípio, conforme ensina a
doutrina, está voltado não só para o aplicador da lei, mas, também, para o
legislador. E um dos objetivos que os regimes democráticos têm buscado
em matéria de eleições é exatamente o tratamento igualitário dos
concorrentes ao pleito, de forma a impedir que alguns alcancem a vitória
eleitoral, não pelo convencimento das teses e do programa que propõem e
sim em função da arregimentação e da pletora de propaganda eleitoral
propiciadas pelo seu poder econômico.

Aqui cabe recordar que a Constituição Federal veda


expressamente o abuso do poder econômico, no § 9º do seu art. 14, que
prevê lei complementar para “proteger a probidade administrativa, a
moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
na administração direta ou indireta”.

Devemos, ainda, registrar que o valor de R$ 7,00 (sete reais)


por eleitor, que estamos propondo, é o mesmo constante do PLS nº 393, de
1999, apresentado pela Comissão Especial de Reforma Político-Partidária
que funcionou anteriormente nesta Casa e foi aprovado em 2001.

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Por fim, devemos ressaltar que não só no Brasil mas em todos


os países que buscam o aperfeiçoamento de seu sistema eleitoral a obtenção
de recursos financeiros pelos partidos políticos para fazer face as suas
despesas, em especial com as campanhas eleitorais, constitui um dos mais
relevantes temas em discussão nas democracias representativas.

Em face do exposto, solicitamos o apoio das Senhoras e


Senhores Senadores para aprovação do presente projeto de lei.

Sala das Sessões,

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