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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

DIREITO

BRUNA SALES COSTA DE MORAIS

TRABALHO FINAL - TEORIAS DA DEMOCRACIA E DOS SISTEMAS


ELEITORAIS

Belo Horizonte, 2022.


O sistema eleitoral dos Estados Unidos da América é baseado no voto indireto, ou
seja, o eleitor não vota diretamente no candidato, mas elege os chamados delegados. Os
delegados são representantes de cada partido, em nível estadual, responsáveis pela escolha
final do candidato. Além disso, o voto é totalmente facultativo, não sendo obrigatório como
ocorre no Brasil.
Em primeiro lugar, é válido ressaltar que para se candidatar à Presidência nos Estados
Unidos é preciso ter 35 anos de idade ou mais, ser nascido no país e viver lá por pelo menos
14 anos.
Além disso, o voto nos Estados Unidos é feito por meio de cartões perfurados e, o principal,
não é obrigatório. Para se ter uma ideia da participação política dos norte-americanos, na
última eleição para Presidente, dos cerca de 300 milhões de habitantes do país, apenas
142,072 milhões de eleitores se registaram para votar. As eleições ocorrem, geralmente, no
mês de novembro.
Desse modo, os norte-americanos escolhem os candidatos à Presidência de cada
partido. Há vários partidos nos EUA, porém, os dois majoritários e que elegem mais
Presidentes são o Democrata e o Republicano. O Partido Democrata assume uma linha mais
progressista alinhada à esquerda política. Já o Partido Republicano possui um viés mais
alinhado ao pensamento político conservador ou liberal conservador (liberal conservative,
como é denominado em inglês). Nesse sentido, há por parte dos republicanos um apreço
pelos princípios conservadores, como a defesa da propriedade privada, do porte de armas, do
livre mercado e da livre concorrência. Contudo, esse partido é mais alinhado à direita
política.
Nesse sentido, para decidir quem representará o partido nas eleições, são feitas
eleições primárias (ou prévias) em todos os Estados, para que o povo escolha quem será o
candidato de cada partido. Quem escolhe os candidatos à indicação do partido são os
delegados partidários. Cada Estado, então, decide como serão as primárias, abertas, fechadas,
livres ou do tipo “cáucus”. Dessa forma, decidem se os votantes devem ser filiados aos
partidos, se podem participar das prévias dos dois partidos, e etc. As prévias começam antes
das eleições à Presidência e o candidato escolhido é decidido nas Convenções Partidárias. O
candidato nomeado a Presidente escolhe quem será o seu vice. Ou seja, o povo não vota
diretamente em seu candidato à Presidência da República. A população decide quem vai
escolher o seu líder governamental, os chamados delegados. Portanto, cada estado tem um
número de delegados relativo ao número de habitantes. Quanto mais populoso do Estado,
maior o número de delegados. Assim, é constituído o Colégio Eleitoral estadual, que deve ter,
no mínimo, três delegados. Como a Constituição, em 1787, instituiu a autonomia dos
Estados, cada um dos 50 existentes nos EUA decide como escolher seus delegados.

Ao todo, há um número de 538 delegados que fazem parte do Colégio Eleitoral nos
Estados Unidos. Para ser eleito, o candidato deve ter o voto de 50% mais um dos delegados
(271). Por mais que o candidato tenha votos populares, o mais importante é ter votos do
Colégio Eleitoral, pois é ele que escolhe o novo Presidente. O Estado com o maior número de
delegados é a Califórnia, que possui 36 milhões de habitantes e 55 delegados. Vencer na
Califórnia representa conquistar 10% dos votos de todos os delegados do país e uma
vantagem para o candidato.
Nesse viés, entende-se que o Colégio Eleitoral segue a tendência dos votos populares,
elegendo o mesmo candidato votado pelo povo. Porém, por quatro vezes, os delegados
optaram por um candidato não escolhido pelo voto popular. Em 2000, por exemplo, o
candidato democrata Al Gore teve mais votos populares que o republicano George W. Bush,
um total de 51.003.926 contra 50.460.110. Porém, Bush teve mais votos no Colégio Eleitoral
(271 a 266) e acabou elegendo-se Presidente dos Estados Unidos.
Depreende-se, portanto, que o Sistema Eleitoral dos Estados Unidos da América é
baseado em uma votação indireta, e que o Colégio Eleitoral é proporcional ao número de
habitantes de cada Estado, desse modo, um fato curioso a ser descoberto é que Se nenhum
candidato conseguir o número de votos no Colégio Eleitoral necessário para ser eleito
Presidente (217), a Câmara de Representantes decide quem será o novo líder governamental
dos EUA.
Outro sistema eleitoral do qual será abordado é o Brasil, o sistema eleitoral brasileiro
determina a escolha dos representantes governamentais do país no Legislativo e no
Executivo. A escolha deles se dá pelo voto popular, o meio pelo qual a população tem
possibilidade de participar diretamente do processo político brasileiro.
Esse sistema foi estabelecido na Constituição Federal de 1988, e seu funcionamento é
responsabilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A escolha dos governantes e a
participação popular pelo voto acontecem nas eleições, realizadas em nosso país a cada dois
anos.
O sistema brasileiro pode ser organizado da seguinte maneira:
● Eleições majoritárias em um único turno;
● Eleições majoritárias em dois turnos;
● Eleições proporcionais.
A Constituição da República Federal do Brasil de 1988 determina ainda quem são
aqueles que podem votar para eleger os nossos representantes. De acordo com o artigo 14 da
CRFB “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos”. Portanto, a Constituição determina que todos os cidadãos
brasileiros (acima de 16 anos) têm direito ao voto. A Constituição estabelece ainda que as
pessoas com 18 a 70 anos são obrigadas a votar. Os analfabetos, pessoas com 16 ou 17 anos e
indivíduos com mais de 70 anos podem votar, mas não são obrigados mas têm autonomia de
fazê-lo.
No Brasil, o sistema majoritário é aquele em que vence a eleição o candidato que
obtiver a maioria dos votos. Considera-se, nesse caso, maioria, tanto a absoluta, que
compreende a metade dos votos dos integrantes do corpo eleitoral mais um voto, quanto a
relativa (também chamada de simples), que considera eleito o candidato que alcançar o maior
número de votos em relação aos seus concorrentes. No caso do Brasil, de acordo com os arts.
46, caput, e 77, § 2º,da CRFB, tal sistema é utilizado tanto para escolha de representantes do
Poder Legislativo, entre os quais estão os membros do Senado Federal, quanto para eleição
de membros do Poder Executivo, como presidente da República, governadores de estado e
prefeitos de municípios, todos com os seus respectivos vices. O sistema proporcional, por sua
vez, de acordo com Cerqueira (2011), é aquele em que a representação se dá na mesma
proporção da preferência do eleitorado pelos partidos políticos. Tal espécie é capaz de refletir
os diversos pensamentos e tendências existentes no meio social, já que possibilita a eleição de
quase, senão todos, os partidos políticos, observadas as suas representatividades. No Brasil,
conforme previsão dos arts. 27, § 1º, 32, § 3º, e 45 da Lei Maior, o sistema proporcional é
adotado para eleger apenas os membros do Poder Legislativo, ou seja, deputados federais,
estaduais e distritais e, ainda, vereadores. Os candidatos a senador, como ressaltado
anteriormente, não são escolhidos por esse sistema eleitoral, mas sim pelo majoritário.
Diferentemente do sistema majoritário, o proporcional pode ocorrer de duas formas:
lista aberta ou lista fechada. O de lista aberta, utilizado no Brasil, é aquele em que os eleitores
escolhem diretamente seus candidatos. Já o de lista fechada é aquele em que o eleitor vota
apenas no partido político, e este se encarrega de selecionar, por uma votação de lista, os
candidatos que efetivamente ocuparão os mandatos eletivos.
Conclui-se portanto que, o sistema eleitoral do Brasil é o da urna eletrônica, e, a partir
dela são decididos vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados
federais, senadores e presidentes.
Além desses sistemas eleitorais, outro que vale ser ressaltado por suas adversidades é
o sistema eleitoral do Chile. No Chile são mantidas as eleições presidenciais, parlamentares e
municipais. Todo o processo eleitoral é fiscalizado pelo Serviço Eleitoral (Servicio
Eleitoral), que é totalmente independente do governo, os governantes eleitos são proclamados
pelo Tribunal Eleitoral de Qualificação.
No Chile o eleitorado é formado pelos nativos e estrangeiros com mais de 18 anos,
que após essa idade fazem uma inscrição, e, posteriormente, são possibilitados de votar. Ao
contrário do Brasil, no Chile, para os nativos, a inscrição para votar é facultativa, porém, ao
se inscrever, tal ato se torna obrigatório. Para os estrangeiros as coisas são um pouco
diferentes, pois, para eles, o voto é sempre facultativo, mesmo sendo inscrito, votar não é
uma obrigação.
As eleições presidenciais chilenas são a partir do sufrágio universal, ou seja, pela
maioria absoluta dos votos válidos, se nenhuma das pessoas que se candidatou obtiver essa
maioria, um segundo é realizado. O candidato eleito vira tanto chefe de governo, quanto
chefe de estado, outra coisa que se difere do sistema eleitoral brasileiro, e governa durante
um período de quatro anos, sendo permitida a reeleição não consecutiva perpétua. Já as
eleições parlamentares são diferentes, é composta pela Câmara dos Deputados e Senado,
sendo 60 distritos eleitorais para a câmara baixa e 19 currículos para o Senado. As eleições,
tanto presidenciais quanto parlamentares, são realizadas em conjunto.
O Servicio Eleitoral, como já dito anteriormente, é autônomo, ele é composto por um
conselho diretivo, que por sua vez é composto por cinco conselheiros, indicados pelo
presidente da república, que entram para o conselho após a aprovação de dois terços de
membros do Senado. Dentre as funções deste conselho estão listadas: atividades
administrativas de gerenciamento do registro e cadastro eleitoral; fiscalização das receitas e
despesas das campanhas eleitorais; nomeação dos membros das juntas eleitorais;
estabelecimento de medidas de garantia da acessibilidade ao voto e supervisionar a
organização; e finalização dos processos eleitorais.
Outro ponto importante a ser destacado é o fato de as urnas no Chile serem de papéis,
ao invés das urnas eletrônicas, que são utilizadas no Brasil. Esse tipo de urna é uma opção
mais barata do que a usada no Brasil, nesse modelo cada eleitor leva a sua caneta (medida
tomada em razão da pandemia), escreve seu voto, e o deposita em uma urna. Após o
encerramento do horário de votação, os mesários fazem a apuração dos votos de forma
pública, com uma fiscalização da apuração dos votos.
Assim, conclui-se que, cada país possui um modelo de sistema eleitoral, tendo suas
vantagens e desvantagens. Existe uma razão histórica para cada decisão tomada acerca desse
assunto. As diferenças entre os sistemas demarcam a distinção de costumes e culturas de cada
região e país, porém, no final das contas, em países democráticos o resultado final segue a
mesma linha de raciocínio, o povo votando para eleger os seus governantes, que irão lhes
representar por um período de tempo.
BIBLIOGRAFIA:
https://mundoeducacao.uol.com.br/politica/como-eleito-presidente-dos-eua.htm
https://www.meon.com.br/meonjovem/alunos/como-funciona-o-sistema-eleitoral-nos-
eua
https://mundoeducacao.uol.com.br/historia-america/partido-republicano-partido-demo
crata-nos-eua.htm
https://brasilescola.uol.com.br/politica/voce-sabe-como-funciona-o-sistema-eleitoral-
brasileiro.htm
https://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/arti
gos/revista-eletronica-eje-n.-4-ano-4/sistemas-eleitorais-brasileiros
https://convergencias.org.br/conheca-o-sistema-eleitoral-do-chile-cedulas-de-papel-e-
muita-confianca/

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