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Estudando: Direito Eleitoral Básico

Sistemas Eleitorais, Partidos Políticos e Sistemas Partidários


4.3) Sistemas Eleitorais existentes no Brasil:

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■ Sistema Eleitoral Majoritário ► É aquele em que o cargo eletivo é alcançado pelo número de votos obtidos pelo
candidato. O número de votos obtidos pelo candidato é o fator determinante para saber se o candidato foi eleito ou não. É
aquele sistema então, em que o candidato mais votado está eleito.

Esse sistema e adequado, apesar de não ser exclusivo (existe uma exceção noPoder Legislativo que usa esse sistema*),
ao Poder Executivo. Porque é no Poder Executivo que se leva em consideração os votos que o candidato pessoalmente
tenha obtido.

Esse sistema pode ser decomposto em maioria simples ou maioria absoluta, conforme seja exigível ou não a maioria
absoluta dos votos válidos, que se traduz no segundo turno.

A) Sistema Eleitoral Majoritário de Maioria Simples → estamos nos referindo ao sistema em que o candidato mais votado
é eleito, não se exigindo para isso a maioria absoluta dos votos válidos. Ou seja, o candidato é eleito, mesmo que não
tenha alcançado a maioria absoluta dos votos válidos.

Esse sistema de maioria simples só ocorre em duas situações no Brasil:

(1) Eleição de Prefeito em Municípios com menos de 200 mil eleitores → portanto, nesses Municípios não há qualquer
possibilidade de 2º turno, tenha o prefeito alcançado ou não a maioria dos votos válidos. O turno é único.

Fundamento: CF, art.29, II, in fine (interpretado a contrário senso – se nosmunicípios com mais de 200 mil eleitores há
possibilidade de 2º turno, isso é o mesmo que dizer que, nos municípios com menos de 200 mil eleitores não há essa
possibilidade).

(2) Eleição de Senador da República* é a única exceção do Sistema Legislativo que admite eleição pelo sistema
majoritário, própria do poder executivo; e que exige apenas maioria simples dos votos, não sendo necessária a maioria
absoluta dos mesmos. Isso tem que ocorrer porque há alguns anos em que são eleitos 2 senadores, e não apenas um,
ficando impossível neste caso, que duas pessoas obtenham maioria absoluta, ou um ou outro obtém; portanto se exige
apenas maioria simples dos votos. Fundamento: art. 46, caput da CF.

B) Sistema Eleitoral Majoritário de Maioria Absoluta → se exige a maioria absoluta dos votos válidos em 1º turno ou se
for necessário em 2º turno. Ou seja, passa a haver, nesse sistema de maioria absoluta, a possibilidade de um 2º turno.

Obs.: Jamais devemos dizer que passa a haver um 2º turno, porque se o candidato obtiver a maioria absoluta no 1º turno
não existira um 2º turno (não é necessário).
Obs: Voto válido significa qualquer voto salvo os votos nulos e os votos em branco. Ou seja, tanto o voto nominal quanto o
voto de legenda (partido ou coligação) são votos válidos. Se votamos no candidato X nominalmente ou em seu partido ou
coligação partidária, estamos emitindo votos válidos.

Esse Sistema de Maioria Absoluta ocorre no Brasil em 3 situações:

(1) Eleição do Presidente da República → Se o candidato não obtiver a maioria absoluta dos votos válidos em primeiro
turno submete-se a 2º turno.

Obs: No Brasil já tivemos duas situações de Presidentes eleitos em 1º turno.

Fundamento: art.77, §2º da CF.

(2) Eleição de Governador do Estado; Fundamento: art. 28 caput, parte final, da CF.

(3) Eleição de Prefeito com mais de 200 mil eleitores. Fundamento: art. 29, II.

Esse Sistema Eleitoral Majoritário não enseja grandes problemas. O que gera grandes problemas é o Sistema
Proporcional.

■ Sistema Eleitoral Proporcional ►Cargo eletivo alcançado pela força demonstrada pelo Partido Político. Não é então o
sistema em que o candidato mais votado está eleito; e sim, em que o Partido Político mais forte faz o maior número de
candidatos. Portanto, não é um sistema adequado ao Poder Executivo e sim ao Poder Legislativo.

Portanto é um sistema onde o cargo eletivo é alcançado pela força demonstradapelo partido político, onde o partido mais
forte faz o maior número de candidatos, sendo o sistema mais adequado ao Poder Legislativo (com exceção do cargo de
senador).

Esse sistema é usado para a eleição de:


1) Deputado Federal – art.45 caput da CF;

2) Deputado Estadual – art. 27, § 1º da CF;

3) Vereador – art.29, I da CF.

Nesse sistema a figura central é o partido, enquanto no sistema majoritário é o candidato.

Essa aferição da força partidária se dá por um instituto: coeficiente eleitoral

– que é a divisão do total de votos validos pelo número de cargos a serem ocupados.

a) Coeficiente Eleitoral:

Total de votos válidos -------------------------------> 1.000.000 voto(nominal ou na legenda)

Total de Cargos a
serem ocupados ---------------------------------> 10 cargos eletivos

Coeficiente Eleitoral ---------------------------------> 100.000

b) Coeficiente Partidário: Total de candidatos que cada partido ou cada coligação elegeu.

Para essa aferição é necessário primeiro a aferição do coeficiente eleitoral. Depoisque tivermos esse cociente eleitoral
vamos determinar quantos votos cada partido ou coligação teve. Para isso vamos somar todos os votos nominais de
candidatos de um mesmo partido ou coligação com os votos dados a legenda do partido ou a coligação (votos de
legenda). Depois vamos dividir esse número obtido pelo coeficiente eleitoral. Esse partido ou essa coligação, portanto,
através dessa operação, vai ter feito tantos candidatos quantas às vezes que tiver alcançado o coeficiente eleitoral. A essa
regra chama-se de coeficiente partidário.

EX: ● PT (soma dos votos em candidatos e no partido) = 375.000 votos


÷ 100.000
______________

3 deputados (e fração = desprezada)

● PSDB __________________________ = 645.000


÷ 100.000

______________

6 deputados (e fração)

Depois de cada eleição é feita uma regra específica, um ano antes da nova eleição, determinando o que deve ser feito com
relação a essa fração do coeficiente partidário. A regra, é que o partido político que teve a fração mais alta leva (a fração
mais próxima do número inteiro) a última vaga, caso seja número impar. No nosso exemplo o PT levaria a 10ª vaga.

Obs: O partido grande tem grande interesse de fazer coligações e ao partido pequeno não interessa muito fazê-las,
independentemente de termos campanha verticalizada ou não. Digamos que o PT não faça coligação alguma, neste caso
ele só vai poder computar os votos dados aos seus candidatos nominalmente ou a legenda do PT. Se ele se coliga a um
partido pequeno, ele vai somar os votos dele aos votos dados aos candidatos ou a legenda do pequeno partido. Quase
sempre os votos dados ao partidopequeno serão importantes para que o PT alcance novamente o coeficiente partidário.
Mas, normalmente, os candidatos do partido mais fraco não conseguem estar bem colocados nesta lista final da
coligação.
Os votos que damos nominalmente a um candidato, não servem para elegê-locomo no sistema majoritário, só servem
para posicioná-lo melhor nesta lista do partido ou da coligação. Portanto, é basicamente impossível que um candidato de
partido pequeno (com menos eleitores), por mais bem votado que seja dentro daquele pequeno universo de eleitores,
consiga ficar bem colocado na lista para conseguir ocupar as vagas que a coligação obteve.

Ex: Lindeberg Farias na 1ª eleição que participou teve 108 mil votos nominais e não foi eleito, porque fazia parte de um
partido pequeno – PSTU – e o coeficiente eleitoral daquela eleição foi 120 mil votos. Na outra eleição que ele veio
candidato pelo PT, teve apenas 36 mil votos e foi eleito deputado federal. Ele era o 7º da lista do PT, que conseguiu eleger
muitos deputados.

O Pita agora na eleição em SP teve sozinho 150 mil votos, o coeficiente eleitoral foi300 mil. Mas o Pita veio candidato pelo
PSC que não conseguiu ter pelo menos 300 mil votos para eleger pelo menos um candidato. Portanto, com essa
quantidadeenorme de votos o Pita não foi eleito. Nesta mesma eleição o Enéas do PRONA teve sozinho 1 milhão e 500mil
votos, isto é, se elegeu e elegeu mais 4 deputados pelo seu partido ( o 2º da lista do seu partido tinha apenas 3 mil votos,
o 2º 2 mil votos, o 3º1000 votos e o 4º 532 votos).

Obs.: Atualmente, sob o ponto de vista jurídico o voto branco e o voto nulo tem o mesmo valor – isto é, não serem
computados nunca. Esses votos já tiveram distinção jurídica, porque pela lei até 1997, os votos em branco eram
considerados votos válidos na contagem do coeficiente eleitoral. De 97 para cá ambos nada valem juridicamente.
Filosoficamente são votos diferentes, porque o voto em branco significa abstenção, enquanto que o voto nulo representa
protesto do eleitor.

Obs.: A rigor o voto obrigatório, ou seja, o voto como direito e dever é uma construção nossa. Que tem algumas aplicações
em outros países. E apesar de ser uma tradição brasileira muito criticada, segundo o professor Guilherme tem pontos
positivos, principalmente por fazer com que o voto seja absolutamente igualitário. Isso as vezes é bom e as vezes não.
Isso é aceito no Brasil e não há qualquer proposta de emenda para modificar essa obrigatoriedade.
Existem hoje duas propostas de emenda a CF, que são propostas de reforma política: uma para se manter o sistema
proporcional mas atrelado a fidelidade partidária, porque esse sistema proporcional não funciona bem a não ser que haja
fidelidade ao partido. Porque a pessoa é eleita pelo partido, mas depois que é eleita não guarda qualquer fidelidade com
esse partido que a elegeu, podendo mudar para qualquer outro – o que é um absurdo. Aquele deputado do Prona que
recebeu míseros532 votos, a primeira medida que tomou foi mudar de partido.

A outra proposta de reforma política é que em certos casos o sistema eleitoralpasse a ser misto.

Essas são as duas tendências de reforma mais recentes, ou se mantêm o sistema proporcional atrelado à fidelidade
partidária, ou, abre-se mão do sistema proporcionale se adere ao sistema misto.

■ Sistema Misto: é uma combinação do sistema majoritário com o sistema proporcional. Por isso alguns autores falam
em “voto distrital misto”. Essa seria uma forma atécnica de se referir ao sistema misto.

Como é uma compatibilização dos dois sistemas, ele gira em torno não docandidato, como o sistema majoritário, nem do
partido político, como é o proporcional;ele gira em torno dos chamados distritos eleitorais.
Quando se tem esse sistema misto se divide o território em distritos eleitorais e atribui um certo número de vagas ao
sistema majoritário e um certo número de vagas ao sistema proporcional – daí distrital misto.

Esses distritos eleitorais podem corresponder a um município ou não. Porexemplo, num caso de município muito
pequeno, este teria que se unir a outro para formar um só distrito. E um município muito grande que teria que ser repartido
em vários distritos.

Esse sistema é usado na Alemanha e no México. Na Alemanha, por exemplo, o parlamento tem 50 cadeiras (50
deputados). Eles queriam atribuir metade de cadeiraspara um sistema e metade para o outro. Dividiram, então, o território
alemão em 25 distritos (metade do no de cadeiras). 25 deputados serão eleitos pelo sistema majoritário, ou seja, um para
cada distrito e 25 deputados serão eleitos pelo sistema proporcional, ou seja, eleitos pelo todo (todo território).

Esse sistema tem vantagens e desvantagens:

●Vantagem ► Compatibilizar as grandes lideranças com as pequenas lideranças. As grandes lideranças são eleitas pelo
sistema proporcional (por todo o território) como sempre foram; enquanto que o sistema majoritário nos distritos
permitiria a eleição de pequenas lideranças, que pelo sistema proporcional jamais se elegeriam. Por exemplo, se
Copacabana fosse considerada um distrito, ela elegeria um deputado, que seria obviamente uma grande liderança na
localidade, mas não teria qualquer projeção nacional.

● Desvantagem ► Complicar o voto. Exige maior consciência política, já que existemdois tipos diferentes de votos: em
lideranças locais e lideranças nacionais. Num país de analfabetos se torna num sistema quase inviável, tamanha a
confusão que provocara na hora da votação.

Notas Importantes:

● Pode haver no Brasil Eleição Indireta? O Presidente da República pode ser eleito de modo indireto?
R: Existe uma situação no Brasil de Eleição Indireta, prevista no art. 81 §1º - se houver vacância nos dois cargos de
Presidência e de Vice-Presidência, nos dois últimos anos do período presidencial, que é de 4 anos,a eleição é indireta feita
pelo Congresso Nacional, 30 dias depois de aberta a última vaga. Isso tem até repercussões protocolares: Presidente e
Vice nunca viajam num mesmo vôo, porque se um morrer o outro sobrevive e evita eleições indiretas. Porque se houver
comorbiência, abre possibilidade de haver, inclusive, eleições indiretas.

Não se aplica nenhum sistema eleitoral no caso da eleição indireta – único casopossível no Brasil.

● Essa norma confirma uma posição que já tratamos em aulas anteriores: que o Presidente da República só tem um
sucessor, que é o Vice-Presidente; e tem 4 substitutos(Vice-Presidente, Presidente da Câmara, Presidente do Senado e
Presidente do STF). Porque, se porventura o presidente da Câmara ou do Senado ou do STF fossem sucessores, não
haveria necessidade de nova eleição no caso de comorbiência do Presidente da República e do Vice, porque essas
pessoas assumiriam o cargo. Como com a morte do Vice-Presidente há nova eleição, podemos perceber que a sucessão
para o cargo só vai até ele.

● Caso tenhamos nova eleição pela ocorrência da situação acima descrita, ocorrerá o “mandato-tampão”. Isso quer dizer
que o novo Presidente não assume mandato autônomo (4 anos), ele só assume o mandato restante (tempo restante para
concluir o mandato de seu antecessor). Isso está previsto no parágrafo seguinte da norma - art.81, § 2º da CF.
Obs.: O último país que teve aplicação dessa norma foi a Argentina. Teve em 2001 uma situação caótica e deram na
Argentina uma aplicação dessa norma que é idêntica à nossa. Mas lá o sistema é um pouco diferente do nosso. Pela CF
Argentina se houver vacância dos dois últimos anos do mandato presidencial, há nova eleição. Só que a CF Argentina
exige que essa eleição seja feita pelo Congresso, como a nossa, mas não exige que os candidatos sejam membros do
Congresso. No nosso direito apesar de não ter disposição expressa legal, há um costume que a eleição seja feita pelo
Congresso envolvendo membros do próprio Congresso – senadores ou deputados federais (isso sempre aconteceu no
Brasil). Esses membros do Congresso que querem concorrer habilitam suas candidaturas no mesmo Congresso e são
votados pelos demais membros.

Quando o Presidente De La Rua renunciou ao cargo presidencial na Argentina,faltava um ano e 8 meses para o termino de
seu mandato. Com isso a Argentina conseguiu ter 8 presidentes em 6 dias. O primeiro foi um governador de província,
Carlos Alberto Sá, portanto que não era membro do Congresso. Esse 1º presidente 1 dia depois renunciou ao cargo de
Presidente.

5) Partidos Políticos (CRFB art. 17 e Lei 9.096/95)

5.1 Conceito: São entidades de intermediação entre sociedade civil e sociedade política, na medida em que contribui para
a formação da vontade do povo.

Nota 1: Diogo Figueiredo possui um livro chamado participação política, e ele começa esse livro dizendo que o partido
político é um instituto sui generis da participação política. O que seria interessante deixar claro é que o partido político não
é o único meio de participação política, existem outros meios de participação política nas três funções do estado
(Administrativa, Legislativa e Jurisdicional).

Na função legislativa a forma de participação política é o chamado Grupo de Expressão, o que alguns autores chamam de
LOB. Esses grupos de expressões ou LOB’s são usados para pressionar o legislativo para que eles produzam normas
condizentes com os interesses desses grupos de expressões.

O instituto de participação política na função administrativa, segundo DiogoFigueiredo, são as Audiências Públicas
(Conceito de audiência pública prevista na Lei.8.666/93 art. 39).

Há também institutos de participação política na função jurisdicional, e o Diogo Figueiredo menciona seis: Seguindo a
ordem dada pela Constituição: (1°) Ação Popular (Art. 5°, LXXIII CRF), porque a rigor qualquer cidadão é parte legítima; (2°)
Mandado de Segurança Coletivo (Art. 5°, LXX CRFB), porque a rigor partidos políticos e associações são partes legítimas;
(3°) Ação Civil Pública (Art. 129, III CRFB); porque a rigor qualquer MP e Associações são partes legítimas; (4°) Tribunal do
Júri (Art. 5°, XXXVIII CRFB), porque é o Cidadão que participa do conselho de sentença; (5°) Responsabilização do
Presidente da República (Art. 85 CRFB), pois cabe a qualquer cidadão; (6°) Quinto Constitucional (Art. 94 CRFB), um quinto
das vagas dos Tribunais são restritos a membros da Advocacia e do Ministério Público.

Colocada essa premissa seria interessante agora dividir nosso estudo de partido político em três partes: Primeiro nós iremos
estudar SistemasPartidários; O segundo estudo importante é a Natureza jurídica dos partidos políticos; E finalizando, nós
estudaremos Autonomia Partidária.

5.2 SISTEMAS PARTIDÁRIOS :

Existem basicamente três sistemas partidários. (1°) UNIPARTIDARISMO, aqui há uma distinção que os autores não fazem,
ou seja, o Unipartidarismo se divide em Simples e Básico; (2) BIPARTIDÁRISMO, também se divide em simples e básico;
(3°) PLURIPARTIDARISMO. Vide gráfico.

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1° Uni-Partidarismo – O nome é auto-aplicável, agora, é necessário que se faça uma distinção entre unipartidarismo
simples e unipartidarismo básico.

No Unipartidaismo Simples só existe de fato um partido (ex: Cuba). NoUnipartidarismo Básico só existe um partido
predominante, ou seja, há vários partidos, mas predominante, com chance de chegar ao governo só existe um (Ex.
México).

2° Bi-Partidarismo – Aqui deve usar a mesma idéia. Bipartidarismo Simples de fato só existem dois partidos (Ex. Uruguai).
No Bipartidarismo Básico dois partidos são predominantes (Ex: Estados Unidos).

3° Pluripartidarismo – É evidente que aqui existem vários partidos, e vários com chance de chegar ao poder (Ex. Brasil).

Nota 1: Considerando nosso sistema pluripartidário perguntaria o seguinte: É constitucional a cláusula de barreira?
(Cláusula de barreira significa sujeitar ou condicionar a existência de um partido político à um número mínimo de votos
válidos, hoje, 5%) Ex: PSOL hoje está sujeito a clausula de barreira, pois ele só continuará a ser partido político se alcançar
5% dos votos válidos na atual eleição.

Quando o STF conheceu dessa questão ele declarou a Constitucionalidade dessa Cláusula de barreira. Segundo posição
do STF a cláusula de barreira não atenta contra o pluripartidarismo, ela Atende ao pluripartidarismo, pois a rigor ela
permite que só subsistam partidos políticos viáveis, ou seja, o pluripartidarismo não quer dizer que exista qualquer partido
político, quer dizer que existam partidos políticos viáveis, que tenham uma chance concreta de se chegar ao poder (Adin
1354).
5.3 NATUREZA JURÍDICA

Partido Político é pessoa jurídica de direito privado ou é pessoa jurídica de ireito público?

No Brasil, pela atual legislação (Lei Orgânica dos Partidos Políticos – Lei n°9.096/95), os Partidos políticos são pessoas
jurídicas de direito Privado, inclusive a lei é expressa quanto a isso.

Agora vamos botar uma coisa que a lei não diz. Sabemos nós que as pessoas jurídicas de direito privado adquirem
personalidade jurídica quando arquiva seus atos constitutivos no registro competente. Aqui o que eu posso dizer é que o
Partido político vai adquirir sua personalidade jurídica quando arquivar seu ato constitutivo no Registro Civil de Pessoas
Jurídicas.

Obs.: Para que o partido Político exista enquanto pessoa jurídica de direito privado basta o arquivamento de seus atos
constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, agora, a lei orgânica dos partidos políticos e a CRFB (art. 17, § 2°)
fazem menção ao registro do Estatuto dos Partidos no TSE visando com isso quatro finalidade: (1°) Participar do
Processo Eleitoral; (2°) Acesso gratuito a rádio e televisão; (3°) Participação no Fundo Partidário; (4°) Exclusividade sob
nome, símbolo e sigla.

5.4 AUTONOMIA PARTIDÁRIA

Significa impossibilidade de controle ideológico do Partido Político pelo Estado, de uma outra forma, há uma reserva
estatutária de estrutura e funcionamento do Partido Político, ou seja, a estrutura e funcionamento do Partido ficam
reservada a seu estatuto, não havendo nenhuma ingerência do Estado quanto a isso.

Nota 1: Um dos grandes exemplos de matéria sujeita a autonomia partidária citados pelos autores é Coligação partidária.
A Coligação sempre esteve regulada no art. 17, §1° da CRFB, e a redação desse dispositivo, desde a sua forma originária,
sempre teve a seguinte redação: “É assegurado aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento, devendo seus estatutos regular normas de fidelidade e disciplina partidária”. Bom, a
novidade agora é que esse art.17, § 1° acabou de ser modificado pela Emenda Constitucional n° 52, que passou a dar a
seguinte redação ao art. 17, § 1°: “É assegurado aos partidos políticosautonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento e para adotar o critério de escolha e regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital e municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária”. Ou seja, a novidade da EC n° 52 é que ela põe fim à
regra da verticalização de campanhas eleitorais.
Com relação a isso, o STF conheceu da Constitucionalidade do art. 2° da EC n°52 que possui a surreal redação que diz o
seguinte: “Essa emenda Constitucional entre em vigor na data de sua publicação, aplicando às eleições que ocorrerão
em2002”, ou seja, as normas agora não só possuem erro jurídico, mas também erro de português, pois o verbo está no
futuro e o tempo no passado. Isso ocorreu porque essa proposta de emenda foi apresentada em 2001, porém fora
rejeitado, dessa forma, como sabemos, proposta de emenda rejeitada só poderá ser novamente apresentada no ano
seguinte, como no ano seguinte era eleição, e para evitar uma possível discussão sobre a aplicabilidade da norma, o
governo achou por bem tirar a votação da emenda de pauta. Pois bem, em 2005 o atual governo colocou novamente em
pautaessa proposta de emenda, tendo sido aprovada na câmara e no senado, que optaram por não emendar a proposta de
emenda, porque isso demandaria mais tempo. Assim sendo, discutia-se que a parte final do art. 2° da EC n° 52 deveria ser
interpretada com a seguinte redação: “...aplicando às eleições que ocorrerão em 2006”. Essa questão foi submetida ao
STF que acabou de entender pela inconstitucionalidade da parte final do art. 2° da EC n° 52, pois viola o art. 16 Caput da
CRFB. Esse art. 16 faz menção ao chamado Princípio da Anualidade eleitoral, ou seja, as normas de direito eleitoral só
podem ser alteradas no ano anterior ao da eleição.(Adin 3.685 – Informativo 420 STF).
Com isso nós fechamos toda a parte Material de Direito Eleitoral. Agora começaremos a segunda parte do curso onde
trataremos da parte Processual do Direito Eleitoral, que, considerando a atual composição da banca do Ministério Público,
é a parte mais importante.

IMPUGNAÇÕES ELEITORAIS

Vamos utilizar o termo impugnação eleitoral, pois é mais genérico, não utilize o termo ações eleitorais, porque algumas
delas não são ações.

Nós podemos começar dizendo o seguinte: Impugnações eleitorais, no Brasil, hoje, são quatro:

(1°) AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA;

(2°) INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL;

(3°) RECURSO CONTRA A DIPLOMAÇÃO;

(4°) AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.

Bom, todas essas formas de impugnação estão previstas ora na legislação ora na Constituição. A ação de impugnação do
pedido de registro de candidatura está prevista na Lei Complementar n° 64/90, especificamente nos seus arts. 3° a 15; A
investigação judicial eleitoral está prevista na mesma lei (LC n° 64/90), só que agora nos seus arts. 19 à 23; O Recurso
contra a diplomação é a única forma de impugnação eleitoral prevista no código eleitoral, então seria Código Eleitoral,
especificamente no seu art. 262; e a Ação de impugnação de mandado eletivo é a única das impugnações que não está
prevista em lei, esta prevista na Constituição Federal art. 14, §§ 10 e 11.

Como que a gente vai entender isso aqui bem? – Nós só vamos entender isso aqui bem se nós utilizarmos um gráfico.

ApostilaDEleitoral

Há dois momentos cruciais no processo, (1°) Registro de Candidatura, ou seja, alguém formulou um pedido de candidatura
e esse pedido foi deferido pelo órgão competente; (2°) Diplomação, ou seja, alguém foi eleito e vai ser diplomado no
cargo.

Se você fizer esse gráfico você pode dizer o seguinte:


(A) Ação de Impugnação de Pedido de Candidatura, reparem, eu estou impugnando o pedido, eu não estou impugnando o
registro em si, estou impugnando antes disso. Dessa forma você pode dizer que essa ação será cabível para fatos
ocorridos antes do registro da candidatura. O prazo dessa ação será de 5 dias e seu termo inicial será a data de
publicação do pedido de registro da candidatura.

(B) Investigação Judicial Eleitoral, você pode dizer que ela é cabível

PRIMORDIALMENTE para fatos ocorridos após o registro da candidatura. Não possui prazo, desde que seja instaurada, a
qualquer momento, entre o registro da candidatura e a diplomação, ou seja, durante a campanha eleitoral.

(C) Recurso contra a Diplomação, se eu estou discutindo recurso contra a

diplomação é evidente que ele ocorre depois da diplomação, dessa forma você diz: É cabível PRIMORDIALMENTE para
fatos ocorridos após a diplomação. O Prazo é de 3 dias e seu termo inicial é a data da sessão de diplomação.

(D) Ação de Impugnação do mandato eletivo, como é uma ação que visaimpugnar o mandato como o todo ela possui
maior abrangência, dessa forma você diz: Essa ação é cabível, PRIMORDIALMENTE, para fatos ocorridos a qualquer
momento. O Prazo é de 15 dias e seu termo inicial é o mesmo do recurso contra a diplomação, ou seja, data da sessão de
diplomação.

Visto isso, nosso gráfico ficaria assim:

ApostilaDEleitoral2

Nota: Por quê da segunda forma de impugnação em diante nós fizemos questão de usar a expressão
“PRIMORDIALMENTE”?

Isso aqui é uma questão doutrinária. Nós fizemos questão de utilizar essa expressão, pois a doutrina construiu uma idéia
de preclusão temporal com base em dois artigos do código eleitoral (art. 223, § 3° e art. 259) que devem ser combinados
com o art. 3° da Lei Complementar n° 64/90. O que eu quero dizer com isso? – Quando você fala em preclusão temporal,
para fins de cabimento das impugnações, deve ser feito uma distinção entre toda matéria Constitucional e toda a matéria
Legal, ou seja, você vai ter que distinguir causas de inelegibilidade Constitucional e causa de inelegibilidade Legal.

Com base nos dispositivos citados, às causas de inelegibilidade legais estão sujeitas a preclusão temporal, ou seja,
devem ser argüida num primeiro momento, na ação de impugnação do registro da candidatura, sob pena de preclusão
temporal. Agora, as causas de inelegibilidade Constitucionais não estão sujeitas a preclusão temporal, dessa forma pode
ser argüida a qualquer tempo, ou seja, na primeira, segunda, terceira ou até mesmo na quarta impugnação, em outras
palavras, você pode argüir uma eventual inelegibilidade Constitucional até 15 dias após a diplomação, superado esse
prazo há a preclusão definitiva .

Por isso que da segunda forma de impugnação em diante nós batemos na mesma tecla “Cabimento Prioritário”, porque
além daquele cabimento principal vai haver um resíduo ainda, ou seja, p. ex., a investigação judicial eleitoral além de poder
discutir fatos ocorridos durante a campanha pode conter também eventual argüição de causa de inelegibilidade
Constitucional, que não foi argüida antes, mas pode se argüida agora.

Obs: Com relação a distinção entre meteria constitucional e matéria legal, o TSE foi mais além pra dizer que a matéria
constitucional pode ser conhecida de ofício pelo Juiz, ao passo que matéria legal deve ser argüida. (Acórdão 1.385 TSE
22/09/98).

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