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CIEP 472 – Candido Portinari

Petrópolis, 18 de agosto de 2023


Organização Político-administrativa do Brasil
Professor Douglas Ferreira

Sistema Eleitoral Brasileiro

O sistema eleitoral brasileiro é democrático, garantindo que todos os cidadãos maiores de 18


anos possam votar e serem votados, respeitando algumas regras. Vamos entender seu
funcionamento básico.

Voto Obrigatório: No Brasil, o voto é obrigatório para cidadãos entre 18 e 70 anos. Aqueles com
16 ou 17 anos, ou acima de 70, podem votar, mas é opcional.

Eleições Majoritárias e Proporcionais:

Majoritárias: Escolhe-se um candidato com a maioria dos votos. Aplica-se a cargos como
Presidente, Governador e Prefeito (em cidades com mais de 200 mil eleitores).
Proporcionais: Usa-se um sistema complexo de quociente eleitoral e partidário para eleger
representantes. Aplica-se a cargos como Deputados e Vereadores.
Dois Turnos: Para cargos majoritários, se nenhum candidato alcança mais de 50% dos votos válidos
no primeiro turno, um segundo turno é realizado entre os dois mais votados.

Ficha Limpa: Lei que impede que candidatos condenados por órgãos colegiados (mais de um juiz)
se candidatem por um período.

Financiamento de Campanha: As campanhas eleitorais são financiadas por doações de pessoas


físicas e fundos partidários. Doações de empresas são proibidas.
Horário Eleitoral Gratuito: Os partidos têm direito a um tempo na televisão e no rádio para
apresentar suas propostas. O tempo de cada partido é definido com base em sua representação no
Congresso.

Justiça Eleitoral: Garante que as eleições ocorram de forma justa e transparente. O Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) são os órgãos responsáveis por
esse controle.

Voto Majoritário

O voto proporcional é um pouco mais complexo do que o majoritário, e é usado para eleger
representantes para cargos como Deputados e Vereadores. Vamos entender passo a passo:

Lista de Candidatos: Ao votar para Deputado ou Vereador, o eleitor pode escolher votar em um
candidato específico ou somente no partido. Ambos os votos são contabilizados para a legenda, o
que significa que tanto os votos em candidatos específicos quanto os votos diretos para o partido
são somados para determinar a representatividade daquele partido.

Quociente Eleitoral (QE): Este é o primeiro cálculo importante. O QE é determinado dividindo-se o


número total de votos válidos pelo número de cadeiras a serem preenchidas (por exemplo, cadeiras
de Deputado Federal ou Vereador).

Fórmula: QE = Número total de votos válidos / Número de cadeiras

Quociente Partidário (QP): Uma vez que o QE é definido, cada partido (ou coligação) tem seu
Quociente Partidário calculado. Esse número indica quantas cadeiras o partido ganhou diretamente.

Fórmula: QP = Número de votos do partido ou coligação / QE

O resultado desse cálculo, desprezando-se a fração, indica quantas cadeiras o partido ou coligação
ganhou.

Distribuição das Sobras: Após a distribuição inicial das cadeiras pelo QP, normalmente ainda restam
cadeiras a serem distribuídas. Essas cadeiras são distribuídas levando em consideração as maiores
médias. A média é calculada dividindo-se os votos do partido pelo número de cadeiras já obtidas
mais um. A cadeira vai para o partido com a maior média. Esse processo é repetido até que todas as
cadeiras sejam preenchidas.

Dentro do Partido: Uma vez definido quantas cadeiras cada partido ou coligação conquistou, a
distribuição de quem ocupará essas cadeiras é feita com base nos candidatos mais votados daquele
partido.

Exemplo ilustrativo: Suponha que temos 10 cadeiras de vereadores e três partidos (A, B e C). O
quociente eleitoral foi definido como 1.000 votos. Se o partido A teve 5.000 votos, seu QP seria 5.
Ele ganharia, inicialmente, 5 cadeiras. Estas seriam ocupadas pelos 5 candidatos mais votados
dentro do partido A.

O sistema proporcional busca garantir uma representação mais equilibrada e diversa no Legislativo,
considerando o apoio que cada partido (ou coligação) tem na sociedade.

Propaganda Eleitoral nas Mídias Sociais e Microtarggeting

O microtargeting, ou microsegmentação, refere-se a uma estratégia avançada de marketing e


publicidade que utiliza dados e análises para identificar e segmentar públicos-alvo específicos, com
mensagens ou conteúdo personalizado. Esse sistema, quando aplicado na política, visa influenciar a
opinião de eleitores específicos, baseando-se em suas preferências, comportamentos, interesses e
dados demográficos. Vamos entender como isso funcionou em campanhas eleitorais:

Coleta de Dados: A era digital gerou uma quantidade imensa de dados. Cada vez que interagimos
online, deixamos rastros - o que curtimos, compartilhamos, comentamos etc. Isso é amplamente
coletado por plataformas, aplicativos e outros meios. Em alguns casos, essas informações são
adquiridas por campanhas políticas.

Análise e Segmentação: Com ferramentas analíticas avançadas, os estrategistas identificam


padrões e segmentam o público em grupos específicos. Por exemplo, pessoas que têm certas crenças
políticas, hobbies ou que residem em áreas específicas.
Mensagens Personalizadas: Uma vez que os segmentos são identificados, campanhas políticas
podem criar mensagens ou anúncios direcionados especificamente para cada grupo. Assim,
enquanto um grupo pode receber mensagens sobre economia, outro pode ver conteúdo relacionado
ao meio ambiente, dependendo do que a análise sugere ser mais eficaz.

Plataformas e Redes Sociais: Plataformas como o Facebook, Twitter e Google permitem que
anunciantes direcionem anúncios para públicos muito específicos. Campanhas políticas
aproveitaram isso para atingir eleitores de maneira muito direta e personalizada.

Casos Notáveis: Nas eleições de 2016 nos EUA, a campanha de Donald Trump fez uso extensivo
de microtargeting. Similarmente, em 2018 no Brasil, houve relatos de uso de microsegmentação em
diferentes campanhas, incluindo a de Jair Bolsonaro.

Controvérsias: O uso de microtargeting em campanhas políticas tem levantado preocupações éticas


e legais. O caso mais notório é o escândalo da Cambridge Analytica, onde dados de milhões de
usuários do Facebook foram utilizados sem consentimento para fins de microtargeting em várias
campanhas políticas.

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