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Poder Legislativo e

Processo Legislativo
para a Câmara dos
Deputados
Professor: Diogo Surdi
FICHA TÉCNICA DO MATERIAL
grancursosonline.com.br

CÓDIGO:
1562023185

TIPO DE MATERIAL:
E-book

TÍTULO:
Poder Legislativo e Processo Legislativo para a
Câmara dos Deputados

PROFESSOR:
Diogo Surdi

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
6/2023
PODER LEGISLATIVO E PROCESSO LEGISLATIVO PARA A CÂMARA DOS DEPUTADOS
Professor: Diogo Surdi

Sumário

APRESENTAÇÃO...............................................................................................................4

CÂMARA DOS DEPUTADOS – PODER LEGISLATIVO E PROCESSO LEGISLATIVO......5

1. Funções e Estrutura do Poder Legislativo.............................................................5

2. Participação dos Ministros de Estado....................................................................10

3. Senado Federal.........................................................................................................11

4. Câmara dos Deputados............................................................................................11

5. Imunidades dos Parlamentares...............................................................................12

6. Impedimentos e Perda do Mandato.........................................................................15

7. Reuniões....................................................................................................................16

8. Comissões.................................................................................................................17

9. Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária................................................19

10. Processo Legislativo..............................................................................................24

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PODER LEGISLATIVO E PROCESSO LEGISLATIVO PARA A CÂMARA DOS DEPUTADOS
Professor: Diogo Surdi

APRESENTAÇÃO

Olá, pessoal, tudo bem? Espero que sim!


O concurso da Câmara dos Deputados é um dos mais concorridos no universo dos con-
cursos públicos. Logo, para que o candidato alcance a aprovação, todos os pontos do
edital devem ser estudados.
Contudo, é inegável que alguns tópicos, considerando o histórico do concursos ante-
riores, tendem a ser mais exigidos do que os demais. Nestes pontos, o candidato deve estar
em um alto nível de assertividade, uma vez tais questões impactam diretamente no resul-
tado final do concurso.
Para a Câmara dos Deputados, um dos conteúdos mais exigidos é o relacionado com o
Poder Legislativo e com o Processo Legislativo.
Desta forma, este material foi elaborado com o objetivo de apresentar, com o auxílio de
quadros sinóticos e fluxogramas, os princípios pontos que devem ser estudados em rela-
ção ao Poder Legislativo e ao Processo Legislativo.
Espero que o conteúdo seja útil para auxiliar você no processo de aprovação. Fico à dis-
posição, desde já, para sanar todas as dúvidas que eventualmente surgirem.

Um grande abraço a todos!


Diogo

Diogo Surdi
Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos
públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e MPU.

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PODER LEGISLATIVO E PROCESSO LEGISLATIVO PARA A CÂMARA DOS DEPUTADOS
Professor: Diogo Surdi

CÂMARA DOS DEPUTADOS – PODER LEGISLATIVO E


PROCESSO LEGISLATIVO

1. FUNÇÕES E ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO

Basicamente, o nosso Estado democrático é formado por três Poderes, sendo eles o Exe-
cutivo, o Legislativo e o Judiciário. E essa divisão foi proposta de forma que cada poder
pudesse exercer as suas atribuições de maneira autônoma, dando origem a um dos mais
importantes postulados do nosso ordenamento, que é o princípio da separação dos poderes.
Assim, consegue-se interpretar que a ideia do constituinte foi justamente estabelecer um
sistema no qual, ainda que cada Poder tivesse autonomia para tomar todas as decisões que
fossem necessárias, essa liberdade não poderia implicar em condutas que contrarias-
sem a própria finalidade para os quais os Poderes foram instituídos.
Em outras palavras, a Constituição estabelece atividades típicas para cada um dos
poderes, mas deixa claro que é competência dos demais o controle e a fiscalização de
tais atividades.
Dessa forma, temos que a atividade típica do Poder Judiciário é a de julgar, a do Poder
Legislativo é a de legislar e fiscalizar e a do Poder Executivo, a de administrar.

No entanto, ainda que a regra seja a de que cada poder desempenha as suas atividades
típicas, temos que todos os poderes desempenham, de forma atípica, as atividades origi-
nariamente atribuídas aos demais poderes.
Sendo assim, devemos memorizar que o Poder Legislativo desempenha as funções
típicas de legislar e de fiscalizar. Atipicamente, o Poder Legislativo pode desempenhar as
funções de administrar e de julgar.
Em nosso ordenamento jurídico, o Poder Legislativo Federal é exercido pelo Congresso
Nacional, que, por sua vez, é composto de duas diferentes Casas Legislativas: o Senado
Federal e a Câmara dos Deputados.
Sendo assim, é correto afirmar que vigora o bicameralismo federativo, ou seja, a estru-
tura composta por duas Casas Legislativas.

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O bicameralismo, por sinal, teve origem nos Estados Unidos. Na época, quando ocorreu
a independência do Reino Unido, as colônias restantes se tornaram autônomas. Como forma
de preservar a independência, resolveram se unir e formaram, com essa união, os Estados
Unidos da América.
Neste momento, surgiu uma grande questão sobre a forma como as colônias seriam
representadas. Considerando que havia, na época, uma grande diferença econômica entre
boa partes das colônias, caso estas fossem representadas de forma proporcional ao número
da população, as colônias maiores teriam uma enorme vantagem, sendo que as menores
sequer seriam ouvidas.
Em sentido contrário, caso a representação fosse igualitária, as colônias menores, em
maiores número, teriam um maior “poder de decisão” do que as colônias maiores.
A solução encontrada para o impasse foi a adoção do bicameralismo. Com isso, todas as
medidas deveriam, obrigatoriamente, ser aprovadas em duas Casas Legislativas.
As regras relacionadas com o bicameralismo apenas estão presentes na esfera federal.
Nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, em sentido oposto, vigora o unicamera-
lismo, sendo o Poder Legislativo exercido por apenas uma Casa Legislativa (que será, res-
pectivamente, a Assembleia Legislativa, a Câmara Legislativa e a Câmara de Vereadores).

Ente Federativo Poder Legislativo

Congresso Nacional (formado pelo Senado Federal


União e pela Câmara de Deputados)

Estados Assembleia Legislativa

Distrito Federal Câmara Legislativa

Municípios Câmara de Vereadores

Ainda que duas sejam as Casas Legislativas que formam, em conjunto, o Poder Legisla-
tivo Federal, estas apresentam uma série de diferenças e peculiaridades.
Ao passo que a Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, elei-
tos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal, o
Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos
segundo o princípio majoritário.

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A Constituição Federal estabelece que “o número total de Deputados, bem como a repre-
sentação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, propor-
cionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às elei-
ções, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais
de setenta Deputados”.
De igual forma, há a previsão de que cada Território elegerá quatro Deputados. Atu-
almente não contamos com nenhum território, mas nada impede, de acordo com as regras
constitucionais, que um novo território seja constituído. Caso isso ocorra, o número de Depu-
tados do território será de 4 membros.
Todas as regras relacionadas com a Câmara dos Deputados, por sinal, são um reflexo
do sistema proporcional adotado e da tentativa do legislador constituinte de estabelecer um
sistema em que toda a população pudesse ser representada pelos representantes eleitos.
Uma vez eleitos, os Deputados exercerão suas atividades por um período de 4 anos,
podendo perfeitamente ser reeleitos, em novas eleições, para mandatos subsequentes.
No âmbito do Senado Federal, como informado, a representação não é com relação à
população, mas sim em relação aos Estados e ao Distrito Federal. Consequentemente, os
Senadores são responsáveis por representar os Estados e o Distrito Federal.
Neste sentido, a Constituição Federal determina que cada Estado e o Distrito Federal
elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
Observe que aqui, em sentido diverso do que ocorre com os Deputados, não há uma
representação proporcional ao número de habitantes de cada ente federativo, mas sim um
número fixo de representantes eleitos. Logo, independentemente do número de habitan-
tes de cada um dos Estados da Federação, o total de Senadores eleitos será, sempre,
3 membros.
Uma outra peculiaridade conferida aos Senadores é o fato destes serem eleitos com 2
suplentes, algo que não ocorre no momento da eleição dos Deputados.
Isso não significa afirmar que os Deputados não contam com suplentes. A diferença é
que, no caso dos Deputados, os suplentes serão compostos por aqueles que não consegui-
ram ser eleitos de acordo com as regras do sistema proporcional.
No Senado, diversamente, a candidatura já é registrada com o nome do Senador e dos
dois suplentes, de forma que os eleitores já sabem, de antemão, quem eventualmente irá
exercer as funções de Senador nos afastamentos eventuais do titular do cargo eletivo.
A maior peculiaridade conferida aos Senadores em relação aos Deputados, no entanto,
está no período do mandato eleitoral. De acordo com a Constituição Federal, o mandato do
Senador será de 8 anos. Além disso, a representação de cada Estado e do Distrito Federal
será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.

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Nesse sentido, cada um dos Estados e o Distrito Federal contam com 3 Senadores, que
exercerão suas atividades por um período de 8 anos. No entanto, as eleições para o Con-
gresso Nacional (Câmara e Senado) serão realizadas com a periodicidade de 4 anos.
Assim, a cada período de 4 anos, quando tivermos eleição, teremos a renovação de 1/3
e 2/3 dos membros do Senado Federal.
Considerando as informações apresentadas, vamos aproveitar para sedimentar as dife-
renças constitucionalmente previstas para os Deputados e os Senadores.

Deputados Senadores

Exercem suas atividades na Câmara dos Exercem suas atividades no Senado


Deputados, que é uma das Casas do Federal, que é uma das Casas do
Congresso Nacional Congresso Nacional

São eleitos de acordo com o São eleitos de acordo com o


sistema proporcional sistema majoritário

Mandato eletivo com duração


Mandato eletivo com duração de 4 anos
de 8 anos

Representam os Estados e o
Representam a população
Distrito Federal

A cada 4 anos, todos os membros A cada 4 anos, teremos a renovação,


da Câmara dos Deputados podem respectivamente, de 1/3 e 2/3 dos
ser renovados membros do Senado Federal

Os suplentes serão escolhidos dentre os


Cada Senador será eleito
candidatos que não foram eleitos de acordo
com 2 suplentes
com as regras do sistema proporcional

De acordo com a Constituição Federal, cada legislatura terá a duração de quatro anos.
A legislatura pode ser definida como o período em que o Congresso Nacional desempenha
as suas atividades.
Assim, se considerarmos o período de duração do mandato de cada um dos representan-
tes, é correto afirmar que os Deputados desempenham suas atividades durante 1 legislatura,
ao passo que os Senadores exercem suas atividades durante o período de 2 legislaturas.
Não podemos confundir o conceito de legislatura, no entanto, com os de sessão legisla-
tiva e períodos legislativos.
A sessão legislativa possui duração anual, sendo, em linhas gerais, o período em que, no
curso do corrente ano, os Deputados e Senadores se reúnem para deliberar sobre as maté-
rias de suas competências.
A sessão legislativa, de acordo com a Constituição Federal, ocorre no período compreen-
dido entre 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
Vocês observaram que há um intervalo de tempo no curso da sessão legislativa (mais
precisamente entre os dias 18 a 31 de julho)?

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Isso ocorre na medida em que cada um das sessões legislativas é dividida em dois perí-
odos legislativos. E ambos os períodos são divididos pelo recesso parlamentar.
Logo, o período legislativo pode ser definido como a divisão de cada uma das sessões
legislativas. Consequentemente, as sessões legislativas sempre terão 2 períodos legislati-
vos, da mesma forma que a legislatura terá, sempre, 4 sessões legislativas.

Período em que são desenvolvidas, por meio da


Legislatura Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, Duração de 4 anos
as atividades do Congresso Nacional.

Sessão Período anual de exercício das atividades. A legislatura,


Duração de 1 ano
Legislativa desta forma, é dividida em 4 sessões legislativas.

Período semestral de exercício das atividades.


Período Assim, teremos 2 períodos legislativos no curso de uma
Duração de 6 meses
Legislativo sessão legislativa e 8 períodos legislativos durante a
legislatura como um todo.

Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de


suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de
seus membros.
Assim, sempre que a Constituição Federal não estabelecer um quórum diferenciado para
a aprovação das matérias, o total exigido será o da maioria dos votos (maioria simples),
devendo, para a votação, a Casa Legislativa contar com a presença da maioria absoluta
dos respectivos membros.
A maioria absoluta é alcançada pela presença de mais da metade dos membros da
Casa Legislativa. No cálculo da maioria absoluta, são levados em conta todos os membros.
A maioria simples, por sua vez, trata-se da maioria dos votos dos representantes pre-
sentes na sessão. Logo, é levado em conta, para fins de maioria simples, apenas os Depu-
tados e Senadores que estiverem presentes, e não, tal como ocorre com a maioria absoluta,
o total de membros de cada uma das Casas Legislativas.
De acordo com a previsão constitucional, o primeiro quórum a ser observado é o da aber-
tura da sessão. Neste momento, deveremos ter, obrigatoriamente, a maioria absoluta dos
membros, ou seja, 50% + 1 dos Deputados ou Senadores.
Atingido o quórum de abertura, as matérias serão aprovadas, como regra geral, pela
maioria simples, ou seja, pela maioria dos votos dos Deputados ou Senadores presentes (a
depender da Casa onde a sessão está sendo realizada).

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2. PARTICIPAÇÃO DOS MINISTROS DE ESTADO

Importante peculiaridade conferida às Casas Legislativas é a possibilidade de participa-


ção dos Ministros de Estado (ou das autoridades titulares de órgãos diretamente subor-
dinados à Presidência da República) com objetivo de sanar dúvidas ou prestar esclareci-
mentos relacionados com as matérias de sua área de atuação.
Nos termos constitucionais, a participação dos Ministros de Estado poderá ocorrer tanto
por meio de convocação das Casas Legislativas (bem como das respectivas comissões)
quanto por iniciativa do próprio Ministro.
Quando a solicitação de esclarecimentos for de iniciativa das Casas Legislativas, a
ausência sem a justificação adequada implica em crimes de responsabilidade do Ministro
ou da respectiva autoridade. Quando a iniciativa de expor assunto de sua área for do próprio
Ministro, não há que se falar em qualquer tipo de tipificação.
Além disso, temos a possibilidade das Mesas da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal encaminharem pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou às demais
autoridades titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República.
Nesta situação, a eventual recusa em atender ao Poder Legislativo, o não atendimento
no prazo de 30 dias ou, ainda, a prestação de informações falsas, implicarão crime de res-
ponsabilidade.
Com base nas disposições constitucionais mencionadas, é possível memorizar, para fins
de prova, as três possibilidades de participação dos Ministros (ou das demais autori-
dades) no Poder Legislativo, bem como as hipóteses ensejadoras de crime de respon-
sabilidade.

Formas de participação dos Ministros de Situações que configuram crime


Estado ou das demais autoridades de responsabilidade

Convocação da Câmara dos Deputados, A ausência sem justificação adequada


do Senado Federal ou de qualquer de suas da convocação (realizada pela Câmara,
Comissões para que a autoridade preste, pelo Senado ou pelas Comissões) para
pessoalmente, esclarecimentos sobre assunto prestação de esclarecimentos sobre assunto
previamente determinado previamente determinado

A recusa, o não atendimento no prazo de 30


Pedidos escritos de informações, remetidos dias, bem como a prestação de informações
pela Mesa da Câmara dos Deputados ou do falsas sobre pedidos escritos de informações,
Senado Federal formulados pela Mesa da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal

Comparecimento do Ministro de Estado


à Câmara, ao Senado ou a qualquer das
Comissões com o objetivo de expor assunto de
relevância de seu ministério.

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3. SENADO FEDERAL

O Senado Federal é a Casa Legislativa que representa os Estados e o Distrito Federal. É


por meio dos Senadores, desta forma, que a forma federativa de Estado adotada em nosso
ordenamento jurídico se faz mais presente.
Em nosso ordenamento, conforme previsão constitucional, somos constituídos sob a
forma federativa. Dessa forma, a organização política-administrativa do Brasil é composta
por quatro entes federativos, sendo que todos eles são autônomos: União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.
Para que possa ser eleito Senador, é necessário que uma série de requisitos sejam aten-
didos, a saber:
a) idade mínima de 35 anos;
b) possuir domicílio eleitoral no Estado (ou no Distrito Federal);
c) nacionalidade brasileira. (A nacionalidade brasileira compreende a naturalizada e a
nata. Logo, para ser eleito Senador, o brasileiro poderá tanto ser nato quanto nacionalizado.
Contudo, não é permitido que o brasileiro naturalizado exerça, posteriormente, a função de
Presidente do Senado Federal.)
d) filiação partidária, de acordo com as regras eleitorais.

4. CÂMARA DOS DEPUTADOS

Ao contrário do que ocorre com o Senado Federal, que é composto de representantes


dos Estados, a Câmara dos Deputados é formada por representantes do povo. Desta forma,
é por meio do voto direto, universal e secreto que o corpo eleitoral nacional escolhe os Depu-
tados Federais que irão representar a população durante o mandato de 4 anos.
Diferentemente do que acontece com os cargos dos Chefes do Poder Executivo (Presi-
dente, Governadores e Prefeitos), que apenas podem ser reeleitos para um mandato sub-
sequente, não há qualquer tipo de vedação à reeleição dos membros da Câmara dos
Deputados. Logo, os Deputados podem perfeitamente ser reeleitos para vários mandatos
subsequentes, dependendo apenas da votação do corpo de eleitores do respectivo Estado
da federação.
Para poder tomar posse como Deputado Federal, o candidato deve atender a uma série
de requisitos estabelecidos no texto da Constituição Federal:
a) ter idade mínima de 21 anos;
b) estar filiado a um partido político no prazo exigido pela Justiça Eleitoral;
c) ter domicílio eleitoral no local em que irá concorrer;
d) ser brasileiro. Como regra geral, não há necessidade de ser brasileiro nato. No
entanto, apenas poderá exercer o posto de Presidente da Câmara dos Deputados o parla-
mentar que seja brasileiro nato.

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De acordo com a Constituição, cinco são as competências privativas da Câmara dos


Deputados, sendo elas:
a) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presi-
dente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
b) proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas
ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
c) elaborar seu regimento interno;
d) dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extin-
ção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação
da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias;
e) eleger membros do Conselho da República, nos termos constitucionais;

As competências mencionadas serão editadas por meio de Resolução, não se sub-


metendo à sanção ou veto do Presidente da República. Especificamente com relação
à remuneração dos Deputados, ainda que a Câmara tenha competência para a iniciativa
de lei, o projeto segue o trâmite estabelecido para as demais leis ordinárias, ou seja, com a
possibilidade de sanção ou veto do Presidente da República.

5. IMUNIDADES DOS PARLAMENTARES

Aos parlamentares são asseguradas determinadas imunidades, que, em linhas gerais,


possuem o objetivo de possibilitar que as funções sejam desempenhadas da forma mais
independente e livre possível.
Assim, podemos conceituar as imunidades como as prerrogativas de ordem pública
conferidas aos parlamentares. Considerando que as prerrogativas são de ordem pública,
tais garantias são irrenunciáveis pelos Deputados e Senadores.
As imunidades têm início no momento em que os Deputados e Senadores são diploma-
dos, e não a partir do momento da posse.
A diplomação é a última fase do processo eleitoral, podendo ser entendida como o ato
por meio do qual a Justiça Eleitoral, em solenidade pública, entrega aos candidatos eleitos
(bem como aos respectivos suplentes) diploma que assegura a estes o direito de toma-
rem posse e de exercerem o mandato no cargo para o qual foram eleitos.
Importante salientar que, ainda que a diplomação seja realizada para os Deputados e
Senadores e para os respectivos suplentes, as imunidades não são estendidas para os
suplentes dos cargos eletivos, alcançando, em sentido diverso, apenas os titulares dos
respectivos mandatos.

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As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio,


só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respec-
tiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional e que
sejam incompatíveis com a execução da medida.

De acordo com a doutrina, as imunidades dos parlamentares podem ser divididas em


material e formal.
Imunidade material: a imunidade material, também conhecida como imunidade real, é
a que estabelece a inviolabilidade dos Deputados e Senadores no que diz respeito às suas
opiniões, palavras e votos.
De acordo com a garantia da imunidade material, o parlamentar será inviolável por suas
opiniões, palavras e votos. No entanto, essa espécie de imunidade pode ser de ordem abso-
luta ou relativa.
Sendo assim, sempre que as opiniões, palavras e votos forem proferidos no âmbito do
plenário, a imunidade será absoluta, uma vez que, nesta hipótese, há completa ligação
entre as manifestações parlamentares e o desempenho da função pública.
Em sentido oposto, quando as opiniões, palavras e votos forem proferidas fora do ple-
nário, a imunidade goza de presunção relativa. Nessas situações, deve ser analisado se o
ato do parlamentar possui ou não conexão com as funções desempenhadas.
Em outros termos, caso as opiniões, palavras e votos tenham ligação com a função pública,
o parlamentar estará abrangido pela imunidade. Caso não tenham qualquer tipo de ligação, não
há que se falar em imunidade, cabendo assim a responsabilização civil e penal do parlamentar.

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Imunidade formal: a imunidade formal é a que diz respeito aos aspectos relacionados
com a prisão dos parlamentares e com o respectivo processo.
Se, na imunidade material, tínhamos uma diferença entre os atos praticados pelos parla-
mentares em relação à população em geral, na imunidade formal, a infração cometida pelo
parlamentar continua existindo, assim como ocorre com os demais particulares. A diferença
está apenas nas garantias conferidas aos Deputados e Senadores com relação ao trâmite do
processo e com eventual prisão.
Podemos dividir a imunidade formal em três grandes categorias de prerrogativas: quanto
à prisão, quanto ao foro privilegiado e quanto ao processo.
a) imunidade relacionada com a prisão: desde o momento em que ocorrer a diploma-
ção, não poderão os membros do Congresso Nacional, como regra geral, ser presos. A veda-
ção à prisão alcança até mesmo a do Deputado ou Senador que seja devedor de prestação
alimentícia, que é uma das exceções à regra da impossibilidade de prisão por dívida em
nosso ordenamento jurídico.
b) imunidade relacionada com o foro privilegiado: Basicamente, o foro por prerro-
gativa de função (ou foro privilegiado) é uma prerrogativa concedida a certas autoridades
detentoras de poder, tais como os Parlamentares, os Magistrados e os Chefes do Poder
Executivo. Nesse contexto, após a diplomação, os parlamentares passam a ter a prorroga-
tiva de serem julgados pelo STF. No entanto, deve ser salientado que a imunidade alcança
apenas as ações de natureza penal, ou seja, os crimes cometidos. No âmbito das ações
de natureza cível, em sentido contrário, não há que se falar em imunidade.
c) imunidade relacionada com o processo: basicamente, a imunidade formal rela-
cionada com o processo consiste na possibilidade de sustação da tramitação pelas Casas
Legislativas. Desta forma, tendo sido recebida a denúncia contra parlamentar por um crime
cometido após a diplomação, o STF dará início ao processo de julgamento, não havendo
necessidade de qualquer tipo de autorização por parte da Casa Legislativa. Iniciado o pro-
cesso, o STF dará ciência à Casa Legislativa (Câmara de Deputados ou Senado Federal, a

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depender da origem) da tramitação do processo contra o parlamentar. Após a ciência, poderá


a Casa Legislativa, desde que por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria dos seus membros, sustar, até a decisão final, o andamento da ação. Deve ser
salientado que, de acordo com a previsão constitucional, o pedido de sustação deverá ser
apreciado pela Casa Legislativa no prazo improrrogável de 45 dias, prazo este que terá
início a partir do recebimento pela Mesa Diretora. Como não poderia deixar de ser, a sus-
tação, quando realizada pela Casa Legislativa, implica também a suspensão da prescrição
com relação à infração cometida pelo parlamentar.

6. IMPEDIMENTOS E PERDA DO MANDATO

A Constituição Federal elenca uma série de impedimentos e vedações que devem ser
observadas pelos Deputados e Senadores desde o momento da diplomação e desde o
momento da posse.
Como já ressaltado, a diplomação ocorre em momento anterior à posse, tratando-se de
um ato declaratório da Justiça Eleitoral. A posse, que ocorre posteriormente, é o ato por meio
do qual o parlamentar efetivamente é investido no cargo eletivo para o qual foi eleito.
Neste ponto da matéria, temos que memorizar e diferenciar as vedações que devem ser
observadas desde a diplomação daquelas que apenas precisam ser observadas pelo parla-
mentar a partir da posse.

Vedações a partir da Diplomação Vedações a partir da Posse

a) ser proprietários, controladores ou diretores


de empresa que goze de favor decorrente de
contrato com pessoa jurídica de direito público,
a) firmar ou manter contrato com pessoa
ou nela exercer função remunerada;
jurídica de direito público, autarquia,
b) ocupar cargo ou função de que sejam
empresa pública, sociedade de economia
demissíveis "ad nutum em pessoa jurídica de
mista ou empresa concessionária de serviço
direito público, autarquia, empresa pública,
público, salvo quando o contrato obedecer
sociedade de economia mista ou empresa
a cláusulas uniformes;
concessionária de serviço público;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou
c) patrocinar causa em que seja interessada
emprego remunerado, inclusive os de
pessoa jurídica de direito público, autarquia,
que sejam demissíveis "ad nutum", nas
empresa pública, sociedade de economia mista
entidades constantes da alínea anterior;
ou empresa concessionária de serviço público;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato
público eletivo.

Também é no texto constitucional que encontramos situações em que o Deputado ou


Senador perderá ou não o mandato para o qual foi eleito. Nas situações de perda do man-
dato, a depender da hipótese ensejadora, poderemos ter a declaração da Mesa Legislativa
(de ofício ou por provocação) ou então a decisão da Casa Legislativa respectiva.

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Perda do mandato declarada pela Perda do mandato decidida pela


Mesa (de ofício ou por provocação) Casa Legislativa

a) parlamentar que deixar de comparecer, a) parlamentar que infringir qualquer das


em cada sessão legislativa, à terça parte das vedações constitucionais (desde a diplomação
sessões ordinárias da Casa a que pertencer, e desde a posse);
salvo licença ou missão por esta autorizada; b) parlamentar cujo procedimento for
b) parlamentar que perder ou tiver suspensos declarado incompatível com o decoro
os direitos políticos; parlamentar;
c) quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos c) parlamentar que sofrer condenação
casos previstos na Constituição Federal; criminal em sentença transitada em julgado.

Devemos conhecer, também, as situações que, ainda que o parlamentar esteja ausente
das funções, não acarretam a perda do mandato eletivo. Dessa forma, não perderá o man-
dato o Deputado ou Senador:
a) investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de
Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplo-
mática temporária. Nessas situações, o Deputado ou Senador poderá optar pela remunera-
ção do mandato eletivo.
b) licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remunera-
ção, de interesse particular, desde que, nesse caso, o afastamento não ultrapasse cento e
vinte dias por sessão legislativa.

 Obs.: O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas
neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias. Ocorrendo vaga e não
havendo suplente, será realizada eleição para preencher a vaga caso faltem mais de
15 meses para o término do mandato.

7. REUNIÕES

As sessões legislativas podem ser definidas como o período de tempo de um ano de traba-
lho das Casas Legislativas. Tais sessões podem ser tanto ordinárias quanto extraordinárias.
As sessões ordinárias são aquelas realizadas no período “normal” de tempo da sessão
legislativa, ou seja, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
Quando tais datas caírem em sábados, domingos ou feriados, serão transferidas para o pri-
meiro dia útil subsequente.
Neste sentido, cada uma das Casas irá se reunir em sessões preparatórias, a partir de
1º de fevereiro do primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das
respectivas Mesas Legislativas.
Os integrantes das Mesas exercerão tais atividades durante um mandato de 2 anos,
sendo vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

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No entanto, além das Casas Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal),
temos também o importante papel desempenhado pelo Congresso Nacional.
Assim, sendo, determina a Constituição Federal que a Mesa do Congresso Nacional
será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos,
alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no
Senado Federal.
Já as sessões extraordinárias, por sua vez, ocorrem nos períodos de recesso parla-
mentar, ou seja, de 18 a 31 de julho e de 23 de dezembro a 01 de fevereiro.

Como regra geral, cada uma das Casas Legislativas realiza suas reuniões de forma
separada, não havendo interferência de uma Casa nos trabalhos realizados pela outra. Em
determinadas situações, entretanto, teremos a realização de sessão conjunta por parte
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, sendo elas:
a) inaugurar a sessão legislativa;
b) elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;
c) receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;
d) conhecer do veto e sobre ele deliberar.

8. COMISSÕES

O Congresso Nacional e suas Casas (Câmara de Deputados e Senado Federal) terão


comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previs-
tas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
No momento da constituição das Mesas Legislativas e de cada uma das Comissões, é
assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos
parlamentares que participam da respectiva Casa.
De acordo com a Constituição Federal, às comissões, em razão da matéria de sua com-
petência, cabe o desempenho das seguintes competências:
a) Discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do
Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
b) Realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

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c) Convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a


suas atribuições;
d) Receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra
atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
e) Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
f) Apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvi-
mento e sobre eles emitir parecer.
Uma atenção especial deve ser dada às comissões parlamentares de inquérito (CPI),
uma vez que tais comissões, ainda que constituídas em caráter temporário e com a finalidade
de apurar um fato certo, possuem, de acordo com a Constituição Federal, poderes de inves-
tigação próprios das autoridades judiciais.
Inicialmente, precisamos saber que dois são os requisitos que devem ser observados
para que as CPIs possam ser criadas:
a) requerimento de, pelo menos, 1/3 dos membros da respectiva Casa Legislativa;
b) ter a finalidade de apurar um fato determinado e por prazo certo, o que implica em
afirmar que as comissões parlamentares de inquérito são consideradas comissões temporá-
rias, e não comissões definitivas;
Após a constituição, uma série de prerrogativas são conferidas às CPIs para que estas
possam melhor desempenhar suas atividades.
Como forma de facilitar o entendimento, relaciona-se a seguir as prerrogativas que podem
ou não ser adotadas pelas comissões parlamentares de inquérito:

As CPIs podem As CPIs não podem

Determinar a quebra do sigilo fiscal, bancário e Determinar a interceptação telefônica


de dados (informações pretéritas, já produzidas) (informações inéditas, ainda não produzidas)

Determinar a quebra do sigilo bancário Determinar busca e apreensão domiciliar

Determinar a quebra de dados telefônicos Determinar a ordem de prisão, exceto se


(informações pretéritas, já produzidas) em flagrante delito

Determinar a indisponibilidade dos bens


Realizar a prisão em flagrante
(bloqueio), bem como outras medidas cautelares

Realizar todas as diligências que


Determinar a prisão preventiva
entender necessárias

Convocar autoridades e testemunhas para Quando federais, investigar fatos decorrentes


prestar depoimentos de outros entes federativos

Cumpre salientar que, ainda que as CPIs tenham uma série de prerrogativas para o
desempenho de suas atribuições, não possuem elas a capacidade de determinar, por si só,
a responsabilização das autoridades que estão sendo investigadas.

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Diversamente, as CPIs, após a conclusão dos trabalhos, encaminham os documentos ao


Ministério Público, que, efetivamente, irá promover a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.

9. FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

O controle da administração pública pode ser entendido como a soma de todas as atividades,
internas e externas, que possuem como objetivo garantir a preservação do interesse público e
assegurar que as funções administrativas estão sendo desempenhadas de acordo com a lei.
Dessa forma, o controle da administração pública é um gênero do qual fazem parte as
espécies controle administrativo, controle legislativo e controle judicial, conforme se observa,
de maneira mais didática, por meio do gráfico a seguir:

Interessam-nos as disposições relativas ao controle legislativo. Dessa forma, podemos


definir controle legislativo como aquele que é exercido por alguma das Casas Legislativas
sobre os atos do Poder Executivo do respectivo ente federativo. Ao contrário do controle
administrativo, que é interno, o controle legislativo caracteriza-se justamente por ser um con-
trole externo.
Quando exercido perante a sua própria atividade administrativa, o Poder Legislativo
estará praticando, atipicamente, a função administrativa, e, por isso mesmo, estaremos
diante de controle administrativo.
Quando praticado no âmbito da função típica do Poder Legislativo, estaremos diante
de controle externo, que é aquele exercido por um Poder da República sobre os demais.
O controle legislativo é também conhecido como controle parlamentar, podendo ser
exercido de forma direta ou indireta.
Quando estivermos diante do controle parlamentar direto, são as casas legislativas
quem exercem as atividades de controle. Em tais situações, a doutrina afirma tratar-se de um
controle político, exercido, nas hipóteses previstas pela Constituição Federal, com alto grau
de discricionariedade.
Já no âmbito do controle parlamentar indireto, os responsáveis pelo controle serão os
Tribunais de Contas, dando ensejo ao chamado controle financeiro.

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9.1. Controle Político

O controle político, também chamado de controle parlamentar direto, é aquele exercido,


no âmbito de cada ente federativo, pelas respectivas casas legislativas. Trata-se de um con-
trole que apenas pode ser exercido nas hipóteses previstas na Constituição Federal.
Como decorrência do princípio da simetria, as Constituições Estaduais e as Leis Orgâni-
cas dos Municípios e do Distrito Federal não podem criar outras formas de controle que não
as estabelecidas no âmbito federal. Caso assim o façam, incorrerão em inconstitucionali-
dade, uma vez que haverá violação do princípio da separação dos Poderes.
No âmbito federal, o controle legislativo direto pode ser exercido pelo Congresso Nacio-
nal, pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal e pelas comissões de cada uma
das casas.

9.2. Controle Financeiro

O controle financeiro, ou controle parlamentar indireto, é aquele que é exercido pelo Con-
gresso Nacional com o auxílio dos Tribunais de Contas.
Cuidam-se os Tribunais de Contas de cortes especializadas e que possuem uma relação
de vinculação com o Poder Legislativo, não havendo que se falar em hierarquia.
É a Constituição Federal, por meio de seu artigo 71, que estabelece as competências
atribuídas ao Tribunal de Contas da União.
Tais competências, assim como ocorre com as demais atividades de controle, devem ser
aplicadas, por simetria, aos demais entes federativos. Assim, as Constituições Estaduais,
bem como as respectivas Leis Orgânicas, não podem criar outras formas de controle que
são sejam simetricamente iguais às previstas na Constituição Federal.
Dessa forma, compete ao Tribunal de Contas da União, e, consequentemente, aos res-
pectivos Tribunais e Cortes de Contas Estaduais ou Municipais, as seguintes competências,
que devem ser adaptadas no âmbito dos demais entes federativos:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribu-
nal de Contas da União, ao qual compete:
I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer pré-
vio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

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II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e man-
tidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer tí-
tulo, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das con-
cessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não
alterem o fundamento legal do ato concessório;
IV – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, ope-
racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá-
rio, e demais entidades referidas no inciso II;
V – fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União par-
ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acor-
do, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII – prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário;
IX – assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cum-
primento da lei, se verificada ilegalidade;
X – sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
XI – representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

Sobre tais competências, algumas informações merecem destaque, conforme passa-se


a analisar:
a) Os Tribunais de Contas possuem competência tanto para julgar quanto para apre-
ciar as contas. Quando as contas que estiverem sendo analisadas forem relativas às auto-
ridades e administradores públicos, pode o TCU proceder à respectiva apreciação e julga-
mento. Em sentido oposto, quando as contas objeto de análise forem as do Presidente da
República, a possibilidade do TCU se restringe à apreciação, sendo competente para o seu
julgamento o Congresso Nacional.
b) Situação semelhante ocorre com a possibilidade dos Tribunais de Contas determina-
rem a sustação de um ato ou contrato administrativo. Com relação aos atos administra-
tivos, que são manifestações de vontade unilateral do Poder Público, a competência para
determinar a sustação é exercida, de forma direta, pelo respectivo tribunal. Nos contratos
administrativos, por sua vez, que são caracterizados pela manifestação de vontade bilate-
ral, a competência para a sustação apenas pode ser exercida por meio do Congresso Nacio-
nal ou da respectiva Casa Legislativa. No entanto, se o Congresso Nacional ou o Poder Exe-
cutivo, no prazo de 90 dias, não efetivar as medidas necessárias para a sustação do contrato
administrativo, o TCU decidirá a respeito.

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Tribunal de Contas Casas Legislativas

Julga as contas dos Julga as contas dos Chefes


administradores públicos do Poder Executivo

Pode sustar os atos Pode sustar os contratos


administrativos administrativos

As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia


de título executivo. Com isso, podem elas ser exigidas prontamente, isto é, sem a
necessidade de qualquer participação prévia de outro órgão.

A Constituição Federal determina que será criada uma comissão mista, formada por
Deputados e por Senadores, destinada, dentre outras competências, para a apreciação, fis-
calização e acompanhamento do cumprimento das leis orçamentárias.
Essa comissão, quando estiver diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda
que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá
solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de 5 dias, preste os escla-
recimentos necessários.
Caso os esclarecimentos não sejam prestados, ou então se estes forem julgados insufi-
cientes, deverá a comissão solicitar ao TCU pronunciamento conclusivo sobre a questão, no
prazo de 30 dias.
Após a elaboração do pronunciamento, teremos um documento que conterá, sob o
aspecto técnico, a opinião do TCU acerca de eventual irregularidade orçamentária cometida
por órgão ou entidade pública.
Entendendo o TCU ser irregular a despesa, a comissão, se julgar que o gasto possa
causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacio-
nal sua sustação.

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9.3. Estrutura e composição do Tribunal de Contas da União

Como ressaltado, o TCU, assim como ocorre com os demais tribunais e conselhos de
contas, é um órgão autônomo, não havendo que se falar em qualquer tipo de subordinação
em relação a qualquer um dos Poderes da República. Consequentemente, é a própria Cons-
tituição Federal quem estabelece a forma como ocorrerá a estrutura e a composição do TCU.
Para poder ser Ministro do TCU, o brasileiro (que não precisa ser nato) deve atender
a uma série de requisitos, sendo eles:
a) ter mais de 35 anos e menos de 70 anos de idade;
b) possuir idoneidade moral e reputação ilibada;
c) contar com notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financei-
ros ou de administração pública;
d) ter mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional
que exija os conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administra-
ção pública;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogati-
vas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de
Justiça. No que se refere à aposentadoria e pensão, as regras a serem observadas são as
mesmas do regime próprio dos servidores públicos.
Em suas ausências e impedimentos, o Ministro do TCU será substituído por um Auditor.
Sendo assim, o Auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e
impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de
juiz de Tribunal Regional Federal.

Mesmas garantias, prerrogativas,


Ministro do TCU impedimentos, vencimentos e vantagens dos
Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Auditor substituindo Mesmas garantias e impedimentos do titular


Ministro do TCU (dos Ministros do STJ).

Auditor no Mesmas garantias e impedimentos de juiz de


desempenho das Tribunal Regional Federal.
demais funções

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10. PROCESSO LEGISLATIVO

10.1. Espécies

O processo legislativo pode ser conceituado como o conjunto de atos e de procedimentos


necessários para que um ato normativo primário seja aprovado. De acordo com a doutrina, o
processo legislativo pode ser classificado da seguinte forma:
a) ordinários ou normais;
b) abreviados;
c) sumários;
d) sumaríssimos;
e) especiais;
f) concentrados.
O processo ordinário ou normal é aquele que não apresenta nenhuma peculiaridade
especial. Nesse tipo de processo, que é o utilizado, por exemplo, para a edição das leis
ordinárias, a matéria segue o fluxo normal, ou seja, proposta, deliberação, aprovação e
sanção ou veto.
Já o processo abreviado é uma novidade inserida pela Constituição Federal, que esta-
belece a possibilidade de as comissões discutirem e votarem projetos de lei que dispensem
a competência do Plenário.
O processo sumário é aquele que é utilizado para as matérias que não tenham parecer.
Para que possa ser adotado o processo sumário, que é mais célere, o requerimento deve ser
assinado por, pelo menos, 2/3 dos Senadores (54 membros), ou pelos respectivos líderes
que representem tal quórum.
No processo sumaríssimo, o que é levado em conta é a urgência da matéria que está
sendo analisada. Para que o processo sumaríssimo seja utilizado, dependemos de reque-
rimento assinado pela maioria dos Senadores (41 membros) ou líderes que representem
tal quórum.
O processo legislativo especial é utilizado para as matérias que contam com algum
tipo de peculiaridade, tal como o quórum de aprovação ou a análise pelas duas Casas Legis-
lativas. Como exemplo, temos o rito estabelecido para as Medidas Provisórias e para as
Emendas à Constituição.
Por fim, temos o processo concentrado, que é o que ocorre quando as duas Casas
Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal) se reúnem para analisar uma maté-
ria de forma conjunta. Como exemplo, temos as matérias orçamentárias e os vetos pre-
sidenciais.

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Processo Característica

Não apresenta nenhum tipo de peculiaridade. Trata-se do


Ordinário ou Normal processo comumente utilizado pelas Casas Legislativas.

Trata-se da possibilidade das Comissões analisarem


Abreviado matérias que não necessitem da competência do Plenário.

Sumário Utilizado para as matérias que não contam com parecer.

Utilizado para as matérias que necessitem de urgência


Sumaríssimo em sua tramitação.

Processo em que algum tipo de peculiaridade ou


Especial característica especial se faz presente.

Quando as duas Casas Legislativas analisam de forma


Concentrado conjunta determinadas matérias.

10.2. Emendas à Constituição

A Constituição Federal pode ser entendida como a norma suprema de um Estado. É


por meio das disposições constitucionais, desta forma, que todos os entes federativos encon-
tram o fundamento para a edição de suas normas. Consequentemente, a Constituição Fede-
ral ocupa o topo da relação hierárquica estabelecida com as demais normas jurídicas, que,
por isso mesmo, não podem estabelecer regras contrárias ao texto constitucional.

Consequentemente, a Constituição, para sua emenda, exige um processo mais dificul-


toso, por exemplo, do que aquele utilizado para a edição ou alteração de uma lei ordinária.
Quando estivermos diante de um projeto de emenda à constituição, o que estará sendo utili-
zado é o poder constituinte derivado reformador.

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De acordo com as disposições constitucionais, a Constituição Federal apenas poderá ser


emendada mediante proposta de três diferentes legitimados, sendo eles:
a) de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal;
b) do Presidente da República;
c) de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
Sempre que a proposta for apresenta pelo Presidente da República ou por 1/3 dos Depu-
tados, a deliberação será analisada, inicialmente, pela Câmara dos Deputados.
Em sentido oposto, sendo a proposta iniciada por 1/3 dos Senadores ou pelas Assem-
bleias Legislativas (desde que atendidos os requisitos constitucionais), a deliberação terá
início no Senado Federal.

Estabelece a Constituição Federal que a proposta será discutida e votada em cada


Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
Observa-se assim que o processo de aprovação de uma emenda à Constituição é muito
mais dificultoso do que o previsto para as demais normas legislativas.
Nesse sentido, todas as PECs deverão ser discutidas e votadas, em cada Casa Legis-
lativa, em dois turnos, apenas sendo aprovadas caso obtenham, em ambos os turnos, a
votação mínima de 3/5 dos membros da respectiva Casa Legislativa.

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Tendo sido aprovada, a proposta de emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, conforme previsão constitucional.
Após a promulgação, a PEC será remetida para publicação na imprensa oficial, momento
em que passará a vincular, como regra geral, todas as relações jurídicas abrangidas pela
respectiva alteração.

 Obs.: A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não
pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
 Considerando que as sessões legislativas possuem a duração de 1 ano, a PEC que
for rejeitada ou que tiver sido prejudicada não poderá ser objeto de nova proposta
na sessão legislativa em curso.

Considerando que a proposta de emenda à Constituição implica a alteração de parte


do ordenamento jurídico até então estabelecido, uma série de limitações são impostas
ao processo legislativo de emenda. Tais limitações, de acordo com a doutrina, podem ser
classificadas em:
a) circunstanciais;
b) procedimentais;
c) materiais.
Para facilitar a compreensão, relaciono a seguir todas as limitações a serem observadas
pelas propostas de emenda à Constituição (PEC):

São procedimentos a serem observados para a


aprovação de Emenda à Constituição Federal:
a) obrigatoriedade de discussão e aprovação, em
dois turnos, em cada uma das Casas Legislativas;
Limitações Procedimentais b) necessidade, para aprovação, de votação
mínima de 3/5 dos membros das respectivas
Casas Legislativas;
c) impossibilidade de sanção ou veto por parte do
Presidente da República.

A Constituição não poderá ser emendada na


vigência de:
Limitações Circunstanciais a) intervenção federal;
b) estado de defesa;
c) estado de sítio.

Não será objeto de deliberação a proposta de


emenda tendente a abolir:
a) a forma federativa de Estado;
Limitações Materiais
b) o voto direto, secreto, universal e periódico;
c) a separação dos Poderes;
d) os direitos e garantias individuais.

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10.3. Medidas Provisórias

Como decorrência do exercício da atividade atípica de legislar é que a Constituição Fede-


ral assegura ao Poder Executivo a possibilidade de edição de medidas provisórias.
Dois são os requisitos que devem ser atendidos para que a edição da medida provisória
seja possível: relevância e urgência.
A relevância está relacionada com o fato de as medidas provisórias apenas poderem ser
editadas com o objetivo de sanar situações graves e de grande importância. Caso as situa-
ções não sejam relevantes (graves e importantes), não há que se falar em medida provisória.
Por isso mesmo, apenas as situações relevantes é que poderão ser objeto de utilização da
mencionada norma legislativa.
A urgência relaciona-se com a necessidade de adoção, pelo Poder Público, de medidas
imediatas e que não podem esperar o fluxo legislativo utilizado para a aprovação das demais
normas jurídicas (como, por exemplo, as leis). Assim, com a medida provisória, a ideia é possi-
bilitar um procedimento mais célere (urgente) do que o utilizado nas demais normas legislativas.
Logo, as matérias objeto de medida provisória são aquelas que não podem aguardar o
decurso do tempo, uma vez que estão relacionadas com questões consideradas imprescin-
díveis para o bem-estar da coletividade.

Após a edição, devem as medidas provisórias, no prazo de 60 dias, ser convertidas em


lei. Com a edição da lei, o objetivo é conferir uma maior segurança jurídica aos administrados
que estão sendo afetados com os assuntos previstos na medida provisória.
Em caso de necessidade, o prazo para conversão poderá ser prorrogado por mais 60
dias, após o qual a medida provisória perde sua eficácia.

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10.4. Decretos Legislativos e Resoluções

O Decreto Legislativo trata da norma destinada a disciplinar as matérias cuja compe-


tência seja, nos termos da Constituição Federal, exclusivamente prevista para o Con-
gresso Nacional.
A Constituição não estabelece um fluxo a ser observado para a tramitação, cabendo tal
medida, dessa forma, ao regimento interno do Congresso.
Para fins de prova, precisamos saber que os Decretos Legislativos serão discutidos
e aprovados nas duas Casas do Congresso, ou seja, na Câmara dos Deputados e no
Senado Federal.
Após a aprovação, a promulgação será realizada pelo Presidente do Senado Fede-
ral, que exerce as funções de Presidente do Congresso Nacional.
Assim como acontece com as PECs, os Decretos Legislativos não se submetem à
sanção ou veto por parte do Presidente da República.
Como exemplo de Decreto Legislativo, podemos citar o editado com o objetivo de regu-
lamentar as relações jurídicas decorrentes da perda da eficácia de medida provisória não
convertida em lei.

As Resoluções são atos que podem ser expedidos pelo Congresso Nacional e por cada
uma das Casas Legislativas.
Nesse sentido, parte da doutrina chega a afirmar que a diferença fundamental entre as
Resoluções e os Decretos Legislativos está no fato de que as primeiras possuem efeitos
internos, ao passo que os decretos possuem a capacidade de produzir efeitos externos.
Importante salientar, no entanto, que tal entendimento está longe de ser pacificado, haja
vista que inúmeras são as resoluções que, quando editadas, geram efeitos perante terceiros,
ou seja, efeitos externos.

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Um exemplo típico dessa situação são as resoluções editadas pelo Senado Federal com
o objetivo de suspender os efeitos das leis declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribu-
nal Federal.

10.5. Leis Ordinárias e Complementares

A lei em sentido lato compreende todas as normas expedidas pelo Poder Público,
podendo ou não inovar no ordenamento jurídico. Importante mencionar que não há necessi-
dade dessas normas serem chamadas especificamente de “leis”. Como exemplo, podemos
citar os decretos autônomos, que, nas estritas possibilidades da Constituição Federal, podem
inovar no ordenamento jurídico.
A lei em sentido estrito, por outro lado, compreende apenas as normas que são dotadas
das características da generalidade e da abstração.
A característica da generalidade afirma que tais normas alcançam um número indeter-
minado de administrados. Já de acordo com a abstração, as leis em sentido estrito não se
aplicam exclusivamente a um caso concreto, mas a todas as hipóteses que se enquadrarem
nas situações nela previstas.

No processo de aprovação de uma lei ordinária, teremos a manifestação da Câmara dos


Deputados e do Senado Federal (uma das Casas Legislativas dará início à deliberação e a
outra será responsável pela revisão). Além disso, a lei, para entrar em execução, deverá ser
sancionada pelo Presidente da República, que é o Chefe do Poder Executivo.
Logo, é inegável que apenas após a manifestação de vontade de vários órgãos é que a
lei passará a ter normatividade, podendo com isso exigir um comportamento da população.
A lei será estruturada em três partes básicas, sendo elas:
a) parte preliminar, compreendendo a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado do
objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições normativas;
b) parte normativa, compreendendo o texto das normas de conteúdo substantivo rela-
cionadas com a matéria regulada;

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c) parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidas necessárias à


implementação das normas de conteúdo substantivo, às disposições transitórias, se for o
caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revogação, quando couber.
Como regra geral, o primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o respectivo
âmbito de aplicação, observados os seguintes princípios:
a) excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto;
b) a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a este não vinculada por afini-
dade, pertinência ou conexão;
c) o âmbito de aplicação da lei será estabelecido de forma tão específica quanto o pos-
sibilite o conhecimento técnico ou científico da área respectiva;
d) o mesmo assunto não poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto quando
a subsequente se destine a complementar lei considerada básica, vinculando-se a esta por
remissão expressa.
Merece destaque, para a correta compreensão da estrutura das leis, a compreensão das
diferenças existentes entre a vigência e eficácia das normas.
A vigência está relacionada com o momento em que a norma adentra no ordena-
mento jurídico. Dessa forma, caso uma lei seja publicada e nada mencione acerca do perí-
odo de vigência, esta ocorrerá 45 dias após a sua publicação.
A eficácia, por sua vez, relaciona-se com o momento em que a norma inicia a pro-
dução de efeitos jurídicos perante terceiros. Na imensa maioria dos ramos do direito, a
eficácia, como regra, possui o mesmo lapso temporal que a vigência.
Como resultado, uma lei publicada e que nada mencione sobre o momento de início da pro-
dução de efeitos jurídicos terá o início de tais efeitos no mesmo momento em que a vigência.

O processo de aprovação de uma lei envolve, basicamente, quatro importantes fases,


sendo elas:
a) iniciativa;
b) deliberação e votação;
c) sanção ou veto;
d) promulgação e publicação;

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10.5.1. Iniciativa

A iniciativa está relacionada com as pessoas que podem dar início ao processo legislativo
de edição das leis.
A iniciativa concorrente ou comum é a regra em nosso ordenamento jurídico. Assim,
devemos memorizar que poderão dar início ao processo legislativo das leis ordinárias e com-
plementares as seguintes autoridades:
a) Comissão da Câmara dos Deputados;
b) Comissão do Senado Federal;
c) Comissão do Congresso Nacional;
d) Deputado Federal;
e) Senador;
f) Presidente da República;
g) Supremo Tribunal Federal;
h) Tribunais Superiores;
i) Procurador Geral da República;
j) Cidadãos;
Todos esses órgãos ou pessoas, desde que atendidos os requisitos estabelecidos na
Constituição Federal, são competentes para dar início à tramitação de uma lei ordinária ou
complementar.
Como forma de assegurar que a democracia seja exercida em sua plenitude, a Constitui-
ção Federal tratou de estabelecer diversas regras a serem observadas pelos cidadãos, quer
no exercício do direito de votar, quer na possibilidade de serem eleitos como representantes
do povo. Assim, podemos conceituar os Direitos Políticos como a possibilidade de os par-
ticulares participarem, direta ou indiretamente, do processo democrático.
No curso da iniciativa popular, diversas são as medidas que podem ser adotadas. Dentre
elas, temos a possibilidade dos cidadãos, desde que atendidos os requisitos expressos no
texto constitucional, darem início a projetos de lei.

 Obs.: A Constituição Federal não estabelece a possibilidade da iniciativa popular para a


proposta de Emenda à Constituição, mas sim apenas das leis (ordinárias e com-
plementares).
 Assim, ainda que parte da doutrina entenda que a iniciativa popular pode ser utilizada
para dar início a uma PEC, as questões de prova exigem, quase sempre, a literalida-
de do texto constitucional, ou seja, a iniciativa popular se restringe à proposta de lei
ordinária ou complementar.

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O quórum exigido pela Constituição não é fácil de ser alcançado. Para memorizarmos tais
requisitos, podemos dividir as exigências constitucionais em três partes, da seguinte forma:
a) projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional;
b) a porcentagem mínima exigida de eleitores (1%) deve estar distribuída em, pelo
menos, 5 estados da federação;
c) em cada um desses estados, a porcentagem de eleitores deve ser de, pelo menos,
0,3% (três décimos).
Os requisitos elencados, frisa-se, são os exigidos para a apresentação de projetos de lei
no âmbito federal, oportunidade em que deverão ser apresentados à Câmara dos Deputa-
dos. Além disso, a iniciativa popular está presente, também, nos Estados e nos Municípios:

a) projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% do


eleitorado nacional;
b) a porcentagem mínima exigida de eleitores (1%)
Iniciativa popular
deve estar distribuída em, pelo menos, 5 estados da
federal
federação;
c) em cada um destes estados, a porcentagem de
eleitores deve ser de, pelo menos, 0,3% (três décimos).

Iniciativa popular A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo


estadual legislativo estadual.

Iniciativa popular
Manifestação de, pelo menos, 5% do eleitorado.
municipal

10.5.2. Deliberação e votação

Como decorrência do bicameralismo federativo, as deliberações das leis serão feitas


em ambas as Casas Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
Uma vez que o projeto de lei teve início em uma dessas Casas, caberá à outra a revisão
do projeto de lei. Em ambas, no entanto, poderão ser apresentadas emendas ao projeto ini-
cialmente apresentado, conforme veremos em momento oportuno.
Consiste a deliberação, desta forma, no momento em que as Casas Legislativas discu-
tem e analisam, seja inicialmente, seja por meio de revisão, cada um dos artigos que farão
parte da futura norma legislativa.
Tendo o projeto de lei sido aprovado em uma Casa Legislativa, será ele, obrigatoria-
mente, revisto pela outra Casa, conforme determinação constitucional.
Em sentido contrário, caso a Casa iniciadora rejeite o projeto, será ele arquivado. Nesse
caso, importante destacar que a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá
constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maio-
ria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

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Uma vez que o projeto de lei tenha sido aprovado na Casa Legislativa iniciadora, seguirá
ele para revisão da outra Casa Legislativa. Na Casa Revisional, três são os resultados pos-
síveis: rejeição, aprovação ou apresentação de emendas.
Caso a Casa responsável pela revisão apresente emendas, deverá o projeto retornar,
apenas com relação aos aspectos emendados, à Casa iniciadora. Nessa hipótese, o enten-
dimento doutrinário é de que a Casa Iniciadora não poderá apresentar emendas às emen-
das apresentadas pela Casa revisional.
Temos que ter um cuidado especial neste ponto da matéria, uma vez que vigora, em
nosso ordenamento jurídico, o princípio da primazia da Casa Legislativa iniciadora em
detrimento da Casa Legislativa revisora. Assim, caso a Casa Legislativa responsável pela
revisão apresente emendas, estas, conforme já afirmado, serão objeto de análise pela Casa
que deu início ao projeto. No entanto, não é toda a norma que será “devolvida” para a Casa
inicial, mas sim apenas a parte relacionada com as emendas eventualmente realizadas.
Os demais trechos da norma, em sentido oposto, já estarão aprovados.
Tendo recebido as emendas, a Casa iniciadora poderá tanto aprovar quanto rejeitar as
modificações realizadas.
Em caso de aprovação, não temos maiores dificuldades, sendo que o projeto segue para
sanção ou veto do Presidente da República.
Em caso de rejeição, no entanto, esta ocorre apenas com relação às emendas, e não
nos demais dispositivos legais da futura norma. Consequentemente, ainda que a rejeição das
emendas ocorra por parte da Casa Legislativa inicial, o restante da norma seguirá, normal-
mente, para sanção ou veto do Presidente da República.
E justamente pelo fato da Casa iniciadora ter a capacidade de rejeitar as emendas da
Casa revisional, sem que tal medida prejudique as demais partes da norma, é que se faz pre-
sente o princípio da primazia da Casa Legislativa iniciadora do projeto.

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Vamos entender melhor o fluxo a ser observado em caso de emendas por parte da Casa
Legislativa revisional:

Em caso de aprovação, o projeto segue para o Poder Executivo, e o Presidente da


República irá sancionar ou vetar.
Em caso de rejeição, o projeto será arquivado, oportunidade em que será aplicada a mesma
regra da Casa iniciadora, ou seja, a de que a matéria constante de projeto de lei rejeitado somente
poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da
maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

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10.5.3. Sanção ou veto

A Casa na qual tenha sido concluída a votação (a Casa revisional ou, no caso de emen-
das, a Casa iniciadora) enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que poderá
adotar uma das seguintes medidas:
a) sanção, caso concorde inteiramente com a norma;
b) veto total, caso discorde totalmente da norma;
c) veto parcial, caso discorde parcialmente da norma.
O prazo para que o Presidente da República possa vetar o projeto de lei, total ou parcial-
mente, é de 15 dias úteis. Tal prazo será contado a partir do momento em que o Presidente
recebe o projeto de lei.
O veto ocorrerá sempre que o Presidente considerar o projeto, total ou parcialmente,
inconstitucional ou contrário ao interesse público. Em caso de veto, deverá o Presidente, no
prazo de 48 horas, comunicar as razões do veto ao Presidente do Senado Federal.
Interessante observar que o veto poderá incidir até mesmo sobre os projetos de lei
propostos pelo Chefe do Poder Executivo. Dessa maneira, caso o Presidente da Repú-
blica apresente um projeto de lei e este seja totalmente aprovado pelo Poder Legislativo, sem
emendas, poderá o Presidente, posteriormente, vetar, total ou parcialmente, o projeto de lei.
Nessa situação, poderá o Chefe do Poder Executivo ter considerado, no momento do veto,
que o projeto de lei já não mais atendia ao interesse da coletividade.
O veto será apreciado, pelo Poder Legislativo, em sessão conjunta, que deverá ser reali-
zada dentro de 30 dias. O prazo em questão começa a ser contado a partir do recebimento
da comunicação do veto.
Na sessão de apreciação, o veto apenas poderá ser rejeitado pelo voto da maioria abso-
luta dos Deputados e Senadores. Esgotado o prazo de 30 dias para apreciação do veto
sem que a medida seja analisada, o veto será colocado na ordem do dia da sessão ime-
diata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final. Caso o veto não seja man-
tido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.
Ao contrário do que ocorre com o veto, a sanção poderá tanto ser expressa quando tácita.
Na sanção expressa, o Presidente da República assina o projeto de lei, atestando que
concorda com todas as disposições da presente norma.
Na sanção tácita, o Presidente da República permanece em silêncio no prazo de 15 dias
úteis que possui para vetar o projeto de lei, conforme previsão constitucional.
Sendo assim, podemos conceituar a sanção como o ato do Chefe do Poder Executivo
que, expressa ou tacitamente, concorda com as precisões contidas na norma editada pelo
Poder Legislativo.
Merece ser destacado que a sanção é um ato irretratável, ou seja, um ato que não
admite desistência por parte do Chefe do Poder Executivo.

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No entanto, ainda que a sanção tenha sido realizada, nada impede que o Chefe do Exe-
cutivo, em momento posterior, dê início ao processo de controle de constitucionalidade
perante o Poder Judiciário. Isso significa afirmar, por exemplo, que o Presidente da República
poderá perfeitamente sancionar um projeto de lei, e posteriormente, caso entenda devido, ajuizar
uma Ação Direta de Inconstitucionalidade com o objetivo de declarar a norma inconstitucional.

10.5.4. Promulgação e publicação

Com a promulgação, temos a inovação do ordenamento jurídico por meio de mais uma
norma. Sendo assim, a promulgação pode ser compreendida como o ato que comprova que
a norma efetivamente existe.
Se a sanção é um ato privativo do Chefe do Poder Executivo, o mesmo não ocorre com a
promulgação, que poderá ser feita pelo Presidente do Senado Federal ou, ainda, pelo Vice-
-Presidente do Senado.
Como regra geral, quem promulga a nova lei é o Presidente da República (ou o respec-
tivo Chefe do Poder Executivo). Em duas situações, no entanto, a promulgação não será
realizada por essa autoridade, sendo elas:
a) quando ocorrer a sanção tácita, ou seja, quando o Chefe do Executivo não apreciar o
veto no prazo constitucionalmente previsto (15 dias úteis);
b) quando o Chefe do Executivo vetar um projeto de lei, mas este for derrubado pelo
Poder Legislativo.
Nessas duas hipóteses, de acordo com a Constituição Federal, a norma poderá ser pro-
mulgada pelo Presidente da República. Caso, contudo, a promulgação não seja realizada no
prazo de 48 horas, deverá a medida ser adotada pelo Presidente do Senado Federal. Caso o
Presidente do Senado Federal também não promulgue a lei no prazo de 48 horas, a medida
competirá ao Vice Presidente do Senado.

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Após a promulgação, a nova norma deverá ser publicada na imprensa oficial, a partir da
qual poderá ser exigida perante terceiros.
Deve ser destacado que a fase da publicidade não é considerada, por parte da doutrina,
como pertencente ao processo legislativo propriamente dito. E isso ocorre na medida em
que o processo legislativo trata, especificamente, da elaboração das normas legais. Com
a promulgação, conforme analisado, temos a notícia de que uma nova norma adentrou no
ordenamento jurídico.
A publicação da norma legal, consequentemente, está relacionada com a condição de
eficácia, ou seja, com a possibilidade da norma exigir determinados comportamentos por
parte dos administrados alcançados pelas disposições do texto legal.

10.6. Leis Delegadas

As leis delegadas foram previstas na Constituição Federal como uma forma de tentar
tornar mais célere a atuação do Presidente da República, que poderia, desde que atendidos
os requisitos estabelecidos, exercer, atipicamente, a função de legislar.
As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional. A delegação, no entanto, não será ilimitada. Em sentido
diverso, deverá o Congresso Nacional, caso aprove a delegação, editar uma resolução, que
deverá especificar o conteúdo e os termos do seu exercício.
Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará
em votação única, vedada qualquer emenda.
Com isso, a doutrina identifica a presença de duas diferentes formas de delegação, sendo
elas a delegação típica e a delegação atípica.
Na delegação típica, o procedimento será amplo e geral, sem participação posterior do
Poder Legislativo. Com isso, após a edição da resolução, o Presidente da República deve
elaborar, promulgar e publicar a lei. Não há, como já afirmado, participação posterior por
parte do Congresso Nacional.
Na delegação atípica, por sua vez, a liberdade conferida ao Presidente da República
não é tão ampla. Sendo assim, após a edição da lei delegada, o Congresso Nacional irá
apreciar, em votação única e sem a possibilidade de emendas, a lei editada pelo Chefe do
Poder Executivo.
Como decorrência da apreciação, o Congresso Nacional apenas poderá aprovar ou rejei-
tar a nova norma. Em caso de aprovação, o Presidente da República deverá promulgá-la. Em
caso de rejeição, o projeto é arquivado.

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Não são todas as matérias que poderão ser objeto de lei delegada. Neste sentido, a
Constituição Federal apresenta uma lista de assuntos que não poderão, em sentido diverso,
ser objeto de tal norma legislativa, sendo eles:
a) os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional;
b) os atos de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
c) a matéria reservada à lei complementar;
d) a legislação sobre a organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira
e a garantia de seus membros;
e) a legislação sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
f) a legislação sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

Com relação às leis delegadas, precisamos conhecer, ainda, as seguintes características


doutrinárias e jurisprudenciais:
a) Ainda que o Congresso Nacional tenha editado uma resolução destinada à edição de
lei delegada, poderá ele, perfeitamente, editar outra norma regulamentando a matéria.
b) Tendo sido editada a resolução de delegação, não ficará o Presidente da República
obrigado a editar a lei delegada solicitada. A decisão acerca da edição ou não compete
apenas ao Presidente da República.

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