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Bruno Eduardo Martins

AULA 1 – Funções Estatais, Estrutura de


Prestação dos Serviços Públicos

Objetivo da Aula

Compreender a teoria dos Três Poderes e a organização do Estado Brasileiro em poderes


e funções Estatais.

Apresentação

Nesta aula detalharemos sobre a origem dos Três Poderes, modelo definido pelos autores
iluministas John Locke e Montesquieu para impedir a concentração de poderes em uma
só pessoa, ou governo, evitando o autoritarismo e permitindo o equilíbrio e controle entre
os poderes.

No Brasil, além da divisão das funções estatais em três poderes, muito se confunde
sobre as funções essenciais da justiça, conceito que para alguns seria uma forma de quarto
poder, porém inexistente. Aliás, para alguns autores contemporâneos e modernos, o quarto
poder seria o poder exercido pela sociedade, para outros, o poder decorrente das parcerias
internacionais e acordos.

Mas, ao buscar o conceito de tripartição de poderes, iremos encontrar o Poder Executivo,


Legislativo e Judiciário, além das funções essenciais à justiça.

1. Poder Executivo

Poder Executivo, previsto na Constituição Federal, a partir do Art. 76, é exercido pelo
Presidente da República, auxiliado pelos ministros.

Como a Constituição Federal trata da estrutura da União, os demais entes federados


terão suas estruturas previstas em Constituições Estaduais (estados) e em leis Orgânicas
(DF e municípios). Todos os entes federados possuem seu representante do Poder Executivo,
presidente, governadores e prefeitos. A denominação de governador se aplica também ao
Distrito Federal.

Vamos nos ater à estrutura da União, para compreendermos a função.

O Presidente da República assume tanto a representatividade do Poder Executivo, como


também da República Federativa do Brasil, ou seja, além de administrar a execução das
ações públicas, das políticas públicas, é o responsável por firmar acordos internacionais, com
homologação posterior do legislativo.
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O Presidente da República é eleito simultaneamente com o Vice-Presidente da República,


que substitui o titular em impedimentos ou afastamentos. O Chefe do Poder Executivo tem
mandato de quatro anos, podendo se reeleger uma vez, ou seja, pode assumir a gestão por até
oito anos consecutivos. Caso deseje retornar ao Poder como Presidente da República, poderá,
desde que haja intervalo entre o período de oito anos. Após a publicação da Constituição
Federal de 1988 tivemos alguns candidatos reeleitos, dentre eles FHC, Lula e Dilma. Tivemos
também episódios de impeachment no Governo Collor e no Governo Dilma. Quando ocorreu o
afastamento dos titulares, seus respectivos vices assumiram, Itamar Franco (Governo Collor)
e Michel Temer (Governo Dilma).

As eleições federais ocorrem a cada quatro anos e são coincidentes com as eleições
estaduais e distritais. O primeiro turno ocorre, a cada quatro anos, no primeiro domingo de
outubro e o segundo turno no último domingo de outubro e são coincidentes com ano de
Copa do Mundo.

O Presidente da República tem atribuições que são privativas e exclusivas. As competências


privativas podem ser delegadas, as exclusivas não.

Quando se fala em Poder Executivo, composto por ministérios e secretarias, temos


que imaginar em uma função de gestão, função cujo objetivo é elaborar e implementar
políticas públicas.

A política pública pode ser entendida, resumidamente, como a solução aos problemas do
país em educação, saúde, segurança, infraestrutura, dentre outros.

A aprovação, por envolver normas e orçamentos, será normalmente realizada no Poder


Legislativo e estarão contempladas no Orçamento Federal. Por elaborar e implementar políticas
públicas, deve, ainda, prestar contas de suas ações ao Poder Legislativo.

Em caso de irregularidades poderá responder ao Congresso Nacional ou ao Judiciário,


porém, para não ocorrer desequilíbrio entre os Poderes, não será responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções, ou seja, em caso de infração penal comum, recebida
a queixa-crime pelo Supremo Federal, ou em caso de crimes de responsabilidade, com
instauração de processo pelo Senado, poderá ser responsabilizado, nos demais casos, na
vigência do mandato, não.

O Poder Executivo, por ter em sua estrutura, os ministérios, terá auxílio dos Ministros de
Estado em suas atribuições, forma de desconcentrar as ações necessárias ao país conforme
o tema: segurança, educação etc.

Os ministros irão prestar contas ao Presidente da República sobre suas ações.

Além dos ministros e ministérios, haverá conselhos, como o Conselho da República e


Conselho de Defesa Nacional, dentre outros necessários. A função dessa estrutura é auxiliar o
Presidente da República em suas decisões, além de competências próprias em cada unidade.
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2. Poder Legislativo

O Poder Legislativo está previsto no Capítulo I do Título IV da Constituição Federal, a


partir do Art. 44. A função do Legislativo, como o nome sugere, é de legislar, ou seja, discutir
e aprovar, modificar ou cancelar leis. Sua organização, considerando o Legislativo Federal, é
disposta em três órgãos principais, o Congresso Nacional, o Senado Federal e a Câmara dos
Deputados. O Congresso é a combinação do Senado e Câmara, reunidos em temas específicos,
como a aprovação de leis orçamentárias. Suas competências são divididas em ações após a
sanção presidencial e ações exclusivas, e é representado pelo Presidente do Senado Federal.
Quando o Presidente da República ou o Vice-Presidente da República desejam se ausentar
do país, compete ao Congresso Nacional autorizar, quando o período de afastamento for
superior a 15 dias.

Quanto aos dois órgãos que compõem o Congresso Nacional, Senado e Câmara, temos a
relação de representação dos Estados pelo Senado e representação do povo pela Câmara, por
isso a expressão de que a Câmara dos Deputados é a casa do povo. São várias as competências,
desde aprovação de normas nas duas casas como a aprovação de Magistrados indicados.
Uma curiosidade é sobre Governador de Território, atualmente inexistente, que compete ao
Senado Federal a aprovação. Algumas leis iniciam no Senado e outras na Câmara. O fato de
termos duas unidades responsáveis por discutir e aprovar leis, quando iniciado o projeto de
lei ou o trâmite na Câmara, seguirá ao Senado posteriormente, e quando iniciado no Senado,
seguirá para a Câmara posteriormente. Caso haja alguma alteração em umas das casas,
retornará para debates e aprovações, ou não, na casa que iniciou o projeto de lei.

As leis são definidas como parâmetros de autorização daquilo que poderá ser feito pelo
Poder Executivo. Caso deseje se tornar algum deputado ou senado, haverá trabalho a contar
de 2 de fevereiro até o dia 22 de dezembro, com intervalo entre 17 de julho a 1º de agosto. Por
haver dois períodos, o ano é chamado de sessão legislativa e os semestres de períodos, ou
seja, primeiro e segundo período da sessão legislativa. No Congresso, assim como no Senado
e na Câmara, há comissões temáticas que discutem determinados assuntos (leis), como a
Comissão do Orçamento, que irá se reunir para discutir a proposta orçamentária, composta
por deputados e senadores, por ser um tema de aprovação no Congresso Nacional.

Cada comissão não será necessariamente composta por deputados e senadores


conjuntamente, mas poderá.

O Legislativo conta com um órgão auxiliar de controle externo, pois, é o Legislativo que
recebe a prestação de contas dos demais Poderes e desta forma o Tribunal de Contas da
União é o órgão auxiliar de controle externo exercido pelo Legislativo. Como o termo induz,
o TCU – Tribunal de Contas da União avalia e julga contas de todos os Órgãos e Poderes
da União, salvo as contas do Presidente da República, que tem o julgamento realizado no
Senado Federal.
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3. Poder Judiciário

Muito bem, o Executivo, executa. O Legislativo, legisla. O Judiciário, julga. O Judiciário é


representado pelo Presidente do Supremo Federal, um dos órgãos que compõe a estrutura. O
Judiciário é organizado numa espécie de hierarquia, mas não confunda com hierarquia, pois
cada instância tem sua competência e autonomia, mas a estrutura auxilia sobre o processo
recursal, ou seja, um processo que iniciou com o juiz poderá seguir em fases recursais até
a instância superior. Acredito que estrutura que seja um pouco difícil de compreender, por
ser a mais antiga, é a Justiça Militar da União, composta de duas instâncias e as demais
em três instâncias: Juiz, Tribunal, Tribunal Superior. A Justiça Militar contempla o juiz e o
Tribunal Superior.

Outra curiosidade é o fato de o Tribunal do Distrito Federal e Territórios compor a estrutura da


União. Lembra-se que o Governador de Território é aprovado pelo Senado, ou seja, é uma estrutura
da União, apesar de o Distrito Federal ser considerado um ente federado diferente da União.

As especialidades do judiciário são dispostas em justiças comum, trabalhista, eleitoral


e militar. O Supremo Federal trata de temas específicos quanto à interpretação de normas,
como a Constituição Federal, e crimes específicos cometidos por cargos políticos: presidente,
vice-presidente, deputados e senadores.

Os cargos de presidente, vice-presidente, deputados e senadores são definidos pela eleição


geral, já os cargos de magistrados não. Há o concurso para magistratura, porém há também a
indicação por meio de listas para compor os tribunais e não há mandato para a magistratura,
salvo quando o magistrado assumir a presidência de seu respectivo tribunal de atuação, que
terá mandado de dois anos para conduzir a gestão.

Um ponto a considerar é sobre a estabilidade do magistrado, chamada de vitaliciedade,


forma de garantir autonomia de atuação em seus julgamentos e suas decisões. Quando
ingressam mediante concurso público terão um período de dois anos até que atinjam a
vitaliciedade. O crescimento na carreira, promoções, se dará alternadamente entre antiguidade
e merecimento (capacitação).

Ainda que não tenha conquistado a vitaliciedade, goza de autonomia como se estivesse,
para que tenha autonomia em suas atribuições. O magistrado poderá acumular sua atividade
judicante com a de magistério (professor), vedadas outras atividades. Como dito, cada órgão
do judiciário é organizado em temas, áreas, e assim, cada magistrado se especializa em um
segmento da justiça.

Além da estrutura do Poder Judiciário Federal, a Constituição da República prevê de forma


não detalhada a estrutura do Judiciário Estadual. Compete frisar que municípios não tem
estrutura de Poder Judiciário e as demandas locais são supridas pelos Tribunais Estaduais
ou Federais, a depender do tema de litígio.
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4. Funções Essenciais à Justiça

Funções Essenciais à Justiça não pode ser confundida como um quarto poder, cuidado.
As funções essenciais contemplam de autonomia funcional e administrativa para que possam
realizar suas funções sem a interferência de outro Poder.

Os Órgãos que contemplam as Funções Essenciais são: Ministério Público, Defensoria


Pública e Advocacia Pública.

O primeiro tem a função defender os interesses coletivos na aplicação da lei, ou seja, zelar
pelo respeito aos Poderes e às normas. O segundo tem a função de garantir que todo indivíduo
tenha defesa perante o Judiciário. O último defende os interesses do Estado, quando lesado
por alguma norma ou ação de terceiros.

Vamos contextualizar. Imagine que um indivíduo esteja sendo processado por crime
contra a fazenda pública, ou seja, sonegação de impostos. A Advocacia Pública irá defender
o interesse do Estado por ter sido lesado no tocante às suas receitas. Caso o indivíduo não
tenha como se defender, poderá solicitar um defensor público, para que seja assistido e
auxiliado. O representante do Ministério Público estará presente para verificar se o trâmite
jurídico está conforme as normas e interesses coletivos e o magistrado será o responsável
pelo julgamento.

Nesse cenário, além do juiz, podemos visualizar o Promotor Público (Ministério Público),
o Advogado Público (Advocacia Pública) e o Advogado de Defesa (Defensoria Pública).

Não será em todos os cenários que encontraremos todos esses agentes públicos, pois
o Defensor Público apenas atuará quando o cidadão não tiver condições de contratar um
advogado particular. No caso da Advocacia Pública, só iremos presenciar seu representante
quando o Estado fizer parte da ação, o Estado por meio de algum órgão público. O juiz e o
promotor são agentes presentes nos julgamentos, independentemente de qual seja a ação.

Algumas estruturas podem parecer estranhas, como a do Tribunal de Contas da União, que
é parte integrante do Poder Legislativo e conta com a representação do Ministério Público de
Contas, pois, por haver o julgamento de contas, terá também um representante do Ministério
Público. Essa estrutura foi criada com o Tribunal de Contas, que no caso da União se deu em
1892 por meio do Decreto n. 1.166.

Considerações Finais

Conseguimos até aqui conhecer as funções finalísticas de cada poder e das funções
essenciais à justiça. Essa estrutura de tripartição de poderes apresentada por Montesquieu
auxilia a Administração no conceito de freios e contrapesos, que é justamente quando um
poder fiscaliza o outro poder ou tem algumas funções compartilhadas, pois, na prática, todos
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Suas principais atribuições são previstas na Constituição Federal, porém, algumas leis de
criação e regulação podem detalhar ainda mais. A Constituição Federal é considerada extensa
por esse motivo, pois além dos direitos e garantias fundamentais conta com muitos detalhes
sobre estrutura e temas específicos, como orçamento, seguridade, dentre outros, mas quando
estudada por capítulos torna-se uma norma mais suscinta e objetiva.

Materiais Complementares

Assista ao novo Vídeo institucional do Superior Tribunal Militar. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=rNOHiSgiSGY.

Referências

BERWIG, Aldemir. Direito Administrativo. Rio Grande do Sul: Unijuí da Universidade Regional
do Noroeste, 2019.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 21 de nov. de 2022.

BRASIL. Decreto n. 1.166, de 17 de Dezembro de 1892. Disponível em: https://www2.


camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1166-17-dezembro-1892-523025-
publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 02 dez. 2022.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 37ª edição. São Paulo: Atlas, 2021.

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