Você está na página 1de 32

Processo Legislativo

Regimental

Aula 4
Rito Especial da
Medida Provisória
Professor Senado Federal
Luciano Henrique da Silva Oliveira Complexo Arquitetônico do Senado
Consultor Legislativo do Senado Federal Federal, Via N2. Bloco de apoio nº 12.
CEP | 70165-900
Ajuste / Descrição
Cláudio Cunha de Oliveira
Júnia Cláudia Gondim Melo

Desenho Editorial (PDF)


Vinicius Soares Motinha Instituto Legislativo Brasileiro
Plataforma de Ensino a Distância Saberes
Videoaulas
Equipe Programa Saber Jurídico

Produção
Tv Justiça
TV Justiça
Saber Direito

Distribuição:
saberes.senado.leg.br
[...] Música

No Saber Direito desta semana vamos aprender sobre pro-


cesso legislativo, ritos regimentais na Câmara e no Sena-
do, medidas provisórias e muito mais. As aulas são com o
professor Luciano Oliveira.

Olá, eu sou Luciano Oliveira, consultor legislativo do Senado


Federal. E esta é a nossa 4ª aula do curso de Processo Legisla-
tivo Regimental aqui no Saber Direito. No primeiro encontro,
nós falamos sobre as regras constitucionais do processo le-
gislativo. No segundo encontro sobre as regras regimentais
do processo legislativo na Câmara dos Deputados. Na aula
três, nós falamos sobre os procedimentos regimentais do
processo legislativo no Senado Federal, e hoje nós vamos
falar sobre o rito das medidas provisórias que é tratado não
só na Constituição Federal, nas regras constitucionais, que
vamos detalhar, mas também numa resolução do Congresso
Nacional.

A resolução do Congresso Nacional que trata das medidas


provisórias, a resolução número um de 2002 do Congresso
Nacional. Complementa as regras do artigo 62 da constitui-
ção.

Por que a medida provisória tem o seu rito tratado numa


resolução do Congresso?
Porque, nós vamos ver, que ela é apreciada, quando che-
ga ao Congresso por uma comissão mista. Uma comissão
composta de deputados e Senadores. E as resoluções do
Congresso são normas que tratam justamente da tramitação
de matérias nas comissões mistas e também nas sessões
conjuntas do Congresso Nacional, que é aquela sessão em
que deputados e Senadores se reúnem simultaneamente
para deliberar sobre a matéria.

Saber Direito
3
Processo Legislativo Regimental
Antigamente, as medidas provisórias, após passarem por uma
comissão mista eram submetidas à sessão conjunta do Con-
gresso Nacional. Mas isso mudou em 2001. Hoje o rito inclui a
análise por uma única comissão mista. É uma comissão mista
temporária, comissão especial de uma provisória que analisa
então a matéria. E depois ela vai às sessões separadas. Primei-
ro na Câmara dos Deputados que ficaria como casa iniciadora
e depois ao Senado Federal como casa revisora.

A constituição federal disse que o presidente da república


pode adotar, em caso de urgência e relevância, medidas pro-
visórias com força de lei. Então a medida provisória é um
ato privativo do presidente da república. Ele tem iniciativa
exclusiva da matéria, em casos que ele considerar relevantes
e urgentes para a adoção dessa matéria. Ela tem a caracte-
rística de após ser publicada, ter vigência imediata. Então,
é muito adequado justamente aos casos em que há essa
urgência. Ao contrário de um projeto de lei que é oferecido
pelo presidente da república para análise do Congresso e só
vai entrar em vigor depois que o Congresso aprova o texto e
o presidente sanciona e manda publicar, a medida provisória
ela tem vigor imediato, no momento que é publicada, ela já
é norma jurídica.

Mesmo assim ela deve ainda passar pela análise do Con-


gresso Nacional. Por isso que é dito que a medida provisória
tem um caráter dúplice, de norma em vigor e de proposição
legislativa em análise pelo Congresso.

A medida como o próprio nome diz é provisória. O Congres-


so Nacional tem 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias, no
total então de 120 dias, para analisar se a medida provisória
deve ou não ser convertida em lei permanente. Caso essa
conversão ocorra, a medida provisória se transforma numa
lei ordinária. Caso o Congresso Nacional rejeite a medida

Saber Direito
4
Processo Legislativo Regimental
provisória, ela se extingue. Caso o Congresso Nacional não
analise a medida no prazo total de 120 dias, ela também
perde a sua eficácia e se extingue. Por isso que ela chamada
de medida provisória.

Os assuntos que podem ser objeto de medidas provisórias


são aqueles que podem ser objeto de lei ordinária com algu-
mas exceções. Então, desde logo, não podem ser objeto de
uma medida provisória a matéria que é de nível constitucio-
nal, uma emenda constitucional. Matéria que é de lei comple-
mentar. Matéria que é objeto de decreto legislativo, ou seja,
aqueles assuntos de competência exclusiva do Congresso
Nacional nem matéria que é objeto de resolução, que são
aqueles assuntos de competência privativa da Câmara ou do
Senado. Então apenas matérias que podem ser objeto de lei
ordinária, com algumas exceções. No artigo 62 da constitui-
ção, diz que a medida provisória não pode tratar de matéria
de direito penal, nem direito processual civil ou penal, nem
de matéria relativa à organização e à carreira do poder judi-
ciário ou do ministério público. Também não pode tratar de
matéria orçamentária, salvo créditos extraordinários.

Na matéria orçamentária, nós temos a lei orçamentária e


temos as leis de créditos adicionais, que modificam a lei or-
çamentária: créditos especiais, suplementares e extraordi-
nários. Apenas os extraordinários são tratados por medida
provisória. Também há uma limitação que a medida provisó-
ria não pode tratar de matéria de projeto de lei já aprovado
pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do
presidente da república. Então nesse tipo de caso, também
não cabe medida provisória.

Salvo essas exceções, podemos dizer que grosso modo, a me-


dida provisória cuida de matéria reservada à lei ordinária, sal-
vo essas exceções, essas vedações constitucionais. Muito bem.

Saber Direito
5
Processo Legislativo Regimental
A medida provisória uma vez publicada pelo presidente da
república tem imediata vigência, mas é submetida de imedia-
to ao Congresso Nacional. Quando ela chega ao Congresso
Nacional, o presidente do Congresso ele designa uma comis-
são mista para analisar essa matéria.

E essa comissão mista como é feita essa comissão?


Assim como qualquer comissão, os líderes dos partidos ou
dos blocos parlamentares, que são conjuntos de dois ou mais
partidos, indicam ao presidente do Congresso quais são os
membros de sua bancada partidária ou bancada do bloco,
que vão compor essa comissão mista. A comissão mista, se-
gundo a resolução número um de 2002 do Congresso Na-
cional, é composta por 12 Senadores e 12 deputados, nós
dizemos que é uma comissão mista paritária com igual nú-
mero de deputados e igual número de senadores.

A distribuição dessas vagas pela representação da Câmara e


pela representação do Senado segue o chamado princípio da
proporcionalidade partidária, que é um princípio na verdade,
que é aplicado na composição de qualquer comissão da Câ-
mara do Senado ou mista do Congresso. Significa o seguinte:
os percentuais que os partidos ocupam nos plenários das
casas, ou seja, a proporção que cada partido tem na casa
deve ser também representada nas comissões. Então, vamos
supor que determinado partido na Câmara dos Deputados
tenha 10% das vagas da casa. Então, na comissão, na parte
reservada à Câmara dos Deputados, esse partido terá direito
também a 10% das vagas na comissão. E isso é o princípio
da proporcionalidade partidária.

A resolução n. 1 de 2002 do Congresso, que é parte integran-


te do regimento comum do Congresso Nacional, diz que os
partidos que não conseguem atingir pela conta matemáti-
ca uma vaga, na proporcionalidade partidária, têm direito a
participar em rodízio de uma 13ª vaga na Câmara e uma 13ª

Saber Direito
6
Processo Legislativo Regimental
vaga no Senado, para compor a comissão mista. Então no
final, a comissão mista acaba tendo 12 mais um Senadores
e 12 mais um deputados, 13 e 13. Essa vaga adicional em ro-
dízio, preenchida pelos partidos pequenos, aqueles partidos
considerados nanicos que não conseguem atingir a conta de
uma vaga pela proporcionalidade partidária.

Na comissão mista, os líderes dos blocos e partidos indicam
os nomes para o presidente do Congresso. De posse desses
nomes, o presidente do Congresso então designa formal-
mente esses nomes para comporem a comissão mista. Caso
os partidos não indiquem os membros, o presidente passa a
ter a prerrogativa de ele mesmo indicar quais são os mem-
bros e designá-los para a comissão mista, sendo que essa
escolha do presidente deve recair sobre os blocos e partidos,
conforme também a proporcionalidade partidária.

Uma vez definida a composição da comissão mista, é libe-


rado o calendário de tramitação e é feita uma reunião de
instalação e eleição do presidente, do vice-presidente, do
relator e do relator revisor da comissão mista.

Quem são essas figuras?


O presidente é aquele que conduzirá os trabalhos na co-
missão mista. O vice-presidente substitui eventualmente o
presidente caso de ausência deste. O relator é aquele para o
qual será distribuída a medida provisória para que ele analise
a matéria e emita um parecer em que ele analisa, se a maté-
ria deve ser aprovada ou não, e opinando pelo seu voto ao
final pela aprovação ou pela rejeição da medida provisória,
inclusive, no caso de aprovação, se vai haver aprovação com
emendas ou não.

O rito da medida provisória tem uma particularidade inte-


ressante. As emendas à medida provisória podem ser apre-
sentadas apenas nos primeiros seis dias corridos da publi-

Saber Direito
7
Processo Legislativo Regimental
cação da matéria. Então é um prazo bastante exíguo. Uma
vez publicada a medida provisória no Diário Oficial, qualquer
congressista pode apresentar na comissão mista, emendas
para alterar a medida provisória. Então a comissão mista é
que recebe essas emendas nos seis primeiros dias da publi-
cação da medida provisória.

E quem pode apresentar emendas perante a comissão mista?


Qualquer deputado, qualquer senador mesmo que não seja
membro da comissão. Então qualquer um dos 594 congres-
sistas, 513 deputados mais 81 Senadores podem apresentar
emendas perante a comissão mista.

Agora apenas nos seis primeiros dias úteis após a publica-


ção. Ultrapassar esse prazo não há mais oferecimento de
emendas à medida provisória, a não ser pelo relator quando
oferece o seu parecer. No parecer, o relator ele pode propor
emendas de relator. Após esse prazo dos seis dias, mas ou-
tros congressistas, não. Qualquer outra sugestão que algum
deputado ou um Senador que deseje fazer medida provisória
terá que ser por intermédio do relator. Se ele quiser apre-
sentar como autoria dele esta emenda.

Enquanto a matéria está na comissão mista, após o prazo
de emendas, a matéria então vai para o relator para que
ele realmente possa analisar essa matéria. Em relação às
emendas é importante ainda saber uma coisa: não é possível
a nenhum deputado, a nenhum senador apresentar uma
emenda que não tenha pertinência temática com o assunto.
Essa é uma matéria, que é prevista também nos regimentos
das casas para os demais projetos e para as demais matérias
em geral, mas no caso das medidas provisórias, ela recebe
um status constitucional porque o Supremo Tribunal Federal
Federal Federal decidiu que, não são constitucionais emen-
das sobre matéria estranha à medida provisória. Elas devem
ser consideradas inadmitidas por que elas não, vamos dizer

Saber Direito
8
Processo Legislativo Regimental
assim, tem pertinência temática com o tema da matéria. En-
tão são as chamadas, emenda sobre matéria estranha ou
jabutis no, jargão legislativo, que são emendas que não tem
a ver com o assunto da medida provisória e portanto devem
ser inadmitidos pelo relator.

Quando a matéria está com o relator, a medida provisória


então continua em tramitação na comissão mista e enquanto
isso, é possível a comissão mista fazer alguns procedimen-
tos para instruir a matéria. Por exemplo, é muito comum na
comissão mista, o presidente, em combinação com o relator,
promoverem audiências públicas com a sociedade civil or-
ganizada para debater a medida provisória. É que a medida
provisória desperta um grande interesse da sociedade por-
que é uma matéria que muito provavelmente, rapidamente
se converterá em lei.

Ao contrário dos projetos em lei geral, que podem tramitar


durante anos pelo Congresso Nacional e às vezes, não se
converter em lei, principalmente aqueles de autoria indivi-
dual de um deputado ou senador sem grande força política,
a medida provisória, como é uma matéria que vem do poder
executivo, poder com grande influência política, e como é
uma matéria relevante e urgente de grande importância para
a sociedade, ela tendo ainda esse prazo de 120 dias para
se converter em lei normalmente aprovada pelo Congresso
Nacional e se transforma em lei.

Então por isso há um grande interesse numa medida pro-


visória. Não só por parte dos parlamentares que desejam
apresentar emendas à matéria, sempre com a observação de
que tem que ter a pertinência temática com as emendas, mas
também de toda a sociedade porque é um assunto impor-
tante, relevante que provavelmente se transformará em lei.
E ainda há o detalhe de que a medida provisória, a partir de
sua publicação, já está em vigor. Então é grande o interesse

Saber Direito
9
Processo Legislativo Regimental
da sociedade de maneira que é muito comum a realização
de audiências públicas para instruir a medida provisória e
ouvir a sociedade civil.

As audiências públicas podem ser realizadas por quaisquer


comissões de qualquer projeto de lei, de uma PEC, sem pro-
blemas, é um procedimento previsto regimentalmente. Mas
no caso das medidas provisórias, ele é bastante utilizado.

O relator em determinado momento então oferece o seu pa-


recer com a análise da matéria. Uma vez oferecido o parecer,
essa matéria sofrerá então a análise da comissão. E a comis-
são votará esse parecer. E se aprovado o parecer do relator, se
transforma no parecer da comissão mista. Após esse parecer
aprovado, é um parecer opinativo, porque a comissão mista
de medida provisória, é uma instância opinativa, opinará se a
medida provisória deve ser aprovada, deve ser rejeitada. Se
aprovada, com ou sem emendas. Após essa fase da comissão
mista, a matéria irá então ao plenário da Câmara. O plenário
da Câmara votará a matéria, segundo as regras regimentais
próprias do plenário e da resolução de 2002 do Congresso e
também depois ao plenário do Senado Federal.

Como a resolução de 2002 do Congresso Nacional é parte
integrante do regimento comum, já que é uma matéria que
tramita por comissão mista, ela é aplicada. Em caso de la-
cuna, há uma regra do regimento comum que diz, em caso
de lacuna no regimento comum ou nas resoluções do Con-
gresso Nacional, como é o caso da resolução de 2002, é apli-
cado subsidiariamente inicialmente as regras do regimento
do Senado Federal e depois, se ainda houver lacuna mesmo
assim, as regras do regimento da Câmara. Essa é uma regra
do artigo 151 do regimento comum do Congresso Nacional,
aplicado também ao rito das medidas provisórias.

Quando a matéria chega à Câmara dos Deputados, a Câma-

Saber Direito
10
Processo Legislativo Regimental
ra não precisa concordar com o parecer da comissão mista
porque o parecer é opinativo. Ela pode aprovar o texto como
veio da comissão mista, ou então, opinar por aprovar outro
texto, com outras emendas, outras sugestões certo? Então
isso é uma coisa que vai acontecer é uma posição do plenário.

É importante lembrar que lá na comissão mista, o presidente


e o relatores são de casas diversas. Há aí uma exigência do
regimento comum da resolução de 2002 para a composição
das funções da comissão mista. Então se o presidente é do
Senado, o relator será da Câmara. Se o presidente é da Câ-
mara, o relator será do Senado. Há uma alternância assim
como presidente e vice-presidente. Se o presidente é de uma
casa, o vice-presidente é da outra.

E eu falei ainda que existe a figura do relator revisor para a


medida provisória. O que é isso a figura do relator revisor,
que é uma coisa que não acontece no rito dos projetos de
lei, que a gente viu anteriormente?

O relator revisor ele faz o papel de relator na casa diversa da


do relator. Então veja: vamos supor que na comissão mista,
o relator é o deputado. Quando a matéria for ao plenário
da Câmara, depois este relator é o deputado estará na sua
respectiva casa para esclarecer dúvidas dos seus pares sobre
a matéria. Mas depois quando a medida provisória for ao
plenário do Senado, o deputado não atua no Senado. Então
o relator revisor é o membro da comissão mista, que fará o
papel de relator, de esclarecedor de pontos sobre a medida
provisória na casa diversa da do relator. Essa é a figura do
relator revisor da medida provisória.

Vamos ver agora então uma questão de fixação do nosso


país para verificar os conhecimentos até agora.

Saber Direito
11
Processo Legislativo Regimental
[...] Música

QUIZ

Na comissão mista de medida provisória:

A. O presidente da comissão e o relator da matéria devem


ser da mesma casa.
B. Qualquer congressista pode oferecer emendas à medida
provisória perante a comissão.
C. O prazo de emendas à medida provisória é de seis dias
úteis após a publicação da matéria e
D. Apenas membros da comissão podem oferecer emendas
à medida provisória.

Resposta: Letra “B”

Vamos ver.
A letra A está errada porque o presidente da comissão e o
relator devem ser de casas diversas : um do Senado e um
da Câmara.

A letra B está correta.


Qualquer congressista mesmo que não seja membro da
comissão podem oferecer emendas à medida provisória.
Lembrando que as emendas à medida provisória são ofere-
cidas apenas perante a comissão, ou seja, não haverá depois
emendas de plenário nas duas casas do Congresso Nacional.
As emendas à medida provisória durante todo o seu rito
legislativo são oferecidos apenas perante a comissão. E são
oferecidas nos primeiros seis dias corridos, depois da publi-
cação da medida provisória.

Saber Direito
12
Processo Legislativo Regimental
Por isso é que a letra C está errada. Porque a letra C fala em
seis dias úteis, muita atenção essa pegadinha.

E a letra D está errada porque não são apenas os membros


que podem oferecer, mas para quaisquer congressista.

Muito bem. Na medida provisória há uma particularidade


no seu procedimento. É o seguinte: o parecer da comissão
mista como qualquer parecer pode concluir pela aprovação
na íntegra da matéria. Pode concluir pela rejeição da matéria,
ou pela aprovação com emendas. Normalmente quando um
parecer de comissão, num projeto de lei comum, numa PEC,
num projeto de resolução normalmente, quando um parecer
da comissão opina pela aprovação do texto com emendas,
ele ao final, o voto do relator é : “somos pela aprovação do
projeto com as seguintes emendas e tem lá: desde a redação
do artigo tal, o seguinte texto desse é o seguinte artigo reda-
ção”. Tem lá a sequência de emendas à medida provisória.
Por determinação regimental, quando o parecer da comis-
são concluir por qualquer alteração do texto por mínima
que seja, deve ser oferecido um chamado projeto de lei de
conversão.

O que é esse projeto de lei de conversão?


É como se fosse um substitutivo à medida provisória.
E a medida provisória reescrita com a incorporação de todas
as emendas, de todas as alterações que o relator, que a co-
missão acatou no seu parecer. Então é quando o parecer da
comissão mista conclui por qualquer alteração do texto da
medida provisória é oferecido pela comissão mista o chamado
projeto de lei de conversão. Por que esse nome conversão?

Justamente porque a medida provisória se destina a se con-


verter numa lei ordinária, caso aprovada. E se isso acontecer,
nos termos do projeto de lei de conversão, a futura lei ordiná-
ria terá o texto justamente desse projeto de lei de conversão.

Saber Direito
13
Processo Legislativo Regimental
Além disso, a medida provisória tem uma vigência de até
120 dias. Vamos supor que o projeto de lei de conversão
altere substancialmente o texto. Nós teremos no caso, após
a conversão da medida provisória numa lei ordinária, um
determinado texto que vigorou enquanto era uma medida
provisória e um texto diferente nos termos do projeto de lei
de conversão que vai vigorar a partir daquele momento certo.

A pergunta que se faz é: como ficam as relações jurídicas que


foram regidas pelo texto da medida provisória enquanto ela
vigorou? Um exemplo. Vamos supor que uma medida provi-
sória dava determinado subsídio para um determinado se-
tor econômico, uma categoria, um subsídio econômico para
pagar menos imposto que será 5%, por exemplo. E vamos
supor que no projeto de conversão isso mudou para 10 por
cento. Como fica naquele período em que a medida provi-
sória vigorou? Estes 5% ficam valendo naquele período e a
partir da lei convertida. Os 10% retroagem desde o início?
Como é que vai ser feito isso?

É previsto pela constituição e reproduzido no projeto na re-


solução número um de 2002 que a medida provisória, quan-
do no seu parecer da comissão mista, o parecer concluir por
qualquer alteração, além de apresentar um projeto de lei
de conversão com o novo texto, a comissão mista ofereça
também um projeto de decreto legislativo para esclarecer
como ficarão regidas as relações jurídicas no período em
que vigorou a medida provisória.

Então ela oferece tanto um projeto de lei de conversão como


um projeto de decreto legislativo. Por exemplo. Vamos supor
que havia um benefício social na medida provisória e que
foi extinto no projeto de lei de conversão. Isso retroage? As
pessoas que receberam benefícios tem que devolver? Ou
fica como está regida pela própria medida provisória? É o
projeto de decreto legislativo que vai dizer.

Saber Direito
14
Processo Legislativo Regimental
No entanto, se a comissão mista não oferece o projeto de de-
creto legislativo, a constituição dá uma solução. As matérias,
as relações jurídicas exigidas pela medida provisória, naquele
período de 120 dias, continuam sendo regidas pela medida
provisória. E as que acontecerem depois que a medida pro-
visória virar lei passam a ser regidos pela nova lei ordinária.
De qualquer maneira quando a comissão mista conclui no
seu parecer pela modificação de qualquer trecho da medida
provisória, ela oferece um projeto de lei de conversão.

Feito isso, a matéria vai então como nós falamos ao plená-


rio da Câmara dos Deputados. E lá a Câmara vai deliberar
preferencialmente sobre o projeto de lei de conversa, mas
ela o plenário da Câmara não precisa aprovar, nos termos
do parecer da comissão. Esse projeto de lei é chamado de
conversão, que no jargão na sigla que é utilizada no processo
legislativo é de PLV. Porque PLC é o projeto de lei da Câmara
é outra nomenclatura.

Projeto de lei de conversão então ele é votado pela Câmara.


E a Câmara pode acatar na íntegra o texto, que veio da co-
missão mista ou até acatar a medida provisória original. Pode
ainda acatar o projeto de lei de conversão, mas com algumas
modificações. Por exemplo, de todas aquelas emendas que
foram oferecidas no prazo de seis dias inicial na comissão
mista, a comissão mista pode ter acatado algumas emendas,
incorporado ao texto da medida provisória e por isso apre-
sentou um projeto de lei de conversão.

Vamos supor agora que determinada emenda não foi acolhi-


da pela comissão mista, mas o plenário da Câmara gostaria
de acolher a emenda. Nada impede que um deputado o pro-
ponha o destaque dessa emenda para que ela seja votada
separadamente do resto do projeto de lei de conversão. E aí
a Câmara pode votar o projeto de lei de conversão e depois

Saber Direito
15
Processo Legislativo Regimental
votar essa emenda que não foi acatada na comissão mista
para que ela seja inserida no projeto de lei de conversão. E
e isso é possível. Então o que acontece é que normalmente
sai um projeto de lei de conversão da comissão mista e a
matéria vai à Câmara dos Deputados. A Câmara dos Depu-
tados pode até fazer mais algumas alterações ao texto final
e depois disso a matéria vai ao Senado Federal.

Lembre-se a casa iniciadora da medida provisória, após a


fase de comissão mista, é sempre a Câmara dos Deputa-
dos e só depois a matéria vai ao Senado Federal como casa
revisora. No Senado Federal, a matéria então é apreciada
novamente pelo plenário.

Veja que em nenhuma das casas, nem na comissão na Câma-


ra dos Deputados nem no Senado Federal, a medida provi-
sória não passa por comissões permanentes de casa a casa.
Não passa pela CCJ na Câmara, por uma outra comissão da
Câmara nem por nenhuma comissão do Senado. É apenas a
comissão mista depois diretamente o plenário da Câmara e o
plenário do Senado. Quando a matéria chegar no Senado, ela
vai ser analisada então pela segunda casa, na fase de revisão.
E o Senado pode concordar na íntegra com texto que veio
da Câmara, hipótese em que o projeto de lei de conversão
é enviada à sanção do presidente, ou pode promover algu-
mas emendas, algumas modificações. E nesse caso a medida
provisória deve retornar à casa, à Câmara dos Deputados
para que a Câmara dê a última palavra sobre as alterações
promovidas pelo Senado Federal.

Um esclarecimento aqui é importante. Nós falamos que só


é possível apresentar emendas à medida provisória nos seis
primeiros dias lá perante a fase da comissão mista ainda.
Como é que o Senado poderia propor modificações ao texto
que veio da Câmara, se não são admitidas emendas de ple-
nário? Na verdade, o Senado pode rejeitar algum trecho do

Saber Direito
16
Processo Legislativo Regimental
texto, que veio da Câmara, como se fosse uma supressão e
pode destacar uma emenda que foi apresentada lá no co-
meço e não foi acatada nem pela comissão mista nem pela
Câmara e tentar incorporar essa emenda ao texto. Então não
é uma nova emenda que é apresentada na fase de plenário.
É uma emenda que, já foi apresentada antes, mas não foi
acolhida e agora ela é retomada ressuscitada pelo Senado
Federal neste caso.

Como há um prazo constitucional de 120 dias para a medi-


da provisória, é importante a celeridade das casas. Então
a resolução de 2002 do Congresso Nacional dá alguns pra-
zos para que Câmara e Senado, a comissão mista Câmara
e o Senado deliberem sobre a matéria. Mas esses prazos
são prazos impróprios que se desrespeitados eles não in-
validam o processo legislativo. O importante é respeitar os
prazos constitucionais da matéria. Quais sejam? O da medida
provisória tem que ser votado em 60 mais 60 dias, se não
a medida provisória expira, perde a eficácia. A constituição
diz que a medida provisória vigora por 60 dias, prorrogá-
veis por mais 60 dias. No âmbito regimental, o Congresso
Nacional entendeu que essa prorrogação por mais 60 dias
é automática, ou seja, inspirado nos 60 dias, o presidente
do Congresso Nacional pede um ato declaratório apenas de
que a matéria está prorrogada. Então não é necessário que
o Congresso delibere, se prorroga ou não por mais 60 dias.
É um ato declaratório do presidente do Congresso que já
automaticamente prorroga.

Esses 120 dias não correm durante o período de recesso do


Congresso Nacional. Só para relembrar o Congresso Nacional
funciona normalmente numa sessão legislativa que divide
em dois períodos: no primeiro semestre e no segundo se-
mestre. O primeiro período da sessão legislativa anual ocorre
de fevereiro a meados de julho. Depois tem uma segunda
quinzena de julho de recesso em que os trabalhos são sus-

Saber Direito
17
Processo Legislativo Regimental
pensos. E depois de agosto ao final de dezembro segundo
período da sessão legislativa. E novamente há um recesso
no finalzinho de dezembro até o final do mês de janeiro. Du-
rante os períodos de recesso, o prazo de 120 dias da medida
provisória também fica suspenso. Então é possível que uma
medida provisória, expedida no primeiro semestre e que se
prolonga até o segundo semestre, ela dure mais de 120 dias.
Ela tenha, na verdade, mais de 120 dias para ser convertida
em lei porque no período de recesso o prazo fica suspenso.

Da mesma maneira, o Congresso tem 120 dias corridos para


votar a medida provisória, ou seja, para aprovar a matéria na
Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Vamos supor
que uma medida provisória foi aprovada na Câmara dos De-
putados e foi aprovado o texto no Senado Federal. A partir
desse momento, os 120 dias param de ser computados. Aí a
matéria pode ser enviada à sanção. E ela continua em vigor
mesmo que já tenha passado mais de 120 dias. Ela ganha
sobrevida até que o presidente da república promova a san-
ção ou o veto sobre a matéria.

Uma observação importante é a seguinte: nós vimos que, se


a comissão mista optar por qualquer alteração, ela emite um
projeto de lei de conversão. Agora se a comissão mista resol-
veu aprovar na íntegra a medida provisória não tem projeto de
lei de conversão. A matéria vai à Câmara dos Deputados. Pode
ser que a Câmara resolva alterar alguma coisa, resgatando
alguma emenda que não foi acatada pela comissão mista. E
nesse caso, o projeto de lei de conversão se origina na própria
Câmara no plenário da Câmara e depois vai ao Senado.

Quando o Senado e a Câmara, ou seja, quando o Congresso


Nacional, suas duas casas aprovam a medida provisória, nos
termos de um projeto de lei de conversão, ou seja, com a
alteração do texto original da medida provisória, a matéria
tem que obrigatoriamente ir à sanção ou veto do presidente

Saber Direito
18
Processo Legislativo Regimental
da república. No entanto, o regimento comum na resolução
n. 1 de 2002 diz que quando o Congresso Nacional aprova
uma medida provisória na íntegra, não há necessidade da
fase de deliberação executiva, ou seja, não há necessidade de
sanção ou veto do presidente da república. Em outras pala-
vras, se o Congresso Nacional aprova uma medida provisória
na íntegra, a matéria pode ser, após a aprovação do Sena-
do, promulgada diretamente pelo presidente do Congresso
Nacional, sem necessidade da fase de sanção ou veto. E aí
o próprio presidente do Senado Federal, que é o presidente
do Congresso Nacional, manda publicar a medida provisória
no Diário Oficial.

Agora uma observação importante: o Supremo Tribunal


Federal Federal Federal decidiu que o parecer da comissão
mista é de emissão obrigatória, ou seja, não pode ser apli-
cada uma regra regimental, que é muito comum, de que:
quando a comissão mista demora muito para emitir o pare-
cer, é possível remeter a matéria diretamente ao plenário.
E em plenário, um parlamentar emite um parecer oral em
substituição ao parecer escrito da comissão mista, que não
foi emitido no prazo. Então a nossa resolução n. 1 de 2002, o
Congresso Nacional trazia essa previsão de que, se a comis-
são mista não emitiu parecer no prazo regimental, a matéria
poderia ir diretamente à Câmara dos Deputados. E recebeu
um parecer oral, em plenário, em substituição da comissão,
mas o Congresso Nacional não pode mais fazer isso porque
o Supremo Tribunal Federal Federal Federal entendeu que é
inconstitucional a medida provisória ser submetida às duas
casas sem o parecer da comissão mista. E por que isso? Por-
que o artigo 62 da constituição está expressamente previsto
que haverá o parecer da comissão mista sobre a medida
provisória.

Tanto o parecer da comissão mista como a análise no plená-


rio das duas casas analisa não só o mérito, mas também os

Saber Direito
19
Processo Legislativo Regimental
aspectos de constitucionalidade e adequação orçamentária e
financeira, de que em conjunto com o que nós chamamos de
admissibilidade da matéria. Nos aspectos constitucionais, a
casa analisa inicialmente os requisitos de relevância e urgên-
cia, ou seja, se a matéria é realmente relevante. Se a matéria
é realmente urgente como relevância.

E urgência são conceitos jurídicos indeterminados. De certa


forma, a decisão não é meramente jurídica, mas também
política. Se a casa entende que realmente há relevância, há
realmente a urgência como entendido pelo presidente da
república ao editar medida provisória, após a análise dos
requisitos constitucionais de relevância e urgência, as duas
casas também analisam os demais requisitos de constitucio-
nalidade: se não ofende alguma regra constitucional, se não
ofende alguma outra regra de juridicidade ou de regimenta-
lidade. Lembrando que a medida provisória como tem força
de lei ordinária, ela não pode contrariar a constituição.

Depois de todos os requisitos de constitucionalidade tam-


bém devem ser analisados pelo plenário das duas casas, a
adequação orçamentária e financeira da matéria, ou seja,
se a medida provisória não ofende alguma lei de finanças
públicas, não ofende a lei do orçamento, a lei de responsa-
bilidade fiscal e etc. Essas normas são importantes porque
toda matéria que cria alguma despesa para o governo, ela
deve ter a análise do impacto financeiro, ou seja, quanto vai
custar isso. E também dizer a fonte dos recursos para essa
despesa que está sendo criada. Vem do cancelamento de
uma outra despesa preexistente? Ov vem do aumento de
uma receita, por exemplo, de um novo tributo, do aumento
de uma alíquota do tributo para que haja um equilíbrio fiscal?
Se não houver a análise do impacto financeiro e a fonte do
recurso, a casa pode concluir pela inadequação orçamentária
e financeira da matéria.

Saber Direito
20
Processo Legislativo Regimental
Quando o plenário da Câmara, o plenário do Senado concluiu
pela inconstitucionalidade ou pela inadequação orçamentá-
ria financeiro da medida provisória, é considerado inadmi-
tida. É considerada rejeitada e arquivada. Isso mesmo que
a comissão mista tenha considerado constitucional e ade-
quado financeira e orçamentariamente a matéria, objeto da
medida provisória.

Vamos então agora é fixar os nossos conhecimentos com


uma questão do nosso Quiz. Vamos lá.

[...] Música

QUIZ

Sobre o rito regimental da medida provisória, assinale a cor-


reta:

A. Esgotado o prazo da comissão mista sem emissão de pa-


recer, a matéria enviada à Câmara
B. Se a medida provisória não é votada pelas duas casas em
60 dias desde a publicação, o Congresso decidisse o prazo
de vigência deve ser prorrogado por igual período.
C. Se a Câmara ou Senado decide pelo não atendimento dos
pressupostos constitucionais ou pela inadequação financeira
orçamentária, a matéria retorna à comissão mista.
D. Quando a comissão mista resolve por qualquer alteração
do texto, deve oferecer projeto de lei de conversão.

Resposta: Letra “D”

Vamos ver porquê.


Veja: a letra A está errada porque o Supremo Tribunal Fe-

Saber Direito
21
Processo Legislativo Regimental
deral Federal Federal entendeu que é obrigatória a emissão
do parecer da comissão mista, antes da matéria ser enviada
à Câmara. Então o que acontece hoje? Ainda que a comissão
mista demore muito para emitir seu parecer, ela não pode
enviar o projeto à Câmara e isso pode gerar alguns proble-
mas na prática.

Veja a medida provisória tem 120 dias para ser votada, antes
de expirar. Digamos, que por um grande atraso, a comissão
mista acabe ficando com a matéria quase esses 120 dias
totalmente. Isso pode gerar um problema no plenário das
casas que ficará com quase nenhum tempo para poder deli-
berar a analisar com a propriedade sobre a matéria. No en-
tanto, se a comissão mista não emite parecer, a matéria não
pode ir à Câmara dos Deputados, pois foi assim que decidiu
o Supremo Tribunal Federal Federal Federal. Nesse caso, a
matéria pode expirar. A medida provisória pode perder sua
validade antes mesmo de ser mandada à Câmara na comis-
são mista. Mas é importante porque é obrigatória a emissão
do parecer hoje em dia.

A letra B está errada porque quando a medida provisória


não é votada pelas duas casas, a prorrogação, segundo a re-
gra regimental, é automática. A matéria fica prorrogada por
mais 60 dias por um ato declaratório do presidente do Con-
gresso. Então não há necessidade de o Congresso decidir,
ou seja, deliberar se será prorrogado ou não. A prorrogação
é automática.

A letra C está errada porque se os plenários das casas decidem


pelo não atendimento, seja um dos pressupostos constitucio-
nais, ou pela inadequação orçamentária financeira, a matéria é
considerada rejeitada e arquivada. Ela não retorna à comissão
mista. Vai prevalecer, então, neste caso a posição do plenário
que é inadmitiu a matéria. Seja na Câmara, seja o Senado.

Saber Direito
22
Processo Legislativo Regimental
Então a resposta é letra D. Qualquer sugestão que seja pro-
movida no parecer da comissão mista, a comissão mista deve
oferecer ao final do parecer um projeto de lei de conversão,
que funciona como se fosse um substitutivo à medida pro-
visória original. A medida provisória, que é rejeitada ou que
não é convertida em lei pelo Congresso Nacional, ou seja,
que não é analisada nos 120 dias e portanto perde a eficá-
cia, ela não pode ser reeditada na mesma sessão legislati-
va, ou seja, a matéria dessa medida provisória só pode ser
objeto de nova medida provisória, editada pelo presidente
da república, na sessão legislativa seguinte. É o princípio da
irrepetibilidade aplicado às medidas provisórias. Está lá no
artigo 62 da constituição.

Então irrepetibilidade, ou seja, a vedação a repetir a mesma


matéria de uma medida provisória, na mesma sessão legis-
lativa, vale para quando a medida provisória é rejeitada ou
quando ela perde a sua eficácia por transcurso do prazo.
Lembrem que no caso do projeto de lei a irrepetibilidade só
valia, quando o projeto de lei é rejeitado porque no projeto
de lei não tem a figura de perda de eficácia por decurso de
prazo. Mas na medida provisória tem.

Neste caso seria preciso esperar uma nova sessão legislativa.


É claro que se a medida provisória foi editada, por exemplo,
em dezembro. E ela foi rejeitada ou perdeu sua eficácia no ano
seguinte, após o recesso em fevereiro e março, abril, ela pode
desde logo ser editada porque ela foi editada inicialmente ain-
da no ano anterior. Então nesse caso, não haveria problema.

Da mesma maneira, se uma medida provisória editada no


recesso, digamos em janeiro, em janeiro estamos em reces-
so, o Congresso ainda não começou a nova sessão legisla-
tiva. Então se editar uma medida provisória em janeiro e o
Congresso rejeitar, digamos em maio, junho neste caso não
incide a irrepetibilidade porque quando ela foi editada ainda

Saber Direito
23
Processo Legislativo Regimental
não havia iniciado na nova sessão legislativa certo.

É bom lembrar que as medidas provisórias, elas são regidas


pela resolução do Congresso, que é parte do regimento co-
mum porque ela tramita na comissão mista. Muito embora
a medida provisória, após isso transmite em sessões sepa-
radas do Congresso Nacional. As regras regimentais do regi-
mento comum aplicam-se quando uma matéria tramita em
comissão mista ou quando ela tramita em sessão conjunta
do Congresso. E hoje as medidas provisórias que tramitam
na comissão mista e depois na Câmara e no Senado separa-
damente. Existe, no entanto, uma regra constitucional, que
foi reproduzida no regimento interno, reproduzida da emen-
da constitucional 32 de 2001, que foi a que alterou o rito das
medidas provisórias. As medidas provisórias, editadas até
2001, até o advento da emenda constitucional 32 de 2001,
eram apreciados após a comissão mista em sessão conjunta
das duas casas. Mas hoje elas são separadas. No entanto,
o que aconteceu na época? Havia algumas medidas provi-
sórias pendentes de deliberação, pendentes de conversão
em lei quando mudou o rito. E o que aconteceu com essas
medidas provisórias? A emenda constitucional 32 de 2001
deu uma solução.

Essa solução foi a seguinte: ela determinou que as medidas


provisórias, que estavam em tramitação no momento em
que foi promulgada a emenda constitucional 32, continua-
riam em vigor até a ulterior, até a posterior deliberação do
Congresso Nacional ainda em sessão conjunta. Houve uma
outra atividade da regra anterior de sessão conjunta para
essas medidas provisórias que estavam em vigor na época.
E elas como ganharam esse prazo adicional, mas vamos falar
que são as medidas provisórias que ganharam vida eterna.
Porque enquanto elas não forem deliberadas em sessão con-
junta pelo Congresso Nacional, elas continuam em vigor. En-
tão medidas provisórias que ficaram permanentes. Existem

Saber Direito
24
Processo Legislativo Regimental
algumas que estão em vigor desde 2001 e podem ou con-
tinuar com uma medida provisória para sempre, vigorando
como se fosse uma lei permanente, ou em algum momento
o Congresso Nacional pode resolver votá-las para aprová-las
ou para rejeitá-las. Mas neste caso, em sessão conjunta do
Congresso Nacional. As sessões separadas passaram a ser
utilizados para a medida provisória apenas para aquelas que
foram editadas após a emenda constitucional 32 de 2001.

O fato de existirem medidas provisórias em vigor não conver-


tidas em lei, quando são anteriores a 2001, não impede que
elas continuem em vigor, mas sejam alteradas por projeto
de lei ordinária posterior. Isso existe. Nós temos medidas
provisórias de 2001 com várias alterações de projetos de
lei ordinária, de leis ordinárias, na verdade, decorrentes de
projetos de lei. Elas não foram nem votadas pelo Congresso
Nacional para rejeitar, nem aprovar, mas estão sendo objeto
de alteração. São coisas que também é possível fazer Muito
bem.

No Senado Federal, nós temos uma característica interessan-


te. É previsto na constituição que o plenário das casas, como
nós falamos, antes de votar o mérito da medida provisória,
ele vai votar, cada plenário a admissibilidade da matéria.
Se ela atende aos requisitos constitucionais e aos requisitos
de adequação orçamentária e financeira. E então quando a
matéria votada pela Câmara e vai ao Senado, o Senado pode,
quando for votar os requisitos constitucionais, verificar se
eles estão todos atendidos. Um caso que pode acontecer
no Senado é a chamada impugnação de matéria estranha à
medida provisória. Em que consiste isso? Seria o caso de na
análise de constitucionalidade da matéria o Senado Federal
entender que a Câmara inseriu algum texto, que é vedado
pela constituição, por exemplo, uma emenda sobre matéria
estranha que foi apresentada na comissão mista: o famoso
jabuti. Foi inserido pela Câmara na votação do plenário e

Saber Direito
25
Processo Legislativo Regimental
aí a matéria vai ao Senado. O Senado pode entender que
aquela matéria é inconstitucional porque o Supremo Tribunal
Federal já decidiu que a matéria estranha não pode vir por
emenda à medida provisória. E impugnar aquela matéria.
Retirar do texto antes de votar o texto principal da medida
provisória. Nesse caso não se trata de emenda supressiva.
Trata-se de emenda de impugnação à matéria estranha E
matéria não precisa necessariamente retornar à Câmara dos
Deputados.

Nós falamos aqui que a medida provisória, uma vez agitada


ela é submetida a uma comissão mista e eu disse que é uma
comissão mista especial, ou seja, uma comissão temporária
formada por deputados e senadores: 12 deputados mais um,
das minorias e 12 senadores mais um também dos partidos
minoritários. Dos partidos que a gente chama de nanicos no
jargão. Mas existe uma exceção em que a medida provisória
não é analisada por comissão mista temporária: é quando se
trata de uma medida provisória que trata de crédito extraor-
dinário, crédito orçamentário adicional, extraordinário. Para
aqueles que lembram de matéria orçamentária, nós temos
que: os projetos de lei que tratam de orçamento público
não são medidas provisórias. São projetos de lei de autoria
do Poder Executivo, que tratam da lei do orçamento. E o
Poder Executivo pode também durante a execução do orça-
mento, oferecer projetos de lei ao Congresso Nacional com
alterações da lei orçamentária em vigor. Nós chamamos de
créditos adicionais.

Os créditos adicionais são de três tipos: os suplementares,


que suplementam dotação orçamentária constante do pro-
jeto; os especiais, que criam uma nova despesa não cons-
tante do projeto e os extraordinários, que são para fazer
face a despesas imprevisíveis e urgentes e que precisam de
imediata resposta do governo em função dessa imprevisibi-
lidade, dessa urgência. A constituição prevê que os créditos

Saber Direito
26
Processo Legislativo Regimental
orçamentários são abertos por medida provisória para dar
maior celeridade ao projeto, ao processo, uma vez que a
medida provisória vigora, desde a sua edição.

Muito bem. Se a medida provisória tratar de um crédito or-


çamentário extraordinário, a análise dessa medida provisó-
ria, na fase de comissão, não será feita por uma comissão
especial. Será feita por uma comissão mista permanente de
orçamento. Ela é prevista no artigo 166 da constituição e regi-
da no nível regimental pela resolução de 2006 do Congresso
Nacional. Então grande diferença aqui a medida provisória,
nesse caso é encaminhada à comissão mista de orçamento
que nós chamamos de CMO. E lá essa comissão é composta
por 30 deputados e 10 Senadores, eles dão o parecer sobre
a medida provisória de matéria orçamentária.

Feito isso a matéria pode então ao plenário da Câmara e ao


plenário do Senado normalmente. A grande diferença nesse
caso então, é que a comissão mista que analisa a medida
provisória de crédito extraordinário é a comissão mista per-
manente de orçamento e não a comissão mista temporária
especial de deputados e Senadores compostas apenas para
aquela medida provisória, certo?

Vamos então chamar nossa terceira questão do QUIZ para


fixar os conhecimentos?

[...] Música

Saber Direito
27
Processo Legislativo Regimental
QUIZ

Sobre o rito regimental da medida provisória, assinale a


incorreta.

Vamos ter atenção é muito importante quando chegamos


na questão essa é detalhe que assinale a falsa. Assinale a
incorreta. Muita gente erra nisso aí. Assinale a incorreta. Ele
quer a falsa,

A. Quando a comissão mista resolve por qualquer alteração


do texto deve oferecer projeto de decreto legislativo para
disciplinar as relações jurídicas decorrentes da vigência da
parte suprimida ou alterada.
B. Havendo modificação da medida provisória no Senado,
a matéria retorna ao exame da casa iniciadora para análise
da modificação,
C. A medida provisória aprovada pelo Congresso sem altera-
ção de mérito é enviada à sanção do presidente da república.
D. O projeto de lei de conversão aprovado pelo Congresso é
enviado à sanção do presidente da república.

Resposta: Letra “C”

A medida provisória que aprovada pelo Congresso, sem al-


teração de mérito. Ou seja, o Congresso aprovou na íntegra
o texto que, foi proposto originalmente pelo presidente da
república, não precisa ser novamente enviado à sanção por-
que afinal o presidente concordou com esse texto desde o
começo. Então quando isso acontece, a medida provisória,
após a sua aprovação pelo Senado, é promulgada diretamen-
te pelo presidente do Congresso Nacional, que é o presidente
do Senado Federal.

Saber Direito
28
Processo Legislativo Regimental
Qual o erro das outras... Na letra. A verdade não é essa. Essa
C é a falsa. Viu como é importante prestar atenção. As outras
estão todas corretas.

Veja a letra A.
Qualquer alteração do texto à comissão mista tem que ofere-
cer em seu parecer tanto o projeto de lei de conversão, que
a gente viu no curso anterior, como também o projeto de de-
creto legislativo, esse decreto legislativo, após aprovado, ele
vai dizer como é que ficam as relações jurídicas decorrentes
da vigência da parte da medida provisória, que foi alterada,
foi suprimida no projeto de lei de conversão. Normalmente
a solução jurídica proposta que as relações jurídicas ficam
regidas pela medida provisória naquele período de vigência
da medida provisória e depois passa a ser regida pela lei
ordinária decorrente da medida provisória, certo?

E a letra B?
A letra B também está certa porque qualquer modificação
que o Senado faça como casa revisora, a matéria tem que
votar à casa iniciadora para análise da modificação.

Da mesma maneira a letra D.


Um projeto de lei de conversão vai obrigatoriamente a san-
ção do presidente.

Se nós fizermos uma comparação com as outras aulas que


tivemos nesse curso, nós vamos ver que as matérias que são
sujeitas à sanção do presidente da república, sanção ou veto,
ele pode vetar também, são os projetos de lei. Basicamente:
o projeto de lei ordinária, o projeto de lei complementar e
agora o projeto de lei de conversão decorrente de uma me-
dida provisória.

Saber Direito
29
Processo Legislativo Regimental
A medida provisória como ela tem vigência desde a sua edi-
ção, ela não pode ser posteriormente retirada pelo presiden-
te da república. Assim decidiu o Supremo Tribunal Federal. A
retirada de uma proposição é algo a um incidente processual
regimental, matéria inclusive vamos ver na próxima aula,
referente à situação e que o autor da matéria desiste do seu
projeto e resolve retirar a proposição de tramitação. Isso
ocorre com projeto de lei. Pode ocorrer com o PEC, com o
projeto de resolução de decreto legislativo. No caso da me-
dida provisória, o STF entendeu que o presidente não pode
retirar a medida provisória de tramitação pelo fato de ela já
ser norma jurídica em vigor. E não uma mera proposição que
só terá vigência após convertido em lei. Então não se admite
a retirada da medida provisória pelo presidente da república.

Se ele não pode retirar, contudo o Supremo admite a revo-


gação da medida provisória por outra. Veja. Imagina uma
medida provisória que está tramitando ainda no prazo de
120 dias. O Congresso está deliberando sobre ela. Por al-
gum motivo, alguma alteração da situação econômica, social,
política cultural, o presidente da república entende que é
melhor revogar aquela medida provisória. E aí eles pedem
uma medida provisória, uma segunda medida provisória com
um artigo dizendo fica revogada aquela medida provisória
anterior. E aí a primeira fica revogada.

Mas aí surge uma questão: essa segunda medida provisória


ainda é provisória. Ainda deve ser votada pelo Congresso
Nacional. E se ela for votada e convertida em lei, ela se trans-
forma em lei ordinária e a revogação da primeira medida
provisória é definitiva. Mas o que acontece se esta segunda
medida provisória, a revogadora é rejeitada pelo Congres-
so Nacional ou perde a eficácia? Como é que fica a medida
provisória anterior que estava revogada?

Saber Direito
30
Processo Legislativo Regimental
Será que aconteceria uma repristinação da medida provisó-
ria? Na verdade, não. Porque seria uma repristinação tácita:
um instituto que, em regra, não é admitido no nosso or-
denamento salvo quando expressamente previsto, quando
expressamente declarado.

Então o que o Supremo Tribunal Federal disse? Quando uma


medida provisória revoga uma medida provisória anterior,
essa anterior fica na verdade suspensa. É uma revogação
pendente sob condição. Se a medida provisória posterior
revogadora foi convertido em lei então a revogação fica de-
finitiva. No entanto, se ela não for convertida em lei, for re-
jeitada e perder a perder eficácia, a outra anterior volta a
vigorar. Então é como se fosse uma condição resolutiva. A
outra volta a vigorar pode continuar tramitando pelo prazo
restante. Digamos que ela foi revogada quando estava com
90 dias. A revogadora perde eficácia. A anterior volta a vigo-
rar e tem mais 30 dias para tramitar para ser aprovada pelo
Congresso Nacional, antes de ser convertido em lei ou até
ela mesma também perder a eficácia.

Muito bem. Então vimos aqui as principais regras da medida


provisória, não são só abordando as regras constitucionais,
mas também principalmente as regras regimentais. Como
é feito esse trâmite no interior nos meandros do Congresso
Nacional, pela comissão mista pela Câmara dos Deputados
e pelo Senado Federal.

Então espero que tenham gostado.


E vamos depois a nossa última aula :que vai ser aula quin-
ta, quando vamos tratar de alguns incidentes processuais e
regimentais. Até lá

[...] Música

Saber Direito
31
Processo Legislativo Regimental
CONTATOS

Sugestões de temas para Saber Jurídico


E-mail : saberdireito@stf.jus.br.

Whatsapp: (61) 99260-6116

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC0qlZ-
5jxxueKNzUERcrllNw

Acesse:
http://tvjustica.jus.br/

Saber Direito
32
Processo Legislativo Regimental

Você também pode gostar