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13/10/2022

Início do constitucionalismo
Carta Constitucional 1820 - monarquia parlamentar
3 poderes:
Legislativo - cortes1, com sanção do rei (poder de veto2)
Judicial - juízes
Executivo - rei
1
- assembleia única
corte representativa - membros eleitos por 2 anos
2
- poder de veto suspensivo - volta para as cortes
cortes - assembleia única
voto era censitário- - não era acessível a toda a população - homens
de alguma prestígio social

Constituição espanhola de cádis 1812 - inspiração para a constituição de 1822

Carta Constitucional de 1826 - inspiração na constituição brasileira da época considerada


um retrocesso em relação à constituição de 1822. Há uma nova concentração (não total) dos
poderes, em vez de veto suspensivo3, o rei passa a ter o direito de veto definitivo.

Constituição com vigência mais longa em Portugal (3 períodos de vigência)


1826 - 1828 \
1834 - 1836 | 76 anos
1842 - 1910 /

Poder Legislativo - Cortes


Câmara dos Pares (nomeação régia, predominantemente da nobreza
hereditária e vitalícia, pode participar até morrer.
Câmara dos Deputados (eleitos temporariamente)
Poder Judicial - tribunais
Poder Executivo - rei
Poder Moderador - rei
Cabem ao rei (3se não satisfeito com uma lei apresentada pela corte, pode
vetar e não é possível debatê-la mais) conforme a sua vontade, o rei pode dissolver
as cortes, e até impor as suas vontades sobre elas.

Constituição de 1838-42 - pactuado entre rainha D. Maria II e as cortes.


O poder constituinte é misto entre o poder democrático e o poder monárquico.
Legislativo - bicameral
Câmara dos Deputados ambas eletivas e temporárias
Câmara dos Senadores
Judicial - tribunais
Executivo - rei
NOTA
independência dos poderes
poder da soberania nacional
Constituição 1911 - República
Bicameral - Câmara dos Deputados, bastante instável politicamente4
Câmara dos Senadores (senado)
Democracia representativa (representa a população)
Instável politicamente - causa desconfiança da população no presidente da república

4
- Por qualquer razão, quando não eram aprovadas as leis, o governo demitia-se. A
desconfiança no presidente causa uma necessidade de reforço no poder executivo, que
salvaguarde e impeça a instabilidade política no regime vigente no período seguinte.

Controlo judicial difuso (qualquer juiz o pode fazer) - fiscalização da constitucionalidade -


tribunais investigam e controlam as leis, se são ou não leis constitucionais (ARTIGO 204º)

Constituição de 1933
Poder Executivo forte
Regime político autoritário
Antiparlamentar e antipartidário
Poder Constituinte

Constituição da República de 1976


7 revisões constitucionais - 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004, 2005
1982 -; extingue-se o Conselho da Revolução; retirada de carga ideológica da constituição -
princípio da irreversibilidade das nacionalizações;
1989 - alteram-se as cargas ideológicas restantes (artigo 288º)

19/10/22
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Todas as matérias que assegurem o poder político - Matérias com dignidade funcional

Constituição em sentido material - abrange normas constitucionais e não constitucionais


(Constituição mais ampla).

Constituição em sentido formal -1- Intencionalidade da formação (por 1 órgão competente)


2- Sistematização própria (unidade e coerência)
3- Força jurídica superior

Constituição em sentido instrumental - menos amplo - abrange as normas funcionais (296


artigos da constituição da república portuguesa)

Constituição
Instrumental

Constituição
Formal

Constituição
Material
Critério de Revisão Constitucional
1. Tipos de constituições
Flexíveis - aquelas que podem ser revistas com o mesmo processo adotado para a
elaboração de leis ordinárias. Não há um processo específico para alterar as leis ordinárias.

Rígidas - aquelas que só podem ser modificadas mediante um processo específico nelas
previsto e distinto do processo legislativo ordinário.
Ex.: Constituição da República portuguesa art.º 284º-289º

Semi-rígidas - aquelas que, em certa parte, podem ser revistas por um processo análogo
ao legislativo ordinário e noutra parte só mediante um processo específico.

2. Processo de elaboração ordinário

1º) iniciativa
2º) discussão
3º) votação
4º) aprovação
5º) assinatura
6º) promulgação
7º) referenda ministerial
8º) publicação

Eleições
Maioria simples – Ganha quem tiver maior nº de votos independentemente da
percentagem. Art.º 116º
Maioria absoluta – Vitoria com % igual ou superior a 50% +1.
Maioria qualificada – Exige nº de votos superior à maioria absoluta.
Geralmente cita-se ⅔ ou 3/5 dos deputados em efetividade de funções - Art.º 286

3. Lógica ontológica da Constituição por karl Loewenstein


Constituição Normativa - válida e eficaz
Existe limitação do poder político, são assegurados direitos fundamentais. Há condições para
as normas serem cumpridas.

Constituição Nominal - válida e ineficaz


Prevê direitos, na Constituição, aos quais a população não tem acesso.
Ex.: Gabão, prevê o direito à saúde, na sua Constituição, mas a população não tem acesso
a serviços hospitalares.

Constituição Semântica - inválida (não limita o poder político) e eficaz


CONSTITUIÇÃO DE 1933 reúne as três categorias
direitos fundamentais - nominal - não os assegura
organização do poder político - normativa
poder político não era limitado - semântica

CARTA CONSTITUCIONAL DE 1826 - SEMÂNTICA - não limita o poder político

4. Conteúdo
A atual constituição pode ser classificada através do seu conteúdo como utilitária e ideológica-
programática.

Utilitária - Regulamenta apenas o poder e os direitos - faz o mínimo e essencial para regular
os direitos fundamentais.

Ideológica-programática – Alem do mínimo e essencial, também objetivos económicos e


sociais.

Exemplos de constituições utilitárias - c1822, carta 1826, c1911


Exemplos de constituições ideológica programática - c1933, crp1976

5. Relevância das fontes/forma


Constituição escrita - está num único documento, as fontes utilizadas para analisar as
normas constitucionais são escritas. O costume tem um papel apagado - estado de direito
liberal. (Chegar e dizer “bom dia” não é uma regra mas sim um costume).
Constituição mista - costume e lei estão no mesmo plano - estado social de direito
democrático

O costume pode ser a fonte do direito

Costumes apresentam-se de 3 formas:


Secundum legem – costume de acordo/ segundo a lei
Contra legem – costume contrário à lei Não pode ser praticado
Praeter legem - para além da lei - a lei não prevê a situação. É uma prática reiterada no
tempo, mas que não esta prevista na lei. No entanto, pode ser considerado uma fonte de
Direito.
20/10/22

CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS


Utilitária - estado de direito liberal
a forma que é escrita - conteúdo mais restrito.
organiza o poder político e declara os direitos fundamentais.
Ideológico-programática - estado social de direito democrático
declara e assegura os direitos fundamentais
há ideologia, abre caminho para a sociedade socialista
normas programáticas - art.9 crp

Completude:

Normas Exequíveis
Constitucionais Não exequíveis

Exequíveis = aplicáveis por si mesmas, não precisam de ser completadas


Não exequíveis = precisam de outras normas para serem aplicadas

Eficácia:

Rígida
Percetivas Aplicação direta Exequíveis ou não exequíveis
Normas
Constitucionais Programáticas Aplicação diferida Não exequíveis
Flexível

Percetivas - normas de aplicação direta - a sua eficácia não depende de nenhuma


condição.
Programáticas - aplicação diferida - aplicada ao longo do tempo, segundo condições de
direito. Ex.: art.º 9º - igualdade entre homens e mulheres - estados legislativos

Poder Constitucional originário


Tem 3 características:
Inicial – logicamente anterior à 1ª Constituição
Autônomo - pode decidir se, como e quando
Omnipotente (ilimitado) - não há subordinação do poder constituinte originário a nenhuma
outra lei ou regra de fundo ou forma.

6 momentos de poder originário - 1822, 1826, 1838, 1910, 1933, 1976


Poder Constitucional derivado
Só existe depois da constituição - poder constituído
Modifica uma constituição já existente
Poder de revisão constitucional
Tem limites:
Formais - mudanças estipuladas por lei, iniciativa é só dos deputados
Materiais - materiais na constituição que não podem ser alterados
Temporais - determinado tempo não se pode alterar a constituição
Circunstanciais - precisa de serenidade e estabilidade para alterar a constituição

Art.º 284º /1 (revisões ordinárias) e /2 (revisões extraordinárias)


lei constitucional n1, 1982, de 30 de setembro - ordinária
lei constitucional n1, 1989 de 8 de julho - ordinária
lei constitucional n1, 1992 de 25 de novembro - extraordinária
lei constitucional n1, 1997 de 20 de setembro - ordinária
lei constitucional n1, 2001 de 12 de dezembro - extraordinária
lei constitucional n1, 2004 de 24 de julho - ordinária
lei constitucional n1, 2005 de 12 de agosto - extraordinária

25/10/22

Carta Constitucional 1826 - é carta e não constituição porque é o rei que ao escrever a
carta limita o seu próprio poder.

Conselho económico social – está previsto no artigo 92º da Constituição da República


Portuguesa. Poderá a revisão constitucional em curso suspender este artigo?

A revisão constitucional é uma manifestação do poder constituinte derivado. A Constituição


portuguesa é uma constituição rígida - precisa de um processo específico para alterar as
normas, nela previsto, nos artigos 284º - 289º.

Caso Prático IV
O Governo português, invocando o seu direito de iniciativa legislativa, entregou na Mesa da
Assembleia da República uma proposta de lei de revisão do atual texto constitucional. Das
modificações propostas destacam-se as seguintes: a vontade de alterar o sistema eleitoral
proporcional utilizado nas eleições legislativas e substituí-lo por um sistema eleitoral
maioritário, a intenção de alterar o número de votos necessários para a aprovação de um
pedido de revisão constitucional extraordinária. Confrontados com esta proposta de revisão,
os partidos da oposição reagiram prontamente alegando que ela contém vários atropelos ao
texto constitucional.
Resposta
Incluir na resposta a definição de governo art 182-201, e mencionar a sua soberania art 110
definir assembleia da república, art 147-181, mencionando também a sua soberania art 110
governo pode ter iniciativa legislativa - art 197 n1 d), no entanto não pode ter iniciativa para
uma revisão constitucional, apenas podem os deputados art285 n1
propostas apresentadas não podem ser aceitas porque:
1. 288º/ h) - elementos essenciais para assegurar a democracia

2/11/22
Sistema de governo

1
2
3

1 Parlamentar

• Ausência de poder político significativo por parte do Chefe de Estado e a responsabilidade


política do Governo perante o Parlamento
• O Governo é formado de acordo com a composição do Parlamento.
• O governo depende exclusivamente da confiança do Parlamento e responde politicamente
apenas perante ele.
• O Chefe de Estado nomeia e exonera os ministros, mas tem de fazer estritamente de acordo
com as indicações do Parlamento, já que não responde politicamente perante ele.
• Apagamento da posição do Chefe de Estado.
• Há uma ampla distinção entre Chefe de Estado e Chefe de Governo.
• Os membros do governo saem do Parlamento.

2 Presidencial
• O Chefe de Estado exerce poderes importantes. Ausência de responsabilidade política do
Executivo perante o Parlamento.
• O Chefe de Estado é eleito por sufrágio universal e normalmente direto.
• O Chefe de Estado pode formar livremente o seu Governo, não respondendo nenhum deles
perante o Parlamento, mas apenas perante o país.
• Não existe dualidade Presidente da República/Primeiro-Ministro, porque o Chefe de Estado
é simultaneamente Chefe de Governo.
• O Chefe de Estado dispõe de veto suspensivo em relação às leis do Parlamento.
• O Presidente da República não dispõe de poder de dissolução do Parlamento
3 Semi-Presidencial
• Caracteriza-se pela convergência das duas influências: parlamentar e presidencial.
• O Chefe de Estado é politicamente ativo.
• O Governo é politicamente responsável perante o Parlamento
• O Executivo depende simultaneamente do Presidente da República e do Parlamento:
necessita da confiança de ambos os órgãos. E, sendo ambos estes órgãos eleitos por
sufrágio universal, pode conduzir a uma situação em que o Parlamento disponha de uma
maioria contrária à do Presidente, tudo depende das relações entre os partidos e o sistema
eleitoral em vigor.

Sistema atual em Portugal


• Sistema de governo semi-presidencial, considerado pela generalidade dos
constitucionalistas.
• As relações entre os vários órgãos de soberania estabelecidas na C.R.P. apontam para um
sistema misto: parlamentar - presidencial. São visíveis na nossa Constituição elementos
típicos do parlamentarismo e do presidencialismo. Acentua-se, contudo o pendor
parlamentar, enquanto, por exemplo, em França se acentua o presidencial.

Há, pois, uma interdependência com autonomia, entre os órgãos de soberania:


a) Entre Presidente da República e Governo, aquele tem um poder inicial de nomeação e
um poder final de demissão, observados os condicionalismos constitucionais, o que
implica uma responsabilidade política do Governo.
b) Entre Presidente da República e Assembleia da República há uma dupla
responsabilidade na necessidade de observância da composição desta para a formação
do Governo e na possibilidade de exercício de veto e poder de dissolução daquele.
c) Entre Assembleia da República e Governo, colaboram na iniciativa legislativa e o
Governo é responsável perante ela.
Programa de governo previsto no art.º 188º

• Função Legislativa
Assembleia da República – Art.º 161º, 164º e 165º
Governo – Art.º 198º
Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas – Art.º 227º e 232º

• Função Administrativa
Governo – Art.º 182º e 199º
Governo regional e Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas – Art.º 232º
Autarquias locais – Art.º 235º

• Função Judicial
Tribunais – Art.º 202º

• Função Politico-governamental
Presidente da República – Art.º 133º a 138º
Assembleia da República – Art.º 161º a 163º
Governo – Art.º 197º
Governo Regional e Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas – Art.º 232º
3/11/22

Ilegalidade/ Inconstitucionalidade indireta – uma lei ordinária viola outra lei ordinária
que lhe é hierarquicamente superior.

Leis ordinárias de valor reforçado


De alcance geral – impõem se aos demais atos legislativos

Orgânicas – matéria que tratam, descritas no art. 166º al 2. Processo legislativo próprio. Tem
de ser aprovada por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções. Se esta lei
for vetada pelo presidente da república, a assembleia da república pode superar este veto se
tiver maioria de 2/3 e supere a maioria dos deputados em funções (art 136 n3). Tem valor
reforçado (art. 112/ 3)

Estatutárias – têm dignidade constitucional, aprova os estatutos político e administrativo das


regiões autónomas art.161º al b. tem processo legislativo próprio, diferente do processo
legislativo de aprovação das leis ordinárias, previsto no artigo 226º. Quem tem a iniciativa das
leis estatutárias são as assembleias legislativas das regiões autónomas. (Art.º 280º/ 2, al.b)
– constituição em sentido material – a matéria tem dignidade constitucional

Leis de base – fixam apenas os princípios gerais do regime jurídico de determinada matéria
(art.º 112º/ 2) (art.º 227º/ 1, al. c) compete à Assembleia da República fazer os princípios
gerais de determinado processo jurídico. (art.º 165º al. f, g, n, t, u, z). São desenvolvidas pelo
governo, através de decretos-lei de desenvolvimento, uma vez que desenvolve as bases -
previsto no art.º 198º/ 1, al. c + 198º/ 3. Se for contrário, é uma ilegalidade – vai contra a lei
ordinária que lhe é hierarquicamente superior (inconstitucionalidade indireta).

Leis de autorização legislativa – as matérias sobre as quais o governo pode legislar com a
autorização da assembleia da república são as do art.º 165º e 161º, al. d).

Norma ordinária – qualquer que não seja constitucional


Art 164 – reserva absoluta – só a assembleia da república pode legislar
Art 165 – reserva relativa – a lei permite que o governo legisle, com autorização da assembleia
da república, através de lei de autorização legislativa
Casos práticos sobre função legislativa
Caso II
a) lei de autorização legislativa
b) iniciativa legislativa pertence à assembleia da república (art 161 al d)
c) as leis de autorização legislativa servem para permitir a um órgão que normalmente
não tem competência legislativa a mesma. Estão previstas as matérias sobre as quais
o governo pode legislar, salvo autorização prévia da assembleia da república, no
artigo 161 al d e 165. O decreto lei elaborado pelo governo não estava preenchido
pois não cumpre com as matérias previstas no artigo 165. A alteração das bases do
sistema de ensino é de competência exclusiva da assembleia da república, assim
previsto no artigo 164 da crp.
d)
e) Não é possível que o governo legisle sobre a matéria apresentada no caso prático
pois está não está prevista no artigo 165 da crp. A alteração das bases do sistema de
ensino está prevista no artigo 164, que é de competência legislativa exclusiva da
assembleia da república, portanto, o governo não poderá legislar sobre esta matéria,
dispondo apenas das matérias previstas no artigo 165.
Processo legislativo – como se faz as leis
Iniciativa legislativa – artigo 167º/ 1
Deputados (156º b) e Grupos parlamentares (180º g) – interna – projeto
Governo (197º/ 1 d), cidadãos e Assembleia Legislativa das Regiões Autónomas – externa –
proposta

Discussão – 168º/ 1 e 2
Discussão na generalidade → Votação na generalidade (Plenário)
Discussão em especialidade → Votação na especialidade (Comissão especializada na
razão da matéria)
As leis de revisão são sempre analisadas pela comissão especializada
As leis orgânicas são votadas no plenário art 68 4 e 5
Decreto lei - vai para o concelho de ministros art 200 al d

Aprovação
Maioria necessária para aprovar maior parte das leis – maioria simples – artº 116º/ 3
Exceções por exemplo leis de revisão, têm de ter maioria de 2/3 de deputados em
efetividade de funções – art 286º
Decreto-lei – vai para um órgão com competência legislativa específico

Assinatura – presidente da assembleia da república – art.º 13º al. e) do regimento interno


da assembleia da república

Promulgação – art.º 134º/ 5

Referenda ministerial – art.º 140º – falta de referenda ministerial implica inexistência do


ato jurídico

Publicação – diário da república


Lei ordinária – artº 119/ 1, c)
Art.º 119º/ 2 – falta de publicidade implica inexistência jurídica
Lei 74/98 de 11 de novembro – importante para a publicação das leis

Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro


Publicação, identificação e formulário dos diplomas
A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, para valer como lei geral da República, o seguinte:
Artigo 1.º
Publicação e registo da distribuição

1 - A eficácia jurídica dos atos a que se refere a presente lei depende da sua publicação no Diário da República.
2 - A data do diploma é a da sua publicação, entendendo-se como tal a data do dia em que o Diário da República se torna disponível no sítio da Internet
gerido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A.
3 - Com respeito pelo disposto no número anterior, a edição eletrónica do Diário da República inclui um registo das datas da sua efetiva disponibilização no
sítio da Internet referido no mesmo número.
4 - O registo faz prova para todos os efeitos legais e abrange as edições do Diário da República desde 25 de abril de 1974.
5 - A edição eletrónica do Diário da República faz fé plena e a publicação dos atos através dela realizada vale para todos os efeitos legais, devendo ser
utilizado mecanismo que assinale, quando apropriado, a respetiva data e hora de colocação em leitura pública.
6 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, os exemplares impressos do Diário da República podem ser objeto de autenticação da sua conformidade
com a edição oficial eletrónica, nos termos legais aplicáveis.

Competência legislativa
Governo produz decretos-lei de:
Competência própria
Exclusiva (art.º 198º/ 2)
Concorrencial (art.º 198º/ 1, al. a)
Competência relativa
Autorizada (art.º 198º/ 1, al. b) no uso de autorização legislativa - DL autorizado
Decreto lei de desenvolvimento – relação direta com leis de base

Processo de elaboração de um decreto-lei é similar ao de elaboração de leis, mas tem


especialidades ao órgão do governo
Iniciativa – governo art.º 197º
Discussão – concelho de ministros art.º 200º, d)
Aprovação – órgão de competência legislativa própria, no concelho de ministros
Caso prático – função legislativa
Caso prático IV
Segundo o art.º 198º/ 2 da CRP, o governo pode legislar exclusivamente sobre a sua
organização e funcionamento. Visto que cria um ministério, ramo do poder executivo, está a
legislar sobre a sua própria organização. Assim, o governo exerce a competência legislativa
própria exclusiva, criando um ministério da reorganização das forças armadas.
O processo legislativo de um decreto-lei é de semelhança ao processo legislativo de uma lei
ordinária. No entanto, a sua iniciativa compete ao governo, segundo o artigo 197º da CRP.
No processo de discussão, o decreto-lei passa para o concelho de ministros, cuja
competência estabelecida no artigo 200º al. d) dita que o concelho de ministros pode aprovar
os decretos-lei. A aprovação de um decreto-lei passa para um órgão com competência
legislativa específico. O restante processo legislativo é igual ao processo ordinário
(apontamentos acima)
O governo tem possibilidade de exercer iniciativa legislativa, no âmbito do processo da
criação das leis – art.º 167º/ 1 e 197º/ 1 – externa e assume o nome de proposta. Não é viável
porque, por mais que ele possa exercer esta iniciativa, a assembleia não pode aprovar porque
esta matéria é de exclusiva competência do governo.
A assembleia não atuou o âmbito da sua competência pois legislou sobre algo que é de
competência exclusiva do governo. No art.º161º não consta a matéria legislativa apresentada.
No art.º 198º/ 2 consta que a organização do governo é da sua própria competência.
A maioria utilizada deveria ter sido maioria simples – artigo 116º/ 3

Primeiras constituições surgem no estado de direito liberal


Primeiras constituições - utilitárias – estado de direito liberal
Ideológico-programáticas – estado social de direito democrático

Justiça administrativa – possibilidade que os particulares tinham de ir aos tribunais reclamar


sobre os atos de administração pública

Abstratamente – a norma pode nem estar em vigor, os casos são fiscalizados sem nenhum
exemplo
Concretamente – a norma é analisada em relação a um caso concreto, se é ou não
constitucional

Fiscalização preventiva – antes da norma ser publicada


Fiscalização sucessiva – depois da norma ser publicada

Caso seja verificado que uma norma seja inconstitucional, os efeitos podem ser:
Gerais – aplicado a todos os casos
Particulares – aplicado apenas naquele caso em concreto

Retroativos – depois de declarada a inconstitucionalidade da norma, a retroatividade implica


os efeitos desde a publicação da norma – nega todos os efeitos da norma antes da declaração
de inconstitucionalidade
Prospetivos – após a declaração de inconstitucionalidade, a lei deixa de ser aplicada no futuro
História do tribunal constitucional

Comissão Génese da lei nº


Antecedentes Estado Novo constitucional 28/82

Regime Período pós- Debate


republicano revolucionário constitucional
de 1982

Período monárquico – não há fiscalização constitucional, apenas começou a surgir nas


constituições republicanas.

Caracterização Global do sistema português vigente


• Difuso ao nível da fiscalização concreta (=vários órgãos analisam a constitucionalidade)
• Concentrado ao nível da fiscalização abstrata, quer preventiva, quer sucessiva
• Por órgãos judiciais – tribunais em geral e o Tribunal Constitucional
Fiscalização preventiva – por via principal (Quem desencadeia fiscalização preventiva é o
presidente da república, nos atos do veto)
• Fiscalização sucessiva
-Sucessiva – por via principal
-Em concreto – por via incidental
• Fiscalização por omissão – normas exequíveis

Formal – a forma do ato normativo é diferente do que está constitucionalmente previsto – falta
de forma, ou formalidade, ou a prática desta
Orgânica – ato é feito por um ato que não tem competência para tal
Total – aplicada a todo o diploma
Parcial – aplicada apenas a uma parte do diploma
Originária – a norma já nasce inconstitucional
Superveniente – a norma era constitucional, passa a ser inconstitucional por entrar em vigor
uma revisão constitucional

Fase da promulgação – realizado antes da norma ser promulgada

O veto – Presidente da República

Veta politicamente – 136º e 223º pr considera momento inoportuno para aquele diploma
– veto suspensivo – desistência, alteração ou reaprovação do diploma (AR) / governo só pode
desistir ou alterar o diploma
Veta juridicamente – envia para o tribunal constitucional
Caso prático 4 – sistema de governo
Em primeiro lugar, definição de presidente da república, governo e assembleia da república.
Presidente da república, segundo o artigo 120º da crp, define-se como o representante
máximo da república portuguesa, que garante a independência nacional, a unidade do estado
e regula o funcionamento das instituições democráticas, fazendo dele comandante supremo
das forças armadas. Nas suas competências, estabelecidas do artigo 133 ao 135 da crp,
salienta-se o poder de promulgação e veto (artigo 136º), ao qual compete ao presidente da
república promulgar as leis que a ele chegam através da Assembleia da República. Assim
ditado no artigo 136º/ 5, o presidente assume o poder de veto segundo os artigos 278º e 279º,
assegurando a fiscalização da constitucionalidade.
Assembleia da República, segundo o artigo 147º da crp, entende-se como a assembleia
representativa de todos os cidadãos portugueses, visto que é composta por um mínimo de
180 deputados e um máximo de 230, eleitos por estes cidadãos (art 148º). No artigo 161º e
163º estão estabelecidas as competências da assembleia da república, no entanto, a par do
presidente da república, a assembleia tem também competência de fiscalização de
inconstitucionalidade, segundo o artigo 162º. À Assembleia da república estão reservadas
competências legislativas, as quais podem passar para o Governo caso esta autorize,
estando estabelecidas no artigo 165º. É a este órgão que compete a iniciativa de lei, segundo
o artigo 167º.
Governo, decretado no artigo 185º, é o órgão de condução política geral do país e o órgão
superior de administração pública. Dentro das suas competências, estabelecidas nos artigos
197º a 199º, salienta-se a sua competência legislativa, visto que, para além das competências
autorizadas pela assembleia da república já referidas anteriormente, a este está reservada
competência sobre a elaboração de decretos-lei sobre matérias não reservadas à
assembleia, e sobre leis de bases e regimes jurídicos; sobre a sua própria organização,
apenas ele pode legislar.
Segundo as definições já apresentadas, o presidente da república pode, segundo o artigo
133º, al. g), demitir o governo. No entanto, no caso prático apresentado, indo contra o
estabelecido na remissão ao artigo 195º/ 2, o governo apenas pode ser demitido, ouvindo-se
o conselho de estado e assegurando o bom funcionamento das instituições políticas. Como
no enunciado não há nenhuma menção ao conselho de estado, deverá se considerar que
este não foi ouvido, declarando-se incorreto no ponto de vista jurídico-constitucional.
Previsto no artigo 133º, al. f), o presidente da república pode convidar o líder do partido
vencedor para a elaboração do governo, remetendo-se para o artigo 187º, que estabelece
que a formação de governo é feita através da nomeação pelo presidente da república, e os
restantes membros são eleitos através de nomeação pelo presidente, sob proposta do
primeiro-ministro. Por isso, o convite feito no enunciado é válido no contexto jurídico-
constitucional.

Caso prático v – revisão constitucional


1. Iniciativa – deputados – artigo 285º
Discussão e votação – 168º - feito em especialidade, no plenário
Aprovação – maioria de 2/3 de deputados em efetividade de funções – art.º 161º al. a)
Assinatura – presidente da assembleia da república
Promulgação – presidente da república – competências (134º al. b); 286º/ 3
Referenda ministerial – art.º 140º
Publicação – art.º 119º/ 1, al. a), art.º 287º
2. Visto que a constituição portuguesa é uma constituição rígida, apenas pode ser alterada
através de um processo específico, estabelecido nos artigos 284º a 289º.
Lei de revisão > lei constitucional > 166º/ 1 > 169º, a) > 284º-289º
LIMITES TEMPORAIS – 30 de novembro de 2019 – manifestação do poder constituinte –
revisão ordinária, passaram mais de 5 anos depois da antiga revisão, 2004
LIMITES CIRCUSTANCIAIS – à data apresentada, ainda não estava imposto o estado de
sítio, artigo 289º
LIMITES MATERIAIS – expressos e superiores, artigo 288º al. d); vai contra os direitos e
garantias fundamentais. Três teses sobre os limites materiais1 – tese da relevância jurídica
absoluta // tese da relevância jurídica relativa (os limites materiais podem ser ultrapassados)
// tese da irrelevância jurídica (o poder constituinte originário não deve estar preso no
tempo/congelado)
LIMITES FORMAIS – apenas compete aos deputados da assembleia da república a
iniciativa de revisão constitucional, artigo 197º e 285º
O presidente promulgou a lei pois não era possível veta-la, dado que o presidente da
república e a assembleia da república não têm hierarquia estabelecida entre si, e o veto
político apenas pode ser utilizado afetando todo o diploma, e a revisão constitucional rege-se
por aprovação de artigo em artigo.

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TRÊS TESES SOBRE OS LIMITES MATERIAIS DA REVISÃO CONSTITUCIONAL
Tese da relevância jurídica absoluta
Tese da relevância jurídica relativa (os limites materiais podem ser ultrapassados)
Tese da irrelevância jurídica (o poder constituinte originário não deve estar preso no tempo/congelado)

MOÇÃO ↓ Legitimidade para Legitimidade Maioria para Consequência


apresentar para aprovar aprovar
Voto de Governo Assembleia da Maioria simples
confiança Art.º 193º República Art.º116º/ 3 Art.º195º/ 1, e)
Art.º 163º, e)
¼ de deputados em
Voto de efetividade de Assembleia da
censura funções; grupos República Maioria absoluta Art.º 195º/ 2, f)
parlamentares Art.º 163º, e) Art.º 195º, f)
Art.º180º, a) i);
194º/ 1
Pode ser Maioria absoluta
apresentada pelos Assembleia da de deputados em
Moção de grupos República efetividade de Art.º 195º/ 1, d)
rejeição parlamentares: Art.º163º, d) e funções
Art.º 192º/ 3 e 192º/ 2 Art.º 194º/ 4
180º/ 2, h)

284º/ 2 – indica a necessidade e uma maioria de 4/5 para a aprovação da realização de uma
lei de revisão extraordinária – resolução de antecipação de revisão constitucional
A maioria necessária para aprovação de uma lei constitucional, sendo ela ordinária ou
extraordinária, é sempre 2/3 de deputados em efetividade de funções (artigo 286º/ 1)

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