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Direitos Fundamentais

Direito Interno – direito que é criado por um único Estado.

Direito Internacional – direito resultante de pelo menos dois Estados. Há menos coercibilidade
(possibilidade de impor sanções).

Tratados:

• Unilaterais
• Multilaterais

Lei são criadas pela Assembleia e decretos-lei são criados pelo governo.

Declarações não são tratados porque não são obrigatórias.

Tratado – envolve mais do que um Estado. É um ato jurídico escrito resultante do acordo de
dois ou mais sujeitos internacionais, regido pelo direito internacional e independentemente da
designação.

Leis ordinárias – todos os atos de natureza legislativa que não são leis constitucionais.

Noção de direito:
O direito apresenta-se como uma ordem que se traduz em unidade, coerência e hierarquia, e
se vocaciona para a permanência, estabilidade e normalidade. É o sistema ou conjunto de
normas jurídicas de um determinado país, imposta coativamente pelo Estado às pessoas,
visando regular a vida em sociedade.

A ordem do direito caracteriza-se pela necessidade, sociabilidade, autoridade, imperabilidade,


validade, legitimidade, justiça, eficácia, efetividade, coercibilidade, racionalidade e
voluntariedade, normalidade e tutela.

Direito Internacional Geral:


A sociedade internacional é essencialmente composta por estados soberanos e semi-
soberanos, nas organizações internacionais e nos sujeitos privados. Reflete-se no conjunto de
comandos – normas e decisão – elaborado nos termos dos procedimentos existentes na
comunidade internacional. Vocaciona-se sobretudo para normação das relações entre Estados.

Direito da União Europeia: no plano regional


A supra-estadualidade tem por paradigma o direito da EU. É um direito criado pelos estados
em que estes podem, a qualquer momento, fazer cessar, no limite extinguido a própria
organização internacional. Beneficia de uma supremacia funcional absoluta e incondicional
sobre a totalidade dos direitos internos desses estados.
Tratado Internacional:
Faz parte do direito internacional. É uma espécie de norma formada pelo reiterado prático dos
sujeitos do direito internacional.

Ius Cogens:
Direito obrigatório para todos os Estados. É um conjunto de comandos jurídicos cogentes,
obrigatórios e ineliminatórios, embora possíveis de modificação.

Regulamento da UE:
Dão execução aos tratados. É um ato legislatório da EU, que se torna imediatamente executivo
à lei em todos os estados. Podem ter diretos fundamentais.

Costume Internacional:
Parte do DI. É uma norma formada pelo reiterado prático do sujeito internacional.

Costume:
Quando não conseguimos impedir as pessoas de violar as normas do direito. O costume nasce
de uma prática geral, espontaneamente, sem leis escritas, e que as pessoas respeitam como
uma regra natural e não prevista em qualquer lei.

Constituição:
Lei fundamental de cada estado que contem as normas básicas e fundamentais que
disciplinam a sociedade. É o conjunto de normas que regem um estado, que pode ser ou não
codificada como um documento escrito, que limita os poderes e função de uma entidade
política.

Ato legislativo ordinário:


Todo aquele que o poder legislativo elabora e o chefe do poder executivo sanciona e
promulga.

Direitos fundamentais (interno) e Direitos humanos (internacional):


São posições jurídicas ativas dos sujeitos singulares face ao poder, mas acessoriamente frete
às outras pessoas individuais para proteção da dignidade da pessoa humana.
Diferenças entre os dois:

O direito fundamental (interno) é mais desenvolvido e contem mais direitos, há apenas um


estado, quando um direito é violado, recorremos à policia/tribunais.

O direito humano (internacional) é menos desenvolvido, contém menos direitos, há mais ou


menos 200 estados, quando um direito é violado é mias complicado porque a tutela é muito
limitada.

Tipos de Direitos Fundamentais:


• Direitos de liberdade – negativos (civis e políticos). Pede-se que os estados não
ponham os direitos em causa (ex: vida, religião, lib de expressão)
• Direitos sociais – positivos (económicos, sociais e culturais). Espera-se que o estado
faça/crie/ajude (ex: saúde, educação, habitação)

Na CRP encontramos estes direitos divididos em 3:

- Direitos de liberdades e garantias

- Direitos económicos, sociais e culturais

- Direitos de natureza análoga

Sanções:
• Subjetivas – são aplicadas ao sujeito (penas, multas)
• Objetivas – são aplicadas aos próprios atos (anulação de um contrato,
inconstitucionalidade de um decreto-lei)
o Atos inválidos – nulidade (+ grave) e anulabilidade (- grave).
o Atos inexistentes – contrariam o direito de tal forma que é impossível ser
considerado lei.
o Atos ineficazes – não foram publicados.

Regime dos direitos, liberdades e garantias:


• Aplicabilidade direta (art 18/1) – ao contrário dos direitos sociais, os dlg estão
delimitados na CRP, têm uma maior aplicabilidade direta, não precisam de nenhuma
legislação ordinária.
• Vinculação (art 18/1) – a natureza dos dlg é ainda mais vinculativa. O Estado português
está submetido ao direito (princípio da legalidade). Ninguém pode contrariar o direito,
leis ou constituição. A esta vinculação estão abrigadas entidades públicas (juiz,
governo, legislador) e privadas (não pertencentes ao estado).
• Restrição (art 18/ 2 e 3) – os direitos, quando exercidos na sua totalidade, tendem a
chocar uns com os outros, então restringem-se para que possam coexistir
simultaneamente. Só podem acontecer segundo o princípio da proporcionalidade, não
pode ter natureza retroativa, tem que ser geral e abstrata, não pode ter natureza
retroativa, apenas pode ser feita através de um ato legislativo autorizado pela AR e
nunca pode ser feita na totalidade, pois tem que respeitar o conteúdo essencial do
direito.
• Suspensão (art 19) – é aplicada se for declarado Estado de sítio ou de emergência. É
justificada pelo facto de a prática do crime ficar mais propensa (ex: direito à
manifestação). Enquanto que a restrição tem natureza continuada, a suspensão tem
duração de 15 dias. É declarada pelo presidente da AR.
• Revisão constitucional (art 288 d) – os limites materiais de revisão terão de respeitar
os dlg dos cidadãos, ou seja, após a revisão da CRP, não podem ser alterados. A CRP
não pode ser alterada na sua totalidade, embora possam ser acrescentados outros
direitos. Há autores que defendem a hipótese de que eliminando o art 288, a CRP
perde os seus limites de revisão, o que permitiria a alteração ou eliminação de
qualquer direito. No entanto, também há quem defenda que, independentemente do
art 288 estar ou não na CRP, como este tem extrema importância, não é permitida a
modificação completa da CRP.

Inconstitucionalidade:
• Orgânica – tem que ser o órgão responsável a legislar sobre as leis (art 165).
• Formal – as leis têm que obedecer a uma forma, logo, os decretos-lei nunca podem ter
poder de revisão sobre uma lei constitucional.
• Material – as leis de revisão constitucional terão que respeitar certas matérias, há
matérias que não podem ser mudadas.

Carta das Nações Unidas:


É o acordo que formou a ONU, logo após a 2ª guerra mundial, em substituição da liga das
nações, como entidade máxima de discussão do DI e fórum de relação e entendimento
supranacionais. Foi assinada em 1945 em São Francisco.

O estatuto do tribunal internacional de justiça é parte integrante da carta.

Como carta, trata-se de um acordo constitutivo e todos os membros estão sujeitos estão
sujeitos aos artigos. Esta carta postula que as obrigações às nações unidas prevalecem sobre
quaisquer outras estabelecidas em contratos diversos.

O principal propósito da carta foi o de transferir o monopólio de força legítima de cada Estado
para um gendarme mundial (força militar mundial).

Segundo a carta, a guerra é um ato legítimo “natural” nas relações entre Estados, uma que
compete ao gendarme mundial, o conselho de segurança das nações unidas, de prevenir ou
fazer cessar.

No entanto, a carta não garante a nenhum Estado que a ONU virá necessariamente a protege-
lo em caso de ataque. O compromisso é que, se um Estado for agredido por outro, o conselho
de segurança irá deliberar sobre o conflito e, se os seus membros chegarem a acordo, alguma
medida poderá ser tomada.

Declaração universal dos direitos do homem:


Tem sentido amplo em relação aos direitos. Marca o aparecimento dos direitos humanos.
Surgiu como resultado dos horrores vividos na 2ª guerra mundial. Embora não seja um
documento com obrigatoriedade legal, surgiu como base para os tratados sobre DH da ONU:
PIDCP e PIDESC.

Não é formulada como tratado, mas a DUDH foi expressamente elaborada para definir as
expressões DF e DH.

Não contem normas, mas sim textos baseados no princípio da universalidade (art 1) e da
igualdade (art 2).

Pacto internacional de direitos económicos, sociais e culturais:


É um tratado multilateral adotado pela Assembleia Geral das nações unidas em 1966. O acordo
diz que os seus membros devem trabalhar para a concessão de direitos económicos, sociais e
culturais, incluindo os direitos à educação, à saúde, ao trabalho e a um padrão de vida
adequado. É parte integrante da carta internacional dos DH, juntamente com a DUDH e PIDCP.
Constitui obrigatoriedade, não tem tutela jurisdicional e é aplicado progressivamente.

Os direitos económicos estão relacionados com a produção, distribuição e consumo da


riqueza. (ex: artigos 6, 7, 9 e 10)

Já os direitos sociais e culturais estão relacionados com o estabelecimento de um padrão de


vida adequado (artigos 11 e 15).

Estes não são baseados nos direitos positivos, mas sim nos direitos naturais como normas
morais.

Pacto internacional dos direitos civis e políticos:


Tem sentido restrito em relação aos direitos. É um dos três instrumentos que constituem a
carta internacional dos DH (DUDH e PIDESC). É um tratado internacional obrigatório. Dispõe de
tutela jurisdicional dos DF. Tem aplicação imediata dos direitos e em matéria predominam
direitos pessoais.

Distinção entre estes pactos:

Modo pelo qual os direitos podem ser exercidos. Se no PIDCP a regra é o seu exercício
imediato, no PIDESC os direitos previstos são aplicados progressivamente a depender do
esforço interno e mesmo da assistência e cooperação internacionais.

Quanto à praticabilidade, agrega-se a crítica de Bidart Campos ao mencionar o que denomina


de direitos impossíveis, visto que em muitos casos, as condições dos regimes políticos
bloqueiam ou dificultam o acesso ao gozo desses direitos, o que conduz a uma confusão entre
a implementação progressiva dos DESC com o eu se convencionou chamar de normas
programáticas.

Consubstanciam programas e diretrizes para atuação futura dos órgãos estatais deverão trilhar
para o atendimento da vontade do legislador constituinte, para complementar a sua obra.

A aplicação destas não consentem que os cidadãos invoquem imediatamente após a entrada
em vigor, pelo que pode haver quem afirme que os direitos que elas constam, máximo os
direitos sociais, tem mais natureza de expectativas que de verdadeiros direitos subjetivos.

Tutela jurisdicional:

Tribunal penal internacional:

- Competências – genocídio, crimes contra a humanidade.

- Limitações – os crimes têm que ser em massa, daí a tutela ser relativamente pequena.

Tutela jurisdicional dos DF:

A efetividade da tutela jurisdicional encontra-se no PIDCP. Ex: de forma de mecanismo


essencial de tutela dos DF por via jurisdicional, temos a possibilidade de um particular exigir
perante aos tribunais que o Estado tome providências para remediar de forma eficaz a
violação ou a ameaça do seu DF.

- Para que um estado possa estabelecer qualquer comunicação contra outro estado, este tem
que estar vinculado aos PIDCP e a declaração de reconhecimento do conselho dos DH. (direito
à tutela jurisdicional)

Para que um sujeito particular possa estabelecer qualquer comunicação contra um estado, o
estado tem que estar vinculado ao PIDCP, à declaração de reconhecimento do conselho dos
DH e vinculado ao protocolo dos direitos civis e políticos.

Exemplo:

O agente A sofre uma rusga e, mesmo não sendo culpado, é detido durante 4 meses. Para que
este agente possa apresentar queixa ao conselho dos DH, o estado em causa tem que estar
vinculado à ratificação, ou seja, abrigado ao tratado. Como A é particular, o estado também
tem que estar vinculado ao protocolo.

Personalidade jurídica – suscetibilidade de ser sujeito de direito e sujeito de deveres.

Capacidade jurídica – quantitativo, uma pessoa com mais propriedades em relação a outra,
tem mais direitos e deveres.
Convenção Europeia dos Direitos do Homem:
Foi adotada pelo conselho da europa em 1950 e tem como objetivo proteger os DH e as
liberdades fundamentais, permitindo um controlo/tutela do tribunal penal internacional do
respeito e esses direitos individuais. Esta convenção permite a derrogação em caso de
emergência (art 15).

O seu texto é muito pouco elaborado/desenvolvido e apenas se refere a direitos civis e


políticos. No entanto, apesar de ser uma convenção europeia, não protege só os europeus mas
sim qualquer pessoa que recorra a tal tribunal, desde que esteja em território português.

Carta dos DF da UE:


Não é um tratado, visto que originalmente era apenas uma declaração. No entanto, por força
do tratado de lisboa, esta passa a ter as mesmas obrigações vinculativas, como se fosse um
tratado. Não apresenta nenhuma garantia de tutela. No entanto, como está vinculada ao
tratado de lisboa e este tratado tem garantia, a carta está ao abrigo da tutela do Tribunal da
Justiça da UE.

Problema:

A CDFUE não é sistemática, a divisão entre os direitos pessoais e os direitos sociais ocorre de
acordo com os valores, visto que no início era um texto declarativo.

Restrição:

Princípio da proporcionalidade art 18 e 19 crp – o direito restringe-se em caso de necessidade


para permitir que outros direitos se sobreponham (art 52/1)

Princípios:
• Universalidade – art 12 CRP. Referencia aos cidadãos portugueses, distinção entre
portugueses de origem e portugueses naturalizados (art 14)
• Equiparação – art 15/1 CRP. Portugueses e estrangeiros não tem os mesmos direitos.
Nenhum estado confere direitos políticos a estrangeiros.
• Proporcionalidade – art 18 e 19 CRP. As restrições devem se limitar ao necessário para
salvaguardar outros direitos. Tem 3 critérios:
Adequação – antes de se recorrer ao direito e à respetiva restrição, tem que haver
uma certificação que essa restrição é adequada para justificar a sua perseverança.
Necessidade – a restrição deve limitar-se ao necessário.
Racionalidade – após a análise da adequação e da necessidade, efetua-se uma
avaliação global dessa restrição.
• Confiança – art 29 crp. Segue a ideia da não retroatividade da lei. Ou seja, o agente
tem confiança no próprio direito sabendo que qualquer ato cometido no presente ou
no passado, não será afetado por uma lei que venha a surgir no futuro.
• Responsabilidade – art 22 crp. Na violação de dlg de alguém, o estado e as demais
entidades públicas são responsáveis por essas ações quando praticadas no seu
exercício de funções. Geralmente recorre-se à indemnização para compensar o lesado.
• Igualdade – art 13. Diz que qualquer norma deve tratar os agentes de igual forma.
Apresenta a vertente positiva (é necessária para evitar desigualdades sociais) e a
negativa (etnia, sexo, religião).
Direito à vida (Art. 24° CRP) O direito à vida é o primeiro dos direitos fundamentais
enunciados. É prioritário porque é condição de todos os outros direitos fundamentais. É o mais
importante do catálogo de direitos fundamentais e da ordem jurídico-constitucional no seu
conjunto. Este direito é inviolável - o próprio direito (N°1) e é uma das garantias do direito
(N°2). O objeto de proteção deste direito é, primeiramente, a proteção da própria vida
humana e só pode, por isso, ser tutelado por pessoas. Num sentido normativo, é a garantia, o
direito de não ser morto (expressões deste direito são, por exemplo, a proibição da pena de
morte, n°2 do mesmo artigo). Sendo o mais importante, este direito impõe-se a todos os
outros, perante o Estado e perante os outros indivíduos. Natureza inviolável para enfatizar
certos direitos (porque o homicídio é a violação do direito à vida); pode ser posto em causa
sem nenhuma consequência penal (suícido ou tentativa de suicídio, legítima defesa). Regime:
não pode ser suspenso (Art. 19°, n°6); é, por aqui, que também sabemos que existem direitos,
dentro fundamentais, mais importantes que outros. O Estado não pode, por isso, dispor da
vida das pessoas; está obrigado a proteger a vida das pessoas contra ataques ou ameaças de
terceiros e abster-se de ações que a ponham possam por em perigo desnecessário. Em caso
nenhum haverá pena de morte. Por norma, em caso de individuos estrangeiros, se o
ordenamento jurídico daquele país tiver a probabilidade de, para o crime cometido, aplicar a
pena de morte, este indivíduo não será extraditado (Art. 33°, n°6: tutela extra- territorial).
Outras garantias do Direito à Vida: encontrámo-las no mecanismo de garantia de grande parte
dos Direitos Fundamentais (que tipo de garantia haveria se Código Penal, que é o crime não
fosse tipificado? A identificação de crimes e suas consequências, como a privação da liberdade,
são garantias dos direitos -- em grande parte, garantias do Direito à Vida). Se não existisse
criminalização, não existiam Direitos Fundamentais. Este direito está ligado a outros como
desenvolvimento da personalidade, a integridade fisica e psíquica e, ainda, a igualdade (igual
dignidade para todas as vidas). dignidade da pessoa humana, o a A Constituição da República
Portugues a não garante apenas o Direito à Vida enquando Direito Fundamental das pessoas.
Protege igualmente a própria vida humana como valor ou bem objetivo (redação do N°1),
abrangendo tambéma vida intra-uterina. A proteção da vida humana, enquanto valor em si,
levanta ainda o problema de saber se o dever de a proteger se impõe ao próprio indivíduo,
negando assim o direito ao suicídio (o Código Penal apenas pune o auxílio ao suicídio); surge
ainda o problema da licitude, da alimentação forçada (essencialmente, greves de fome por
parte de reclusos), Em relação ao suicídio, coloca-se também o problema de saber direito de
organização da própria morte (suscitando ainda questões relativas à eutanásia à ortotanásia,
sabendo que estas práticas são proibidas); quanto à alimentação forçada, em caso de greve de
fome, a situação è controversa, porque, se por um lado, o Estado tem o direito de evitar a
morte dos seus cidadãos, por outro, quando um recluso, em condicões de formular um juízo
consciente e racional, se recusa a então este não deve ser alimentado artificialmente. e o
Direito à Vida inclui o qualquer alimento, O Direito à Vida significa também direito à
sobrevivência. Isto é, direito a viver com dignidade. Neste sentido, o Direito à Vida relaciona-se
com o princípio da dignidade da pessoa humana e traduz-se no direito a dispor das condições
necessárias de subsistência (direito ao trabalho, saúde, educação e habitação). Implica o dever
da defesa da vida por parte dos poderes públicos, em particulares situações de risco subjetivo
(reféns) ou objetivo (catástrofes naturais). O N°2 do mesmo artigo deve ler-se como é óbvio a
proibição absoluta da pena de morte (imposta pelo ato adicional 1852 à carta constitucional
que aboliu a pena de morte). No âmbito da proteção subjetiva do direito à vida, trata-se,
obviamente, de um direito universal, visto que é um direito de natureza pessoal do regime dos
direitos, liberdades e garantias, pelo que não há lugar para o excluir a estrangeiros (Art. 15°,
n°1), considerando que todas as pessoas, pelo facto de mesma razão de ser um direito de
natureza pessoal, este não se estende às pessoas coletivas (Art. 12°, n°2), porque não existe
dignidade de pessoa humana que possa ser serem, gozam do direito à vida. Pela violada.

Direito à Integridade Pessoal (Art. 25° CRP) O direito à integridade pessoal abrande duas
componentes: integridade fisica e moral de cada pessoa (N°1). Consiste, primeiramente, no
direito a não ser agredido ou ofendido, no corpo ou no espírito, por meios físicos ou morais. As
penas podem consistir em ofensas à integridade fisica (agressões) pessoas ou, ainda, ofensas
mistas (violações). tratamentos degradantes/desumanos ou moral (enxovalho) das Por ser um
direito organicamente ligado à pessoa, compreende também a sua relação absoluta (no
Código Penal, Art. 143°) não podendo, por isso, ser afetado nem em caso de suspensão de
Direito Fundamental (Art. 19°, n°6). É um direito pessoal irrenunciável, a não ser em casos em
que o consentimento seja aceitável (ex: piercings e tatuagens) ou haja necessidade de
intervenções e de tratamentos médico-cirurgicos. Este direito vale, não só contra o Estado,
como contra qualquer outra pessoa. Em relação ao Estado, no plano da legislação, a lei penal
não pode determinar qualquer pena cruel, degradante ou desumana; no plano da investigação
criminal é proibida todas as práticas que possam por em causa a integridade fisica e moral do
indivíduo, a tortura e todas as práticas que possam pôr em causa a integridade física e moral
do indivíduo, a nulidade de provas obtidas por esses meios, no plano das tendo como
consequência instituições prisionais, hospitalares e equiparadas, são vedados todos os
tratamentos degradantes riscos desnecessários ou desproporcionados. ou desumanos; por
fim, no plano das medidas de polícia, estas devem evitar A tortura constitui a forma mais
agravada de tratamento cruel e desumano, pelo que a CRP autonomiza-a (N°2) para a salientar
a proibição específica de qualquer ato originador de dor ou sofrimento intencionalmente
infligidos a uma pessoa para dela obter informações, intimidar ou punir. O único caso em que
a ordem jurídica nos permite violar este direito é, por exemplo, em legítima defesa. Este
direito assume, ainda, particular relevância no âmbito de relações especiais de guarda,
direção, educação, família ou trabalho relativamente a pessoas menores ou particularmente
indefesas em virtude de idade, doença, deficiência ou gravidez. Nestes casos, o direito de
proteção do Estado poderá justificar a adoção de medi das severas (penas) quando haja maus
tratos fisicos ou psíquicos conforme o Código Penal.

Direito à liberdade e à segurança (Art.27" CRP) Embora distintos, estes direitos estão
intimamente ligados. O direito à liberdade significa o direito à liberdade fisica, à liberdade de
movimento, ou seja, o direito de não ser detido arbitrariamente, aprisionado ou de qualquer
modo impedido de se movimentar. Meios especificos de garantia do direito à liberdade face às
autoridades públicas são o habeas corpus (art. 31.) e o direito à indemnização por prisão ou
detenção inconstitucional ou ilegal (n.° 5 do presente artigo). Além do direito à liberdade,, o
n.° 1 garante o direito à segurança, o qual significa essencialmente garantia de exercício seguro
e tranquilo dos direitos, liberto de ameaças ou agressões. As restrições ao direito privação
total ou parcial dela, só podem ser as previstas nos n.° 2 e 3, não podendo a lei criar outras.
Um dos casos de privação da liberdade sem ser através de sanção penal ou de medida de
segurança é a prisão preventiva (n.° 3/a), isto é, como o nome diz, a prisão efectuada para
prevenir que o presumível autor de um crime se furte à justiça ou a dificulte (fugindo,
destruindo provas, etc.). A prisão preventiva só é admitida em dois casos: (a) em flagrante
delito; (b) quando haja provas sérias de prática dolosa de crime liberdade, que se traduzem em
medidas de grave. Excepcional mente, a Constituição admite que a prisão possa ser não uma
sanção penal mas sim uma sanção disciplinar (n.°3/c), desde que se trate de sanções impostas
a militares, e naturalmente em virtude de infracções disciplinares militares. O dever de
informação imediata e de forma compreensível das razões da privação da liberdade (n. 4)
funciona como garantia, simultaneamente, da proibição de prisões ou detenções arbitrárias
(n.°2 e 3) e dos direitos de defesa resistência (cfr. art. 21.) - das pessoas perante medidas
públicas ofensivas do direito à liberdade - e, se for caso disso, de resistência - das pessoas
perante medidas públicas ofensivas do direito à liberdade.

O n°5 consagra expressamente o princípio da indemnização de danos nos casos de privação


inconstitucional ou ilegal da liberdade, o que representa o alargamento da responsabilidade
civil do estado a factos ligados ao exercício da função jurisdicional.

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