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1.

ORDEM DO DIREITO

1.1.1 NECESSIDADE
O direito é uma ordem necessária na medida em que surge como meio de garantir a
convivência pacífica entre os sujeitos jurídicos.
À medida que a sociedade evolui o direito igualmente se altera sendo uma mudança
inevitável.

1.1.2 SOCIABILIDADE
Para existir direito é necessário existir conexão entre pelo menos dois sujeitos jurídicos.
Existem dois tipos de pessoas jurídicas: As pessoas singulares, que representam a
maior parte das pessoas, e as pessoas coletivas que podem representar organizações,
empresas…etc. Ambos têm personalidade jurídica, isto é, ambos têm direitos e deveres
desde o nascimento/criação.
Nas pessoas coletivas o que mais se destaca é o estado, que tem soberania.O povo, o
território e o poder político são as componentes que caracterizam a essência do estado.
É importante destacar que apesar de ser um estado soberano, tem sempre uma certa
dependência de organizações internacionais, ou seja ao direito internacional (IUS
COGENS). Neste caso, o povo é o verdadeiro soberano (democracia) que elege os
órgãos administrativos através de sufrágio.
Historicamente pela natureza das coisas, a família é o primeiro grupo social que foi
evoluindo até chegar ao estado, recorrente dos dias de hoje.

1.1.3 NORMATIVIDADE E DECISIONALIDADE


O direito é uma ordem normativa e decisória.
É normativo no sentido que é um conjunto de normas jurídicas. Um ato é normativo
quando é geral e abstrato. Geral porque é aplicável a qualquer sujeito pelo princípio da
indeterminação. Abstrato porque tem em conta um conjunto indeterminado de
situações. É raro quando acontece casos sem um destes conceitos porém pode
acontecer. No direito Interno os atos normativos são aqueles redigidos na Constituição,
nas leis, decretos-lei… No direito internacional os atos normativos estão redigidos nos
tratados internacionais (IUS COGENS) assim como em tratados da união europeia.

O direito leva em conta o princípio da decisionalidade, isto é, existem casos que não
são abstratos, não estão redigidos objetivamente, e por isso quando isso acontece
recorre-se aos atos decisórios. Os atos decisórios são atos concretos e individuais onde
existe um carácter jurídico mas não normativo, pois não tem um conjunto de normas
que conduzem à solução desse problema. Um exemplo claro disso é nos tribunais que
os juízes recorrem aos atos decisórios muitas das vezes para julgar casos concretos.
Estes dois conceitos podem ser facilmente confundidos com o Direito objetivo e o
direito subjetivo. O primeiro trata das normas jurídicas. O segundo recorre a uma
vertente mais protestante de natureza efetiva e real.

1.1.4 AUTORIDADE
O Direito é uma ordem autoritária. Tem de existir alguém que crie as leis, esse alguém é
a autoridade interna que representa a Assembleia da República, governo, órgãos
internos…
A autoridade pode subdividir-se em 3:
- Autoridade unilateral: consiste na concentração da mesma num só órgão, que
no caso é o estado portugues
- Autoridade Bilateral: quando dois países realizam um tratado, ou um acordo a
autoridade são os dois estados
- Autoridade plurilateral: quando mais de dois países realizam um tratado ou
acordo

Também existe uma autoridade comunitária, que não distingue governantes e


governados, onde todos representam a autoridade como é o caso do costume. Em
Portugal o direito é maioritariamente escrito, tendo pequenas exceções costumeiras.
Já na Inglaterra a situação é diferente, a constituição é costumeira, não existindo leis
escritas, sendo elas passadas de geração em geração.

1.1.5 IMPERATIVIDADE
O direito é uma ordem imperativa no sentido que recorre à obrigatoriedade
( inquestionabilidade dessa exigência). Porém é uma ordem também mutável, mutável
porque depende de vontade humana e aceitação do mesmo. Sendo mutável temos
noção que esta imperatividade não representa o direito natural, pois este se considera
imutável e inviolável. Simplificando quando uma norma é efetiva, tem de se realizar
obrigatoriamente, porém caso haja claras manifestações humanas de desagrado, a
norma eticamente tem de ser revista pelos órgãos competentes.
Podemos afirmar que a imperatividade define liberdade-responsabilidade. Pois
devemos conceitualizar a liberdade nunca nos esquecendo das responsabilidades
dessa mesma liberdade.
1.1.6 JUSTIÇA
O Direito é uma ordem justa.
Sendo esta uma das características principais do Direito. Sem justiça não existe direito.
Sendo assim os juristas adotam dois tipos de posição em relação à justiça:
- Direito positivo / voluntário: Este direito remete ao importante papel que os
orgãos internos têm. Pois eles criam leis consoante a realidade interna do Estado e
essa lei se foi criada pelos órgãos competentes sendo justa ou não, é para ser
cumprida
- Direito natural / Racional: Este direito remete-nos ao que é imutável, que nasceu
assim e é inerente ao ser humano. O direito natural é um conjunto de leis fundamentais
redigidas em algumas organizações internacionais. Existem casos em que o direito
positivo vai contra as leis naturais ( ex: Arábia Saudita em relação às mulheres). Porém
o suposto e aceito moralmente é o direito positivo de cada estado conforme o direito
natural.

A justiça tem uma base tridimensional, isto é, é constituída por 3 conceitos importantes:
- Facto: O que é visível e que pode ser provado no direito;
- Comando: são as normas jurídicas a serem cumpridas;
- Valor: Corresponde a uma leitura correta, justa e legal da situação.

Sendo assim a justiça é um valor imutável no direito sendo essencial, sendo neutra,
segura e eficaz.

1.1.7 COERCIBILDADE
O direito é uma ordem coerciva.
Sendo o direito uma autoridade, e uma ordem jurídica e punitiva, para quem recorre ao
não cumprimento dessas normas, vai se ver obrigado a cumprir algum tipo de sanção
Existem dois tipos de Sanções: as objetivas, que recorrem à punição do ato jurídico; e
as sanções subjetivas, as mais comuns que recorrem à punição do sujeito jurídico.

As sanções objetivas dividem-se em 3:


- Sanções inexistentes: Sendo esta a mais grave, a sanção objetiva inexistente
é referente às situações com falta de nexo e lógica, não existindo no sistema
jurídico e sendo assim impossíveis de serem realizadas. (ex: pena de morte por
imcomprimento ao codigo da estrada) .
- Sanções inválidas: esta pode significar a elaboração de uma lei que vai contra
a constituição, ou seja ela existe porém é inválida devido à hierarquia jurídica.
Dentro desta existe a nulidade, ao que é insanável ( que sempre foi e será nulo)
como o caso das leis contra a constituição; e a anulabilidade que se referem a
leis que podem ser válidas caso não for requerido a anulação da mesma dentro
de um prazo.
- Sanções Ineficazes: É uma sanção válida, porém a inexistência de um
pequeno detalhe pode não viabilizar a eficácia da mesma. O caso mais comum
é a carência de publicação, pois caso a população não tenha conhecimento da
lei, ela torna-se ineficaz.
Já nas sanções subjetivas existe várias divisões:
- Sanções compulsórias: Este é o tipo de sanção mais leve dentro das
subjetivas. Ela surge como uma espécie de aviso ou “ ameaça” ao caso de não
cumprimento, normalmente são usadas pelos órgãos do estado, por exemplo o
pagamento de impostos, caso não seja cumprido, mais tarde pode levar à privação de
alguns bens jurídicos como o pagamento de uma coima ou ações no tribunal.
- Sanções reconstitutivas: Estas surgem com o objetivo de repor algo que foi
feito através de meios monetários, por exemplo se eu bater com o carro noutro e
comprovar-se que a culpa é minha, vou ser induzido ao pagamento da reparação do
outro carro. Também pode ser através de meios comunitários, a autarquia local, caso
eu vandalize pode induzir à reparação da mesma usando como mão de obra.
- Sanções Compensatórias: Caso o dano causado pelo sujeito não consiga ser
reposto, a sanção pode ser compensar o lesado pelo dano causado através de
indemnizações
- Sanções punitivas: Estas sanções são as mais relevantes para o direito,
constituem os crimes mais graves. Dentro das sanções punitivas existem 3 tipos de
sanções: As sanções penais/criminais, as mais graves referentes à privação da
liberdade (prisão), da vida ( em alguns países) e da integridade ( também apenas em
alguns estados positivistas); As sanções administrativas que visam a privação
económica, retirada de bens ou obrigação de coimas; por fim temos as sanções civis
que permite ao caso de incumprimento e em alguns casos apenas a estipulação de
acordo entre dois entes privados, porém não pode ir contra o sistema jurídico do
Estado.
- Sanções preventivas: Estas são menos comuns no direito mas tem o objetivo
de antecipar acontecimentos que já ocorreram antes. Por exemplo, um homem que
maltrata uma mulher pode ser proibido de se aproximar dela.
1.1.8 TUTELA
O direito é uma ordem tutelada
O que significa tutela? A tutela é o meio que é usado para fiscalizar o cumprimento do
Direito. E que em caso de desaplicação, as sanções previstas são juridicamente
efetivadas. A Tutela é um direito comum a todos os seres humanos de acordo com as
leis fundamentais, não podendo ser negado por meios económicos. ( ART 20º,
202º,268º da CR)
A Tutela é subdividida em 3:
- Heterotutela: Este domínio é o mais comum na tutela, sendo o meio mais usual
para se fazer cumprir ou aplicar a punição no direito. Consiste na fiscalização das
normas feitas por um terceiro, que em nada tem ligação com o lesado. O mais usual
são sujeitos públicos como os tribunais, a polícia…etc. Porém pode acontecer casos
entre entes privados, um exemplo é quando uma pessoa idosa já incapacitada
mentalmente contrata alguém para cuidar dos negócios jurídicos. Voltando à
heterotutela pública, mesmo quando o ente é público, como por exemplo um hospital,
tem sempre a heterotutela garantida, assim definindo bem a separação dos poderes no
estado. Em termos administrativos, as autarquias contém o poder heterotutelar sobre as
pessoas igualmente, sempre conforme a lei, assim representando o estado ( ART. 242º
CR). Em relação à hetero-tutela internacional, a situação torna-se mais complicada pois
o litígio (disputa legal entre dois entes) implica a aceitação das próprias partes. A
inexistência de uma verdadeira polícia internacional, que se necessário recorra à força
física (o que vai contra os direitos fundamentais) condiciona a posição da tutela
internacional. Assim, apesar de não ser um sistema totalmente tutelar, as organizações
unidas tem a função de resolver conflitos internacionais.
- Autotutela: Entrando num assunto mais delicado, temos a autotutela. Isto é, o
próprio lesado garante o direito. Deve apenas servir para casos muito restritos e apenas
é permitido em caso de incapacidade de recorrer à heterotutela. Antigamente antes de
existir civilizações e grandes sociedades o direito era maioritariamente autotutelado.
Atualmente no direito interno a autotutela é essencialmente de cariz privado. O caso
mais comum de autotutela é a legítima defesa (ART 337º CC). A legítima defesa para
ser totalmente dentro das normas tem de ter os seguintes parâmetros: Existência de
uma clara agressão ou ameaça de agressão sendo atual; só é legítimo caso a
incapacidade de recorrer à heterotutela; tem de ser proporcional, isto é, o ato de defesa
não pode ser manifestamente superior à ameaça ou agressão inicial. Caso este último
parâmetro não for totalmente cumprido, existe o excesso de legítima defesa, mas não
ilegitima defesa ( ART. 337º CC). É importante ressaltar que apenas é legítima
defesa, caso não haja uma provocação para a agressão acontecer. Outro caso comum
é o estado de necessidade( ART. 339º CC). Reflete uma reação negativa sobre a esfera
jurídica de outra pessoa, porém com o objetivo de a ajudar, ou afastar um perigo. Um
exemplo, é se por exemplo um carro estiver a arder com uma pessoa lá dentro, nós
enquanto cidadãos dotados de ética e moralidade o vamos ajudar, partindo um vidro.
Apesar de estarmos a vandalizar um bem de outrem é com uma justificação plausível,
visto que em caso de não ajuda existiria um crime de omissão. A ação direta, (
ART.336º CC) refere-se à deterioração de bens de uma resistência jurídica indevida,
afasta- se da legítima defesa na medida em que não tem propriamente de ser atual.
Assim sendo, quando não seja possível recorrer à autoridade pública, todos têm o
direito de desobedecer a qualquer ordem que ofenda os seus direitos (ART. 17º CR).
Em termos internacionais , entre países também existe autotutela e legítima defesa,
mas apenas se torna legítima quando é em caso de guerra, onde cabe ao tribunal
internacional de justiça julgar.

Em relação aos cidadãos europeus, a convenção europeia dos direitos humanos


apresenta-se como suprema, acima das constituições nacionais e quem pode recorrer a
isso é quem foi lesado na europa e não apenas aos cidadãos Europeus

- Tutela mista: Esta apresenta-se como a mais simples, quando dois entes
privados não chegam a um acordo, ambos podem aceder a uma heterotutela
para avaliar se tudo for conforme o sistema jurídico.

1.2 CARACTERÍSTICAS ACESSÓRIAS

1.2.1 VALIDADE
O direito é uma ordem válida.
Tudo o que encontramos no direito encontra-se expressamente previsto em termos
legais como a constituição, código civil, código penal, e é isso que torna o direito válido
e seguro. No Direito público a exigência desta característica é superior. Já no direito
privado, só não é legítimo que está expressamente proibido nesses mesmos termos

1.2.2 LEGITIMIDADE
O direito é uma ordem legítima.
O que significa que os órgãos a regular a sociedade têm de ser eleitos e competentes
de fazer o trabalho proposto. Isto não acontece nos estados despóticos, onde os órgãos
não são legítimos, um exemplo disso é a constituição de 1933. Para se tornar legítimo
tem de vir da vontade popular, do povo. O poder político conquistado democraticamente
para continuar legítimo tem também de ser exercido democraticamente, ou seja, o
exercício do poder tem de continuar justo.

1.2.3 EFICÁCIA
O direito é uma ordem eficaz.
Existem alguns fatores que tornam o direito ineficaz como por exemplo a carência de
publicação. Isto é, apesar da lei ser totalmente válida e legítima é ineficaz, porque os
destinatários não têm conhecimento da mesma. Para ser eficaz tem de se dar a
conhecer a todos. Em caso de descumprimento da lei por falta de conhecimento existe
uma pequena atenuação normalmente na sanção.

1.2.4 EFETIVIDADE
O direito é uma ordem efetiva.
Após o direito se tornar eficaz, pode haver o fenômeno de desobediência em massa da
lei.
Ou seja, os destinatários mesmo sabendo da lei continuam a desobedecê-la. Isto
acontece porque normalmente vai contra um costume que muitas das vezes já está
incorporado na sociedade, quer seja local, regional ou nacional. Costume esse
contraditório à lei imposta. Assim podemos dizer que essa lei entrará no “direito morto”
não sendo efetivo. Mais tarde caso os órgãos sejam legítimos revogam a lei tacitamente
(Revogação que decorre da incompatibilidade entre norma jurídica ou dispositivo
anterior e uma nova norma jurídica ou dispositivo)

1.2.5 RACIONALIDADE E VOLUNTARIEDADE


O direito é uma ordem racional e voluntária.
No Direito existe uma grande discussão, uma discussão que divide o direito em dois: O
direito natural/ racional e o Direito positivo/ voluntário.
No direito positivo, o que está escrito nos termos e documentos legais é considerado
“sagrado” por mais desumano que fosse. O que pode não ser o caso de todas as
constituições e códigos, porém um estado positivista abre portas à existência de leis
que podem ir contra leis fundamentais. Podemos afirmar que o positivismo deu origem
a regimes extremos politicamente.
Por outro lado, temos o direito natural. Inicialmente adotou este termo de “natural”
devido a uma construção teológica do mesmo, mais tarde foi separado da religião e
adotou o termo de “ racional”. A este direito se deve as leis fundamentais e inerentes ao
ser humano, onde existe um mínimo ético na construção do mesmo. Podemos dizer
que num estado pode existir os dois tipos de direito, pois o direito positivo complementa
o direito racional. Porém nunca pode ir contra o mesmo.

2. ORDENS DO DIREITO

2.1 “Soft-Law”

A Soft Law foi um conceito criado recentemente. Muitos Juristas acreditam que
não se trata realmente de direito mas sim um parecer do mesmo. A soft law
destina-se a disciplinar relações intersubjetivas e dirigindo-se até,
potencialmente, a idênticos destinatários. Tem noção de valor e justiça . É
também uma ordem normativa e decisória, encontrado-se válida, eficaz e
efetiva. Estes aspectos são os que juntam a soft law e a ordem jurídica.
Afirmamos que não é realmente direito, devido à ausência de grandes
características como: coercibilidade, a mesma não detém sanções a quem
incumpre; Tutelar, não existe um meio assegurado que garanta a aplicação da
soft law; não é necessária nem imperativa.
Podemos afirmar que a soft law serve de experiência, para depois se aplicar o
verdadeiro direito. Um exemplo de soft law são os direitos humanos, direito do
ambiente etc…

2.2 Ordem Moral

A Ordem moral apresenta-se diferente das restantes pois assume um caráter


subjetivo, interior e não social. A mesma refere-se a todos os atos realizados
pelo Homem, sendo esses atos avaliados moralmente. É uma ordem imperativa
pois recorta-se no dever-ser. É igualmente uma ordem normativa
compreendendo atos gerais e abstratos. Por fim é racional pois é declarada pela
razão e não desenvolvida pela vontade
Diferencia-se da ordem jurídica no sentido em que carece de coercibilidade e
tutela
2.3 Ordem Religiosa

A ordem religiosa assume um caráter diferenciado, as características são


apenas aplicáveis a quem for crente. Isso quer dizer que a ordem religiosa não é
aplicável a todos. Por essa razão as seguintes características são exclusivas
dos crentes: Imperatividade; Justiça; normativo, comandos exclusivos de origem
divina; Racional.
Assume um caminho diferente do direito pois não beneficia de coercibilidade,
tutela nem é necessária.
A ordem religiosa não pode ser confundida com o Direito canônico, já que o
direito canónico integra-se na ordem Jurídica.

2.4 Ordem de Cortesia

É ordem não necessária, porém pode se tornar útil e relevante para a


convivência comunitária. É uma ordem social, exclusivamente social, normativa
e voluntária. A mesma também não é coerciva nem tutelar. É normativo mas
com regras diferentes.

3. SETORES DO DIREITO

O direito não se apresenta como um só, o mesmo tem vários ramos e setores
no qual cada um tem a sua área de atuação. Por supremacia em relação aos
outros está o direito internacional e o direito constitucional, e o primeiro ainda
mais.
3.1 Direito Internacional

O direito internacional representa todas as relações entre Estados soberanos


( Detém :IUS BELLI, IUS LEGATIONS, IUS TRACTUM) ou semi-soberanos
( não detém pelo menos um deles), ou até mesmo de organizações como a UE,
as organizações podem celebrar tratados entre si, mas a maior parte do direito
internacional é celebrado entre Estados ( IUS TRACTUM). O mesmo é
insuscetível de criação unilateral por parte de um Estado.
A grande função do dir. internacional é para mediar conflitos, e estabelecer o
direito do mar, do ar … Ou seja, assuntos que abrangem mais que um Estado.
O comércio passou de um plano interno para plano internacional, pois foi uma
das especialidades que se globalizou.
O direito Internacional pode ainda dividir-se em dois: o direito Supraestatal e o
Direito Interestadual. O primeiro revela um direito que se encontra acima dos
Estados, ou seja, acima do direito constitucional desses mesmos Estados. O
segundo traduz um direito em pé de igualdade ou inferioridade aos Estados.
O Direito internacional traduz-se em tratados internacionais ou costumes.
Assumindo um carácter público, e muito excepcionalmente privado. Na opinião
do professor Barbosa não existe distinção entre direito internacional público e
Direito Internacional Privado, pois este último não é considerado internacional
pois não resulta de tratados plurilaterais.
Em Portugal, para além do direito criado pela Assembleia, celebramos através
do direito internacional bastantes tratados. Assim como costumes internacionais
vigentes em Portugal. Não são apenas os tratados que são redigidos pelo direito
internacional. O mesmo pode também atuar através de convenções, cartas,
protocolos…etc
As declarações assumem um papel não imperativo, não coercivo nem tutelar.
Assume-se sim como uma soft law.
Até a Segunda Guerra mundial, o direito internacional assumia um papel
consuetudinário. Foi necessário passar grande parte do direito para escrito para
garantir aos Estados uma segurança no cumprimento dessas normas.
3.1.1 Direito Supraestadual
Este como referimos anteriormente assume um papel de superioridade em
relação às constituições internas e por consequência também aos atos
ordinários. Pode-se dividir em dois: IUS COGENS e Direito na União Europeia

3.1.1.1 IUS COGENS

O IUS COGENS é um direito que engloba toda a comunidade internacional,


onde estão redigidos documentos como os Direitos Humanos. Sempre assumiu
um carácter consuetudinário

3.1.1.2 Direito da União Europeia

O tema da direito da União Europeia divide muitos juristas. Muitos acreditam


que a União Europeia encontra-se integrada no direito internacional. Muitos
outros como o professor Barbosa acreditam que é um ramo de direito diferente.
O direito da União Europeia encontra-se em tratados, porém diferencia-se do
direito internacional pois os tratados são tratados por maioria, ou seja basta ter
51 por cento de votos a favor de uma matéria que entra em vigor. Já no direito
internacional os tratados são celebrados por unanimidade, isto é, todos os
Estados envolvidos têm de concordar para a matéria entrar em vigor.

3.1.2 Direito Interestadual


O direito Interestadual inferioriza-se em relação às constituições internas mas
superioriza-se aos atos ordinários como as leis e decretos de leis etc. Respeita
um princípio de unanimidade ou seja caso um Estado não concorde não lhe é
aplicada a matéria. A organização Internacional Mercado comum do Sul é uma
representação válida de uma organização Interestadual, assumindo apenas um
carácter económico
3.2 Direito interno

O direito Interno é todo aquele que está integrado dentro de um território de um


Estado, no qual o mesmo detém uma vontade mas multi organicamente
exprimida. O direito interno não é exclusivo do Estado. Pode também ser
revelado por pessoas não estaduais como as regiões autónomas. O direito
interno pode também ser gerado por costumes.
O mesmo é dividido da seguinte forma: público, privado, conflitos, comparado e
canônico.

3.2.1 Direito Público

O direito público está relacionado às ações das pessoas coletivas públicas,


pessoas essas que podem ser o estado, órgãos do Estado, Autarquias etc.
Quando existe uma situação entre um ente privado e um público, caso um
esteja em superioridade recorre-se ao direito público, porém se tiverem os dois
em pé de igualdade recorrer-se ao direito privado. Existe uma hierarquia que
deve ser cumprida ( por exemplo uma autarquia possui mais poder que um ente
privado).

3.2.1.1. Direito Constitucional

Este apresenta-se como o direito base no direito público, o que tem mais
relevância formal. O Direito constitucional determina livremente a organização
do poder político e administrativo. Estabelece o modelo de Estado unitário e
parcialmente descentralizado ( ART 6 CR), e o sistema de governo,
governamental primo-ministerial. Define também órgãos políticos do Estado,
como os órgãos de soberania, e também define órgãos políticos das regiões
autónomas. Pode regular cessações de poderes ordinários.
Regula as relações do Estado e das regiões autónomas com os seus
respectivos destinatários. Determina a deslegitimação e destituição desses
mesmos órgãos. Estabelece um extenso conjunto de direitos fundamentais aos
cidadãos ( liberdades e garantias).
Existem 3 diferentes interpretações do direito constitucional:
1. Direito constitucional material: que compreende todo o direito relativo à
organização do poder político e as relações deste com a comunidade.
2. Direito constitucional formal: Integra todo o direito na constituição
3. Direito constitucional formal e material: Este abarca os comandos
atinentes à organização do poder político ou às relações deste com os
indivíduos, e que se encontrem consagrados na constituição.

3.2.1.2 Direito Administrativo

O direito administrativo está diretamente ligado à atividade do Estado em


diferentes setores. A mesma pode se dividir em 3 valências:
- Administração pública direta do Estado, civil e militar central e periférica,
externa e local
- Administração pública indireta do Estado: administrativa e em menor grau
empresarial
- Administração pública autônoma: referente a autarquias

O direito administrativo engloba relações com os administrados, singulares e


coletivos. Esse poder age sempre dotado de poderes de autoridade (ius imperii)
O direito administrativo divide-se ainda em subsetores:
1. Direito económico: intervenção do Estado enquanto produtor e mero
regulador na economia
2. Direito financeiro: Ordena a obtenção desses recursos para utilização dos
mesmos em ordem à satisfação das principais necessidades coletivas
3. Direito Fiscal/ Direito tributário: Este é o qual compete ao Estado atribuir
os impostos
4. Direito do urbanismo: incidente na matéria de uso e transformação do solo
por suj. públicos e suj. privados
5. Direito ambiental: Questões relativas à defesa e preservação da natureza.

3.2.1.3 Direito criminal / Penal3

O direito criminal é o que trata dos assuntos relacionados aos crimes e penas.
A designação de “direito criminal” é mais abrangente que a designação de
“direito penal”, porque sem crime não existe pena.
O direito criminal engloba-se no direito público devido á superiorização do
Estado face aos individuos. Assim porque também compete proteger a defesa
individual de cada cidadão e também da comunidade em geral.

É um dos direitos mais importantes porque envolve dois conceitos importantes:


1. O crime, como conduta humana com grande desvalor ético, de uma
elevada censurabilidade e anti-social. Juridicamente por ser uma ilicitude
no sentido contrário ao ordenamento jurídico
2. A pena, a mesma identifica-se como sanção jurídica consequente à
realização do crime, que prevê privação de liberdade.

Existe aspetos a ter em conta. Desde o momento do crime até a aplicação da


lei, pode existir uma mutação da lei, se esse for o caso, é aplicada ao réu a
pena mais favorável. Esta estratégia apenas se aplica no direito criminal, na
dúvida o direito criminal é pró-réu. No caso de existência de uma lacuna o juiz
procura uma norma idêntica para aplicar a norma, isto acontece em tudo exceto
no direito criminal.
Hoje em dia assiste-se a uma progressiva internacionalização deste ramo do
direito. Nomeadamente no que toca a crimes de agressão, embora sempre em
articulação com as jurisdições penais internas. Um aspecto evidente disso foi a
criação de um tribunal penal Internacional.
3.2.1.4 Direitos Processuais

O direito processual trata da resolução e interpretação dos processos. O direito


processual apenas serve como ferramenta instrumental e não para nos dizer o
fim do caso. Apresenta-se como direito público porque não existe uma escolha
do processo, todas as componentes são derivadas da lei.
O mesmo serve como heterotutela pública jurisdicional. O processo ocorre
desde o momento da propositura de qualquer ação judicial até a decisão final
em julgado. Encontra-se como um direito adjetivo, instrumental, ou auxiliar e não
como direito substantivo.
Todos os direitos processuais incluem-se no direito público. Nem todos os litigios
tratam apenas de sujeitos públicos e nem sempre é referente ao interesse
público.
O mesmo pode-se dividir:
1. Direito processual constitucional: Este subsetor disciplina processos de
fiscalização constitucional.
2. Direito Processual administrativo: engloba o processo relativo a litígios
administrativos em geral
3. Direito processual Criminal: Este rege o interesse público. Indica-nos
também trâmites relativos à determinação da existência de crime. O
ministério público é o maior órgão tutelar neste subsetor.
4. Direito processual Civil: Já este refere-se aos litígios entre entes privados,
singulares e coletivos. Ainda se divide em direito processual declarativo,
que determina a obtenção de uma sentença que determine a qual das
partes cabe o direito em litígio; Direito Processual Executivo, este em caso
de incumprimento da realização coativa ao direito declarado pelo tribunal.

3.2.2 DIREITO PRIVADO

Como já referido anteriormente, o direito privado visa regular as relações entre


sujeitos privados, ou de um sujeito privado e um público em caso de igualdade.
A principal fonte do direito privado encontra-se no Código Civil.

3.2.2.1 Direito da Personalidade

O direito da personalidade visa todo o direito relacionável à pessoa em si, onde


se aplica o integral a respeito dessa Pessoa jurídica, isto é, são direitos
inerentes à própria natureza humana. Pode-se encaixar o direito da
personalidade nas leis fundamentais. Existe uma migração do direito da
personalidade do código civil para a constituição pois a mesma encontra-se
mais segura e mais difícil de alterar na CRP. ( ex: ART 24 N 1 CPR, ART 66 N1
CC).
Este direito não acaba com a morte, existem direitos como o direito ao cadáver,
direito da sepultura direito ao nome e à imagem ( ART 71,73,75,76,77,79 CC).
O direito da personalidade abrange ainda direito à integridade física e moral, à
imagem, à identidade pessoal…etc

3.2.2.2 Direito da Família

O direito da família regula as relações familiares ( casamento, parentesco,


adoção e afinidade). Cônjuges e relações conjugais, relações familiares ( filhos,
pais, netos …) .
O direito da família surge com a filiação ( casamento). O casamento estabelece
uma sociadeda conjugal entre duas pessoas singulares de sexos opostos, ou de
duas pessoas do mesmo sexo ( ART 1577 CC) Esses mesmos casamentos
adotam regimes diferenciados para divisão de bens.
O parentesco é a relação entre duas pessoas que descendem uma da outra (
pai e filho) ou de pessoas que provem de um progenitor em comum ( irmãos) (
ART 1578 CC)
A adoção apresenta semelhanças com o parentesco porém diferencia-se na
medida em que não existe um vínculo de sangue entre os dois ( ART 1586 CC)
Por fim a afinidade decorre do casamento, refletindo as relações estabelecidas
entre cada um dos cônjuges com os parentes do outro ( ART 1584 CC).

3.2.2.3 Direito das Obrigações

O direito das obrigações envolve todo o direito subjacente a contratos, ou seja,


direito contratualizado. Porém quando ocorre situações de atropelamento,
acidente.. é também considerado dir. das obrigações. Estabelece assim
comandos relativos aos direitos e deveres, normalmente numa situação de
crédito e débito.
Os contratos são a principal fonte das relações jurídicas obrigacionais ( ART
405 e seguintes). Como já tínhamos referido antes pode também ser objeto de
promessa (art 457),gestão de negócios (464), enriquecimento sem causa ( 473).

3.2.2.4 Direito Comercial

O direito comercial pode ser levado em conta como “subsetor” do direito das
obrigações. Distingue-se pela flexibilidade e rapidez dos contratos. Assenta
sobre a atividade comercial. A maioria dos atos do direito comercial são
redigidos por sociedades comerciais. É uma atividade necessariamente por isso
mesmo, com fins lucrativos.

3.2.2.5 Direito do Trabalho

Tal como o dir. Comercial o direito do trabalho é um “subsetor” do direito das


obrigações. O mesmo acentua sobre contratos de trabalho. Distingue-se do
direito das obrigações no sentido em que, no dir. do trabalho existem dois
sujeitos em pé de desigualdade, isto é, um sujeito com mais poder ( patrão) e
outro com menos poder ( empregado), no qual o primeiro tem como obrigação a
renumeração em troca do trabalho do segundo. Outro aspecto diferenciador em
relação ao dir. das obrigações é que existem contratos coletivos, agrupamentos
de trabalhadores.

3.2.2.6 Direito das coisas / Direitos Reais

Aqui, diferentemente dos restantes direitos privados, não estabelece a relação


entre dois sujeitos jurídicos mas sim um sujeito e um objeto jurídico. A definição
de coisa/ objeto está expresso no artigo 202, n. 1 do CC.E as mesmas
encontram-se fora de dominio público e fora do comércio juridico ( art 202 n2 cc)
Existe assim uma relação de propriedade. Existe também um dever geral de
respeito referente aos objetos de outrem. Num polo temos um sujeito ativo que
dispõe direitos sobre algo e no outro pólo temos um sujeito obrigado a um dever
geral, de omissão e abstenção.
Distinguindo se das obrigações no sentido em que existe uma autonomia de
vontade. Isto é se eu tenho posse de um carro, posso fazer o que quiser com
ele, desde que, não esteja proibido na lei. Ou seja, existe uma liberdade do
proprietário sobre os objetos.

3.2.2.7 Direito das Sucessões

O direito das sucessões disciplina a afetação do patrimônio dos sujeitos


jurídicos singulares após a sua respetiva morte. O afeto da parte desse
patrimônio não se deve extinguir com essa morte ( art 2025 CC).
A sucessão de um novo titular do patrimônio implica, sempre, aceitação por
parte deste, quer se trate da herança, quer se trate do legado ( Art 2050 e 2249
CC).
A sucessão pode-se dividir em 3:
1. sucessão legitimária compreende a parcela do patrimônio indisponível (art
2157 cc)
2. sucessão testamentária tem como fonte jurídica o testamento ( art 2179
cc), que consiste no ato unilateral e revogável pelo qual o sujeito procede
à afetação de parte dos bens que após a morte pode legalmente dispor
3. Sucessão legítima opera nas situações em que inexiste testamento ( art
2131 cc)

Como herdeiros legais em portugal estão : o cônjuge, parentes e o Estado ( ART


2132 cc ).
Existe uma grande divergência neste âmbito em relação aos sistemas. No nosso
sistema, romano-germanico, legalmente apenas podemos dispor de uma parte
livremente a quem quisermos. No sistema anglo-saxónico toda a distribuição do
patrimônio total é feita por livre vontade no testamento.

3.2.3 Direito dos conflitos

O direito dos conflitos pode assumir um outro conceito, o direito internacional


privado. Porém, de acordo com a opinião do professor Barbosa o termo torna-se
incorreto. Pois assume um carácter multi-interno ( integra vários direitos
internos) e não carácter internacional.
Ocorre casos em que há vários estados na situação. O mesmo acaba por
decifrar qual o direito a aplicar, de qual estado, consoante cada caso. No artigo
14 está explícito a condição jurídica do estrangeiro em Portugal.
O direito dos conflitos não têm um carácter próprio mas sim remissivo ( faz-se
remissões).
Os comandos de conflitos estabelecem os critérios que fazem prevalecer a
conexão com uma ordem jurídica nacional em detrimento de uma conexão com
outra ordem jurídica nacional ( art 16 a 65 cc). A exceção está nos comandos
estruturantes de cada um dos direitos internos nos termos da qual se impede a
aplicação pelos tribunais nacionais de soluções estrangeiras que contrariem
esses princípios essenciais,ou porque violam o direito Voluntário, ou porque
colidem com o próprio direito racional.
3.2.4 Direito Comparado

O direito comparado não é realmente tratado como direito, apresenta-se apenas


como o estudo de vários direitos internos. Não é um ramo de direito, apenas
compara direitos internos e também do direito internacional. Comparação essa
que pode ser a nível de instituições, como pode ser a nível de diferentes ordens
jurídicas por exemplo.
É importante na medida em que permite uma maior consciência acerca da
globalização.

3.2.5 Direito Canónico

No mundo ocidental a religião encontra-se laica em relação ao Estado. Mas


existe um direito da Igreja, que apenas é aplicável a quem é crente. É também
dotada de normas jurídicas e é igualmente dotada de tribunais próprios. Mas
não reveste carácter coercivo nem tutelar. Reveste-se de direito internacional.

4. CIÊNCIAS AUXILIARES DO DIREITO ( NÃO É IMPORTANTE)

5. SISTEMAS DE DIREITO

5.1 Sistema Internacional

O sistema internacional engloba todo o direito criado por sujeitos internacionais,


não sendo exclusivamente estados, mas sim também organizações. Ou seja,
tem de existir uma colaboração de pelo menos 2 ou mais sujeitos.
Antigamente o direito internacional era escasso devido à inexistência de
relações jurídicas entre os sujeitos. Na idade média, devido às monarquias
cristãs europeias partilharem de culturas semelhantes, o dir. internacional
ganhou um pouco de forma. Na era das Revoluções Liberais ainda mais poder
ganharam, pois emergem as nacionalidades.
Distancia-se um pouco por não ser um direito tão vinculativo como os direitos
internos, isto é, os Estados podem ou não aceitarem fazer parte da jurisdição
internacional. Assim como a coercibilidade e a tutela dotarem de um carácter
limitativo. Por isso vai da consciência de cada estado cumprir o direito.
Pode não necessariamente apenas tratar-se de acordos multilaterais, mas pode
existir acordos unilaterais também. Por exemplo, a organização da UE
apresenta-se como única “autoridade” a impor o direito aos seus destinatários.
As fontes ( atos nos quais estão inscritas as normas) do dir. internacional são:

1. Costume, até a segunda guerra mundial, o dir. internacional era


maioritariamente costumeiro. O que não proporciona segurança aos
destinatários desse direito, pois o costume era muito maleável. Com a
segunda guerra, o dir. internacional, pelo menos grande parte dele,
passou a ser escrito. Porém os atos escritos internacionais estão no
mesmo plano hierárquico que os costumes.

2. Jurisprudência, ou seja, o acordo nos tribunais é uma grande fonte de


direito internacional, assim como fonte para criar direito. O sistema
anglo-saxónico influenciou bastante o direito internacional nesse mesmo
sentido, da jurisprudência ser uma grande fonte de direito.

3. Doutrinas, assim como alguns sistemas internos, o direito internacional é


influenciável por doutrinas e opiniões de grandes especialistas na área.

Contudo o sistema internacional apresenta-se sempre mais atrasado em relação


aos sistemas internos devido à falta de cooperação de muitos membros.
5.2 Sistema Interno Inglés / Sistema Anglo-Saxónico

O sistema inglês é dos mais antigos a vigorar. Caracteriza-se essencialmente


pelo grande poder da jurisprudência e do costume. As maiores zonas de
atuação são na Inglaterra e EUA. Adota o termo “Common Law”, ou seja, direito
comum dos Ingleses.

O sistema Anglo-Saxónico sempre deu preferência ao direito adjetivo/ direito


formal (descreve como fazer valer estas normas e os nossos direitos) sobre o
direito substantivo/ formal ( prescreve um conjunto de normas jurídicas e prevê
os nossos direitos). Ou seja, sempre deu preferência ao processo e à prática
jurídica. O direito é gerado a cada momento, estando em constante
desenvolvimento

No direito privado a principal fonte é a jurisprudência, isto é, os tribunais detêm


grande parte do poder. Existe uma vinculação do caso anterior ( regra do
precedente). A regra do precedente visa o caminho para a generalidade.
Simplificando, o tribunal vai sempre buscar um exemplo anterior para aplicar as
medidas, ou para aplicar o ato. Neste modo o juiz é capaz de criar direito, não
se circunscrevendo, de nenhum modo, à respetiva aplicação.
Existe uma prevalência dos casos concretos sobre o geral e abstrato. Não
existem soluções predefinidas para cada ato, vai existindo sim uma criação do
mesmo, à medida da frequência desse caso. As jurisdições locais sempre
tiveram grande ausência neste sistema. Surge um direito novo e de âmbito
nacional. E por isso a explicação da ausência de tribunais administrativos.

Já no direito público a principal fonte é o costume. Mais primordial, no que toca


à organização política e ao direito constitucional. O modo de designação e de
cessação de poderes dos respectivos titulares, incluindo o primeiro-ministro , é
regulado pelo costume constitucional.
Por falar na Constituição, a mesma encontra-se costumeira, não está escrita.
Porém apenas na Inglaterra, já que nos EUA existe sim uma constituição
escrita. A imprevisão da constituição formal Inglesa significa uma ausência de
hierarquia entre os comandos. E a mesma traduz-se na omissão de um
procedimento jurídico para revisão constitucional, por exemplo, traduz também
numa maior facilidade de mutação da constituição, colocando-a em pé de
igualdade com os atos jurídicos ordinários.

A Common Law apresenta-se por vezes como injusta. Com isso foi criado um
novo conceito designado de “ equity”. A mesma baseia-se em noções de justiça
natural e consciência, visando alcançar resultados equitativos em situações em
que a aplicação estrita da common law poderia levar a resultados injustos. Ou
seja, os tribunais por vezes não se enquadram 100 por cento no caso anterior,
mas acabam por adaptar em relação à especialização do caso.

O sistema Ingles aproxima-se do sistema romano-germanico na medida que


apresenta também atos legislativos, a “statute law”, tendo, contudo, um perfil
secundário. Dos poucos atos escritos que existem, os mesmos prevalecem
sobre a jurisprudência e o costume. Os atos legislativos e escritos tornam-se
mais eficientes devido à rápida mutação social, que por sua vez é incompatível
com a jurisprudência ou costumes, que podem levar anos a serem
implementados . Em contrapartida os Ingleses assumem que os atos escritos
apresentam-se como mais autoritários, e igualmente incompatíveis com o
costume.

A Inglaterra assume um papel diferente dos EUA. De um lado um sistema


costumeiro sem constituição escrita com um regime governativo, por outro a
emergência de uma constituição escrita com um regime presidencial. Nos EUA
a jurisprudência assume um papel de cobrir lacunas da Constituição e dos atos
legislativos. Tendo assim na América, o ato legislativo mais importante que no
Sistema Inglês.
5.3 Sistema Romano-Germanico

O direito romano-germanico é oriundo do código Justiniano, e em certa forma do


direito Romano clássico. Também oriundo do sistema germanico, dos povos
bárbaros que se fixaram na Europa após os Romanos.

O sistema RG tem como principal fonte os atos escritos, normativos e


legislativos. Parte de uma previsão dos acontecimentos para os casos
concretos. É um direito substantivo ( prescreve um conjunto de normas jurídicas
e prevê os nossos direitos). Por outras palavras é um direito maioritariamente
geral e abstrato, geral porque se adequa a todos os indivíduos e abstrato porque
se relaciona para todas as situações. O ato legislativo, apenas, se destaca como
instrumento essencial, sendo técnico e dotado de uma elevada complexidade
conceptual.

Em relação às fontes secundárias encontramos o costume, é um ato pouco


usual e não muito apreciado pelas instituições jurídicas. O mesmo assume um
carácter independente ( muita das vezes contra a norma/ contra legem). No ART
348 CC é referente à existência de costumes. Existe mais costumes no direito
público e constitucional, as normas da constituição são genéricas e imprecisas.
Por isso mesmo abre espaço a criação de costumes.
A doutrina não se apresenta como fonte de direito visto que serve apenas para
fundamentar opiniões.
A jurisprudência não assume uma fonte de direito, o que na opinião do prof.
Barbosa é um erro já que as mesmas tomam algumas decisões gerais e
abstratas. O papel do juiz resume-se, exclusivamente, à interpretação e
aplicação do direito ou no máximo à integração de lacunas nestes existentes,
mas sempre tendo em conta os critérios normativos.

Resumindo, o sistema RG acentua-se como mais universal e o mais adotado


pelos Estados. Sendo vigorante na Europa, América latina, África e Ásia.
5.4 Sistema Interno Comunista

O sistema interno Comunista tem como base a ideologia política. Hoje em dia
encontra-se como um sistema em desaparecimento, apenas recorrente em
Cuba, Venezuela, Coreia do Norte… sendo outrora, mais frequente no âmbito
internacional. O mesmo afirma-se pela primeira vez com a revolução de 1917 na
Rússia.

A ideologia assume a principal característica deste sistema. Ideologia essa de


extrema-esquerda no espectro político ( são burros). Primeiro recusa o
individualismo, a livre iniciativa, o mercado. É também uma sociedade
igualitária, sem classes sem um sistema básico jurídico. Tem como a revolução
os princípios da constituição . Por fim apenas tem um partido, que por sua vez,
encontra-se supremo, até mesmo acima do Estado, e que tem poderes sobre
ele.

O sistema Comunista elimina a distinção entre dir. público e dir. privado visto
que maioritariamente todo o direito é referente a dir. público. Isso acontece
devido à coletivização dos meios de produção e desaparecimento da
propriedade privada.

A principal fonte é o ato legislativo, porém, claro, a sua interpretação e aplicação


sempre de acordo com a sua ideologia. Assim sendo, a jurisprudência não se
recorta como fonte e o costume nem é reconhecido como direito.

5.5 Sistema Internacional-Interno Islamico

Este assume um carácter completamente diferenciado dos restantes já


referidos. No sentido em que existe uma fusão entre a religião e o direito. A
religião Muçulmana e a sua influência é a principal característica deste sistema.
O sistema Islamico tem como principal fonte o Alcorão ( texto religioso). As
constituições de cada Estado desse sistema não podem, de maneira alguma, ir
contra o Alcorão. O mesmo assume como uma fonte internacional pois redige
vários países. Assim existe uma articulação jurídico-religiosa, pois Deus é
considerado o legislador.
O direito reveste também de uma natureza imutável e eterna, sendo dificilmente
alterável. Ainda assim o sistema, não se considera totalmente totalitário, visto
que, apesar de mínimos, prevê a existência de alguns direitos fundamentais.

6. FUNÇÕES DO DIREITO

A ordem jurídica é dotada de funções para atingir um fim esperado. Ao conjunto


de atos designam-se funções.
As funções podem se dividir em 2:
Função constitucional/ primária: A nível europeu, o mesmo corresponde aos
IUS COGENS. No plano interno a mesma apresenta-se no plano superior pois é
a responsável pela criação de textos constitucionais. A mesma pode se dividir
em dois:
1. F. constitucional originária que se limita à redação da constituição e
feitura da mesma;
2. F. constitucional derivada, já está limita-se a alterar a constituição, mas
apenas a mudança de aspectos secundários (art 288 CR “matérias
mutáveis”). É importante referir que ambas não estão especificamente
relacionadas com a criação de um Estado, porém podem estar.

Função constituída/ secundária: São atos em plano inferior que tem de obedecer
às funções constitucionais. A mesma pode-se dividir em 3 por esta ordem
hierárquica:
1. Função política: a mesma pode ainda dividir-se em duas: f.c. política
governativa referente aos atos decisórios/ atos não escritos; f.c. politica
legislativa, que se refere aos atos legislativos ( criação de leis).
2. Função Administrativa: são decisões tomadas tendo em conta a
constituição e a função política. Destina-se a executar escolhas
previamente definidas no que concerne às necessidades de satisfação
coletiva, designadamente de segurança e bem-estar.
3. Função jurisdicional: A mesma resume-se à atividade dos juízes, não
podem criar leis

NOTA: os tribunais constitucionais apenas trata de temas constitucionais, ele


julga em função de um recurso de um tribunal inferior, com isso, o mesmo
aprecia se é constitucional ou não— fiscalização concreta

7. ATOS DO DIREITO

7.1 Atos normativos


Atos jurídicos de estrutura normativa que possuem alcançe geral e abstrato

7.1.1 Atos normativos escritos


atos normativos que se apresentam de forma escrita

7.1.1.1 Atos normativos escritos internacionais


Atos que foram criados de acordo com múltiplas regras associadas a vários
direitos internos. Os mesmos podem ser costumes/tratados internacionais ou
Atos do IUS COGENS e UE

7.1.1.1.1 Atos normativos escritos internacionais consensuais


Atos que resultam da fusão de vontade de dois ou mais sujeitos de dir.
internacional. Podendo ser Estados, estados e organizações ou só organizações
(ART2 CV)
7.1.1.1.1.1 Atos normativos escritos internacional consensual, TRATADOS

A comunidade internacional não se define como estado devido à ausência de


uma constituição. E do mesmo modo, apenas é notório um rápido crescimento
após a II guerra mundial.
Primeiramente é importante diferenciar declaração e tratado. O primeiro assume
um carácter não vinculativo (soft-law). O segundo é de facto vinculativo.
O direito subjacente aos tratados apresenta-se redigido na Convenção de Viena
(1969). Diferente relação tem o tribunal internacional de justiça, que não
apresenta tratados mas sim a aplicação dos mesmos, onde se pode mediar
litígios internacionais.
Os tratados podem ser consenso ou de acordo, bilateral ou plurilateral, restrito
ou geral. São apenas operados entre Estados soberanos e semi-soberanos.
Pode se de consenso redigido pelo dir. internacional, ou em forma escrita,
podendo até mesmo ser pactos, atos,cartas ..etc
Os tratados internacionais distribuem-se por vários tipos podem ser:
1. multi-laterais gerais ( tem como autores a globalidade dos estados, sendo
os principais atos de criação originária) ou para-universais,
2. multilaterais restritos/ tratados remanescentes ( são os mais frequentes)
3. bilaterais (resultam de um consenso entre apenas duas partes, embora,
não necessariamente apenas dois sujeitos)
4. Normativos ou não normativos

Em relação ao seu conteúdo, os tratados solenes contrapõem-se aos tratados


simplificados. Os tratados solenes exigem ratificação do chefe de Estado, não
sendo suficiente a aprovação governativa e parlamentar, integram matérias de
índole política relevante. Nos tratados simplificados, não é, internacionalmente,
exigida essa ratificação, nem sequer, em alguns casos, a aprovação do ato de
autenticação. Internamente o PR é bastante relevante para a redação de a,bos
os tratados ( solene e simplificado).
Os estados soberanos e alguns semi-soberanos possuem capacidade para
concluir um tratado. As organizações internacionais apenas de acordo com o
seu órgão constitutivo (art 6 cv).
A feitura do tratado pode ser realizada internacionalmente ou internamente. No
primeiro caso, resulta da deliberação de dois ou mais estados. No segundo
caso, decorre da decisão política do estado, em Portugal, essa competência é
exclusiva do governo, mais propriamente ao primeiro-ministro e ministro dos
negócios estrangeiros. Neste âmbito nem o PR nem a AR interferem. A
negociação incube também ao governo.

A negociação termina com o ato de adoção, a aprovação de um texto de


natureza provisória. Em regra exige unanimidade, mas por razões funcionais
executa-se a adoção na maioria de dois terços, salvo deliberação em sentido
inverso.

A aprovação, no caso interno, incube á AR ( tratados solenes e simplificados de


reservas relativas) e Governo ( aprovação de tratados). Os tratados solenes, ou
simplificados podem ser submetidos a referendo nacional, antes da respetiva
aprovação.

No que concerne à ratificação, existe a distinção da assinatura. No plano


internacional, a ratificação perfila-se como livre ato de natureza. Ainda melhor ,
o dir. internacional não tem de reconhecer como vinculativo, ficando assim a
critério interno. Internamente a ratificação pode ser recusada caso possa
interferir com a ação do PR como garante do Estado.

Pode existir uma referenda ou contra-assinatura, com o objetivo de negar o


tratado,e a mesma pode revestir de veto absoluto e insanável.
Pode também existir uma fiscalização preventiva da constitucionalidade
requirida pelo PR, caso a inconstitucionalidade venha-se a afirmar, torna-se
necessário a distinção entre tratados solenes e simplificado.
Finalizado o processo, tem de se verificar a unanimidade nos termos e na data
prevista. Non ordenamento portugues, so entra em vigor apos a publicação.

Pode ocorrer uma adesão, ou seja, apos o tratado estar oficializado juntar-se
outro Estado ao mesmo, é possivel nos tratados abertos e semiabertos.os
primeiros são aqueles em que a adesão não depende de ato de vontade das
partes originarias no tratado. Semiabertos aqueles em que a vinculação esta
dependente da apreciação pelas remanescentes partes. Fechados são aqueles
que não aceitam adesões.

Artigos relevantes:

1. O ARTº7 CV aborda a intervenção na elaboração de um tratado


internacional. Nem todos os estados têm as mesmas estruturas. O nº2 do
ARTº7 indica, que de acordo com o direito internacional, os únicos com
capacidade para elaborar tratados internacionais são: chefes de estado,
chefes de governo e ministro dos negócios estrangeiros
(plenipotenciários), porém existem mais exceções, onde mais sujeitos o
podem ser ( pag 118 BARBOSA). Porém de acordo com a constituição
Portuguesa, o único com essa capacidade é o governo, a AR aprova e o
PR ratifica.
2. O ART 10 CV é referente à autenticação- Quando se chega a uma
conclusão, os estados assinam e autenticam-se. Por outras palavras é o
ato pelo qual se opera a conversão do texto adotado em texto definitivo,
sem alterações. A mesma consiste numa assinatura. A constituição
apenas exige ratificação nos tratados normais, nos tratados simplificados,
e tratados solenes exige aprovação,ratificação e referenda, excluindo a
autenticação, mas sendo vinculativo internacionalmente, a mesma incube
ao governo. Não são imediatamente providos vinculativamente, porém
após a autenticação o documento não pode mais ser alterado.
3. ART 31 CV, o mesmo informa-nos relativamente à interpretação. Em
termos internos (art9 cc) existem 3 interpretações que podem ser feitas:
finalidade (última instância, mais importante), sistemático e histórico.
Internacionalmente apenas é necessário obter finalidade e sistemática (
histórica é facultativa)
4. ART 33 CV: Os acordos são feitos em várias línguas como Inglês,
Francês, Mandarim…
5. ART 19 CV: Reservas. Realizar um acordo com praticamente 200 estados
é bastante dificultado. Um relativo estado pode dispor de reservas, ou seja
pode alterar artigos ou até mesmo removê-lo, porém apenas se aplica a
esse estado. Se a reserva for incompatível com a finalidade do tratado a
mesma não se poderá realizar. Podem até existir tratados sem reservas
disponíveis. As reservas são atos unilaterais praticados ao tempo da
vinculação através dos quais fixam um entendimento particular de
algumas dessas normas. As mesmas são objeto de criticas visto que
modificam implicitamente os tratados. Os Estados ou Organizações
podem impedir as reservas em alguns tratados.
6. ART 40: revisão dos tratados multilaterais. Essa mesma revisão é comum
a todos, distanciando-se das modificações ( referentes apenas a alguns
estados). Se, por exemplo, existir discussão acerca de uma matéria, tiver
50 estados de acordo e 20 contra pode ser feita uma modificação, a
mesma só é aplicável aos 50 estados. E claro só se pode realizar uma
modificação caso não altere a finalidade e sistemática.
7. ART54CV: IUS COGENS. Um tratado não-ius cogens que viole o ius
cogens, torna-se automaticamente nulo ( nulidade originária)
8. ART 64 CV: Caso o tratado já existisse antes da norma ius cogens, o
tratado torna-se nulo.
7.1.1.1.1.1.1 Atos normativos escritos internacional consensual,
TRATADOS IUS COGENS

Os tratados IUS COGENS têm como base todo o direito internacional


geral. Os mesmos albergam normas cogentes,vinculantes, normas essas
que são reconhecidas por toda a comunidade internacional. O IUS
COGENS desempenha um papel importante no desenvolvimento das
relações internacionais.
Revelam-se nulos todos os atos contraditórios ao ius cogens, e tornam-se
nulos aqueles que não o sendo originariamente, passaram-no a ser.
Os tratados multilaterais gerais podem modificar,ou fazer cessar, parcial
ou totalmente, a vigência de anteriores tratados contendo ius cogens.
A maior parte do ius cogens revela-se como costumes antigos . Alguns
exemplos de ius cogens são: Carta das Nações Unidas, estatuto tribunal
internacional de justiça, Convenção de Viena …etc.
Relativamente à ordem interna portuguesa, o ius cogens é recebido sem o
questionamento da sua origem, no qual o mesmo é insuscetível de
recusa.

7.1.1.1.1.1.2 Atos normativos escritos internacional consensual,


TRATADOS UE

A UE originariamente era rudimentar e simples, hoje em dia, foi sendo


constituída por tribunais…etc. A partir do momento que um Estado aceita
entrar na UE, o mesmo garante a submissão do seu sistema interno em
detrimento da legislação europeia.

O direito da UE divide-se em dois:


1. Direito Originário, no fundo é todo o direito que envolve tratados que
regulam o funcionamento geral da Ue. Constitui o pressuposto
normativo necessário dos restantes atos da UE, incluindo até os
regulamentos, diretivas,decisões…etc. Os mesmos apresentam-se
distintos quanto ao procedimento de conclusão e entrada em vigor.
A alteração do direito originário implica unanimidade.
Internacionalmente, nestes casos é necessária a ratificação dos
chefes de Estado, porém decorrido um prazo de dois anos a contar
da data de assinatura, se quatro quintos dos Estados-membros, o
conselho Europeu procede à análise da questão. Nos tratados
simplificados não é necessário essa ratificação. Caso inexista
oposição dos parlamentos nacionais, a alteração do
direito.originário torna-se válido sem ratificação dos chefes de
estado, caso não haja o ato fica prejudicado
2. Direito Derivado: todo o direito que deriva dos tratados, incluindo
regulamentos e diretivas. Estes podem ser tratados entre a Ue e
outras organizações ou estados terceiros. São insuscetiveis de
contrariar os tratados para-constitucionais que integram o direito da
UE originário, e que podem ser concluido de 4 formas: Quando o
dir. originário o preveja; quando outro ato vinculativo, que não um
tratado, o preveja; quando a conclusão de um tratado seja
suscetível de afetar normas comuns ou alterar o seu alcance, ou
por fim, quando a conclusão de um novo tratado se revele
necessário para alcançar um objetivo expresso da UE.

Convenção: este órgão é composto por chefes de estado e de governo


dos Estados-membros, por representantes dos respectivos parlamentos,
representantes do parlamento europeu e da comissão europeia.

Quanto aos atos internacionais consensuais, cabe à Comissão Europeia


apresentar recomendações ao Conselho, visando uma abertura de uma
negociação. O conselho, adota uma decisão autorizando a abertura das
negociações.Cessada a fase negocial, o conselho, sob proposta do
negociador, adota uma decisão autorizando a assinatura do tratado, e a
respetiva aplicação provisória, antes da respetiva entrada em vigor. A
conclusão fica dependente da aprovação do parlamento europeu no caso
dos tratados de associação, de adesão da UE à Convenção Europeia …

Nos tratados de adesão, existe uma prevalência de um mecanismo


judicial de defesa do direito da UE originário.

Por fim,sabemos que, a ordem juridica europeia goza de uma supremacia


absoluta e incondicionada sobre a globalidade da ordem juridica, inclusive
sobre o setor constitucional. Na constituição Portuguesa, essa supremacia
encontra-se expressa no Art 8 n4 CR. Portugal pode recusar vincular-se a
quaisquer tratados, mesmo após a assinatura, porém, em contrapartida
significa igualmente que a soberania portuguesa reconhece limitações
relevantes. Ou seja, estes atos tratuais apresentam-se superiores a
quaisqueres outros atos internos.

7.1.1.1.2 atos normativos escritos internacional unilateral

7.1.1.1.2.1 Atos normativos escritos internacionais unilaterais,


regulamentos da ue;
7.1.1.1.2.2 Atos normativos escritos internacionais unilaterais,
Diretivas da UE
Os regulamentos tratam de todo o direito uniforme para todos os estados.
A directiva destina-se a aproximar os direitos (ex: dentro de dois anos
pretende-se x). Serve para diminuir distâncias entre Estados art 112 cv

7.1.1.2 Atos normativos escritos internos

7.1.1.2.1 Atos normativos escritos internos unilateral


7.1.1.2.1.1 Atos normativos escritos internos unilateral, Constituição

No âmbito interno, a constituição apresenta-se como direito superior,


podendo revogar outras leis e decretos-lei,porém existe um ato, que
apesar de não ser formalizado nem escrito interno, é superior à
constituição, são os costumes internos populares.
Voltando à constituição, a mesma pode ser material, e essa trata de
matérias básicas como a organização do poder e direitos fundamentais.
Pode também ser formal que trata de assuntos variados, mas todos
constam do mesmo documento solene oriundo do poder constituinte
originário.
Como já tínhamos referido anteriormente existe função constitucional
originária que trata dos assuntos de feitura da constituição; e a função
constitucional derivada que relata as matérias acerca das revisões
constitucionais etc (ART 288 trata dos limites materiais da revisão).

Designa-se por inconstitucionalidade os comandos, todos os comandos


ordinários, legislativos ou até mesmo administrativos.

Alguns artigos importantes sobre a constituição:


1. ART 288 trata dos limites materiais da revisão
2. ART 289 Limites circunstanciais: não se pode fazer revisões em
estado de emergência ou estado de sítio
3. ART 284: Este refere que as leis podem ser revogadas a qualquer
momento. A revisão é feita de 5 em 5 anos normalmente. Pode a
mesma ser realizada num espaço inferior a 5 anos caso ⅘ do
parlamento estiver de acordo.
4. ART 285: Uma revisão constitucional compete exclusivamente aos
deputados.
5. ART 166 Lei constitucional, na qual, existe 7 leis constitucionais
cada uma relativa ao nº de revisões.

7.1.1.2.1.2 Atos normativos escritos internos unilateral, Atos


governativos de Direção
Os atos governativos de direção vocacionam-se para a execução direta,
sem mediação de outros, da própria constituição.
Subdivide-se em atos governativos de direção e atos governativos de
controle. Os atos de direção governativa/ política são normativos, ou não
normativos, mas revelam sempre uma natureza positiva. Os atos de
controle político/ fiscalização política apresentam-se como não
normativos,decisórios, assumindo um perfil negativo e repressivo.
O programa de governo é um típico ato governativo de direção, é um ato
normativo, dotado de generalidade e abstração. A elaboração do mesmo
é de exclusiva competência do primeiro-ministro, no qual vincula todos os
membros do Governo,entre eles, o próprio primeiro-ministro. O
incumprimento corresponde a uma aplicação de sanções juridicas como a
inerente demissão do governo, ou no limite do PR (art art 195 n1e2). No
interior do governo pode mesmo levar à demissão do vice-primeiro
ministro ou do ministro em causa. Porém, em Portugal o programa de
governo é tipicamente subestimado e incumprido.
Outros atos governativos são as linhas gerais de política governamental e
por fim também o referendo.
O referendo é um ato governativo da função política, na medida em que
os seus traços essenciais se aprestam constitucionalmente previstos e
porque integra um comando popular geral e abstrato, definidor de uma
obrigatoriedade. Os comandos referentes ao referendo não podem ser
contrariados pelo direito ordinário reforçado, nem pelo direito ordinário
comum, uma vez que resultam da vontade do povo. Muitos, inclusive,
acreditam que o referendo pode estar acima da constituição, visto que
resulta de uma vontade popular. O referendo implica a intervenção
procedimental de vários órgãos.

7.1.1.2.1.3 Atos Legislativos Ordinários

Os atos legislativos ordinários distinguem-se da constituição e leis


constitucionais devido à sua menor força jurídica.
São atos escritos de conteúdo político e estrutura normativa, são atos
gerais e abstratos. Os atos legislativos ao invés de atos governativos,
destinam-se apenas á execução da constituição e a parte desses mesmos
atos governativos.

7.1.1.2.1.3.1 Actos legislativos ordinarios típicos

Existem 3 atos legislativos ordinários típicos: a lei da assembleia da


república, o decreto-lei do governo e os decretos legislativos regionais

7.1.1.2.1.3.1.1 Leis

As leis são os atos legislativos, atos político-normativos aprovados pela


Assembleia da República

7.1.1.2.1.3.1.1.1 Leis Comuns

As leis comuns são todas aquelas que não possuem um caráter


reforçado. Não são leis orgânicas (leis que necessitam de aprovação de
dois terços dos deputados).
O procedimento legislativo engloba algumas fases:
1. Iniciativa: Decorre da ação dos deputados da Assembleia, que
apresentam projetos-lei (pode vir a ser uma futura lei), as mesmas
têm que deter um mínimo de 20 mil assinaturas em forma escrita.
Por fim são entregues à mesa da assembleia da República para
efeitos de admissão pelo presidente da Assembleia da República
2. Discussão: Aqui existem duas discussões, uma geral e outra na
especialidade, isto é, as primeiras têm lugar exclusivamente no
plenário da República, as segundas são feitas em comissão. Ambas
as discussões são obrigatórias para se proceder.
3. Votação: Existem 3 votações: na generalidade, na especialidade e
a final. A votação final é realizada no plenário e é adotado o critério
de maioria simples para aprovação da mesma, para o apuramento
da maioria não se conta as abstenções. No entanto , em
determinados casos é necessário a maioria absoluta dos deputados
em efectividade de funções. Após a votação, caso a mesma seja
positiva o projeto lei assume um carácter de decreto.
4. Controlo: Após a transformação em decreto, o presidente da
República pode promulgar ou vetar a lei. Em caso de duvidas da
constitucionalidade, o mesmo deve, enviar a lei ao tribunal
constitucional para apreciação da mesma, caso a lei seja vetada por
inconstitucionalidade, a mesma deve ser devolvida ao parlamento
para a corrigir, ou a eliminar. Caso o PR decida vetar por questões
politicas, o decreto assume um caracter suspensivo, através de
uma nova votação, e caso a mesma seja aprovada, o Pr está
vinculado a promulgá-la.
5. Referenda / Contra-assinatura: Nesta ultima fase o primeiro ministro
tem que assinar o decreto, esse ato traduz-se na responsabilidade
jurídica e politica, caso o mesmo denegue significa a existência de
um verdadeiro veto absoluto, tornando-se assim inexistente.
6. Publicação: A publicação apresenta-se um momento divergente da
elaboração da lei, visto que aqui já obtêm o formato de lei. Apenas
necessita do requisito da eficácia, com a publicação. A publicação é
realizada pelo diário da república. Após a publicação, a ignorancia
ou má interpretação por parte dos destinatários não justificam a
falta do seu cumprimento, apenas a sanção pode ser atenuada.
7. Vacatio-Legis: Vacatio-legis é o lapso temporal entre a publicação e
entrada em vigor da lei. Normalmente os atos entram em vigor em
todo o território 5 dias após a respectiva publicação.
8. Alteração da lei: Após 60 dias da publicação e mesma pode ser
objeto de retificação,porém esse ato é feito pelo órgão que realizou
o texto original, e apenas pode corrigir lapsos gramaticais,
ortográficos, de cálculo ou natureza análoga.

7.1.1.2.1.3.1.1.2 Leis Reforçadas

As leis reforçadas assumem um carácter complementar ao restante das leis.


Exemplo: 1,2 gramas de álcool no sangue é crime — lei comum, excepto em
indivíduos anões— lei reforçada ( exemplo meramente ilustrativo).
As leis reforçadas assumem um carácter superior ás restantes leis. Ou seja,
caso uma lei comum contrarie uma lei reforçada a mesma torna-se ilegal, mas
nao incostitucional.
Os critérios constitucionais de determinações das leis reforçadas são de tres
tipos:
1. critério compósito, simultaneamente formal e substancial, subjacente às
leis orgânicas.(112n3)
2. critério procedimental: lei reforçacada que carece de aprovação de ⅔ dos
deputados (art112n3)
3. critério funcional: inerente á qualificação como reforçadas todas as leis
que constituem pressuposto normativo necessário de outras leis.

As leis orgânicas incluem-se nas leis reforçadas


7.1.1.2.1.3.1.2 Decretos-Lei

Os decretos-lei assumem um carácter equiparado às leis comuns, a principal


diferença é que os decretos-lei são elaborados pelo governo. A constituição
prevê também uma fase de debate e uma fase de aprovação pelo PR. Quem
aprova os decretos-lei é o conselho de ministros (art 184) ( primeiro ministro,
ministros e vice-ministros). O artigo 200 d) é acerca da aprovação de
decretos-lei.

Em certas matérias, o governo detém reserva total (orçamento de estado), mais


conhecido também como competência concorrencial, onde o governo pode
legislar livremente. Porém existem matérias de reserva exclusiva da AR
(Art164), e ainda, outras de reserva relativa que ambos podem legislar (Art 165)

O procedimento de elaboração dos decretos-lei é similar ao das leis


comuns, abrange as mesmas fases, porém com alguns desvios. Na
iniciativa, compete apenas aos membros do governo elaborar a lei, na
votação a mesma é feita no conselho de ministros, por fim é enviado ao
presidente onde omo pode fiscalizar através do tribunal constitucional, a
sua constitucionalidade, pode vetar,sendo neste caso veto absoluto (
contrário a lei comum), ou pode promulgar; o processo finaliza com a
referenda e a sua entrada em vigor igual às leis comuns.
O processo de elaboração de decretos-lei do governo diferencia-se do processo
relativo á aprovação de leis da AR.

7.1.1.2.1.3.1.2.2 decretos-lei reforçados


Os mesmos recortam-se como decretos-lei reforçados pois constituem um
pressuposto normativo necessário de outros decretos-lei.
Tem uma importancia similar ás leis reforçadas, mas hierarquicamente
encontram-se inferiormente das mesmas, e superiores as leis comuns e
decretos lei
7.1.1.2.1.3.1.3 Decretos legislativos regionais

Portugal apresenta-se como estado unitário (art6), porém existe uma


descentralização, essa descentralização é notória através das regiões
autónomas, nomeadamente da Madeira e dos Açores. Ambas as regiões
autónomas detém personalidade jurídica própria, politicamente e
administrativamente. As regiões autónomas são pessoas coletivas que
detém o poder legislativo no âmbito regional, porém é reservado a
matérias que não sejam destinadas a órgãos de soberania (art164 e 165).
Essas matérias estão previstas. O governo regional não tem competência
legislativas (art 232)
O processo de elaboração legislativo é semelhante ao das leis comuns
com a diferença de que: Na iniciativa, as leis são deferidas pelos
deputados aos grupos parlamentares; os orçamentos e planos regionais é
da competência exclusiva do governo regional; a fase de controlo incumbe
ao representante da república, o mesmo pode pedir a fiscalização ao
tribunal constitucional, pode vetar juridicamente e a mesma pode também
ser ultrapassada por maioria absoluta dos deputados, e pode promulgar.
Por fim a entrada em vigor e publicação.

7.1.1.2.1.3.2 Atos legislativos ordinários atípicos

Os atos atípicos são aqueles que suspendem um conjunto de leis,


inclusive a constituição. A mesma apenas é usada para situações muito
atípicas (covid, guerra…). É formalizada pelo PR através do estado de
emergência, ou estado de sítio.
Os atos atípicos podem temporariamente suspender direitos
fundamentais.
A constituição não consagra a existência da atipicidade dos atos
7.1.1.2.1.4 Atos regulamentares

Os atos regulamentares, ou, regulamentos definem-se como atos escritos,


intencionais, unilaterais e normativos da função administrativa. Os
regulamentos integram-se na função administrativa ( função constituida).
Os mesmos destinam-se a executar e desenvolver atos especificos da
função politica,legislativa e governativa. Podem ainda dividirem-se em
externos e internos. Os externos são os suscetiveis de produzir efeitos na
esfera juridica dos administrados.
Os atos regulamentares mais relevantes são os produzidos pelo Governo,
revela-se por isso mais simplificado que os atos legislativos, não carecem
de intervenção presidencial, nem exigem assinatura nem promulgação. A
divulgação além do diario da républica,deve ainda ser feito no boletim da
Autarquia Local.

7.1.1.2.1.5 Decretos Regulamentares

Integram a função política porque partilham com os decretos-leis um


segmento considerável do procedimento. Integram a função
administrativa, atendendo a que o seu conteúdo se apresenta
materialmente administrativo, materialmente regulamentar.

7.1.1.2.2 Atos consensuais


O direito interno compreende também, embora majoritariamente, a
existencia de atos escritos normativos consensuaus, por outras palavras
os contratos. Vocacionados para a criação, a modificação, ou a extinção
de normas juridicas, de comandos gerais e abstratos.

7.1.2 Atos não escritos


7.1.2.1. Costumes

Os costumes não dependem de normas escritas ou independentes.


São dotados de fundamento próprio, não exigindo normatividade escrita.
A desvantagem dos costumes reside numa menor segurança jurídica.
Os costumes podem ainda promover a criação de outras normas escritas.
Pode ocorrer também internacionalmente com estados e organizações
internacionais.

Para existir um costume é necessário:


1. Uma prática, uso continuado coerente, sistemático e
não-contraditório
2. Convicção de obrigatoriedade: tem que haver convicção jurídica,
que está a agir juridicamente ( como se estivesse subjacente a uma
norma escrita)

Tem relação os os restantes atos escritos:


1. secundum legem: segundo a lei
2. Praeter legem: para além da lei
3. Contra-legem: costume exatamente contra a lei

Existem ainda dois tipos de costumes:


1. Costume direto: proveniente da comunidade, e que está acima da
constituição
2. Costume indireto / representativo: proveniente dos titulares dos órgãos,
não se encontra acima da constituição.
7.1.2.1.1 Costumes internacional

Os costumes internacionais desempenham um papel fundamental no direito internacional. Aqui


está um resumo dos principais aspectos relacionados a costumes internacionais:
​ Definição: Costumes internacionais referem-se a práticas consistentes e generalizadas
de Estados no âmbito das relações internacionais, que são aceites como sendo
juridicamente obrigatórias (artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça).
​ Elementos: Para que uma prática se torne um costume internacional, geralmente são
necessários dois elementos:
● Elemento Material: Uma prática geral e constante de Estados.
● Elemento Psicológico (Opinio Juris): A convicção de que tal prática é obrigatória
por lei (a crença de que estão agindo por obrigação legal, e não por mera
cortesia).

​ Fonte Secundária de Direito Internacional: Além dos tratados, os costumes são uma
fonte importante de direito internacional. Eles podem coexistir com tratados ou, em
alguns casos, substituí-los.

​ Hierarquia e Conflito de Normas: Em caso de conflito entre tratados e costumes, a
norma mais específica ou recente geralmente prevalece. Se ambos estiverem em pé de
igualdade, a norma mais favorável aos direitos humanos pode ser preferida.

​ Efeito Erga Omnes: Os costumes muitas vezes têm efeito erga omnes, o que significa
que criam obrigações para todos os Estados, independentemente de sua participação
direta na formação do costume

​ Mudança e Evolução: Os costumes podem mudar e evoluir ao longo do tempo.
Mudanças na prática ou na opinio juris podem alterar ou extinguir um costume
existente.
​ Prova de Costumes: Provar a existência de um costume pode envolver a apresentação
de evidências históricas, precedentes legais e declarações oficiais de Estados.

​ Jurisprudência Internacional: Os tribunais internacionais, como a Corte Internacional de
Justiça, frequentemente recorrem a costumes como fonte de direito em suas decisões.
Os costumes internacionais desempenham um papel crucial na formação e interpretação do
direito internacional, ajudando a preencher lacunas e a adaptar o direito às mudanças nas
relações internacionais ao longo do tempo.
7.1.2.1.2) COSTUMES INTERNOS:
Podemos encontrar estes comandos consuetudinários nos primórdios da
socialização humana, não associados à Religião ou à Moral.
O surgimento de estruturas sociais orgânicas conduziu à separação entre
o poder e a comunidade, entre os representantes e os representados,
entre os autores e os destinatários desse Direito.

Inicialmente: Em roma, os costumes sofrem já uma concorrência direta da


jurisprudência (da atividade prosseguida pelos juizes e pelos pretores).
Encontra-se na base da formação e do desenvolvimento do ius civile
(direito romano) como do jus gentium.

Mais tarde: Só no início da Idade Moderna, evidenciamos a superação


dos atos consuetudinários não escrito pelos atos legislativos escritos.

No direito interno os atos costumeiros são ,sobretudo, praticados pela própria


comunidade. Na democracia política, constituem a base de todo o Direito, na
medida em que se afirmam como os atos populares por natureza, como nos
atos em que não se distinguem os governantes dos governados.

Posto isto, os costumes podem afirmar-se como verdadeiros,genuínos e como


instrumentos de democracia direta.
Os atos costumeiros sobrepõem-se aos atos representativos.

Todavia, o direito escrito portugues vigente, constitucional e ordinário, não prevê


a existência de costumes, nem consagra os mesmos. Isto é, o direito
consuetudinário não é reconhecido, de forma genérica, nem no âmbito regional
(costumes regionais), nem no âmbito local (costumes locais), nem no âmbito
estadual (costumes nacionais)
7.1.2.2.) USOS

Os usos unificam ,igualmente, aos atos jurídicos sem forma escrita.


Os mesmos com os costumes apresentam uma prática coerente, porém os usos
ao contrário dos costumes, são desprovidos de convicção de juridicidade.
- Porém, o direito internacional não os prevê autonomamente, apenas é
frequente a menção à prática seguida, para efeitos interpretativos (art 31
cv) ; -, em alguns casos, traduz-se por costume em sentido próprio, mas
em outros casos, reduz-se ao simples uso.

O direito internacional reconhece expressamente a existência dos usos, assim


como a produção de alguns efeitos jurídicos, embora totalmente dependentes
aos atos escritos; (art 3 cc)

7.2) ATOS DECISÓRIOS

- Os atos decisórios são atos, sem generalidade e sem abstração, atos não
normativos. Isto é, resultado do caso concreto.
- A Partir das decisões, resulta também uma inovação, por referência a
uma situação juridica pré-existente, quando se inscrevem na função
política-internacional ou interna.

7.2.1.) ATOS INTERNACIONAIS


Os atos decisórios internacionais nomeiam-se como unilaterais se são
consequência de uma única vontade, mesmo que seja exprimida por intermédio
dos órgãos.
- Estes atos designam-se consensuais quando derivam da vontade de mais
de uma pessoa jurídica internacional.

7.2.1.1) ATOS UNILATERAIS


Os atos decisórios internacionais unilaterais inserem-se na função politica, na
função administrativa e na função jurisdicional.

7.2.1.1.1) ATOS POLÍTICOS E ADMINISTRATIVOS


Os Estados e as Organizações Internacionais produzem atos individuais e
concretos, relevantes para o Direito, e dotados de plena autonomia jurídica.
Apesar de estes, mesmo atualmente, não encontrarem uma previsão no
Direito escrito;

Os atos unilaterais frequentes, na prática dos Estados, enquanto sujeitos de


Direito internacional e nas Organizações Internacionais, são: a notificação, o
reconhecimento, o protesto, a promessa, a renúncia, a denúncia, o recesso, e a
reserva;

1-NOTIFICAÇÃO: consiste no conhecimento, dado a outro sujeito, de uma


decisão ou deliberação, tomada de posição, situação específica, ou documento.

2-RECONHECIMENTO: confirma a existência de determinada situação factual


e, simultaneamente , e a afirma-se de acordo com o Direito Internacional.
os mais típicos são:
- os reconhecimentos do Estado;
-o reconhecimento de um Estado recém-criado;
- o reconhecimento do Governo;
3- PROTESTO- emerge como simétrico do reconhecimento, através dele se
afirmando a oposição à ação de outro sujeito internacional e a desconformidade
da mesma com a ordem internacional ;

4- PROMESSA- traduz- se na admissão de um compromisso para agir, ou


deixar de agir, de uma forma pré-determinada, num momento subsequente.

5- DENÚNCIA- traduz-se no ato através do qual se manifesta a intenção de


deixar de ser parte num tratado multilateral, e retirada no ato pelo qual essa
vontade é exprimida em caso de o tratado ser bilateral.

6- RENÚNCIA- define-se como a extinção, voluntária, de um direito ou de um


feixe de Direitos, até esse momento integrados na esfera de um sujeito jurídico.

7- RESERVA- noutro plano, consubstancia-se na exclusão total ou modificação


parcial, dos efeitos jurídicos típicos de certas disposições de um tratado.
Embora se enquadre nos atos jurídicos unilaterais, na maior parte das
situações implica aceitação, expressa por terceiro ou por terceiros.

- Os atos não normativos unilaterais praticados por Organizações


Internacionais, salientam as decisões da União Europeia.

7.2.1.1.2 ATOS JURISPRUDENCIAIS


Atos jurisprudenciais definem-se como os atos com grande quantidade de atos
decisórios através dos quais os tribunais fixam soluções para os litígios (conflito
de interesses levado ao judiciário para solução) que lhes são submetidos.
Os atos jurisprudenciais, muitas vezes, não trazem inovações significativas, a
menos que ultrapassem casos individuais para estabelecer regras obrigatórias
mais amplas. No entanto, eles são importantes devido às limitações e
imperfeições do Direito escrito, além da incerteza sobre a interpretação e a
convicção de legalidade no Direito não escrito.

Em termos mais simples, embora os precedentes judiciais geralmente não


introduzam mudanças marcantes, têm relevância devido às limitações do texto
legal e à incerteza na interpretação e aplicação da lei não escrita.
A jurisprudência internacional é essencialmente importante, mesmo na
atualidade.
Em parte, é considerada a maior incompletude da ordem internacional, noutra
parte, em razão do vincado contributo anglo-saxónico para a elaboração,
codificação e desenvolvimento progressivo do direito internacional.
E, se bem que, em teoria, os acórdãos do Tribunal Internacional de Justiça
apenas obriguem as partes litigantes (art.° 59.°, Estatuto do Tribunal
Internacional de Justiça), a jurisprudência anterior é, na prática, repedidamente
invocada.

No Tribunal Internacional de Justiça, é comum que os juízes expressem


opiniões diferentes, seja através de opiniões individuais ou dissidentes.

Opinião individual- opinião de um membro do tribunal que concorda com a


decisão final ( o acórdão) proferida pelo tribunal MAS manifesta a sua
discordância à justificação apresentada.

Opinião dissidente - ocorre quando um juiz não concorda com a decisão tomada
pelo tribunal como um todo. Eles expressam abertamente sua discordância com
o veredicto final. (Estas opinioes mostram que mesmo dentro do tribunal há uma
diversidade de perspetivas e interpretações sobre os casos julgados.
No plano internacional geral, destaca-se ainda em sede dos direitos humanos, o
tribunal penal internacional.
Este tribunal tem autoridade sobre pessoas responsáveis por crimes graves que
afetam a comunidade internacional como um todo, crimes contra a humanidade,
crimes de guerra e crimes de agressão. Diferentemente de muitos tribunais
internacionais, nos quais apenas os estados podem ser partes e, portanto,
sujeitos a condenação, este tribunal pode responsabilizar indivíduos.
No contexto regional, destacam-se dois conjuntos de atos judiciais:

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

- Este tribunal, estabelecido pela Convenção Europeia dos Direitos do Homem, possui
jurisdição sobre questões relacionadas com a interpretação e aplicação da Convenção
e seus protocolos.

○ Pode receber petições de indivíduos, organizações não governamentais


ou grupos que se considerem vítimas de violações dos direitos
reconhecidos na Convenção, mas apenas após esgotadas as opções de
recurso internas.

Sistema Jurisdicional da União Europeia:

○ A União Europeia possui um Tribunal de Justiça, um Tribunal Geral (de


Primeira Instância) e, em outro nível, um Tribunal de Contas, cada um
com responsabilidades jurisdicionais específicas.

Esses atos judiciais abordam questões legais tanto a nível europeu quanto a nível
internacional.

O Tribunal Geral da União Europeia pode criar juízos especializados conforme


necessário (Artigo 257, Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia). A
jurisdição dos Tribunais da União Europeia é obrigatória, incluindo a avaliação dos atos
dos Estados-Membros e dos órgãos da União Europeia, além do Banco Central
Europeu. Atualmente, esses dois planos jurisdicionais europeus, embora distintos,
complementam-se na proteção dos Direitos Humanos, devido à adesão da União
Europeia à Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

7.2.1.2) ATOS CONSENSUAIS


Os atos decisórios consensuais, por vezes, revestem forma jurídica
análoga e possuem regime jurídico idêntico ao dos atos normativos.
-Noutras vezes, apresentam-se inteiramente distintos daqueles,
quer no que se refere à forma e ao regime aplicável, quer no que se refere
ao seu conteúdo;

7.2.1.2.1) TRATADOS-CONTRATO
- Estes ostentam um regime jurídico muito próximos dos tratados
normativos, designados historicamente de tratados-leis;
- A competência de elaboração é atribuída aos sujeitos internacionais,o
procedimento de conclusão e de entrada em vigor é o mesmos dos
restantes tratados,e são ainda, os mesmos comandos relativamente à sua
interpretação e integração, modificação, suspensão ou cessação de
vigência.
- Assim os tratados-contratos diferenciam-se dos atos normativos pela sua
estrutura ao conterem estipulações individualizados e concretos, e
também pelo seu conteúdo pois referem-se à regulação de direitos e dos
deveres distintos.

7.2.1.2.2) CONTRATOS INTERNACIONAIS


Estes contratos apresentam-se, similarmente, como os atos consensuais.
Distinguem-se dos tratados-contratos porque se referem pelos Direitos internos
Estaduais, designadamente pelos Direitos Dos tratados (art 2 convenção de
viena)
-normalmente, são celebrados entre pessoas jurídicas privadas, embora
nada exclua que as partes sejam, ou Estados ou organizações internacionais ,
ou até mesmo, em apenas uma delas.

7.2.2.) ATOS INTERNOS


O direito interno engloba ,igualmente, decisões dos dois tipos: unilaterais e
consensuais.

7.2.2.1.) ATOS UNILATERAIS


- são atos que resultam de uma única vontade, em certos casos exprimidas
por um único órgão, por outros casos resulta da intervenção de vários
órgãos.

7.2.2.1.1) ATOS GOVERNATIVOS DE CONTROLO


- na função política interna, observa-se a existência de atos decisórios
individuais e concretos.
- É o que se verifica, na totalidade dos atos governativos de controlo.
- EM CASOS: de atos de demissão do governo
-dissolução da assembleia da republica
- de veto
- de recusa
- nomeação do primeiro ministro

7.2.2.1.3 ATOS JURISPRUDENCIAIS (internos)


Os atos judiciais, geralmente decisivos e específicos para as partes envolvidas
em um caso, têm exceção nos acórdãos com força normativa obrigatória. Esses
acórdãos influenciam outros tribunais, pois os juízes devem considerar casos
semelhantes para garantir uma interpretação uniforme do Direito. Para abordar
divergências, os tribunais inferiores, em certas situações, devem fundamentar
suas discordâncias em relação à jurisprudência estabelecida pelos tribunais
superiores.

7.2.2.2 ATOS CONSENSUAIS


Em última análise, os acordos contratuais baseados no consenso também têm
impacto na ordem jurídica, sendo especialmente notáveis os chamados
contratos de adesão. Estes contratos envolvem acordos de vontades nos quais
as cláusulas são definidas por apenas uma das partes envolvidas e se aplicam a
uma variedade indeterminada de situações.

7.3 HIERARQUIA DOS ATOS JURÍDICOS


O Direito, a ordem juridica, define-se como um acervo de atos coerente e
hierarquizado.
1. Costumes internacionais ius cogens e tratados ius cogens;
2. Tratados de Direito da União Europeia originário;
3. Tratados de Direito da União Europeia derivado;
4. Regulamentos e diretivas de natureza legislativa da União Eu-ropeia;
5. Decisões de natureza legislativa da União Europeia;
6. Regulamentos e diretivas de natureza não-legislativa da União Europeia;
7. Decisões de natureza não-legislativa da União Europeia;
8. Costumes internos constitucionais populares;
9. Constituição;
10. Costumes internos constitucionais representativos;
11. Costumes internacionais em geral e tratados em geral;
12. Estatutos político-administrativos;
13. Costumes internos políticos e atos governativos diretivos;
14. Costumes internos políticos e atos legislativos;
15. Atos legislativos internos de transposição de diretivas da União Europeia;
16. Leis reforçadas;
17. Decretos-leis reforçados;
18. Leis comuns;
19. Decretos-leis comuns;
20. Atos legislativos atípicos;
21. Decretos legislativos regionais;
22. Decretos regulamentares;
23. Costumes internos administrativos e regulamentos;
24. Regulamentos estaduais;
25. Regulamentos regionais;
26. Regulamentos locais;
27. Atos administrativos;
28. Contratos internacionais;
29. Contratos internos;
30. Jurisprudência internacional;
31. Jurisprudência europeia;
32. Jurisprudência interna.
dia 14/12
início e cessação dos atos legislativos internos (7cc)

Início e cessação de regulamentos art 7 cc

A medida que a sociedade muda as leis têm também de ser alteradas


Cessação de vigência:
1. Revogação: implica a existência de dois atos, o ato existente e o ato
que vem implicar alterações do anterior ato existente, cujo tem
função de alterar o ato “original”.A revogação é expressa quando o
diploma que vai revogar o anterior, diz expressamente as normas
que vai revogar. A revogação é tácita quando não existe o
pronunciamento de revogação de leis anteriores. As normas mais
recentes revogam as mais recentes se estiverem em plano superior
ou igual. Caso tenhamos um regulamento que foi feito depois de
uma lei, o que vigora é a lei na mesma pela superior posição
hierárquica.
Existe ainda revogação total ou parcial, se for parcial, apenas uma
parte é revogada ( ex: cc foi revogado parcialmente várias vezes).
Existe ainda a revogação global, a mesma, é uma revogação por
ramo de direito ( ex: a constituição de 1933 foi automaticamente
revogada quando a constituição de 1976 entrou em vigor)
A Repristinação, vamos imaginar que temos 3 leis. A primeira lei é
revogada por outra, mas existe uma terceira lei que acaba com a
segunda. A repristinação é a volta da vigência da primeira lei. Isto
acontece quando não é expresso qual lei vigora. Ou seja, não está
expresso, mas esta implicito.

2. Caducidade: Ato próprio prevê o fim de vigência. Pode ter uma


natureza temporária e ela estar fixada. Não existe uma segunda lei
que influencie. Sabemos que vai acontecer, podemos é não saber
quando ( ex: quando tal acontecer a lei caduca), isto é um termo.
Prazo certo/ suscetibilidade de caducidade/ termo. Uma lei que
prevê um fim, pode ainda ser revogada.

Quando não existe caducidade, a única forma de deixar de vigorar é pela


revogação.

Fora o fim de vigência, existe ainda a suspensão. A mesma é temporária.


Tem natureza provisória e de transição (artigo 19 da cr.) Por exemplo, os
estados de emergência podem implicar a suspensão de atos legislativos.
Quem pode revogar pode suspender.

VER NO LIVRO DIREITO INTERNACIONAL

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