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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)

CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO

No Poder Executivo se concentram as funções de cunho executivo.

São suas FUNÇÕES TÍPICAS: os atos de Chefia de Estado, de Chefia de Governo e


Chefia de Administração.
A sua função típica, portanto, é a administrativa: função de execução de políticas
públicas, fomento, gerenciamento de desenvolvimento da máquina administrativa.

De outro lado, as FUNÇÕES ATÍPICAS do Poder Executivo são:


LEGISLAR: JULGAR:

Editar MPs (art. 62) No chamado contencioso administrativo


Editar Leis Delegadas (art. 68)

OBS:
SISTEMA DE GOVERNO: é o modo como ocorre as relações entre os Poderes dentro
de um Estado, sobretudo entre o Legislativo e o Executivo.
Diferencia-se de FORMA DE GOVERNO que é definida como o modo que se dá a
relação entre os governantes e governados dentro de um Estado.

Sistema Presidencialista Sistema Parlamentarista

1 ) Há identidade entre a Chefia de 1) Não há identidade entre Chefia de


Estado e a Chefia de Governo na Estado – que é exercida pelo rei (na
pessoa do Presidente da República. monarquia parlamentarista) ou pelo
presidente (na república parlamentarista)
OBS: – e a Chefia de Governo (1º Ministro).
Chefe de Estado é quem exerce a função
simbólica de representar
internacionalmente o país e corporificar a
sua unidade interna.

Chefe de Governo é quem exerce as


políticas públicas, quem gerencia a
máquina pública, ou seja, quem
efetivamente governa e também exerce a
liderança da política nacional. 2) Produto de longa evolução histórica;
adquiriu os contornos atuais no final do
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século XIX, recebendo forte influência


2) Criação norte-americana; eleição do inglesa; o Primeiro-Ministro, que é quem
Presidente da República pelo povo, para exerce, de fato a função de Chefe de
mandato determinado; ampla liberdade Governo, é apontado pelo Chefe de
para escolher os Ministros de estado, que Estado, só se tornando Primeiro-Ministro
o auxiliam e podem ser demitidos ad com a aprovação do Parlamento; o
nutum (a qualquer tempo). Primeiro-Ministro, também não exerce
mandato por prazo determinado, pois
poderá ocorrer a queda de governo.

3) Verifica-se o deslocamento de uma


parcela da atividade executiva para o
Legislativo. A figura do Parlamento é
fortalecida (Colaboração de poderes).

4) Há identidade entre o Executivo e o


Legislativo. A chefia de governo é tirada
3) Há uma maior caracterização da da maioria parlamentar.
Separação das funções estatais
(Independência orgânica e harmonia dos 5) Estabilidade democrática: privilegia
poderes). estabilidade construída pelo povo nos
processos democráticos. Pode até existir
a figura de mandato mínimo e
4) Não há identidade entre o Executivo máximo, todavia ele não é fixo.
e o Legislativo. O Presidente tem que
construir a maioria no Parlamento. Tem por fundamento a existência: 1) da
possibilidade de queda do gabinete pelo
parlamento (moção de censura ou voto de
5) Estabilidade de governo: há a figura desconfiança) e 2) da possibilidade de
dos mandatos fixos dissolução do parlamento pelo gabinete.

OBS:
Desde 1891, o Brasil adota o Sistema Presidencialista.
Entre SETEMBRO/1961 e JANEIRO/1963, vigorou o parlamentarismo em nosso
governo republicano.
Após a renúncia de Jânio Quadros, houve o veto militar a posse de João Goulart.
A Emenda Constitucional n. 4, de 02.09.1961, à Constituição de 1946, instituiu o
parlamentarismo, sendo revogada pela Emenda n. 6, de 23.01.1963, restauradora do
regime presidencialista, tendo em vista o resultado do referendo realizado em 6 de
janeiro de 1963, que decidiu pelo retorno ao presidencialismo.

Na prática, constata-se que o Poder Executivo reveste-se na prática de formas variadas:


o EXECUTIVO MONOCRÁTICO (Rei, Imperador, Ditador, Presidente),
EXECUTIVO COLEGIAL (o exercido por dois homens com poderes iguais, como os
cônsules romanos), EXECUTIVO DIRETORIAL (grupo de homens em comitê, como
era na Ex-URSS e ainda é na Suíça) e EXECUTIVO DUAL (próprio do
parlamentarismo, um Chefe de Estado e um Conselho de Ministros, ou seja, um
indivíduo isolado e um comitê).
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O art. 76 da CF/88 consagra a figura de um Executivo Monocrático na nossa


ordem constitucional, uma vez que as funções do referido Poder são exercidas pelo
Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Seção I
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado


pelos Ministros de Estado.

OBS:
No âmbito estadual, o Poder Executivo é exercido pelo Governador de Estado, auxiliado
pelos Secretários de Estado.
No âmbito distrital, pelo Governador.
No âmbito municipal, pelo Prefeito.
No âmbito dos Territórios, o Poder Executivo é exercido pelo Governador nomeado
pelo Presidente da República, após a aprovação pelo Senado (arts. 33, §3º; 52, III, “c” e
84, XIV).

ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

REGRAS GERAIS DO ART. 84, CF/88: art. 84 atribui ao Presidente da República


competências privativas, tanto de natureza de Chefe de Estado (representando a
República Federativa do Brasil nas relações internacionais e, internamente, sua unidade,
previstas nos incisos VII, VIII e XIX do art. 84) como de Chefe de Governo (prática de
atos de administração e de natureza política — estes últimos quando participa do
processo legislativo — conforme se percebe pela leitura das atribuições previstas nos
incisos I a VI; IX a XVIII e XX a XXVII).

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da
administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes
diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do
Congresso Nacional;
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IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;


X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da
abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as
providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos
instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 02/09/99)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e
outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas
da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o
Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa
Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso
Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões
legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de
diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições
mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,
ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que
observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

OBS:
As atribuições conferidas pelo art. 84 ao Presidente da República são taxativas?
Podem ser delegadas?
O rol estabelecido no art. 84 é exemplificativo (vide inciso XXVII).
O Presidente da República somente pode delegar as atribuições previstas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República
ou ao Advogado-Geral da União, devendo todos observar os limites traçados nas
respectivas delegações (vide Parágrafo único).
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OBS:
De modo exemplificativo, as atribuições do Presidente estão definidas no art. 84.
FUNÇÕES DE CHEFIA DE ESTADO: VII - manter relações com Estados
estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;XIX -
declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso
Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões
legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
FUNÇÕES DE CHEFIA DE GOVERNO: as demais

OBS: José Afonso da Silva divide as funções do Presidente em: 1) Chefia de Estado; 2)
Chefia de Governo; e 3) Chefia da Administração Federal.

PODER REGULAMENTAR:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


(...)
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;

Como regra, o Presidente da República materializa as competências do art. 84 por meio


de Decretos.
Como sabido, algumas leis são autoexecutáveis, enquanto que outras necessitam de
regulamentos (decretos regulamentares).
Os Decretos são Fontes Secundárias do Direito; ao contrário das leis que são Fontes
Primárias.

OBS:
Podem existir Decretos independentes de lei preexistente (Decreto Autônomo)?
Princípio da legalidade (art. 5º, II)
Princípio da separação dos Poderes (art. 2º)
Quando o regulamento extrapola a lei padece de vício de legalidade podendo, inclusive,
o Congresso Nacional (art. 49, V) sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitarem o poder regulamentar.
A partir da EC nº 32/2001 que alterou a redação do art. 84, VI – permitindo o Presidente
dispor, mediante decreto, sobre:  a) organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos; e b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos – a ordem jurídica constitucional passou a ter exemplos de decretos autônomos. 

CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE, para Presidente e Vice-Presidente:


a) ser brasileiro nato (art. 12, § 3.º, I);
b) estar no pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3.º, II);
c) alistamento eleitoral (art. 14, § 3.º, III);
d) domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3.º, IV);
e) filiação partidária (arts. 14, § 3.º, V, e 77, § 2.º);
f) idade mínima de 35 anos (art. 14, § 3.º, VI, “a”);
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g) não ser inalistável nem analfabeto (art. 14, § 4.º);


h) não ser inelegível nos termos do art. 14, § 7.º

PROCESSO ELEITORAL:

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á,


simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no
último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do
término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997)
§ 1º - A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele
registrado.
§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido
político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os
nulos.
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-
á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os
dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria
dos votos válidos.
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou
impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de
maior votação.
§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar,
mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

POSSE E MANDATO:
Eleito o Presidente da República, juntamente com o Vice-Presidente (art. 77, § 1.º),
tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter,
defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo
brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil (art. 78).
O mandato do Presidente da República é de 4 anos, tendo início em 1.º de janeiro do
ano seguinte ao da sua eleição (art. 82), sendo atualmente, em decorrência da EC n.
16/97, permitida a reeleição, para um único período subseqüente, do Presidente da
República, dos Governadores de Estado e do Distrito Federal, dos Prefeitos e de quem
os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos (art. 14, § 5.º, na redação
determinada pela EC n. 16/97).

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do


Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a
Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar
a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente
ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este
será declarado vago.

SUBSTITUIÇÃO E SUCESSÃO:
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Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de


vaga, o Vice-Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que
lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por
ele convocado para missões especiais.

O Presidente da República será sucedido pelo Vice-Presidente no caso de vaga, ou


substituído, no caso de impedimento (art. 79).
A vacância nos dá uma ideia de impossibilidade definitiva para assunção do cargo
(cassação, renúncia ou morte), enquanto a substituição tem caráter temporário (por
exemplo: doença, férias etc.).
Podemos afirmar, então, que o Vice-Presidente da República aparece como o sucessor e
o substituto natural do Presidente da República e, além de outras atribuições que lhe
forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que for por ele
convocado para missões especiais.

OBS: Vice-Presidente
REQUISITOS: as mesmas do Presidente.
INVESTIDURA: as mesmas do Presidente.
ATRIBUIÇÕES:
A) Próprias: 1) substituir o Presidente; 2) suceder o Presidente; 3) Participar do
Conselho da República e do Conselho da Defesa; 4) definidas em legislação
complementar.
B) Impróprias: as missões especiais designadas pelo Presidente (art. 79, §único)

SUBSTITUIÇÕES EVENTUAIS OU LEGAIS:

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância


dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência
o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo
Tribunal Federal.

A assunção do cargo por referidas pessoas (ao contrário do que ocorre no caso da
vacância do cargo de Presidente e a sua sucessão pelo Vice, que o assume
definitivamente) será em caráter temporário (substitutos eventuais ou legais).

MANDATO TAMPÃO: ELEIÇÃO DIRETA E INDIRETA:

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á


eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo
Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus
antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em


primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997)
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Se a vacância de ambos os cargos (de Presidente e de Vice) ocorrer nos 2 primeiros


anos do mandato: de acordo com o art. 81, caput, far-se-á eleição 90 dias depois de
aberta a última vaga.
Se ocorrer nos dois últimos anos do mandato, nessa hipótese, a eleição para ambos os
cargos será 30 dias depois da última vaga, pelo Congresso nacional (eleição indireta).

AUSÊNCIA DO PAÍS E LICENÇA DO CONGRESSO

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença


do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob
pena de perda do cargo.

OBS
Tanto a previsão de substituição como a necessidade de autorização para o afastamento,
bem como a conseqüência em caso de descumprimento, segundo o STF, são normas de
reprodução obrigatória que, pela simetria, deverão ser integralmente reproduzidas no
âmbito dos demais entes federativos.
Assim, o STF declarou inconstitucional dispositivo da Constituição do Maranhão que
considerava desnecessária a substituição do Governador por seu Vice-Governador,
quando se afastasse do estado ou do país por até 15 dias (ADI 3.647, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, j. 17.09.2007, DJE de 16.05.2008).

MINISTROS DE ESTADO:

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de


vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições
estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da
administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos
assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no
Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou
delegadas pelo Presidente da República.

São auxiliares do Presidente da República no exercício do Poder Executivo e na direção


superior da administração federal (arts. 76, 84, II e 87).

Dirigem os Ministérios e são escolhidos pelo Presidente da República que os nomeia e


pode lhes exonerar a qualquer tempo, não tendo estabilidade (art. 84,I).

São REQUISITOS para o cargo (art. 87):


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a) ser brasileiro, nato ou naturalizado (exceto o cargo de Ministro de Estado da


Defesa, que,de acordo com a EC n. 23, de 02.09.1999, deverá ser preenchido por
brasileiro nato, conforme se observa pelo inciso VII do § 3.º do art. 12,
acrescentado pela aludida emenda);

b) ter mais de 21 anos de idade;

c) estar no exercício dos direitos políticos.

ATRIBUIÇÕES DOS MINISTROS:

Além de outras atribuições estabelecidas na Constituição e na lei, compete aos


Ministros de Estados as elencadas no parágrafo único do art. 87.

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de


vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições
estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da
administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos
assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no
Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou
delegadas pelo Presidente da República.

Disciplinando a organização da Presidência da República e dos Ministérios, cumprindo


o disposto no art. 88 da Constituição Federal, foi elaborada a Lei nº 9.649/98,
parcialmente revogada pela Lei nº 10.683/03, que foi alterada por diversos outros
dispositivos.
A EC nº 32/01 deu nova redação ao art. 88 da CF, não mais falando em estruturação e
atribuições.

ANTES DEPOIS
Art. 88. A lei disporá sobre a criação, Art. 88. A lei disporá sobre a criação e
estruturação e atribuições dos extinção de Ministérios e órgãos da
Ministérios. administração pública. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)

DELEGAÇÃO PARA EXCERCER MATÉRIA DE COMPETÊNCIA


PRIVATIVA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA:

Art. 84, Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições


mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,
ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que
observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
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O Presidente poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV,
primeira parte, aos Ministros (bem como aos PGR e ao AGU), que deverão observar os
limites traçados nas respectivas delegações.

RESPONSABILIDADE E JUÍZO COMPETENTE PARA PROCESSAR E


JULGAR OS MINISTROS:

De acordo com a Constituição, sem prejuízo de previsão de outras condutas em


legislação federal (Lei nº 1079/50), os Ministros cometem crime de responsabilidade
nas seguintes situações:

a) quando convocados pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou qualquer de
suas Comissões, para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado e inerentes às suas atribuições e deixarem de comparecer, salvo
justificação adequada (art. 50, caput, e art. 58, III);

b) quando as Mesas da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal encaminharem


pedidos escritos de informação aos Ministros de Estado e estes se recusarem a fornecê-
las, não atenderem ao pedido no prazo de 30 dias, ou prestarem informações falsas (art.
50, § 2.º);

c) quando praticarem crimes de responsabilidade conexos e da mesma natureza com os


crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República (art. 52, I, c/c o
art. 85).

Na hipótese de crimes de responsabilidade conexos com os do Presidente da República


o órgão julgador será o Senado Federal, nos termos do art. 52, I, e parágrafo único.

No caso de crimes de responsabilidade praticados sem qualquer conexão com o


Presidente da República e nos crimes comuns, os Ministros de Estado serão processados
e julgados perante o STF, nos exatos termos do art. 102, I, “c”, ou seja, não haverá a
aplicabilidade do art. 51, I (autorização pela CD) e do art. 52, I (julgamento pelo
Senado): O processo será instruído e julgado pelo STF.

OBS:
O art. 51, I, estabelece ser competência privativa da Câmara dos Deputados autorizar,
por 2/3 de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República, bem como contra os Ministros de Estado.
Entretanto, o STF interpretou que essa condição de procedibilidade ou admissibilidade
do processo (por crime comum ou por crime de responsabilidade) só será exigida na
hipótese de crime de responsabilidade praticado por Ministro de Estado conexo com
aquele praticado pelo Presidente da República.
Assim, em se tratando de crime comum ou de crime de responsabilidade praticado
por Ministro de Estado sem conexão com o praticado pelo Presidente da
República, não haverá a necessidade de autorização pela Câmara dos Deputados,
proibindo-se, portanto, a sua exigência. Nesse sentido, firme a jurisprudência do
STF:
“EMENTA: O processo de impeachment dos Ministros de Estado, por crimes de
responsabilidade autônomos, não conexos com infrações da mesma natureza do
Presidente da República, ostenta caráter jurisdicional, devendo ser instruído e
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julgado pelo STF. Inaplicabilidade do disposto nos arts. 51, I e 52, I da Carta de 1988 e
14 da Lei 1.079/1950, dado que é prescindível (ou seja, dispensada, acrescente-se)
autorização política da Câmara dos Deputados para a sua instauração. Prevalência,
na espécie, da natureza criminal desses processos, cuja apuração judicial está sujeita à
ação penal pública da competência exclusiva do MPF (CF, art. 129, I) . Ilegitimidade
ativa ad causam dos cidadãos em geral, a eles remanescendo a faculdade de noticiar os
fatos ao Parquet” (Pet. 1.954, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 11.09.2002, Plenário, DJ de
1.º.08.2003).

CONSELHO DA REPÚBLICA:
É órgão superior de consulta do Presidente da República e suas manifestações não
possuem caráter vinculatório aos atos a serem tomados.
O Conselho se reúne a partir de convocação do Presidente da República e é por ele
presidido (art. 84, XVIII).
A Lei n. 8.041/90 regula a organização e o funcionamento do Conselho da República,
cujas competências constitucionais foram definidas no sentido de se pronunciar sobre a
intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio, bem como sobre questões
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da


República, e dele participam:
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade,
sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado
Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três
anos, vedada a recondução.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:


I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
§ 1º - O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para
participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada
com o respectivo Ministério.
§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.

CONSELHO DE DEFESA NACIONAL:


Também é convocado e presidido pelo Presidente da República (art. 84, XVIII).
É órgão de consulta nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
Estado Democrático.

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da


República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
Estado democrático, e dele participam como membros natos:
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I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
23, de 1999)
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos
desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da
intervenção federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à
segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na
faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
recursos naturais de qualquer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a
garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.
§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa
Nacional

A Lei n. 8.183/91 regula a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa


Nacional, competindo-lhe, nos termos da Constituição:

a) opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, bem como


sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção
federal;

b) propor os critérios e as condições de utilização de áreas indispensáveis à


segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na
faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
recursos naturais de qualquer tipo;

c) estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a


garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.
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CRIMES DE RESPONSABILIDADE

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que


atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as
normas de processo e julgamento.

Os detentores de altos cargos públicos poderão praticar, além dos crimes comuns, os
crimes de responsabilidade, ou seja, infrações político-administrativas (crimes de
natureza política), podendo sofrer ao processo de impeachment.

Os crimes de responsabilidade foram previstos na Constituição de 1891. Resultado da


influência do modelo norte-americano.

A CF/88 prescreve no seu art. 85 que os atos do Presidente da República que atentem
contra a Constituição Federal serão considerados crimes de responsabilidade.

O rol constante no art. 85 é exemplificativo.

O parágrafo único estabelece que os crimes de responsabilidade serão definidos em lei


especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

A lei deve ser necessariamente votada pelo Congresso Nacional, nos termos do art. 22, I
(Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil,
comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho;).

Nesse sentido, recepcionada, em grande parte, pela CF/88 (art. 85, parágrafo único), a
LEI N. 1.079/50, estabelecendo normas de processo e julgamento, foi alterada pela Lei
n. 10.028, de 19.10.2000, que ampliou o rol das infrações político-administrativas,
notadamente em relação aos crimes contra a lei orçamentária.

Assim, a Lei nº 1.079/50 (atualizada pela Lei nº 10.028/2000) define os crimes de


responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento.

OBS:
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Além do Presidente da República (art. 52, I), também poderão ser responsabilizados
politicamente e destituídos de seus cargos através do processo de impeachment: o Vice-
Presidente da República (art. 52, I); os Ministros de Estado, nos crimes conexos com
aqueles praticados pelo Presidente da República (art. 52, I); os Ministros do STF (art.
52, II); os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
Ministério Público (art. 52, II, nos termos da EC n. 45/2004); o Procurador-Geral da
República (art. 52, II) e o Advogado-Geral da União (art. 52, II), bem como
Governadores e Prefeitos (art. 31 — Câmara dos Vereadores)

PROCEDIMENTO DE IMPEACHMENT:

É bifásico:
Há uma fase preambular (juízo de admissibilidade do processo) na Câmara dos
Deputados - Tribunal de Pronúncia.
Há uma fase final (em que ocorre o processo propriamente dito e o julgamento) no
Senado Federal - Tribunal de Julgamento.

CÂMARA DOS DEPUTADOS:


A acusação pode ser formalizada por qualquer cidadão no pleno gozo de seus direitos
políticos.
A Casa Legislativa, pela maioria de 2/3, poderá autorizar a instauração do processo que
correrão perante o Senado Federal (art. 86).

OBS: a jurisprudência do STF, no julgamento de impeachment do Presidente da


República, antes da apreciação pelo Plenário da Câmara dos Deputados (art. 52, I,
CF/88), nos termos do art. 19 da Lei n. 1.079/50, vem reconhecendo, ao Presidente da
Câmara dos Deputados a competência para proceder a “... exame liminar da
idoneidade da denúncia popular, ‘que não se reduz à verificação das formalidades
extrínsecas e da legitimidade de denunciantes e denunciados, mas se pode estender (...)
à rejeição imediata da acusação patentemente inepta ou despida de justa causa,
sujeitando-se ao controle do Plenário da Casa, mediante recurso (...)’”. MS 20.941-
DF, Sepúlveda Pertence, DJ de 31.08.1992).
A Câmara dos Deputados profere juízo político, verificando, conforme anotou o STF,
“... se a acusação é consistente, se tem ela base em alegações e fundamentos plausíveis,
ou se a notícia do fato reprovável tem razoável procedência, não sendo a acusação
simplesmente fruto de quizílias ou desavenças políticas” (MS 21.564, Rel. p/ o ac. Min.
Carlos Velloso, j. 23.09.1992, Plenário, DJ de 27.08.1993).

SENADO FEDERAL:
Havendo a autorização da Câmara dos Deputados, o Senado Federal deverá instaurar o
processo sob a Presidência do Presidente do STF, submetendo o Presidente da
República a julgamento.
Instaurado o processo, o Presidente ficará suspenso de suas funções pelos prazo de 180
dias. Se o julgamento não estiver concluído nesse prazo, cessará o afastamento do
Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (art. 86, §1º, II e §2º).
A eventual sentença condenatória no processo de impeachement é feita mediante
Resolução do Senado Federal, que somente será proferida por voto de 2/3 dos membros
da Casa, limitando-se a condenação à perda do cargo e inabilitação para o exercício de
qualquer função pública (sejam decorrentes de concurso público, de confiança ou de
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mandato eletivo) por 8 anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (art. 52,
parágrafo único).

Conforme dispõe o art. 15 da Lei n. 1.079/50, “a denúncia só poderá ser recebida


enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado definitivamente o
cargo”. O ex-Presidente Fernando Collor de Mello impetrou mandado de segurança
alegando que a renúncia ao cargo extinguiria o processo de impeachment. O STF,
julgando o aludido MS 21.689-1, por maioria de votos, decidiu que a renúncia ao cargo
não extingue o processo quando já iniciado.
Assim, havendo renúncia ao cargo, quando já fora iniciado o processo, este deverá
seguir até o final, podendo ser aplicada a pena.

CONTROLE JUDICIAL?

O Poder Legislativo – a Câmara dos Deputados (juízo de admissibilidade) e o Senado


Federal (processo e julgamento) – realiza atos de natureza política, levando em
consideração critérios de conveniências e oportunidade.
Sob esse aspecto, a doutrina entende não parecer razoável o controle judicial sob pena
de se violar o princípio da separação dos poderes.
Entretanto, o STF entende possível o controle em razão de lesão ou ameaça a direito
(art. 5º, XXXV), como, por exemplo, em procedimento que viole a ampla defesa.

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da
Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos
crimes de responsabilidade.
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo
Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado
Federal.
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver
concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo.
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o
Presidente da República não estará sujeito a prisão.
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

PROCEDIMENTO:
Denúncia apresentada na Câmara de Deputados.
Comissão especial elabora parecer sobre a denúncia que será submetido a votação
(ostensiva e nominal).
Juízo de admissibilidade: autorização de 2/3 dos 513 deputados.
Após a autorização, o Presidente será processado e julgado pelo Senado Federal:
a) será eleita uma Comissão processante (acusadora) com ¼ dos senadores. A Comissão
terá poderes para realizar diligências e instruir o processo;
b) será elaborada uma peça final acusatória e a mesma será enviada ao Presidente do
Senado. Será concedido o direito de defesa ao acusado;
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c) no final do procedimento, o Presidente do Senado comunicará ao Presidente do STF


o dia do julgamento. O Presidente do STF conduzirá o julgamento.
A condenação exigirá o quórum de 2/3 dos senadores.

SANÇÃO:
a) perda do cargo (impeachment) e;
b) inabilitação para o exercício de funções públicas (concurso público, cargo em
comissão ou mandato público eletivo) por 8 anos.

CRIMES COMUNS:
A regras de procedimento estão Previstas na Lei nº 8.038/90 e no RISTF (arts. 230 a
246).
Diz respeito a qualquer tipo de infração penal, incluindo os delitos eleitorais e as
contravenções penais.
Igualmente aos crimes de responsabilidade, também haverá um juízo político.

PROCEDIMENTO: Lei nº 8.038/90 e Regimento interno do STF.


O inquérito é distribuído para um Ministro-relator no STF que fará a análise da
irresponsabilidade penal relativa, ou seja, verificará se o pretenso ato delituoso foi
praticado em ofício ou em razão do ofício de Presidente República.

Se entender que o ato praticado não guarda relação com as funções de Presidente (ou se
foi praticado antes do início do mandato), irá determinar a irresponsabilidade penal
temporária do Presidente da República (art. 86, §4º), ocorrendo a suspensão da
prescrição.

Obs: O Presidente da república só poderá ser responsabilizado pela prática de infração


penal comum se os atos foram praticados em razão do exercício de suas funções (in
officio ou propter officium). Em relação às infrações de natureza civil, política,
administrativa, fiscal ou tributária, poderá o Presidente da República ser
responsabilizado. A imunidade penal relativa somente atinge a persecução criminal por
ilícitos penais que não tenham sido cometidos em razão das funções do cargo.

Se entender que o suposto ato delituoso foi praticado no ofício ou em razão do ofício, o
Ministro dará prosseguimento ao procedimento.
Se o crime for de ação penal pública, o inquérito será enviado ao PGR que decidirá
sobre o oferecimento da denúncia.
Se a ação penal for privada, o STF aguardará a queixa-crime do ofendido ou de seu
representante legal.
Em razão da imunidade formal em relação ao processo, ofertada a denúncia contra o
Presidente, o STF irá comunicar à Câmara dos Deputados de que existe uma
denúncia contra o Presidente para que a Casa faça o juízo de admissibilidade.
A Mesa da Câmara despachará o pedido de processo para a Comissão de Constituição e
Justiça da Casa que elaborará um parecer sobre o caso que será submetido à votação.
Será exigido 2/3 dos deputados para autorizar o processamento do Presidente da
República.
Se autorizado, o Presidente da Câmara comunica ao Presidente do STF.
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Mas, ao contrário do Senado Federal quanto aos Crimes de Responsabilidade, o STF


não é obrigado a receber a denúncia em razão da autorização da Casa legislativa.
Autorizado o início da ação penal, o STF notificará o acusado para que ofereça defesa
escrita no prazo de 15 dias. Após, o relator solicitará dia para que o plenário delibere
sobre o recebimento ou não da denúncia (ou queixa-crime). Se aceitar a denúncia, o
STF a recebe e inicia o processo. Nesse caso, o Presidente ficará suspenso de suas
atividades por 180 dias.
Se condenado, o Presidente poderá ser preso (após sentença penal condenatória
transitada em julgado que afasta a imunidade forma em relação à prisão do art. 86, §3º).
A perda do mandato ocorrerá em razão dos efeitos reflexos da condenação à luz do
disposto no art. 15, III (que estipula a suspensão dos direitos políticos na hipótese de
condenação criminal transitada em julgado). O efeito direto da condenação é a pena
designada.

Obs: a imunidade formal relativa à prisão e a cláusula de irresponsabilidade penal


relativa não estendem aos demais chefes de Executivo.
De acordo com a interpretação do STF, as regras em relação à prisão (art. 86, §3º), bem
como aquelas em relação à imunidade penal relativa (art. 86, §4º) não podem ser
estendidas aos Governadores de Estados (e do DF) e Prefeitos, por atos normativos
próprios, na medida em que as regras estão reservadas à competência exclusiva da
União para disciplinar (art. 22, I).

Assim, os Governadores dos Estados e do DF possuem somente a imunidade formal em


relação ao processo, desde que haja precisão nas respectivas constituições ou lei
orgânica. Entretanto, não possuem imunidade formal em relação à prisão e não são
acobertados pela cláusula da irresponsabilidade penal relativa.

Os prefeitos não são dotados nem mesmo da imunidade formal em relação ao processo.

RESPONSABILIDADE DOS CHEFES DOS EXECUTIVOS ESTADUAIS E


MUNICIPAIS
Governadores Prefeitos
Crime comum: a competência para processar Crime Comum: pelos crimes comuns, serão
e julgar os governadores por crimes comuns julgados pelo TJ (art. 29, X).
é do STJ. Se o crime for eleitoral, serão julgados pelo
Os mesmos só poderão ser processados TRE.
penalmente com a autorização da Assembleia Se for crime contra a União, serão julgados
Legislativa Estadual. pelo TRF.
Crime de Responsabilidade: a competência Crime de responsabilidade: os prefeitos serão
para processar e julgar governadores por julgados pela Câmara de Vereadores.
crime de responsabilidade será de um
Tribunal Especial, formado por 5 membros
do Legislativo e 5 desembargadores, nos
termos da Lei nº 1.079/50.
Será necessário que 2/3 dos membros votem
pela condenação.
As penas serão a perda do cargo, com
inabilitação de até 5 anos para o exercício de
qualquer função pública, sem prejuízo da
ação da justiça comum
A doutrina entende que ante a vigência da
LC nº 135/2010, o Governador que perder o
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seu cargo por infringência a dispositivo da


Constituição Estadual ou Lei Orgânica se
torna inelegíveis para qualquer cargo para as
eleições que se realizarem durante o período
remanescente e nos 8 anos subsequentes ao
término do mandato para o qual tenham sido
eleitos.

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