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TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
OBS:
SISTEMA DE GOVERNO: é o modo como ocorre as relações entre os Poderes dentro
de um Estado, sobretudo entre o Legislativo e o Executivo.
Diferencia-se de FORMA DE GOVERNO que é definida como o modo que se dá a
relação entre os governantes e governados dentro de um Estado.
OBS:
Desde 1891, o Brasil adota o Sistema Presidencialista.
Entre SETEMBRO/1961 e JANEIRO/1963, vigorou o parlamentarismo em nosso
governo republicano.
Após a renúncia de Jânio Quadros, houve o veto militar a posse de João Goulart.
A Emenda Constitucional n. 4, de 02.09.1961, à Constituição de 1946, instituiu o
parlamentarismo, sendo revogada pela Emenda n. 6, de 23.01.1963, restauradora do
regime presidencialista, tendo em vista o resultado do referendo realizado em 6 de
janeiro de 1963, que decidiu pelo retorno ao presidencialismo.
Seção I
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
OBS:
No âmbito estadual, o Poder Executivo é exercido pelo Governador de Estado, auxiliado
pelos Secretários de Estado.
No âmbito distrital, pelo Governador.
No âmbito municipal, pelo Prefeito.
No âmbito dos Territórios, o Poder Executivo é exercido pelo Governador nomeado
pelo Presidente da República, após a aprovação pelo Senado (arts. 33, §3º; 52, III, “c” e
84, XIV).
OBS:
As atribuições conferidas pelo art. 84 ao Presidente da República são taxativas?
Podem ser delegadas?
O rol estabelecido no art. 84 é exemplificativo (vide inciso XXVII).
O Presidente da República somente pode delegar as atribuições previstas nos incisos VI,
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República
ou ao Advogado-Geral da União, devendo todos observar os limites traçados nas
respectivas delegações (vide Parágrafo único).
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OBS:
De modo exemplificativo, as atribuições do Presidente estão definidas no art. 84.
FUNÇÕES DE CHEFIA DE ESTADO: VII - manter relações com Estados
estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;XIX -
declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso
Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões
legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
FUNÇÕES DE CHEFIA DE GOVERNO: as demais
OBS: José Afonso da Silva divide as funções do Presidente em: 1) Chefia de Estado; 2)
Chefia de Governo; e 3) Chefia da Administração Federal.
PODER REGULAMENTAR:
OBS:
Podem existir Decretos independentes de lei preexistente (Decreto Autônomo)?
Princípio da legalidade (art. 5º, II)
Princípio da separação dos Poderes (art. 2º)
Quando o regulamento extrapola a lei padece de vício de legalidade podendo, inclusive,
o Congresso Nacional (art. 49, V) sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitarem o poder regulamentar.
A partir da EC nº 32/2001 que alterou a redação do art. 84, VI – permitindo o Presidente
dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos; e b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos – a ordem jurídica constitucional passou a ter exemplos de decretos autônomos.
PROCESSO ELEITORAL:
POSSE E MANDATO:
Eleito o Presidente da República, juntamente com o Vice-Presidente (art. 77, § 1.º),
tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter,
defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo
brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil (art. 78).
O mandato do Presidente da República é de 4 anos, tendo início em 1.º de janeiro do
ano seguinte ao da sua eleição (art. 82), sendo atualmente, em decorrência da EC n.
16/97, permitida a reeleição, para um único período subseqüente, do Presidente da
República, dos Governadores de Estado e do Distrito Federal, dos Prefeitos e de quem
os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos (art. 14, § 5.º, na redação
determinada pela EC n. 16/97).
SUBSTITUIÇÃO E SUCESSÃO:
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OBS: Vice-Presidente
REQUISITOS: as mesmas do Presidente.
INVESTIDURA: as mesmas do Presidente.
ATRIBUIÇÕES:
A) Próprias: 1) substituir o Presidente; 2) suceder o Presidente; 3) Participar do
Conselho da República e do Conselho da Defesa; 4) definidas em legislação
complementar.
B) Impróprias: as missões especiais designadas pelo Presidente (art. 79, §único)
A assunção do cargo por referidas pessoas (ao contrário do que ocorre no caso da
vacância do cargo de Presidente e a sua sucessão pelo Vice, que o assume
definitivamente) será em caráter temporário (substitutos eventuais ou legais).
OBS
Tanto a previsão de substituição como a necessidade de autorização para o afastamento,
bem como a conseqüência em caso de descumprimento, segundo o STF, são normas de
reprodução obrigatória que, pela simetria, deverão ser integralmente reproduzidas no
âmbito dos demais entes federativos.
Assim, o STF declarou inconstitucional dispositivo da Constituição do Maranhão que
considerava desnecessária a substituição do Governador por seu Vice-Governador,
quando se afastasse do estado ou do país por até 15 dias (ADI 3.647, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, j. 17.09.2007, DJE de 16.05.2008).
MINISTROS DE ESTADO:
ANTES DEPOIS
Art. 88. A lei disporá sobre a criação, Art. 88. A lei disporá sobre a criação e
estruturação e atribuições dos extinção de Ministérios e órgãos da
Ministérios. administração pública. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
O Presidente poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV,
primeira parte, aos Ministros (bem como aos PGR e ao AGU), que deverão observar os
limites traçados nas respectivas delegações.
a) quando convocados pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou qualquer de
suas Comissões, para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado e inerentes às suas atribuições e deixarem de comparecer, salvo
justificação adequada (art. 50, caput, e art. 58, III);
OBS:
O art. 51, I, estabelece ser competência privativa da Câmara dos Deputados autorizar,
por 2/3 de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República, bem como contra os Ministros de Estado.
Entretanto, o STF interpretou que essa condição de procedibilidade ou admissibilidade
do processo (por crime comum ou por crime de responsabilidade) só será exigida na
hipótese de crime de responsabilidade praticado por Ministro de Estado conexo com
aquele praticado pelo Presidente da República.
Assim, em se tratando de crime comum ou de crime de responsabilidade praticado
por Ministro de Estado sem conexão com o praticado pelo Presidente da
República, não haverá a necessidade de autorização pela Câmara dos Deputados,
proibindo-se, portanto, a sua exigência. Nesse sentido, firme a jurisprudência do
STF:
“EMENTA: O processo de impeachment dos Ministros de Estado, por crimes de
responsabilidade autônomos, não conexos com infrações da mesma natureza do
Presidente da República, ostenta caráter jurisdicional, devendo ser instruído e
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julgado pelo STF. Inaplicabilidade do disposto nos arts. 51, I e 52, I da Carta de 1988 e
14 da Lei 1.079/1950, dado que é prescindível (ou seja, dispensada, acrescente-se)
autorização política da Câmara dos Deputados para a sua instauração. Prevalência,
na espécie, da natureza criminal desses processos, cuja apuração judicial está sujeita à
ação penal pública da competência exclusiva do MPF (CF, art. 129, I) . Ilegitimidade
ativa ad causam dos cidadãos em geral, a eles remanescendo a faculdade de noticiar os
fatos ao Parquet” (Pet. 1.954, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 11.09.2002, Plenário, DJ de
1.º.08.2003).
CONSELHO DA REPÚBLICA:
É órgão superior de consulta do Presidente da República e suas manifestações não
possuem caráter vinculatório aos atos a serem tomados.
O Conselho se reúne a partir de convocação do Presidente da República e é por ele
presidido (art. 84, XVIII).
A Lei n. 8.041/90 regula a organização e o funcionamento do Conselho da República,
cujas competências constitucionais foram definidas no sentido de se pronunciar sobre a
intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio, bem como sobre questões
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
23, de 1999)
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos
desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da
intervenção federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à
segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na
faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos
recursos naturais de qualquer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a
garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.
§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa
Nacional
CRIMES DE RESPONSABILIDADE
Os detentores de altos cargos públicos poderão praticar, além dos crimes comuns, os
crimes de responsabilidade, ou seja, infrações político-administrativas (crimes de
natureza política), podendo sofrer ao processo de impeachment.
A CF/88 prescreve no seu art. 85 que os atos do Presidente da República que atentem
contra a Constituição Federal serão considerados crimes de responsabilidade.
A lei deve ser necessariamente votada pelo Congresso Nacional, nos termos do art. 22, I
(Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil,
comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho;).
Nesse sentido, recepcionada, em grande parte, pela CF/88 (art. 85, parágrafo único), a
LEI N. 1.079/50, estabelecendo normas de processo e julgamento, foi alterada pela Lei
n. 10.028, de 19.10.2000, que ampliou o rol das infrações político-administrativas,
notadamente em relação aos crimes contra a lei orçamentária.
OBS:
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Além do Presidente da República (art. 52, I), também poderão ser responsabilizados
politicamente e destituídos de seus cargos através do processo de impeachment: o Vice-
Presidente da República (art. 52, I); os Ministros de Estado, nos crimes conexos com
aqueles praticados pelo Presidente da República (art. 52, I); os Ministros do STF (art.
52, II); os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
Ministério Público (art. 52, II, nos termos da EC n. 45/2004); o Procurador-Geral da
República (art. 52, II) e o Advogado-Geral da União (art. 52, II), bem como
Governadores e Prefeitos (art. 31 — Câmara dos Vereadores)
PROCEDIMENTO DE IMPEACHMENT:
É bifásico:
Há uma fase preambular (juízo de admissibilidade do processo) na Câmara dos
Deputados - Tribunal de Pronúncia.
Há uma fase final (em que ocorre o processo propriamente dito e o julgamento) no
Senado Federal - Tribunal de Julgamento.
SENADO FEDERAL:
Havendo a autorização da Câmara dos Deputados, o Senado Federal deverá instaurar o
processo sob a Presidência do Presidente do STF, submetendo o Presidente da
República a julgamento.
Instaurado o processo, o Presidente ficará suspenso de suas funções pelos prazo de 180
dias. Se o julgamento não estiver concluído nesse prazo, cessará o afastamento do
Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (art. 86, §1º, II e §2º).
A eventual sentença condenatória no processo de impeachement é feita mediante
Resolução do Senado Federal, que somente será proferida por voto de 2/3 dos membros
da Casa, limitando-se a condenação à perda do cargo e inabilitação para o exercício de
qualquer função pública (sejam decorrentes de concurso público, de confiança ou de
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mandato eletivo) por 8 anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (art. 52,
parágrafo único).
CONTROLE JUDICIAL?
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da
Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos
crimes de responsabilidade.
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo
Supremo Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado
Federal.
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver
concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo.
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o
Presidente da República não estará sujeito a prisão.
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
PROCEDIMENTO:
Denúncia apresentada na Câmara de Deputados.
Comissão especial elabora parecer sobre a denúncia que será submetido a votação
(ostensiva e nominal).
Juízo de admissibilidade: autorização de 2/3 dos 513 deputados.
Após a autorização, o Presidente será processado e julgado pelo Senado Federal:
a) será eleita uma Comissão processante (acusadora) com ¼ dos senadores. A Comissão
terá poderes para realizar diligências e instruir o processo;
b) será elaborada uma peça final acusatória e a mesma será enviada ao Presidente do
Senado. Será concedido o direito de defesa ao acusado;
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SANÇÃO:
a) perda do cargo (impeachment) e;
b) inabilitação para o exercício de funções públicas (concurso público, cargo em
comissão ou mandato público eletivo) por 8 anos.
CRIMES COMUNS:
A regras de procedimento estão Previstas na Lei nº 8.038/90 e no RISTF (arts. 230 a
246).
Diz respeito a qualquer tipo de infração penal, incluindo os delitos eleitorais e as
contravenções penais.
Igualmente aos crimes de responsabilidade, também haverá um juízo político.
Se entender que o ato praticado não guarda relação com as funções de Presidente (ou se
foi praticado antes do início do mandato), irá determinar a irresponsabilidade penal
temporária do Presidente da República (art. 86, §4º), ocorrendo a suspensão da
prescrição.
Se entender que o suposto ato delituoso foi praticado no ofício ou em razão do ofício, o
Ministro dará prosseguimento ao procedimento.
Se o crime for de ação penal pública, o inquérito será enviado ao PGR que decidirá
sobre o oferecimento da denúncia.
Se a ação penal for privada, o STF aguardará a queixa-crime do ofendido ou de seu
representante legal.
Em razão da imunidade formal em relação ao processo, ofertada a denúncia contra o
Presidente, o STF irá comunicar à Câmara dos Deputados de que existe uma
denúncia contra o Presidente para que a Casa faça o juízo de admissibilidade.
A Mesa da Câmara despachará o pedido de processo para a Comissão de Constituição e
Justiça da Casa que elaborará um parecer sobre o caso que será submetido à votação.
Será exigido 2/3 dos deputados para autorizar o processamento do Presidente da
República.
Se autorizado, o Presidente da Câmara comunica ao Presidente do STF.
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Os prefeitos não são dotados nem mesmo da imunidade formal em relação ao processo.