Aula 2 - Poder Constituinte: conceitos e classificações.

É muito importante que se conheça o conceito e que saiba distinguir as várias

classificações.

No bloco anterior a gente falou de constitucionalismo e constituição.

Constitucionalismo é um movimento social, político e jurídico que tem como fim o
estabelecimento de limites ao poder do Estado, o que é feito por meio de uma Constituição.
Vimo que há vários sentidos para a palavra constituição - sentido sociológico, sentido político,
sentido jurídico e sentido cultural. Agora temos que ver como se nasce e se altera uma
Constituição – e isso a gente estuda dentro de poder constituinte.

1. Poder Constituinte

Conforme José Afonso da Silva, Poder Constituinte “é o poder que cabe ao povo de
dar-se uma constituição. É a mais alta expressão do poder político, porque é aquela energia
capaz de organizar política e juridicamente a Nação”.
O Legislador ordinário cria as leis do dia a dia, já o legislador constituinte é aquele
que tem o poder de criar e alterar as constituições.
O titular do poder constituinte é o povo!! O exercício do poder constituinte é do
Congresso Nacional.
O exercício do poder constituinte pode ser autocrático ou democrático. O exercício
democrático do poder constituinte ou podemos ter um exercício autocrático do poder
constituinte – há participação popular, ainda que não tenha sido a própria população que
esteve na Assembleia Constituinte criando a constituição de 88 por exemplo, aquelas pessoas
que estavam lá eram representantes do povo elas eram pessoas e para que então é esse é um
exemplo de exercício da titularidade do poder constituinte democrático agora existe também
o chamado exercício autocrático, esse é o obtido por outorga, não há participação popular, há
aquelas situações na qual a constituição é imposta; não importa se esse exercício foi
estabelecido de forma autocrática ou democrática, se esse exercício estabeleceu uma ordem
política e jurídica naquela nação é manifestação do poder constituinte, pouco importa se foi
autocrático ou democrático – como exemplo temos a constituição de 1967, que mesmo sendo
autocrática é manifestação do poder constituinte originário.
 2. Classificação do poder constituinte.

O Poder Constituinte se divide em quatro espécies: originário, derivado, difuso,

supranacional. O derivado se subdivide em: reformador, revisor e decorrente.

3. Poder Constituinte originário (PCO)

O poder Constituinte originário é aquele que instaura uma nova ordem jurídica,
rompendo por completo com a ordem jurídica precedente;
Trata-se da inauguração de uma nova ordem jurídica;
Também chamado de inicial, genuíno ou de 1º grau.

Classificação:

Quanto ao momento:

a) Histórico – fez nascer a primeira constituição de um Estado, aqui no Brasil a primeira foi a
Constituição de 1824, todas as demais são manifestações do poder constituinte pós-
fundacional;
b) pós-fundacional (Revolucionário) – As constituições que vieram após a Constituição de 1824
são manifestações do poder constituinte pós-fundacional;

Quanto à dimensão:
a) Material – a energia que fez nascer aquela constituição – A assembleia nacional constituinte
de 87/88 fez nascer a constituição de 88, antes dessa Assembleia ser instaurada havia uma
força popular dos órgãos sociais que dizia nós precisamos de uma nova constituição, isso é a
dimensão material do PCO, essa força que faz nascer uma nova constituição.

b) Formal – a dimensão formal nada mais é do que a formalização desses trabalhos, o texto
escrito da constituição.

Quanto à forma de expressão:

a) Por Assembleia – quando há participação popular;
b) Por outorga – quando não há participação popular.
 4. Poder Constituinte Derivado (PCD)

Trata-se do poder que decorre do PCO, sendo também chamado de instituídos,

constituído, secundário, de 2º grau ou remanescente;

O Poder Constituinte Originário – é inicial, ilimitado juridicamente, incondicionado, poder de

fato (político), permanente.
O Poder Constituinte Derivado (PCD) – Secundário, limitado pelo PCO, condicionado pelo PCO,
Poder Judiciário.

4.1 Subespécies do PCD

A Primeira subdivisão é o poder constituinte derivado reformador é aquele que está

relacionado com a alteração do texto da constituição por meio de emendas constitucionais
(artigo. 59, I; art. 60); é aquele que faz as reformas constitucionais, aquele que estabelece as
emendas constitucionais – Daqui nascem as emendas constitucionais.

A segunda divisão é o poder constituinte derivado revisor que está relacionado

também a alteração da Constituição Federal por meio das Emendas Constitucionais de revisão
(art. 3 º ADCT). No próprio texto da Constituição de 88 se estabeleceu uma data que deveria
haver uma revisão da Constituição e ali havia um procedimento diferenciado de revisão. Tanto
o poder reformador quanto o poder revisor alteram o texto da constituição, mas eles possuem
meio de execução diferentes – Daqui nascem as emendas constitucionais de revisão.

A terceira e última subdivisão é o poder constituinte derivado decorrente, ele está

relacionado a criação e alterações das constituições estaduais conforme o artigo 11 do ADCT.
Então veja o poder constituinte derivado decorrente é aquele que faz nascer as constituições
estaduais e as faz serem alteradas – Daqui nascem as Constituições Estaduais e as suas
alterações.
Qual é a diferenças entre o reformador e o revisor? Ambos alteram a Constituição ....

PCD Reformador = Artigo 60 e 59 CF; Emendas Constitucionais (EC n. 1 a 107); ilimitado na

quantidade; datas incertas; quórum: 3/5 dos deputados e senadores (sessão bicameral);
votação: 2x cada casa; sessão bicameral.

PCD Revisor = Art. 3º, ADCT; EC de revisão (ECR n.1 a 06/1994); limitado a uma única vez; data
certa- 5 anos; quórum: maioria absoluta (metade + 1); votação única; sessão unicameral.

4. Poder Constituinte Difuso

Trata-se de um poder de fato, que serve de fundamento para os mecanismos de

atuação da mutação constitucional;

Alteração informal da Constituição – é aquela que o poder judiciário reinterpreta uma

norma constitucional e muda a sua interpretação, um exemplo fácil é a execução das penas
aos a execução em segunda instância por várias vezes o Supremo mudou a sua posição. Trata-
se de uma mudança na interpretação da constituição.

5. Poder Constituinte Supranacional

Essa busca sua fonte de validade na cidadania universal, no pluralismo de

ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de
soberania;
É o chamado trans constitucionalismo – como por exemplo, o problema ambiental, de nada
adianta um país seguir rigidamente as regras de não poluição, de não desmatamento se o país
vizinho não seguir rigidamente essas regras. Ex.: União Europeia.

Foque principalmente nas diferenças entre poder constituinte originário e o derivado; e o

revisor e reformador!