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Etec João Jorge Geraissate - Penápolis-SP


Curso: Técnico em Serviços Jurídicos – Módulo I
Matéria: Noções de Direito Constitucional
Professora: Débora Vieira Torres
Tema: PODER CONSTITUINTE (BASE 2)

PODER CONSTITUINTE

O primeiro idealizador dessa teoria foi Emmanuel Sieyès, na qual, em síntese, estabeleceu que poder
constituinte é o poder que cria a constituição. Os poderes constituídos, por sua vez, seriam os
resultados dessa criação. Assim o poder constituinte é o gênero, do qual são espécies o poder
constituinte originário e o derivado, não servindo apenas para a criação de uma constituição, portanto.

Importante - a titularidade do poder constituinte é dada ao povo, uma vez que é ele quem detém a
legitimidade para determinar quando e como deverá ser elaborada a nova constituição.

O poder constituinte se divide em poder constituinte originário e poder constituinte derivado. Este
último ainda se subdivide em reformador, revisor e decorrente, conforme abaixo:

PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

Poder constituinte originário é aquele que dá origem a uma nova constituinte (faz nascer uma nova
ordem jurídica), ou seja, cria a constituição. Por tal razão, são estas as suas características, conforme
seguem:
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Mas atenção, embora o poder constituinte originário seja ilimitado juridicamente, encontra limites
nos valores que informam a sociedade.

Além dessas características, o Poder Constituinte Originário se esgota quando do surgimento de uma
nova constituição. Entretanto, tenha em mente que o poder constituinte originário é permanente. Nesse
sentido, está apto a se manifestar a qualquer momento, quando, por exemplo, convoca-se uma nova
assembleia nacional constituinte.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO

Como o próprio nome indica, o poder constituinte derivado é aquele que deriva do poder originário, o
qual por essa razão também é chamado de instituído, constituído ou de segundo grau. São características
principais desse poder:
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Assim, esse poder se subdivide em reformador, revisor e decorrente, conforme se verifica abaixo:

PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR

É o poder que garante a possibilidade de reforma e modificação da constituição, restringindo-se


(respeitando) às limitações impostas pelo texto constitucional, conforme seguem.

Essas limitações estão dispostas no artigo 60 e seguintes da CF de 1988, ao dispor sobre a forma de
modificação da constituição através de emendas:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
CLÁUSULAS PÉTREAS
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não
pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
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Limitações materiais

São as limitações dispostas no parágrafo 4º do artigo 60, transcrito acima. As disposições inseridas no
referido parágrafo são chamadas de cláusulas pétreas.

Limitações circunstanciais

Em que circunstancias a CF de 1988 não poderia ser alterada? Nos casos do artigo 60, parágrafo 1:

Limitações formais ou procedimentais

São as limitações impostas à propositura de emenda constitucional (quem pode propor e quórum), bem
como relativamente às demais fases do processo legislativo de sua criação.
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Ainda nessa lógica, pode uma proposta de emenda que foi rejeitada ser votada
novamente na mesma sessão legislativa? Não, essa é também uma limitação formal.

Limitações temporais

É importante constar a existência dessa limitação, embora ela não tenha sido prevista na CF de 1988.
Trata-se do caso em que se impõe previsão de tempo para alteração de uma constituição. No nosso caso,
no dia seguinte à promulgação da CF de 05 de outubro de 1988, ou seja, no dia 06 do mesmo mês e ano
já se poderia alterá-la.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE

O poder decorrente é o que foi atribuído aos Estados a fim de que possam elaborar suas
próprias constituições. O poder constituinte derivado decorrente também deve respeitar as limitações
constitucionais acima esclarecidas. Portanto, é certo dizer que: O poder constituinte derivado
decorrente autoriza os estados-membros a estabelecerem em suas Constituições
estaduais disposições que, embora não estejam previstas pela CF, complementem-
na.
Assim como o poder constituinte derivado, esse poder também encontra limitações. São
exemplos os princípios constitucionais sensíveis (Art. 60, CF) e os princípios constitucionais
estabelecidos ou organizatórios, conforme seguem:
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PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR

A CF de 1988 previu que após o lapso temporal (5 anos) haveria uma revisão constitucional, nos
seguintes termos:

Art. 3º, ADCT. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
unicameral.

O que devemos destacar?

 Trata-se de processo simplificado (mais simples que o da emenda)


 Prazo: 5 anos
 Voto: maioria absoluta dos membros do CN
 Sessão unicameral

Ainda é válido registrar que não é mais possível realizar esse poder, tendo ocorrido uma única revisão
em junho de 1994.

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