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FACULDADE DE DIREITO
O PODER
CONSTITUINTE
[O Poder Constituinte
em Angola]
Armindo Moisés Kasesa Chimuco
[09 de Outubro de 2009]
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
1.1. INTRODUÇÃO
O poder constituinte é o poder de um povo em dado momento, criar, modificar ou elaborar ou
eliminar uma constituição. Na modernidade o poder constituinte tem como titular e povo e é
exercido com base nas formas de exercício democráticas.
O este trabalho contém três parágrafos nos quais tratou-se o seguinte:
1.O primeiro parágrafo é o capítulo introdutório no qual se fez uma breve introdução fez-se alusão
aos métodos usados, aos objectivos do trabalho, a formulação do problema e as referidas
hipóteses;
2. O segundo capítulo é integrado por doutrina ou melhor fez-se uma abordagem sobre o
conceito, características, evolução histórica, titularidade, tipologias, formas de exercício e limites
do poder constituinte.
3. No terceiro e último capítulo fez uma caracterização e evolução do poder constituinte em
Angola.
1.3. HIPÓTESES
1. Em Angola houve uma manifestação do poder constituinte originário em 1975 uma vez que se
estava a criar um estado novo não havia uma constituição que o vincularia o poder constituinte
a exercer de criar uma ordem constitucional sem vinculações. Em 1991 e 1992 também se estava
diante do poder constituinte originário, porque não existe uma identidade entre o procedimento
constituinte de 1975 e o de 1991|92 e porque não existe uma descontinuidade entre os dois
textos constitucionais.
1.1. Estava-se diante de um poder constituinte derivado em 1975, porque não houve uma participação
do povo na elaboração do texto Constitucional. E o poder constituinte é o poder que um povo
tem de em determinada altura elaborar uma constituição. E o poder que elaborou a lei
constitucional de 1975 foi deixado pelos portugueses através dos acordos de Alvor. Em 1991|92
estávamos diante do poder constituinte derivado porque já havia uma Lei Constitucional a de
1975 facto que pressupõe o exercício do poder constituinte originário já exercido por um órgão
(Comité Central do MPLA) e que o órgão que fez a revisão em 1991|92 é a Assembleia do povo
cujos deputados foram eleitos de forma restrita no Comité Central do MPLA.
2. O poder criador do texto constitucional de 1991|92 é um poder constituinte derivado porque foi
aprovado pelo mesmo órgão que criou a constituição de 1975. Estávamos diante do poder
constituinte derivado porque houve uma descontinuidade entre os dois textos constitucionais e
por o procedimento que o aprovou não ser igual ao de 1975, uma vez que em 1975 o MPLA
aprovou unilateralmente a constituição, mas em 1992 a Assembleia do Povo, tem uma função
apenas de formalização ao que já estava decidido em negociação entre os representantes das
maiores forças políticas do país naquele momento.
1.4. OBJECTIVOS
Objectivos Gerais
Os objectivos gerais deste trabalho de investigação são os seguintes:
O melhoramento da minha capacidade de lidar com fontes de informações, de argumentação e
de gestão da vida académica;
Melhorar o meu aproveitamento na cadeira de Ciência Política e Direito Constitucional;
Deixar o meu legado no estudo do poder constituinte;
Objectivos específicos:
Os objectivos específicos deste trabalho são responder a necessidade de se justificar a
classificação obtida na prova de exame de época normal na cadeira de Ciência Politica e Direito
Constitucional; e
Melhorar a classificação obtida.
1.6. METODOLOGIA
Durante a execução do trabalho, para a recolha de informações usei o método de observação
analítica de documentos (livros) e de entrevista.
Aqui neste tema falaremos dos elementos que traduzem o ser do poder constituinte.
A presença do fenómeno constituinte é resultado de momentos constitucionais
extraordinários - revolução que pode ser violenta ou pacifica e pode manifestar-se de diferentes
formas: secessão, golpe de estado, transições constitucionais, descolonização, manifestações
públicas, etc.
Embora os positivistas pensavam que a revolução é um facto contra-jurídico, nos
entendemos que a revolução só obedece ou melhor se adequa a teoria de Sieyès que é
desconstituinte derruba uma ordem e reconstituinte - cria geralmente uma nova ordem. Assim
temos que o poder constituinte é um poder jurídico e político.
As características do poder constituinte são:
Inicial – por não existir antes dele qualquer poder que lhe sirva de fundamento:
B. Decisões Constituintes
Ao falarmos das decisões constituintes ou decisões materiais implicará falarmos do
procedimento constituinte ou das formas de exercício do poder constituinte – iniciativa,
discussão, votação, promulgação, publicação, conducentes a adopção de uma nova
constituição.
As formas de exercício do poder constituinte ou o procedimento constituinte dependem
das estruturas políticas, económicas, e sociais dominantes em cada comunidade política e em
cada momento histórico.
Os critérios de classificação do procedimento constituinte ou da forma de exercício do
poder constituinte são:
Entidade competente; e
Da existência ou não de expressão popular do poder constituinte.
As três principais formas de exercício do poder constituinte sinónimo de procedimento
constituinte são:
1. Forma Democrática - o povo exerce o poder intervindo directa ou indirectamente
na feitura da constituição. Pode ser:
1.1. Representativa – o poder constituinte cabe ao povo que elege os seus
representantes que reunidos em assembleia constituinte vão elaborar a constituição –
Assembleia Constituinte Soberana;
1.2. Directa - o texto constitucional é elaborada por uma assembleia formada por
todos cidadãos eleitores ou pelo povo sem mediação de representantes;
1.3. Semi-directa ou referendária - o texto constitucional é elaborada por um
grupo de indivíduos ou por um determinado órgão político (parlamento ou Governo) e em seguida
submetido a aprovação ou sanção popular, através de referendos constituintes.
De 1961 a 1974 - 1975, Angola vivia num clima de guerra contra colonialismo e de
guerra fria entre os movimentos de libertação. Assim, a 11 de Novembro de 1975 altura prevista
em Alvor para a proclamação da independência os movimentos estavam tão divididos que cada
um proclamou independência numa das regiões estratégicas do país: MPLA em Luanda (Região
Centro Norte), UNITA no Huambo (Região Centro Sul) e a FNLA no Zaire (Região Norte). Por
estes diferendos e por falta de vontade política para se dialogar e assim criar-se condições para
um procedimento constituinte justo para todos evitando assim os rios de sangue que o povo
angolano com seus irmãos criou, mas preferiram ser conduzidos pelo instinto animal e por isso
não foi possível a participação do povo no processo constituinte.
A titularidade do poder constituinte do poder constituinte pertencia a cada um dos
movimentos que participaram na luta contra o colonialismo por terem conseguido acabar com o
colonialismo (legitimidade revolucionário), porém com os problemas que viviam e pela iluminação
psíquica que vigorava era impossível se unirem e criarem juntos uma constituição.
O artigo 2ºconsagrava - o MPLA como força dirigente na construção de um Estado
democrático popular, tendo como núcleo do poder uma larga frente em que se integravam todas
as forças patrióticas empenhadas na luta contra o imperialismo: este preceito legal, combinado
com o do artigo 13º da mesma lei que consagrava o princípio do combate energético contra o
obscurantismo e o analfabetismo, e o desenvolvimento da educação do povo e de uma
verdadeira cultura nacional, levam-nos a caracterizar a titularidade do poder constituinte com
base nas teorias monocráticas em que se vêm as massas populares incultas, e ignorantes,
vivendo no obscurantismo – 13º -, sendo por isso dirigidos por um grupo minoritário (Elite Política)
detentora da moderna cultura e capaz de implantar reformas exigidas pelo progresso da ciência
- 2º da Lei Constitucional de 1975.
Na actual Lei Constitucional Lei nº23/92, de 16 de Setembro temos características da
teoria democrática da soberania nacional a coabitarem com características do poder popular.
Assim temos as seguintes características da teoria da soberania popular:
O artigo 3º que afirma a residência da soberania no povo e o referendo e outras formas
de participação democrática como formas de participação do povo na vida política da nação;
Os artigos 57º, 78º, 79º nº1 que consagram as formas de sufrágio universal, directa,
igual, secreta e periódica para a eleição dos representantes do povo.
Como também temos características da teoria da soberania nacional:
O artigo 73º nº 2 limitado os referendos;
Os artigos 66º als. e), s), 69º nº1 e 73º nº 3 sobre o controlo da actividade do poder
legislativo pelo Presidente da República;
O artigo 88º als. d, i, j, m, consagra o controlo da actividade do Presidente da República
pelo Parlamento.
E a forma de exercício de exercício do poder constituinte foi a negociação entre as
maiores forças políticas e depois aprovada pela Assembleia do Povo órgão composto por
deputados eleitos de forma restrita dentro do comité central do MPLA e que detinha o poder de
revisão constitucional. É uma constituição provisória e este tem sido o procedimento para
aprovação das constituições provisórias - pacto entre as maiores forças políticas do momento,
esta contou com uma formalidade única. Apesar de não contar com a participação do povo o seu
conteúdo tem uma concordância com a vontade do povo.
3.3. TRANSIÇÃO DA MONOCRACIA A DEMOCRACIA