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CURSO DE DIREITO
São Luís
2018
DANIELLA DANNA SOARES DA SILVA
São Luís
2018
SUMÁRIO
1 INDETIFICAÇÃO DO PROJETO
1.1 Tema
2 CONSTRUÇÃO DO PROBLEMA
2.1 Hipóteses
Hipótese central:
A sociedade acostumou a ver o avanço tecnológico nos últimos anos, de modo
que entre uma década o crescimento foi maior do que em um meio século inteiro. Isso reflete
no dia a dia dos seres, humanos e não humanos, de modo que técnicas antes eficazes, se
tornam obsoletas. No entanto, nem tudo muda. O uso de animais cobaias em laboratórios
continua sendo uma das principais formas de testar produtos, métodos e outros. Para ativistas
ambientais, que defendem os direitos dos animais, a prática é abusiva e expõe o animal a dor e
sofrimento. Porém, no âmbito econômico, o uso de tais meios em detrimento de outros, torna
o produto final mais barato e acessível, fazendo com que a maioria das empresas adote o uso
de animais em testes e pesquisas laboratoriais, amparados por legislações que autorizam,
observados as regras, tais usos.
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Hipótese Secundária 1:
A história nos mostra que desde os primórdios o homem já se relacionava com os
animais, de modo que fosse conveniente ao homem, para o uso de peles e alimentação. A
medida que o homem foi se desenvolvendo, percebeu a necessidade de domesticar os animais
para auxilio com as atividades diárias (meio de transporte, arado, entre outros). Atualmente, a
sociedade está mais próxima aos animais, que convivem como domésticos em seus lares. Há
normas que os protegem e dão direitos aos mesmos, como a Constituição Federal e a
Declaração Universal dos Direitos dos Animais.
Hipótese Secundária 2:
A Carta Magna brasileira dispõe sobre direito ao meio ambiente equilibrado a
todos, generalizando e abrindo espaço para ser enquadrado ao direito qualquer um, inclusive
os animais. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, entendem que
todos os animais nascem iguais diante da vida e tem direito à existência, respeito, liberdade,
proteção, entre outros (UNESCO, 1978),são também protegidos pelas legislações vigentes
que vedam maus tratos e abusos. Portanto, uma vez observada os direitos dos animais,
percebe-se que testes e experimentos não podem submeter os animais a crueldade, maus
tratos, ferimentos e mutilações, podendo ser responsabilizado criminalmente àquele que
realizar tais atos.
Hipótese Secundária 3:
É perceptível o avanço tecnológico dos últimos anos, de modo que convivemos
com computadores autômatos capazes de realizar tarefas simples, como fazer ligações, ou até
mesmo criação de tecidos e órgãos sintéticos.
Esse avanço trouxe muitas mudanças, no entanto, a utilização de animais em
pesquisas e testes laboratoriais não é algo recente, pois pode ser observada desde a
antiguidade, e, por maior que tenham sidos os avanços, a maioria das industrias ainda resistem
ao uso de animais para experimentos. Os cientistas dispõem que, apesar de toda a evolução
tecnológica, os meios alternativos não são válidos ou eficazes, visto que os animais ainda são
os seres mais parecidos com os humanos biologicamente e que o uso de organismos sintéticos
custaria muito caro às pesquisas (BATALHA, 2017).
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3 JUSTIFICATIVA
Os animais durante muitos anos foram considerados meios de transporte,
alimentação, entre outros, de modo que eram colocados abaixo na relação homem-animal,
como um antropocentrismo minimizado. Ao passar o tempo, a humanidade foi percebendo e
entendendo a importância do animal para o meio social. Com o avanço tecnológico, o homem
foi capaz de descobrir semelhanças estruturais entre sua espécie e os animais não pensantes,
passando a utilizá-los em pesquisas voltadas ao homem, à qualidade de vida.
Tempos depois, os direitos dos animais foram se fortalecendo, e questões
ambientais passaram a importar em detrimento as vontades do homem. No entanto, o uso de
animais em pesquisas laboratoriais continuou ocorrendo, uma vez que era o método mais
eficaz e acessível, economicamente, de descobrir e testar produtos. Atualmente, existem
modalidades alternativas, que não abusam animais, nem os submetem a crueldades, como uso
de sintéticos em substituição da pele. Contudo, no Brasil a questão ainda é muito
controvérsia, apesar de haver normas que protegem os animais e proíbem maus tratos, há
também normas que autorizam o uso de animais cobaias em laboratórios.
Por esse motivo, é de suma importância pesquisar a respeito do tema, a fim de
entender e explicar como se dá essa relação entre direitos dos animais, interesse público em
pesquisas científicas e a questão econômica das industrias que utilizam os métodos.
4 OBJETIVOS
4.1 Geral
4.2 Específicos
5 REFERÊNCIAL TEÓRICO
O presente trabalho busca analisar as relações com uso de animais como cobaias, abordando
conceitos de direito do animal, princípios específicos, e o uso de tais seres em pesquisas de
laboratórios, bem como, demonstrar o quão presente o tema está no ordenamento jurídico.
5.1 O Direito dos Animais: uma perspectiva filosófica prevista no ordenamento jurídico
Os animais estão lado a lado aos homens desde toda sua existência, seja para o
uso como transporte, alimento, vestimentas ou até mesmo domesticação. A história dos
direitos dos animais é bastante antiga, podendo ser observada desde os estudos do filósofo
Aristóteles, no século VI a.C, o qual acreditava que os animais, por serem irracionais, estavam
distantes dos humanos, existindo apenas como meros instrumentos para a busca da satisfação
do homem (ARISTÓTELES, 1987).
Foram necessários muitos anos para que os animais gozassem de direitos e
proteções nos ordenamentos jurídicos. O filósofo propulsor da defesa dos animais foi Jeremy
Benthan, que dispõe sobre a capacidade de sentir dor de tais seres, chamando-os de
senscientes. Para ele, a questão não é saber da capacidade de racionar ou falar dos animais,
mas sim, se são passíveis de sofrimento, pois se a racionalidade fosse critério, muitos seres
humanos, como por exemplo recém-nascidos e portadores de deficiência mental, também
teriam que ser tratados tais como animais, ou seja, como coisas (SPAREMBERGER;
LACERDA apud BENTHAM, P.185, 2015).
Assim como Benthan, o filósofo Tom Regan considerava os animais racionais e
irracionais sujeitos de dignidade, e explicava que mesmo os irracionais eram capazes de
experimentar desejos, emoções, formas de organizações de seres racionais, tornando-os seres
de direitos como os humanos. Percebe-se então, segundo a visão Kantiana, a qual prevê que
os animais têm direito à vida, à integridade física e à liberdade, que estes seres não deviam ser
tratados como meios para alcançar fins pelos homens (SPAREMBERGER; LACERDA apud
REGAN, P.186, 2015).
O ordenamento jurídico vigente e a doutrina majoritária entendem a dignidade
humana de forma restrita, aplicada ao homem em suas relações sociais. No entanto, de acordo
com Ingo Sarlet, aplicar a dignidade apenas às pessoas, é admitir um antropocentrismo
moderno. Segundo o autor:
“[...] tanto o pensamento de Kant quanto todas as concepções que sustentam ser a
dignidade atributo exclusivo da pessoa humana – encontram-se [...] sujeitas à crítica,
[...] notadamente naquilo em que sustentam que a pessoa humana, em função de sua
racionalidade [...] ocupa um lugar privilegiado em relação aos demais seres vivos.
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Para além disso, sempre haverá como sustentar a dignidade da própria vida de um
modo geral, ainda mais numa época em que o reconhecimento da proteção do meio
ambiente como valor fundamental indica que não está em causa apenas a vida
humana mas [...] todas as formas de vida existentes no planeta.” (SARLET, 2001).
Dessa forma, podemos verificar que os animais são sujeitos de direitos, uma vez
que o princípio da dignidade da pessoa humana pode se estender e abarcar todas as formas de
vida, sendo tal princípio resguardado no ordenamento jurídico. Com isso, a Constituição
Federal, em seu artigo 225, §1º, inc. VII dispõe sobre o direito ao meio ambiente equilibrado
a todos, o que traz uma idéia de generalização e abre espaço para o enquadramento ao direito
qualquer um, inclusive os animais (BRASIL, 1988). Além disso, a Declaração Universal de
Direitos dos Animais, a qual o Brasil é signatário, entende que todos os animais nascem
iguais diante da vida e tem direito à existência, respeito, liberdade, proteção, entre outros
(UNESCO, 1978).
Por fim, Tiago Fensterseifer discorre que ao defender os direitos dos animais ou a
vida de modo geral, está também defendendo os direitos humanos, uma vez que as
consagrações de direitos humanos e direitos dos animais são etapas evolutivas cumuladas de
um mesmo caminhar humano, tendo em vista um horizonte moral e cultural em permanente
construção (FENSTERSEIFER, 2008).
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5.3 O Direito brasileiro que prevê ou veda o uso de animais em pesquisas de laboratórios
No Brasil, o tema é controverso, pois não há legislação que aborda
especificadamente sobre a permissão do uso de animais em laboratórios ou não. A primeira
regulamentação apresentada sobre o caso foi em 1876, no Reino Unido e somente em 1909
surge nos Estados Unidos uma lei que definia os aspectos éticos da utilização de animais em
experimentação. Em 1975, o professor Peter Singer escreve em seu livro Animal Liberation
como eram feitos os testes de toxicidade de substâncias em coelhos, que até atualmente é
utilizado. A publicação do livro trouxe muitas polêmicas, devido ao fato de que o autor
descrevia fielmente o sofrimento de tais animais. Com isso, no mesmo ano, foi pactuada na
Declaração de Helsinque II uma salvaguarda ao uso de animais em testes, a fim de regular a
prática, trazendo recomendações de que deve ser tomado cuidado especial na condução de
pesquisa que possa afetar o meio ambiente e, também, que o bem-estar dos animais utilizados
para a pesquisa deve ser respeitado. Posteriormente, e 1978, a UNESCO estabeleceu a
Declaração Universal dos Direitos dos Animais, tornando-se parâmetro para outras normas
(RAYMUNDO; GOLDIM, 2002).
No Brasil, somente em 1979 foi estabelecida norma referente ao tema, a Lei nº
6.638, que introduziu Normas para a Prática Didático-Científica da Vivissecção de Animais,
permitindo o uso de animais para fins didáticos e/ou científicos (BRASIL, 1979). A
Constituição Federal, promulgada em 1988, trouxe proteção e direitos aos animais, apesar de
que eles eram considerados bens móveis perante o ordenamento jurídico vigente. De modo
geral, maus tratos e abusos passaram a ser ações criminalizadas. A Lei de Crimes Ambientais,
nº 9605/98, buscou proteger, também, os animais silvestres, domésticos e domesticados, em
casos de crueldade (BRASIL, 1998).
Sabe-se que o uso de animais em indústrias de cosméticos é bastante recorrente, e
que os métodos são ultrapassados e abusivos. Sobre isso, alguns Estados brasileiros já
determinaram a proibição de utilizar animais em testes, como o Estado de Minas Gerais, o
qual sancionou a Lei nº 23863/18 proibindo o uso de animais para o desenvolvimento,
experimento e teste de perfumes e produtos cosméticos e de higiene pessoal (ALMG, 2018).
Assim como, também, em São Paulo há um Projeto de Lei, batizado de Lei Anticobaias, que
proíbe o uso de animais em escolas e universidades paulistas, tendo como intuito poupar os
animais de dores, sequelas e morte, e os estudantes que se recusam a realizar os
procedimentos (ALSP, 2012).
Em muitos países o uso de tais métodos passou a ser proibido, por tornar-se
obsoleto e cruel. Porém, conforme observado, no Brasil não há ainda nenhuma norma que
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determine qual caminho seguir, apesar de haver muita discussão sobre o caso. Portanto,
percebe-se que ainda há muito que debater e analisar, de modo que tanto os animais quanto os
humanos tenham seus direitos resguardados e vivam suas vidas com dignidade.
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6 METODOLOGIA
7 CRONOGRAMA
Atividades
Maio/19
Nov/18
Ago/19
Nov/19
Mar/19
Dez/18
Dez/19
Abr/19
Fev/19
Out/18
Out/19
Jun/19
Jan/19
Set/19
Jul/19
Defesa do projeto X
Dep. do proj. à coordenação X
Pesquisa bibliográfica X X X X X X X X X X X X X
Encontros com a orientadora X X X X X X X X X X X X X
Capítulo 2 X X
Capítulo 3 X X
Capítulo 4 X X X
Capítulo 5 (conclusão) X X
Capítulo 1 (introdução) X X
Normalização X
Dep.da monog. à coordenação X
Defesa da monografia X
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REFERÊNCIAS
BENTHAN, Jeremy. Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação. São Paulo:
Abril Cultural, 1979. Disponível em: <https://bioetica.catedraunesco.unb.br/wp-
content/uploads/2016/04/Jeremy-Bentham.-Uma-Introdu%C3%A7%C3%A3o-aos-
Princ%C3%ADpios-da-Moral-e-da....pdf>. Acessado em 26 set. 2018.
GUIMARÃES, Mariana Vasconcelo; FREIRE, José Ednésio da Cruz; MENEZES, Lea Maria
Bezerra de. Utilização de animais em pesquisas: breve revisão da legislação no Brasil. Rev.
bioét. (Impr.), 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/bioet/v24n2/1983-8034-bioet-
24-2-0217.pdf>. acessado em 31 ago. 2018.
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TALMAN, William T.Don’t Have the Wool Pulled Over Your Eyes. Revista Huffpost.
2013. Disponível em: <https://www.huffingtonpost.com/william-t-talman-md/animal-
testing-medicine_b_2250283.html>. Acessado em 25 set. 2018.
UNESCO. Declaração Universal dos Direitos dos Animais – ONU. Bruxelas, 27 de janeiro de
1978. Disponível em:
<http://www.urca.br/ceua/arquivos/Os%20direitos%20dos%20animais%20UNESCO.pdf>.
Acessado em 31 ago. 2018.