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10/08/23, 14:31 Ética na pesquisa científica

Ética na pesquisa científica


Prof.ª Cínthia Hoch Batista de Souza

Descrição

Conhecimento da ética e das diretrizes vigentes para realização de pesquisa científica ou atividades de
ensino envolvendo seres humanos ou animais: os comitês de ética em pesquisa com seres humanos (CEP)
e comissões de ética no uso animal (Ceua), as documentações, a tramitação de protocolos de pesquisa e a
dinâmica dos CEP e dos Ceua.

Propósito

Compreender o conceito de ética em pesquisa, bem como a necessidade de sua aplicação em trabalhos
científicos ou atividades de ensino que envolvam a participação de seres humanos ou animais, é importante
para você desenvolver atividades que atendam aos preceitos éticos.

Preparação

Acesse os sites da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e do Conselho Nacional de Controle
de Experimentação Animal (Concea) e conheça esses dois órgãos que regulamentam, respectivamente, a
realização de pesquisas científicas com seres humanos e animais no Brasil.

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Objetivos

Módulo 1

Ética e pesquisa científica


Definir os princípios e a prática da ética da pesquisa.

Módulo 2

Comitês e comissões de ética


Distinguir as funções dos comitês de ética em pesquisa e das comissões de ética no uso animal.

Módulo 3

Responsabilidade ética do pesquisador


Relacionar o compromisso ético com a pesquisa.

meeting_room
Introdução

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Toda pesquisa é realizada mediante uma metodologia específica e, em várias situações, envolve a
participação de seres humanos ou o uso de animais. Em ambos os casos, os pesquisadores (professores,
alunos e colaboradores) devem ter consciência da importância desses participantes na pesquisa, tratando-
os com dignidade. Ou seja, se a metodologia do projeto implica etapas realizadas com humanos ou animais,
é fundamental que todos, indistintamente, sejam respeitados pelos pesquisadores durante toda a condução
da investigação científica. Afinal, tanto os humanos quanto os animais são peças fundamentais para que a
pesquisa aconteça.

É necessário que nós conheçamos o conceito de ética em pesquisa e todas as normativas (resoluções, leis
e demais documentos) que devem ser seguidas. Desse modo, as nossas pesquisas acadêmico-científicas
com participação de seres humanos ou com o uso de animais poderão ser realizadas dentro dos preceitos
éticos. É importante lembrar que as atividades de ensino com uso de animais também devem seguir essas
normativas.

Os órgãos responsáveis por realizar a regulamentação ética das pesquisas com seres humanos e animais
são a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e o Conselho Nacional de Controle de
Experimentação Animal (Concea), respectivamente. A Conep faz a gestão dos protocolos de pesquisa
envolvendo a participação direta ou indireta de seres humanos por intermédio dos comitês de ética em
pesquisa (CEP). O Concea acompanha a utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e
pesquisa científica por meio das comissões de ética no uso animal (Ceua).

Os CEP e as Ceua possuem suas especificidades em relação a documentações e forma de tramitação de


protocolos de pesquisa, bem como na sua dinâmica de atuação. Neste material, vamos abordar as
particularidades de cada um deles.

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1 - Ética e pesquisa científica


Ao final deste módulo, você será capaz de definir os princípios e a prática da ética da
pesquisa.

A necessidade da ética na pesquisa


Quando pensamos em ética, muitas vezes podemos achar que se trata de um conceito distante de nossa
vida diária. Mas ética nada mais é do que o conjunto de valores de um indivíduo.

Mas e a ética em pesquisa? A que ou a quem ela se refere?

O campo da pesquisa científica avança à medida que novos estudos, projetos, investigações e experimentos
são realizados. É inegável que o progresso da ciência tem efeitos positivos sobre a humanidade, pois a

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sociedade se beneficia de tecnologias, insumos e outras descobertas que nos trazem conhecimento, saúde
e bem-estar.

Mas será que o desenvolvimento cada vez maior de pesquisas científicas pode trazer algum problema para
a sociedade? A resposta é sim!

Vamos nos concentrar nos problemas que podem acontecer aos participantes de pesquisas científicas.
Muitas pesquisas que obtiveram sucesso e que nos beneficiaram com o descobrimento de um
medicamento, por exemplo, foram realizadas com a participação importantíssima de pessoas ou com o uso
de animais. Aliás, os animais também colaboram na formação de profissionais, uma vez que são usados
para fins didáticos em aulas.

Em todas essas situações, estamos nos referindo a seres vivos. Sendo assim, no campo da pesquisa
científica e das atividades de ensino, os participantes (sejam eles humanos ou animais) devem ser tratados
com o máximo de cuidado e atenção, com total respeito a seus direitos, sem que ocorram danos, dores,
prejuízos ou maus-tratos. Vamos ver a seguir a diferença de trato no caso de pesquisa em humanos e em
animais:

Em pesquisa com humanos

As pessoas devem ser informadas sobre como será sua participação no estudo, ou seja,
devem ser esclarecidas para que possam decidir se aceitam ou não fazer parte da
investigação proposta. Aos voluntários, deve-se dar o poder da escolha por sua participação,
sendo que podem, inclusive, desistir a qualquer momento. Os riscos da pesquisa devem ser
avaliados e os benefícios devem superar os possíveis danos aos participantes. Eles são
voluntários e nos auxiliarão no desenvolvimento da nossa pesquisa e não podem ser lesados
pelo simples fato de quererem nos ajudar.

Em pesquisa com animais

Assim como em atividades de ensino, tal prática deve ser humanitária, ou seja, deve ser
conduzida de forma que se possa diminuir ao máximo a dor e o sofrimento dos animais por
meio da oferta de todos os cuidados especiais pertinentes durante e após as ações.

Mas será que as pesquisas científicas sempre apresentaram esse cuidado com seus participantes?
Infelizmente, não foi sempre assim. A bibliografia que trata desse assunto, ao longo da história, nos
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apresenta registros de muitos fatos que ocorreram, em nome da ciência, sem respeitar a vida humana e a
animal.

Atenção!
Caso o benefício da pesquisa com humanos não seja direto, ele pode ser indireto: nessa situação, o
voluntário da pesquisa estará colaborando para um bem maior, um conhecimento que será aplicado em prol
da sociedade como um todo.

Para que possamos discutir e aplicar a ética em pesquisa atualmente e realizarmos pesquisas com total
respeito aos humanos e aos animais, foi preciso aprender com os diversos estudos com graves falhas
éticas ocorridos ao longo da história.

Os princípios éticos violados durante a prática do que era até então definido como
pesquisa científica serviram como base para nortear as pesquisas com seres
humanos e com uso de animais.

Assim, determinou-se o que é atualmente conhecido no mundo inteiro como ética em pesquisa. A partir daí
também surgiu a palavra bioética, referindo-se à aplicação da ética no campo das ciências da vida (humana
e animal).

Participação de seres humanos em pesquisas


científicas e regulamentação ética

Como tudo começou?


A regulamentação ética de pesquisas científicas no mundo se iniciou em 1931, quando foram
estabelecidas, na Alemanha, as 14 diretrizes para novas terapêuticas e pesquisa em seres humanos. Essas
diretrizes nada mais eram do que um conjunto de normas que apresentava instruções para os
pesquisadores que fossem realizar investigações com a participação de humanos.

Entre essas normas, por exemplo, era exigido que as alterações do projeto inicial proposto fossem
justificadas e que a participação de pessoas vulneráveis fosse detalhadamente explicada. No entanto,
essas diretrizes não receberam atenção e não foram suficientes para impedir as “pesquisas científicas”
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realizadas durante o período do nazismo. Note que colocamos “pesquisas cientificas” entre aspas, pois o
que aconteceu durante o nazismo não foram pesquisas, mas sim abusos contra seres humanos.

azismo
Regime político totalitário, de inspiração fascista, instaurado na Alemanha, a partir de 1933, pelo ditador Adolf
Hitler. O regime se caracterizava também pelo nacionalismo, militarismo, imperialismo, violência e racismo
(glorificação da “raça” ariana e antissemitismo). Médicos e “pesquisadores” nazistas, quando julgados após o
fim da Segunda Guerra, alegaram que os atos de crueldade e horror que cometeram nos campos de
concentração visavam ao aperfeiçoamento da ciência e à descoberta de remédios e terapias.

Guia mostrando um recipiente contendo órgãos humanos removidos de prisioneiros, para o soldado americano Jack Levine (campo de
concentração de Buchenwald, 27 de maio de 1945).

O nazismo ocorreu entre os anos de 1933 e 1945. Durante esse período, foram cometidas atrocidades
contra os seres humanos por meio de experimentos realizados por médicos que tinham como objetivo,
supostamente, ajudar na guerra com o desenvolvimento de novas armas e na recuperação dos militares que
haviam sido feridos. Para isso, seres humanos foram literalmente usados, pois eram submetidos a vários
processos de experimentação. Esses procedimentos envolviam a realização de experimentos com gêmeos,
congelamento de pessoas, infecções causadas de forma proposital, esterilização, vivissecção, eutanásia de
doentes considerados incuráveis, entre outras práticas.

ivissecção
Operações realizadas em pessoas vivas com o objetivo de estudar sua anatomia e fisiologia.

Em 1947, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreu na cidade de Nuremberg, na Alemanha, o
julgamento de 117 pessoas acusadas de terem cometido crimes durante o período do nazismo. Elas foram
chamadas de criminosas de guerra e julgadas por juízes norte-americanos. Esse evento ficou conhecido
como o Tribunal de Nuremberg. Como resultado dos 12 julgamentos realizados, determinou-se 7
condenações à morte, 9 prisões e 7 absolvições. Além disso, ficou estabelecido o Código de Nuremberg, um
documento considerado um marco para a humanidade, visto que por meio dele ficou estabelecida a
recomendação internacional sobre os aspectos éticos de pesquisas envolvendo a participação de seres
humanos.

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Nazistas acusados de crimes de guerra durante os julgamentos de Nuremberg.

Com esse código, estabeleceu-se a necessidade de concordância por parte dos voluntários da pesquisa
sobre sua participação nos experimentos propostos, após compreender seus benefícios e riscos. Em outras
palavras, esse documento deixou clara a necessidade de todo pesquisador informar seu voluntário sobre
todas as etapas às quais ele seria submetido, além de apresentar a ele os possíveis riscos aos quais estaria
exposto e os benefícios que receberia por participar da pesquisa. Resumidamente, pela primeira vez,
determinou-se que as pessoas precisavam ser esclarecidas sobre a pesquisa e decidir se gostariam ou não
de participar como voluntárias (ALBUQUERQUE, 2013; DINIZ; CORRÊA, 2001; MARKMAN; MARKMAN, 2007).

A evolução na discussão da necessidade de se respeitar o ser humano participante de pesquisa continuou


depois disso. Em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou a Declaração Universal dos
Direitos dos Humanos, que definia em seu primeiro artigo o seguinte:

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de


razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de
fraternidade.

(ONU, 2020, n. p.)

A partir dessa declaração, foram divulgadas as seguintes iniciativas a favor da ética em pesquisas
científicas envolvendo humanos:

A Declaração de Helsinki expand_more

Em 1964, foi publicada a Declaração de Helsinki, escrita pela Associação Médica Mundial. O objetivo
desse documento era oferecer orientações aos médicos que realizassem pesquisas com seres
humanos, uma vez que a importância das pesquisas clínicas para melhorar o bem-estar humano era
conhecida por todos.

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Essa declaração foi importante para definir os processos envolvidos em uma pesquisa realizada
eticamente, estabelecendo que os participantes de pesquisa deveriam ser totalmente informados
sobre a pesquisa. A informação completa deveria apresentar os objetivos da investigação, os
métodos a serem aplicados, as fontes de financiamento, os possíveis conflitos de interesse, a
instituição à qual o pesquisador pertence, os benefícios e todos os possíveis riscos inerentes à
participação.

A Declaração de Helsinki passou por nove revisões ao longo dos anos (sendo a última no ano de
2013, em Fortaleza, no Brasil). O nosso país deixou de ser signatário da declaração em 2008, ou seja,
deixou de assinar a declaração. Portanto, parou de considerá-la nos nossos processos de
regulamentação ética, pois algumas propostas da declaração não são aceitas pelo Brasil.

O estudo de Tuskegee expand_more

Mesmo com a publicação do Código de Nuremberg, da Declaração dos Direitos Humanos e da


Declaração de Helsinki, estudos que não valorizavam e respeitavam o ser humano ainda
continuavam a ser realizados. Um caso muito famoso foi o estudo de Tuskegee, realizado entre 1932
e 1972, nos Estados Unidos, com o objetivo de documentar a história natural da sífilis não tratada.
Mesmo com a descoberta da penicilina e indicação de seu uso para tratamento de casos de sífilis
(ocorrido em 1947), o estudo continuou acontecendo sem ofertar o medicamento aos homens que
eram participantes da pesquisa. Tudo isso foi denunciado no ano de 1972 pelo jornal norte-
americano The New York Times.

A partir da denúncia, houve a formação de uma comissão nacional chamada National Commission
for the Protection of Human Subjects of Biomedical and Behavioral Research, que, com base nas
falhas éticas do Estudo de Tuskegee (e também de outras pesquisas realizadas nos EUA com idosos
e crianças), apresentou um documento chamado Relatório de Belmont em 1978.

O Relatório de Belmont expand_more

O Relatório de Belmont apresentava princípios éticos e orientações para proteção ao participante da


pesquisa. Três princípios éticos foram definidos como fundamentais: o respeito às pessoas
(autonomia), a beneficência e a justiça. Vejamos o que cada um desses princípios éticos determina:

Respeito às pessoas: determina que a autonomia de cada ser humano seja respeitada e que
aqueles que possuem autonomia diminuída sejam protegidos. Os participantes devem ter o
direito de escolher se querem ou não ser voluntários em pesquisas. Outro ponto importante é que,
mesmo aceitando, ou seja, dando seu consentimento, os voluntários podem deixar de participar
da pesquisa a qualquer momento. O voluntário de uma pesquisa científica deve ter o direito à
informação, à compreensão e à tomada de decisão.

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Beneficência: exige que os benefícios da pesquisa a ser realizada superem os riscos aos quais os
participantes serão submetidos. Além disso, esse princípio determina que os riscos devam ser
aceitáveis e minimizados.

Justiça: determina que os benefícios e os prejuízos resultantes da pesquisa científicas sejam


distribuídos entre todos os participantes voluntários de forma justa e igualitária. Todos os
participantes devem ser atendidos com os mesmos direitos e oportunidades.

Depois da definição desses três princípios, no ano de 1979, o filósofo Tom Beauchamp e o teólogo
James Childress publicaram o livro Principles of biomedical ethics. Houve então o acréscimo do
princípio da não maleficência (determina que a pesquisa não deve causar danos aos participantes,
além de minimizar os possíveis prejuízos a eles) aos conceitos éticos já apresentados no Relatório
de Belmont. Esse livro apresenta, então, os quatro princípios éticos fundamentais utilizados na
atualidade para nortear as pesquisas científicas com humanos: respeito às pessoas, beneficência,
justiça e não maleficência, que são considerados prima facie (todos apresentam a mesma
importância).

Notas: Tom Beauchamp: filósofo norte-americano dedicado à filosofia moral, à bioética e à ética
animal. Ele participou da comissão que elaborou o Relatório Belmont; James Childress: filósofo e
teólogo norte-americano dedicado ao estudo da ética na medicina.

Talvez você esteja se perguntando: como o nosso país tratava as questões éticas com pesquisas
envolvendo seres humanos? Veja como se deu a evolução do tema no Brasil.

1988

Por meio da Resolução CNS nº 1, de 13 de junho de 1988, o Conselho Nacional de Saúde


(CNS) aprovou as normas para regulamentação de pesquisas em saúde e definiu que, para
sua execução, toda investigação científica deveria ser aprovada pelo comitê de ética da
instituição de atenção à saúde, devidamente credenciado pelo Conselho Nacional de Saúde.
Dessa forma, essa resolução determinou a necessidade da composição de comitês de ética
para avaliar e acompanhar as pesquisas envolvendo seres humanos.

1996

Ocorreu a substituição da Resolução CNS nº 1/1988 pela Resolução CNS nº 196, de 10 de


outubro de 1996, que aprovou normas regulamentadoras para a realização das pesquisas
envolvendo seres humanos. Com essa resolução, também houve a criação da Comissão

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Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que atua junto ao Conselho Nacional de Saúde na
regulamentação das pesquisas com seres humanos em todo Brasil.

2012

Foi homologada no Brasil a Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012,


(substituindo a Resolução CNS nº 196/1996), que está em vigor até os dias atuais.

2016

Ocorreu a publicação da Resolução CNS nº 510, de 7 de abril de 2016, que apresenta as


normas para pesquisas na área de ciências humanas e sociais, uma vez que essa área
apresenta metodologias diferentes daquelas previstas na resolução anterior, que é adequada
para a ética nas pesquisas biomédicas.

Tanto a Resolução CNS nº 466/2012 quanto a Resolução CNS nº 510/2016 devem ser conhecidas pelos
pesquisadores brasileiros. Existem outras resoluções do CNS que são complementares a essas duas e que
devem ser consideradas, dependendo do tipo de pesquisa a ser realizada.

Como vimos até aqui, todas as discussões, definições e publicações que aconteceram ao longo da história
foram extremamente necessárias para que as pesquisas científicas com seres humanos pudessem ser
realizadas com ética.

É muito importante entender o que está implicado na eticidade da pesquisa:

a. respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia,


reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e
permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa,
livre e esclarecida;

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b. ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais,


individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o
mínimo de danos e riscos;

c. garantia de que danos previsíveis serão evitados; e

d. relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos


interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-
humanitária.

(Resolução nº 466/2012)

Uso humanitário de animais em pesquisas científicas e


atividades de ensino

Relatos históricos e a homologação da Lei Arouca no


Brasil
A realização de pesquisas científicas com uso de animais é uma prática histórica na civilização humana,
porém esse tipo de pesquisa é sempre cercado de muitos questionamentos e até mesmo de dúvidas.

As publicações que ocorreram após a Segunda Guerra Mundial provocaram muitos debates e discussões
que amadureceram o entendimento sobre formas de se fazer pesquisa com seres humanos. No entanto,
pesquisas com animais também eram realizadas e não existia uma discussão sobre o uso deles em
experimentos. O Código de Nuremberg e a Declaração de Helsinki também apresentavam determinações
que levantaram questões sobre a experimentação animal. Segundo, Rezende, Peluzio e Sabarense (2008):

Código de Nuremberg

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Determinava que os experimentos em humanos deveriam ter como base estudos prévios já realizados
em animais.

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Declaração de Helsinki

Determinava que experimentos que possam afetar o meio ambiente e o bem-estar dos animais
utilizados em pesquisas científicas deveriam ser realizados sob cuidados.

Como podemos ver, muito se falou na história sobre a proteção aos seres humanos, mas a proteção aos
animais utilizados em pesquisa era algo que parecia não ter tanta importância.

Muitos grupos envolvidos em questões ligadas à causa da proteção animal acreditam que o uso de animais
em pesquisa e/ou aulas é dispensável. No entanto, tal prática ainda é defendida por pesquisadores, visto
que vários itens importantes para a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida humana, como medicamentos
e vacinas, foram desenvolvidos por meio de pesquisas com experimentação animal.

O que é experimentação animal? expand_more

A experimentação animal é um conjunto de práticas intervencionistas realizadas em animais que


podem estar vivos ou não. Entende-se que tal prática é realizada por pesquisadores habilitados
somente com o objetivo de beneficiar o conhecimento científico. Esses procedimentos sensibilizam
os humanos e despertam uma grande discussão sobre a necessidade e eficiência dos métodos
aplicados para a obtenção do conhecimento científico. Contudo, a experimentação animal ainda é
uma ferramenta utilizada mundialmente para atividades científicas, principalmente com foco na
descoberta de medicamentos, vacinas, novas técnicas de tratamento cirúrgico ou para desvendar os
mecanismos que levam ao surgimento de doenças (GUIMARÃES; FREIRE; MENEZES, 2016).

As práticas de dissecação de animais para fins de ensino e pesquisa científica são realizadas desde
a Antiguidade, com registros na Grécia Antiga, em experimentos realizados por Hipócrates (460 AEC-
377 AEC), para a comparação de órgãos de animais e humanos. Associado a essas práticas havia o
conceito de superioridade de humanos em relação aos animais, defendido pelo filósofo grego
Aristóteles (385 AEC-323 AEC). Em Roma, o médico e filósofo Cláudio Galeno (129 EC-217 EC)
realizava vivissecções para avaliar os efeitos de alterações orgânicas em animais. Em 1638, o
médico britânico William Harvey (1578-1657) realizou observações em animais dissecados,
publicando artigos com resultados científicos sobre a fisiologia da circulação em pelo menos 80

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animais. O século XVII foi considerado o período em que a experimentação animal atingiu seu ápice,
com a formulação da teoria do modelo animal pelo filósofo, físico e matemático francês René
Descartes (1596-1650). Essa teoria definia que os animais não possuíam espírito e que por isso não
sentiam dor, o que os diferenciava dos humanos (SEIXAS et al., 2010).

No ano de 1876, o Parlamento do Reino Unido aprovou a Cruelty to Animals Act, uma lei que estabelecia os
limites permitidos para as práticas com animais para fins de ensino e pesquisa. Em 1927, publicou-se o
primeiro documento abordando questões de bioética animal, no qual o teólogo alemão Fritz Jahr (1895-
1953) definia que “todos os seres vivos teriam direito ao respeito”. Conforme vimos, a pesquisa com
animais estava, de certa forma, fundamentada pelo Código de Nuremberg, que, em nome do conhecimento
científico e em benefício da humanidade, justificava o uso de animais em pesquisas. Até então não havia
nenhuma lei ou normativa legal que definisse e regulamentasse o uso de animais em experimentos.

Em 1959, o zoologista britânico William Russell (1925-2006) e o microbiologista britânico Rex Burch (1926-
1996) estabeleceram na publicação do livro Princípios das técnicas experimentais humanas o que foi
considerado um marco na ética dos procedimentos utilizando animais (REZENDE; PELUZIO; SABARENSE,
2008). Esses dois pesquisadores estabeleceram o princípio dos três R (3 Rs) da pesquisa com animais:
replacement, reduction e refinement. Em português, essas palavras significam, respectivamente: substituir,
reduzir e aperfeiçoar. Assim, a pesquisa com o uso de animais deveria, a partir do surgimento desses
conceitos:

Substituir...
...o uso de animais por métodos alternativos (replacement).

Reduzir...
...o número de animais, utilizando o mínimo necessário para os experimentos (reduction).

Aperfeiçoar...
...as metodologias dos estudos, visando ao mínimo de sofrimento possível para o animal (refinement).

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) publicou, em 1978, a
Declaração Universal dos Direitos dos Animais, postulando que “nenhum animal deve ser usado em
experiências que lhe causem dor” e também determinando que experimentos com animais não podem
resultar em sofrimento físico ou psicológico. Além disso, o documento estabelece que a substituição por
outros métodos deve ser utilizada.

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No Brasil, sobre esse assunto havia apenas a Lei nº 6.638, 8 de Maio de 1979, que apresentava
recomendações para práticas científicas com animais, porém sem punição para casos que descumprissem
o determinado em lei. Assim, observou-se a necessidade da regulamentação do uso de animais em nosso
país, visando ao estabelecimento de normas e limites para a realização dessa prática a fim de evitar e
impedir atos de crueldade e maus-tratos com os animais utilizados.

Em 8 de outubro de 2008, foi aprovada a Lei nº 11.794, também conhecida como Lei Arouca, por meio da
qual foi criado o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e as comissões de
ética para uso de animais (Ceua). Certamente, a homologação dessa lei representou um avanço na
legislação brasileira.

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Os princípios e as práticas da ética da pesquisa
Conheça o contexto ético da pesquisa com seres vivos e o desenvolvimento da sua regulamentação.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Ao longo da história, documentos importantes, como o Relatório de Belmont e o livro Principles of


biomedical ethics, foram publicados com o objetivo de proteger os participantes de pesquisas
científicas. Considerando esses documentos, assinale a alternativa que apresenta corretamente os

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quatro princípios éticos fundamentais que devem ser considerados em pesquisas científicas com seres
humanos:

A Respeito às pessoas, beneficência, justiça e não maleficência.

B Autonomia, rigor científico, justiça e benefício.

C Beneficência, justiça, pragmatismo e autonomia.

D Não utilização de animais, consideração, respeito às pessoas e não maleficência.

E Autonomia, risco previsto, justiça e maleficência controlada.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Os quatro princípios éticos apresentam as definições de ações que todo pesquisador deve ter para com
seus participantes de pesquisa: i) respeito à sua autonomia; ii) não lhes causar danos; iii) ofertar riscos
e benefícios igualmente para todos; e iv) minimizar os possíveis prejuízos aos voluntários da pesquisa.

Questão 2

O estabelecimento do princípio dos 3 Rs, pelo zoologista William Russell e o microbiologista Rex Burch,
foi considerado um marco na realização de pesquisas com uso de animais. Em português, a sigla 3 Rs
se refere às ações de reduzir, substituir e aperfeiçoar. Mais do que simples palavras, temos aqui
importantes conceitos de ética em pesquisa com experimentação animal.

Considerando o texto acima e o que você estudou neste módulo, analise as afirmações:

I. A pesquisa científica ou atividade de ensino com animal é vedada ou proibida quando se considera o
princípio dos 3 Rs.

II. O princípio dos 3 Rs não incide sobre o aspecto quantitativo, mas sobre a dimensão qualitativa da
pesquisa, por isso não importa o número de animais utilizado.

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III. Métodos alternativos não são recomendados para substituir a prática com animais porque a
pesquisa depende de aperfeiçoamento usando metodologia tradicional.

IV. As metodologias podem ser alteradas ou refinadas em benefício de menor sofrimento dos animais.

Está correto o que se afirma em

A I, II e IV.

B I e III.

C III e IV.

D IV somente.

E II somente.

Parabéns! A alternativa D está correta.

O princípio dos 3 Rs, apresentado na publicação da obra Princípios das técnicas experimentais
humanas, estabeleceu que os pesquisadores cujos projetos aplicassem metodologias que envolvessem
o uso animal deveriam: utilizar o menor número possível de animais em suas experimentações;
substituir a prática com animais por métodos alternativos quando possível; e modificar as
metodologias visando ao uso de técnicas que resultem em menor sofrimento para o animal.

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2 - Comitês e comissões de ética


Ao final deste módulo, você será capaz de distinguir as funções dos comitês de ética em
pesquisa e das comissões de ética no uso animal.

O aspecto institucional da ética na pesquisa


Como vimos no módulo anterior, a participação de seres humanos ou de animais em pesquisas deve ser
realizada com muito cuidado, de forma que os pesquisadores precisam se atentar a todos os aspectos
éticos envolvidos nessa participação.

Existem grupos específicos dentro das universidades e de outras instituições de ensino e pesquisa (como
institutos e hospitais, por exemplo) que são responsáveis pela avaliação ética dos protocolos de pesquisa e
por seu acompanhamento, após sua aprovação.

Para as pesquisas realizadas com seres humanos, um comitê de Ética em Pesquisa


com Seres Humanos, ou simplesmente CEP, é o responsável. Já as pesquisas ou
atividades de ensino envolvendo o uso de animais são avaliadas por uma comissão
de Ética no Uso Animal, também chamada de Ceua.

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Cada um desses colegiados está ligado a uma instância superior, que é responsável por credenciamentos,
renovações de credenciamentos e eventuais descredenciamentos desses colegiados, além da realização de
toda gestão relativa às suas atividades. Ou seja, essas instâncias superiores fiscalizam os trabalhos
desenvolvidos pelos CEP e Ceua no Brasil.

Comitê de ética em pesquisa com seres humanos (CEP)


Todas as pesquisas científicas que contam com a participação de humanos devem ser avaliadas por um
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP). No Brasil, o CEP é subordinado à Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que está vinculada ao Ministério da Saúde por meio do Conselho
Nacional de Saúde (CNS). Sendo assim, o funcionamento de todos os CEP é gerenciado pela Conep
(Sistema CEP/Conep). A seguir, estão listados pontos importantes sobre os CEP:

O que são expand_more

Os CEP são colegiados interdisciplinares e independentes. São formados por um grupo de docentes
ou pesquisadores da instituição na qual o CEP está alocado e também são compostos por, no
mínimo, um representante de usuário. Esse representante é alguém da sociedade civil (portanto de
fora da instituição que abriga o CEP) e que participa do colegiado, atuando ativamente nas reuniões,
podendo inclusive realizar avaliações de protocolos de pesquisa com emissão de parecer. Sua
função é defender os interesses dos participantes de pesquisa, zelando pela sua proteção e
garantindo seus direitos. De preferência, a Conep solicita que esse representante seja indicado ao
CEP pelo Conselho Estadual ou Municipal de Saúde.

Alusão aos integrantes do CEP.

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Atução no Brasil expand_more

Atualmente, existem no Brasil 843 CEP atuando em todas as unidades da federação e no Distrito
Federal, como você pode conferir na imagem a seguir.

Mapa quantitativo ilustrando o número de Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) atuantes no Brasil até agosto
de 2020. Fonte: Ministério da Saúde.

Função expand_more

A função principal do CEP é avaliar os protocolos de pesquisa com participação de seres humanos,
protegendo o participante. Além disso, o CEP tem papel consultivo, ou seja, está à disposição da
comunidade acadêmica e de toda a população para solucionar dúvidas sobre as pesquisas e sobre a
participação de pessoas nesses estudos. Após aprovar uma pesquisa, o CEP deve acompanhar seu
desenvolvimento por meio de relatórios enviados pelo pesquisador. O CEP pode, inclusive, suspender
uma pesquisa caso considere pertinente.

Alusão à análise feita pela CEP.

Mas quais são as instituições que possuem um CEP? Todas que realizam pesquisa? Não necessariamente.

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As instituições que realizam pesquisa científica não são obrigadas a instituírem um CEP. A ausência de um
CEP não impede que a instituição realize pesquisas científicas, porém, nesse caso, os protocolos de
pesquisa precisam ser avaliados por outro CEP, determinado pela Conep.

Quais pesquisas com seres humanos devem ser


avaliadas pelo Sistema CEP/Conep?
É muito comum os pesquisadores apresentarem dúvidas em relação à necessidade de avaliação ética de
sua pesquisa. Afinal, são tantas metodologias e formas de coletas de dados, não é mesmo?

border_color
Atividade discursiva
Vamos pensar um pouco sobre metodologias e formas de coletas de dados! Liste no campo abaixo
algumas formas de participação de pessoas em pesquisas e, em seguida, compare o que você escreveu
com o feedback presente na resposta:

Digite sua resposta aqui

Chave de respostaexpand_more

Podemos ter a participação de pessoas de muitas formas, por exemplo:

Provando um sorvete em uma pesquisa na área de tecnologia de alimentos.

Cedendo sangue para análise de genes ligados à presença de determinada doença.

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Ingerindo proteínas e realizando uma série de exercícios físicos determinados para avaliação do
ganho de massa muscular.

Doando dentes para o desenvolvimento de novas substâncias que atuem contra o aparecimento de
cáries.

Respondendo questionários sobre a atuação de profissionais em seu local de trabalho.

Sendo observados em sala de aula (professores).

Por meio do acesso de seus prontuários médicos para coleta de dados sobre determinada doença
na população.

Respondendo a um questionário sobre luto.

Você pode perceber nos exemplos citados na atividade proposta, que a participação de pessoas em
pesquisas pode ser direta ou indireta. Sim, indireta, pois quando um prontuário médico ou outro conjunto de
dados é acessado para fins de pesquisa, muitas vezes o pesquisador não tem contato com o proprietário
daqueles dados. No entanto, mesmo que o prontuário esteja sob a guarda do hospital, o dono dos dados
(paciente) é um participante indireto da pesquisa.

Saiba mais
Os estudos com participação de seres humanos também podem envolver partes, como sangue e outros
líquidos corporais, ossos, músculos e material genético.

Ainda utilizando os exemplos citados na atividade proposta, podemos observar que todas essas pesquisas
apresentam riscos aos participantes. E é muito importante que os riscos sejam avaliados integralmente, ou
seja, que se avaliem os riscos físicos e psicológicos que uma pesquisa pode trazer a um participante.
Vamos avaliar duas dessas situações para esclarecer isso melhor?

Pesquisa que oferecerá sorvete aos participantes

Dentre outras ocorrências, pode ocorrer um problema físico. A pessoa pode ser intolerante à lactose
(açúcar presente no leite), não saber que o sorvete contém leite em sua formulação e passar mal,
apresentar náusea, diarreia e eventualmente precisar de atendimento médico.
close

Pesquisa sobre luto

Imagine se a pessoa que foi convidada a responder a pesquisa passou pela perda de um ente querido
recentemente e esteja em um processo de superação desse momento. Você consegue perceber que

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esse tipo de pesquisa não traz risco físico, mas traz problemas de cunho psicológico?

Portanto, é necessário ter consciência de que toda pesquisa envolve riscos aos participantes em maior ou
menor grau, e isso precisa ser muito bem avaliado pelo grupo de pesquisa durante a concepção do projeto.
Evitar e minimizar os riscos aos participantes da pesquisa é obrigação dos pesquisadores. Lembre-se do
princípio da beneficência.

Assim, ao avaliar um protocolo de pesquisa, o CEP avalia os riscos físicos e psicológicos que podem
ocorrer com o participante.

Mas será que existe algum tipo de pesquisa que não precisa de registro e avaliação pelo Sistema
CEP/Conep? A resposta é: sim.

Quais são essas pesquisas? expand_more

Esse grupo de pesquisa envolve:

Pesquisa de opinião pública com participantes não identificados.

Pesquisa que utilize informações de acesso público, nos termos da Lei n° 12.527, de 18 de
novembro de 2011.

Pesquisa que utilize informações de domínio público.

Pesquisa censitária.

Pesquisa com bancos de dados, cujas informações são agregadas, sem possibilidade de
identificação individual.

Pesquisa realizada exclusivamente com textos científicos para revisão da literatura científica.

Pesquisa que objetiva o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e


contingencialmente na prática profissional, desde que não revelem dados que possam identificar
o sujeito.

Atividade realizada com o intuito exclusivamente de educação, ensino ou treinamento sem


finalidade de pesquisa científica, de alunos de graduação, de curso técnico, ou de profissionais
em especialização.

(Resolução CNS nº 510/1016)

Vejamos, agora, como deve ser realizada a submissão de protocolos de pesquisa ao Sistema CEP/Conep.

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Como o pesquisador deve submeter seu protocolo de


pesquisa ao Sistema CEP/Conep para avaliação?
O protocolo de pesquisa (conjunto de documentos necessários para avaliação completa da pesquisa) deve
ser submetido à avaliação do Sistema CEP/Conep somente por meio on-line, na Plataforma Brasil, como
mostra a imagem a seguir:

Tela inicial da Plataforma Brasil.

Essa plataforma é utilizada desde 2012, quando o sistema parou de realizar avaliação de protocolos em
papel. Após a submissão, o protocolo de pesquisa é recebido automaticamente por um CEP ou pela Conep
para avaliação. A definição de qual instância vai avaliar o protocolo é determinada da seguinte maneira:

O protocolo de pesquisa será automaticamente direcionado para o CEP da instituição à qual o


pesquisador principal está vinculado. No caso de a instituição não possuir um CEP, a Conep
direcionará o protocolo ao CEP mais próximo. Aqui, cabe uma informação importante: o
pesquisador principal é apenas um dos integrantes do grupo. Todos envolvidos na
investigação (docentes, alunos e demais colaboradores) são igualmente responsáveis por
realizar todas as etapas do estudo com ética.

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Para protocolos de pesquisa que se enquadrem nas áreas temáticas especiais definidas na
Resolução CNS nº 466/2012, o protocolo será encaminhado automaticamente à Conep para
ser avaliado por essa instância.

Aproximadamente 98% dos protocolos de pesquisa são avaliados pelos CEP presentes no país.

Toda documentação postada no sistema é avaliada. Depois da aprovação, o pesquisador recebe um


documento chamado de parecer consubstanciado. Nele estão todas as informações que identificam a
pesquisa e todas as considerações realizadas pelo CEP que fez a avaliação. Com um parecer
consubstanciado de aprovação em mãos, o pesquisador poderá iniciar sua pesquisa.

É importante destacar que aqui nos referimos às etapas que contemplam a


participação de seres humanos. O pesquisador tem o dever de conduzir seu projeto
de pesquisa exatamente da forma como foi proposto e aprovado pelo Sistema
CEP/Conep.

Caso existam alterações na metodologia aplicada aos participantes, é obrigatória a interposição de uma
emenda. Ou seja, o pesquisador deve informar ao CEP, por intermédio desse instrumento, quais são as
alterações necessárias na metodologia referente à participação dos voluntários. Nesse caso, a emenda
passa por uma avaliação do CEP e receberá um parecer, da mesma forma que acontece com os protocolos
de pesquisa. As alterações propostas somente poderão ser colocadas em prática após a aprovação pelo
CEP.

Saiba mais

Durante a execução da pesquisa, o Sistema CEP/Conep deve ser informado de todos os efeitos adversos ou
fatos relevantes que alterem o curso normal do estudo. Para isso existe um formulário específico,
estabelecido na Carta Circular nº 8/11 da Conep/CNS/MS, disponível na página oficial da Conep na internet.

Documentação necessária para tramitação de


protocolos de pesquisa no Sistema CEP/Conep
Vários são os documentos necessários para a avaliação de uma pesquisa científica pelo CEP ou pela
Conep. Alguns são comuns a todas as pesquisas e outros são solicitados de acordo com o tipo de

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protocolo, vamos entender cada um deles a seguir.

Comuns a todas as pesquisas expand_more

O projeto de pesquisa completo, a folha de rosto, o cronograma e o Termo de Consentimento Livre e


Esclarecido (TCLE) ou a justificativa para solicitação de dispensa desse termo são documentos
básicos e devem estar presentes em todos os protocolos.

De acordo com o tipo de protocolo expand_more

Outros documentos devem ser também apresentados, dependendo da pesquisa, como o Termo de
Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), o Termo de Anuência Institucional para coleta de dados
(carta de autorização), os instrumentos de coleta de dados da pesquisa (questionários, formulários e
afins), a justificativa para uso de placebo, o termo de sigilo e confidencialidade, entre outros.

A documentação é ampla, mas todos esses documentos são muito importantes. Entre eles, o termo de
consentimento livre e esclarecido, também chamado de TCLE, merece destaque por ser um documento de
informação ao participante.

Esse documento deve ser redigido com o máximo de cuidado pelos pesquisadores, pois é por meio dele que
o participante vai entender toda a pesquisa (tempo de duração, objetivos, o que ele como voluntário terá que
fazer, quais riscos a pesquisa oferece, quais benefícios ele vai ter, quem é o pesquisador responsável, qual o
meio de contato com esse pesquisador, entre outras informações).

Atenção!
O TCLE, seja ele redigido ou apresentado de outras formas, como permitido pela Resolução CNS nº
510/2016, deve garantir que os participantes compreendam exatamente o que vai acontecer. Por isso, não
pode apresentar as informações de forma técnica, deve ser com linguagem inacessível!

Vamos imaginar uma situação prática!

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Teoria na prática
Vamos imaginar uma pesquisa que tenha desenvolvido um iogurte e que testará a aceitação do produto
pelas pessoas.

Agora vamos ver dois textos (1 e 2) que poderiam ser apresentados ao participante no TCLE explicando o
produto que ele provará:

Texto 1: “Você está sendo convidado a participar de uma análise sensorial de iogurte. O produto foi
produzido com adição de inulina e cultura termofílica, além de uma cultura probiótica.”

Texto 2: “Você está sendo convidado a participar de uma degustação de iogurte. O produto foi produzido
com adição de uma fibra alimentar chamada inulina (que está presente naturalmente em alimentos como
cebola e banana) e uma cultura de microrganismos que transforma o leite em iogurte (também encontrada
nos iogurtes comerciais). Além disso, uma cultura probiótica foi adicionada ao produto. Probióticos são
microrganismos benéficos à saúde humana (como os lactobacilos vivos que estão presentes em leites
fermentados comerciais).”

Você consegue perceber a diferença entre esses dois textos?

Mostrar solução expand_more

É importante que o pesquisador saiba quais são os documentos exigidos para sua pesquisa, de forma que
sua tramitação não atrase. O CEP tem papel consultivo e auxilia os pesquisadores com esclarecimentos
sobre essas questões. E isto é muito importante: embora o papel primordial do CEP seja proteger o
participante de pesquisa, os pesquisadores podem procurar a coordenação do CEP ou os membros para
tirarem suas dúvidas.

Resoluções aplicadas à tramitação de protocolos de


pesquisa envolvendo humanos
Como vimos até aqui, a tramitação de protocolos com participação de seres humanos envolve a
apresentação de vários documentos para a avaliação pelo Sistema CEP/Conep.

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Para que o protocolo seja completo, é necessário que os pesquisadores conheçam as resoluções vigentes,
pois elas nos apresentam todas as diretrizes necessárias para a elaboração da pesquisa e da
documentação.

Duas resoluções precisam ser obrigatoriamente conhecidas, e já falamos delas anteriormente: Resolução
CNS nº 466/2012, que trata das diretrizes regulamentadoras para pesquisas com seres humanos, e a
Resolução CNS nº 510/2016, que aborda questões específicas de pesquisas na área de Ciências Humanas
e Sociais.

Saiba mais

É importante destacar que, além dessas resoluções, dependendo da pesquisa a ser realizada, outras
também deverão ser consideradas, como pesquisa com doenças ultrarraras (Res. CNS nº 563/2017), novos
fármacos, vacinas, medicamentos e testes diagnósticos (Res. CNS nº 251/1997), povos indígenas (Res.
CNS nº 304/2000) e que envolvam remessa de material biológico para o exterior (Res. CNS nº 292/1997).
Essas e outras resoluções vigentes estão disponíveis no portal do Ministério da Saúde.

Comissão de Ética no Uso Animal (Ceua)


As pesquisas com uso de animais no Brasil são avaliadas pelas Comissões de Ética no Uso de Animais
(Ceua). Cada instituição de ensino ou pesquisa deve possuir sua própria Ceua, que avaliará seus protocolos
internos.

Essas comissões são formadas por biólogos, médicos veterinários, docentes ou pesquisadores que
apresentem habilidades e competências técnicas para avaliar os protocolos de ensino e pesquisa com uso
de animais. Além disso, um representante de sociedades protetoras de animais deve compor o quadro de
membros da Ceua. Esse colegiado deve cumprir todo o disposto na Lei nº 11.794/2008, também conhecida
como Lei Arouca, bem como o conteúdo dos demais documentos do Conselho Nacional de Controle de
Experimentação Animal (Concea), que é o órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, responsável por fiscalizar as Ceua do Brasil.

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10/08/23, 14:31 Ética na pesquisa científica

Além de fiscalizar o trabalho da Ceua no Brasil, o Concea também é responsável por realizar o
credenciamento de instituições para que possam criar os animais com fins de ensino ou pesquisa e realizar
o monitoramento da introdução de técnicas alternativas que possam substituir o uso de animais. O
funcionamento de biotérios também é controlado pelo Concea.

Para que uma instituição de ensino ou pesquisa realize atividades de produção, manutenção ou utilização
de animais pertencentes ao filo Chordata, subfilo Vertebrata (exceto humanos, pois sua participação em
atividades de pesquisa é avaliada pelo CEP), essa instituição deve fazer o requerimento do Credenciamento
Institucional para Atividades com Animais para Ensino ou Pesquisa (Ciaep) no Concea. Essa solicitação é
realizada pelo Cadastro de Instituições de Uso Científico de Animais (Ciuca).

iotérios
Instalações ou locais destinados à produção e manutenção de espécies de animais com finalidade de pesquisa
ou experimentos científicos em diferentes áreas da ciência.

ilo Chordata
Também conhecidos como cordados, correspondem a um agrupamento de seres vivos (animais) com
determinadas características e divididos em subfilos ou subgrupos, entre eles o subfilo vertebrata.

ubfilo Vertebrata
Corresponde aos animais vertebrados, tendo a coluna vertebral com principal característica.

Curiosidade

Em 2020, 562 instituições brasileiras de ensino ou pesquisa estavam devidamente cadastradas no Concea,
de acordo com informação disponibilizada em seu site oficial.

As atividades com animais devem ser realizadas corretamente, aplicando os preceitos éticos. O termo “uso
de animais” refere-se a processos de captura, procedimentos cirúrgicos, exames, coleta, criação,
manipulação, experimentação invasiva e não invasiva ou outros procedimentos que resultem em dor,
sofrimento, mutilação, estresse ou morte. Por isso, é necessário que a equipe de pesquisa seja crítica e faça
questionamentos como:

Esta atividade a ser realizada é necessária? É relevante? Não estamos realizando uma
repetição desnecessária?

Existem maneiras de minimizar o uso animal, vamos entender um pouco mais a seguir.
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Formas de minimizar o uso animal expand_more

Tais formas devem sempre ser consideradas. Você se lembra do princípio dos 3 Rs de Russell e
Burch? A determinação é que sempre haja substituição, redução e aperfeiçoamento. Assim,
podemos pensar na utilização de um cadáver animal ou na utilização de filmagem de um
procedimento que poderá ser utilizada em várias outras aulas com o mesmo tema, sem ter a
necessidade de utilizar um animal novamente.

Existem, ainda, várias metodologias alternativas ao uso animal já aprovadas em nosso país pelo
Concea. A busca e a aprovação de métodos alternativos ao uso de animais são ações contínuas.
Prova disso é que recentemente o Concea publicou a Resolução nº 45/2019, aprovando um método
alternativo para avaliação da contaminação pirogênica em produtos injetáveis, teste que
normalmente é realizado em coelhos.

Antes de submeter sua pesquisa à Ceua, o pesquisador deve conhecer a Lei nº 11.794/2008. O envio de
protocolos de pesquisa ou de propostas de atividades de ensino com uso de animais deve ser realizado
diretamente à Ceua da instituição na qual a prática será realizada.

Os formulários específicos estabelecidos pelas instituições contemplam o fornecimento de diversas


informações e devem ser entregues juntamente com o projeto de pesquisa ou proposta da atividade de
ensino. O protocolo (conjunto de documentos) deve possuir informações completas com os seguintes
dados:

A finalidade da proposta (ensino ou pesquisa científica).

Quantidade e origem dos animais.

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Tempo de uso na pesquisa.

Espécie.

Linhagem e raça.

Sexo.

Prática a ser realizada com os animais após as experimentações (por exemplo, eutanásia ou
doação), entre outras.

O pesquisador deve avaliar, ainda, se há a possibilidade do emprego de alguma metodologia alternativa ao


uso animal.

Assim como ocorre com as pesquisas envolvendo seres humanos, as propostas submetidas à Ceua só
podem ser iniciadas após o recebimento do parecer de aprovação.

video_library
Aspectos legais e normativos na pesquisa com animais

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Entenda os aspectos legais e normativos na pesquisa com animais.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O CEP é um colegiado formado por um grupo de pessoas comprometidas com a proteção dos
participantes de pesquisas. Entre esses membros, está o representante de usuário que

A é escolhido entre os membros da própria instituição que abriga o CEP.

B deve obrigatoriamente participar ativa e diretamente da pesquisa que for avaliar.

deve atuar dentro do CEP com um olhar externo e independente, sempre focando a
C
defesa e a proteção dos participantes.

pode participar das reuniões, mas não pode realizar avaliação de protocolos de
D
pesquisa.

E atua de forma ativa na validação dos projetos visando beneficiar os pesquisadores.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Os representantes de usuários devem atuar no CEP como membros efetivos, tendo o direito de se
expressarem com pontos de vista e interesses dos participantes de pesquisas científicas, realizando,

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inclusive, avaliações de protocolos de pesquisa. Eles devem, portanto, representar os interesses e atuar
na proteção dos direitos coletivos e públicos diversos.

Questão 2

A Ceua é um colegiado formado por pessoas com habilidades e competências técnicas para avaliar os
protocolos de ensino e pesquisa com uso de animais. O Concea é o órgão responsável por fiscalizar a
Ceua, credenciar as instituições para lidar com os animais, monitorar o uso de técnicas alternativas que
substituam os animais e controlar o funcionamento dos biotérios. Conforme o que estabelece o
Concea e o que você estudou neste módulo, é correto afirmar que

a Ceua deve obrigatoriamente ter em seu quadro médicos veterinários, biólogos,


A docentes e/ou pesquisadores na área específica e representante de sociedades
protetoras de animais.

as atividades de produção, manutenção ou utilização de animais por uma instituição


B
não necessitam de requerimento de credenciamento no Concea.

os protocolos de pesquisa ou as propostas de atividades de ensino com uso de animais


C devem ser enviados diretamente ao Concea, dispensando sua apresentação ao Ceua da
instituição em que a prática será realizada.

não cabe ao Concea aprovar metodologias alternativas ao uso animal, apesar de


D
monitorar o uso de animais e de técnicas que o substitua.

o colegiado formado para atuar no Ceua deve se pautar na Resolução CNS nº 466/2012
E
e/ou na Resolução CNS nº 510/2016.

Parabéns! A alternativa A está correta.

O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal rege o funcionamento de todas as


Comissões de Ética no Uso Animal existentes no Brasil e definiu, por meio da Resolução Normativa nº

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20/2014, que a Ceua deve ser obrigatoriamente composta por médico veterinário, biólogo,
representante de sociedades protetoras de animais, docente (para instituições de ensino) e/ou
pesquisador (para instituições de pesquisa).

3 - Responsabilidade ética do pesquisador


Ao final deste módulo, você será capaz de relacionar o compromisso ético com a pesquisa.

O compromisso ético
Até aqui, estudamos os aspectos éticos das pesquisas realizadas com participação direta ou indireta de
seres humanos, bem como aquelas que são realizadas com uso de animais.

Como podemos ver, toda a equipe de pesquisa, ou seja, todos os envolvidos no projeto (docentes, alunos de
graduação, mestrado ou doutorado e demais colaboradores) devem ter consciência e responsabilidade
durante a proposta e realização dessas pesquisas, afinal, estamos tratando de vidas humanas e animais
que estão sendo colocadas à disposição do projeto de pesquisa. Esses seres precisam ser enxergados
pelos pesquisadores como sujeitos fundamentais para o sucesso da pesquisa.

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Pesquisas para a descoberta de um novo medicamento, por exemplo, precisam de etapas com testes em
animais. Por outro lado, como poderíamos avaliar o sabor de uma nova formulação de sorvete desenvolvida
com novos ingredientes sem a participação de pessoas provando esse alimento?

Os pesquisadores não podem se esquecer dessa valiosa participação em nenhuma das fases de sua
pesquisa, inclusive após a coleta dos dados. É necessário que exista um compromisso ético durante a
execução dos experimentos e também depois deles.

Podemos nos perguntar se há mesmo a necessidade de existir todo o sistema de regulamentação ética de
pesquisas e atividades de ensino que foi apresentado nos módulos anteriores. A resposta é: sim, isso é
necessário! Vamos ver um exemplo prático da importância da existência do Sistema CEP/Conep.

Exemplo
Imagine uma pessoa com alguma doença grave, sem cura e que se vê em situação de desespero. Essa
pessoa facilmente se colocaria à disposição para participar de uma pesquisa com o teste de um novo
medicamento que promete atuar justamente sobre os mecanismos dessa doença que a acomete.
Considerando sua vulnerabilidade e situação, essa pessoa pode se colocar à disposição da pesquisa de
uma forma em que se ponha em risco em nome de uma possível cura ou melhoria de sua saúde.
Provavelmente os riscos não serão observados por ela, pois, devido à sua doença, a possibilidade de perda
da vida é o que a preocupa nessa situação.

Você consegue perceber nessa situação a importância do Sistema CEP/Conep na proteção desse
participante de pesquisa?

As pesquisas com animais, após sua conclusão, também precisam ter definidas e justificadas as ações a
serem realizadas com esses animais e em que condições. Algumas perguntas para as quais a Ceua precisa
ter respostas durante a avaliação ética de um protocolo são:

help_outline
Qual será o destino dos animais após o projeto de pesquisa?

help_outline
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Eles podem ser doados? Serão doados?

help_outline
Haverá eutanásia? Qual será o método para eutanásia?

help_outline
Qual a forma de descarte de carcaças?
Os pesquisadores não podem se esquecer dessa valiosa participação em nenhuma das fases de sua
pesquisa, inclusive após a coleta dos dados. É necessário que exista um compromisso ético durante a
execução dos experimentos e também depois deles.

Assim, os sistemas regulatórios atuam no gerenciamento de todas essas pesquisas para que essas
práticas possam ocorrer com respeito total aos direitos e à vida de cada voluntário, seja ele humano ou
animal, em todas as etapas da pesquisa.

O que pode acontecer com os participantes após uma


pesquisa científica com seres humanos?
Após a realização da parte experimental (ou seja, a parte prática de uma pesquisa científica), os
pesquisadores iniciam uma etapa também muito importante que é a publicação dos resultados.

Comentário
A divulgação dos dados obtidos em uma pesquisa pode ser realizada de formas diferentes, em mais de um
veículo. Essa publicação pode ocorrer como um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), uma Dissertação de
Mestrado, uma Tese de Doutorado, artigos científicos, cartilhas, manuais, capítulos de livros, e-books, entre
outros. Também podem ocorrer produções técnicas, como publicações em jornais, revistas, sites,
entrevistas, podcast, vídeos e outros.

A participação dos voluntários pode ter sido encerrada na prática, ou seja, a pesquisa foi executada com
auxílio dos participantes e colheu seus dados/resultados. No entanto, isso não significa que não há mais
relação entre pesquisador e voluntários. Esta etapa, chamada de pós-estudo, também contempla a inclusão
dos participantes da pesquisa.

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Ao divulgar os resultados de uma pesquisa científica, o pesquisador deve se manter fiel às questões éticas
exigidas desde o começo de seu trabalho de investigação, quando ele ainda era um projeto e estava sendo
avaliado eticamente. Sendo assim, mesmo com a conclusão da parte prática da pesquisa, o pesquisador
ainda tem alguns deveres:

Garantir a privacidade dos participantes expand_more

O pesquisador deve manter o sigilo e a confidencialidade das informações de seus voluntários e


também dos seus dados, não permitindo sua identificação. Apenas os dados científicos obtidos
como resultados e sem identificação de participantes podem ser divulgados. Os pesquisadores
devem prever procedimentos que garantam a confidencialidade, a proteção da imagem e a não
estigmatização dos voluntários.

Garantir assistência ao participante expand_more

Mesmo após a condução e finalização do trabalho, caso ocorra algum dano ou agravo ao voluntário
em decorrência de sua participação na pesquisa, é dever do pesquisador prover tal assistência,
como tratamentos, acompanhamentos e demais ações de assistência pelo tempo que for
necessário. Isso inclui também assistência psicológica, que muitas vezes é negligenciada.

Você se lembra do exemplo de pesquisa sobre luto que vimos no módulo anterior? Ao ser
entrevistado sobre esse assunto, o participante pode reagir bem inicialmente, mas pode, por
exemplo, apresentar alguma condição de dano psicológico mais tarde, após a sua participação no
estudo, justamente por ter respondido a questões sobre um tema sensível para ele.

Importante: a assistência pode ser inclusive uma indenização.

Garantir o ressarcimento de gastos expand_more

Todo voluntário tem direito ao ressarcimento dos gastos com transporte e alimentação que venha a
ter exclusivamente devido à sua participação na pesquisa. Esse ressarcimento pode ser realizado
durante a pesquisa e os valores devem ser totalmente quitados pelo pesquisador na ocasião do
encerramento do estudo.

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10/08/23, 14:31 Ética na pesquisa científica

Fornecer resultados de exames expand_more

É muito comum, em pesquisas da área biomédica, a realização de exames (sejam de imagens,


bioquímicos ou genéticos). Muitas vezes, esses exames são repetidos em várias fases da pesquisa.
Assim como os prontuários médicos, os resultados de exames realizados para fins de pesquisa
científica são de propriedade dos voluntários. Sempre que solicitados, os pesquisadores devem
fornecer esses resultados bem como auxiliar os participantes com informações e encaminhamentos
que se fizerem necessários de acordo com os resultados.

Permitir que o participante retire seu consentimento da pesquisa expand_more

Você lembra que falamos anteriormente sobre autonomia? Esse princípio garante ao participante de
pesquisa o direito de decidir por sua participação em uma pesquisa e desistir, caso queira, a
qualquer momento. Isso é o direito do voluntário durante a execução da pesquisa. Neste módulo,
estamos falando sobre o pós-estudo, ou seja, o que deve ser assegurado ao participante depois da
conclusão da pesquisa. O consentimento pode ser retirado mesmo após o término do estudo.

O voluntário pode participar de uma pesquisa de várias formas, incluindo doação de órgãos, tecidos,
fluidos e material genético. Tudo isso pode ser utilizado para mais de uma pesquisa. Quando
devidamente fundamentado, aprovado pelo CEP e com o participante totalmente informado e de
acordo mediante assinatura do TCLE, esses materiais podem ser armazenados em um biobanco
institucional e utilizados para outros projetos de pesquisa.

No entanto, todos esses materiais continuam sendo do voluntário. Assim, os participantes de


pesquisa também devem ter sua autonomia garantida após a conclusão dos estudos, tendo o direito
de solicitar a retirada de seus materiais do biobanco bem como dos seus dados genéticos que
estejam em arquivos institucionais. Isso pode ser realizado a qualquer momento, mesmo que no ato
do processo de esclarecimento o participante tenha concordado com a doação e disponibilização
desses materiais e dessas informações.

Comunicar autoridades competentes sobre os resultados da pesquisa expand_more

Este dever do pesquisador não se refere diretamente ao participante, mas faz parte de sua conduta
de respeito a ele, visto que a participação de um indivíduo em uma pesquisa científica visa também

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ao bem-estar coletivo. Assim, após a conclusão do estudo, o pesquisador deve informar aos órgãos
competentes os resultados de sua pesquisa que porventura possam colaborar com a coletividade.

Assegurar aos voluntários os benefícios obtidos na pesquisa expand_more

Esta obrigação do pesquisador refere-se também ao princípio da justiça, como veremos a seguir.

Agora que entendemos os deveres do pesquisador, vamos focar no primeiro item citado (garantia da
privacidade dos participantes).

Privacidade e sigilo dos dados dos participantes de


pesquisas científicas
Com o avanço da tecnologia, precisamos ter um cuidado especial com a privacidade dos participantes, pois
as formas de aplicação e realização de pesquisas também estão se modernizando. Atualmente, a
distribuição de questionários via e-mail e até mesmo por redes sociais e aplicativos de mensagem é muito
comum. Essa prática tem sido realizada por vários motivos, como conseguir um grande número de
participantes, comparar populações de várias regiões do país, comparar várias realidades considerando
diferentes localidades, entre outros.

Esse tipo de pesquisa, chamado muitas vezes de pesquisa on-line, é permitido no Brasil, porém o projeto
deve ser avaliado pelo Sistema CEP/Conep igualmente aos demais já discutidos, sempre garantindo a
defesa e os direitos dos participantes. Imagine que mesmo os voluntários de uma pesquisa realizada de
forma on-line são passíveis de serem identificados através do IP da máquina usada para responder à
pesquisa.

Outra situação comum em pesquisas na área biomédica é o acesso a prontuários médicos. O pesquisador
deve ter o conhecimento de que esse documento é de propriedade exclusiva do paciente e o seu uso para
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fins de pesquisa (após aprovação pelo CEP com toda documentação necessária, incluindo, se possível, o
TCLE assinado pelo paciente ao qual o prontuário pertence) deve ser cercado de sigilo e confidencialidade
por todos da equipe de pesquisa que tiverem acesso ao material.

Em agosto de 2018, foi aprovada no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD - Lei nº 13.709) que
passou a vigorar em setembro de 2020. A LGPD também terá efeitos regulatórios sobre as pesquisas
realizadas com seres humanos, visto que determina ações relativas ao tratamento de dados pessoais
objetivando proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade das pessoas.

A lei defende o ato de consentir do cidadão. Assim, o consentimento será condição


necessária para que seus dados possam ser tratados, utilizados, pesquisados ou
avaliados.

A vigência dessa lei traz uma nova regulação relativa à garantia da privacidade no tratamento de dados
pessoais, incluindo também os meios digitais.

As resoluções do Conselho Nacional de Saúde já exigem total privacidade em relação aos dados e
informações de voluntários, bem como a manutenção do anonimato desses participantes de pesquisa, e a
referida lei reforça essa determinação.

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Privacidade dos voluntários da pesquisa
Compreenda o compromisso ético necessário com a privacidade e sigilo dos dados dos participantes de
pesquisas científicas.

Benefícios aos participantes: o princípio da justiça


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Outra questão que não pode ser esquecida são os benefícios da pesquisa. Você se lembra de que a
pesquisa deve apresentar benefícios ao participante? No caso de uma pesquisa com benefícios
comprovados, é dever dos pesquisadores oferecer essa condição a todas as pessoas que participaram do
estudo.

Para ficar mais claro, vamos pensar em dois exemplos práticos, um estudo na área de educação física e
outro na área de pedagogia, e no retorno aos participantes.

Estudo na área de educação física


Muitas vezes, em uma pesquisa científica, os participantes são divididos em dois grupos para a realização
dos experimentos propostos. Esses grupos, embora tenham realizado procedimentos diferentes, devem
obter os mesmos benefícios, caso eles sejam comprovados ao término da pesquisa.

Imagine uma pesquisa realizada com um total de 200 pessoas que foram alocadas em dois grupos
menores, com 100 pessoas cada.

Cada grupo recebeu um suplemento alimentar com aminoácidos (que formam as proteínas em nosso
organismo) que deveria ser ingerido, por exemplo, durante 5 meses. As pessoas foram instruídas a ingerir o
composto e a realizar uma série de exercícios.

O objetivo principal era avaliar periodicamente essas pessoas e constatar se houve ou não ganho de massa
muscular.

Vamos imaginar que o grupo que tomou o suplemento A teve um resultado significativo (houve ganho de
massa muscular) e o grupo que tomou o suplemento B não apresentou esse ganho.

Você acha justo que as 100 pessoas do grupo B que participaram da pesquisa não
tenham nenhum benefício? Você se lembra do princípio da justiça que estudamos
no módulo 1?

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Então, deixar o grupo B sem a possibilidade de receber o mesmo benefício que o grupo A obteve não é justo
e nem ético. Afinal, a participação do grupo B também colaborou para o resultado positivo da pesquisa, pois
foi pela comparação dos grupos que a equipe de pesquisa constatou que o suplemento A foi eficaz no
ganho de massa muscular.

Assim, o pesquisador tem a obrigação, ou melhor, o dever ético de fornecer ao grupo B o mesmo
suplemento que o grupo A tomou, pelo mesmo tempo, de forma que ambos sejam igualmente beneficiados
por sua participação na pesquisa.

Estudo na área de pedagogia


Imagine um estudo realizado por um mestrando, formado em pedagogia, que em seu projeto de pesquisa
avaliou 50 brinquedotecas de escolas públicas municipais de determinada região do país.

Esse estudo apresentava uma metodologia ampla e contemplava coleta de dados por meio de entrevistas
com professores, diretores, coordenadores pedagógicos e crianças, além da avaliação das características
da brinquedoteca (ou do que a escola julgava ser sua brinquedoteca), entre elas:

Espaço e adequação física.

Tipo e quantidade de recursos disponíveis.

Forma e tempo de utilização.

Disponibilidade de professor responsável.

Um dos objetivos desse estudo poderia ser, diante das avaliações realizadas, a proposição de soluções ou
melhorias para as brinquedotecas das escolas visitadas ou até mesmo a apresentação de um plano
didático-pedagógico com informações para a implantação de uma brinquedoteca adequada à escola que
não apresentasse esse espaço.

O trabalho do nosso exemplo apresenta grande relevância social e educacional. É o tipo de pesquisa
científica que, além de gerar benefícios diretos aos participantes, tem amplitude para gerar muitos
benefícios para a comunidade em geral. Afinal, são muitos os alunos que poderiam se beneficiar das
melhorias nessas brinquedotecas ou da implantação de uma brinquedoteca nas escolas que ainda não a
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tivessem. O benefício vai ainda além, pois a brinquedoteca traz uma grande contribuição para formação
psicológica, educacional, cultural, social e motora das crianças usuárias desse espaço, pontos
fundamentais para sua formação como seres humanos e profissionais.

Mas será que esses benefícios, assim como aquele observado no nosso exemplo
do estudo na área de educação física, serão ofertados aos participantes, à
comunidade e à sociedade como um todo? A resposta para esse questionamento
deveria ser sim!

O retorno dos resultados de pesquisas científicas à sociedade é ponto fundamental para que esses estudos
sejam de fato importantes, e não fúteis. É necessário que o conhecimento e os seus benefícios atinjam a
população e transformem o meio em que vive.

É muito importante que os pesquisadores tenham em mente que, embora as pesquisas com seres humanos
apresentem muitas variáveis, independentemente da área da pesquisa, o participante é um ser humano
(podendo ser, em sua totalidade ou partes dele, de forma direta ou indireta, realizada inclusive com seus
dados e material biológico) e deve ser tratado com toda ética que se faz necessária para a garantia de seus
direitos e sua proteção em todas as fases do estudo científico proposto.

ariáveis
Exemplos de variáveis: tipos de metodologias, número de participantes, formas de obtenção de consentimento
livre e esclarecido, diferentes maneiras para coleta de dados, várias normativas para realização desses
estudos.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Sobre o dever do pesquisador em relação aos benefícios de uma pesquisa científica, quando estes
forem comprovados, analise as afirmações e marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as
falsas:

(    ) Apenas informar aos participantes que houve benefício, sem se comprometer com a oferta de
algum benefício.

(    ) Informar aos participantes que houve benefício e oferecer as mesmas condições para todos os
participantes.

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(    ) Descrever aos participantes quais foram os benefícios e informar que a instituição de pesquisa tem
obrigação de reverter resultados favoráveis apenas aos participantes do grupo bem-sucedido.

(    ) Informar todos os benefícios somente nas publicações resultantes da pesquisa, além de os relatar
ao CEP.

A sequência correta, de cima para baixo, é

A V, V, V, F.

B F, V, F, F.

C V, F, V, F.

D F, F, V, V.

E F, V, V, F.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Todos os participantes de uma pesquisa têm direito de receber os mesmos benefícios, de forma que
eles devem ser informados e convidados a receberem o melhor tratamento/condição comprovados por
meio dos resultados do estudo.

Questão 2

Com relação às pesquisas realizadas pelo envio de questionários aos participantes por e-mail, é correto
afirmar que

não precisam ser avaliadas pelo Sistema CEP/Conep, pois basta o aval do orientador do
A
pesquisador que realiza a pesquisa.

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B são avaliadas após sua realização e apenas pela Conep.

C devem ser avaliadas quando há questionário a ser aplicado a crianças e adolescentes.

são avaliadas pelo Sistema CEP/Conep com o mesmo rigor e os critérios aplicados a
D
outros protocolos.

não são aceitos como procedimentos éticos de pesquisa e, portanto, não são avaliados
E
pelo CEP.

Parabéns! A alternativa D está correta.

As pesquisas realizadas on-line devem ser submetidas à avaliação do Sistema CEP/Conep,


apresentando toda a documentação pertinente.

Considerações finais
Neste material, você percebeu como o avanço técnico-científico é importante para a evolução humana. A
participação de seres humanos e animais nas pesquisas que colaboram para esse progresso é
importantíssima. No entanto, esse avanço pode resultar em muitos problemas éticos, caso as pesquisas
não sejam conduzidas de maneira coerente e humanizada.

Assim, o conhecimento do CEP e da Ceua, de seu funcionamento e suas funções, é de extrema importância
para a realização de atividades de ensino e pesquisa com ética. A aprovação de uma pesquisa por um CEP
ou uma Ceua revela o selo de qualidade da pesquisa, uma vez que essa aprovação significa que o estudo
científico foi delineado para ser conduzido com respeito ao participante e atendendo aos preceitos éticos.
Ética não é, portanto, uma técnica a ser aprendida, mas um valor a ser seguido.

O CEP e a Ceua devem ser parceiros da comunidade acadêmica e científica para que a existência desses
colegiados seja sempre defendida e apoiada, pois sua atuação está diretamente ligada ao respeito ao
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próximo e à vida, seja ela humana ou animal.

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Para encerrar, ouça este podcast em que se fala sobre a ética na pesquisa científica.

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Para se aprofundar mais no conteúdo deste material, sugerimos as seguintes leituras e vídeos:

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento importante na história dos direitos
humanos e já foi traduzida para mais de 500 idiomas, desde 1948. Na página oficial da ONU Brasil, você
pode acessar uma cartilha com a declaração na íntegra, em português. Nessa mesma página você
também poderá acessar um vídeo, em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos é ilustrada e
apresentada com áudio.

Na página oficial da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), você tem acesso a todas as
resoluções vigentes que regem as pesquisas com seres humanos no Brasil.

A Cartilha dos Direitos dos Participantes de Pesquisa, editada e disponibilizada na internet pela Conep,
apresenta de forma clara e objetiva todas as normas que regem as pesquisas com seres humanos.

No canal oficial da Conep no YouTube, você tem acesso a vários vídeos que tratam da tramitação de
protocolos de pesquisa com seres humanos. Os vídeos apresentam um conteúdo completo a respeito
desse assunto. Assista acessando o canal Ética em Pesquisa.

O livro Animais de laboratório: criação e experimentação é uma obra que reúne capítulos escritos por
vários autores sobre experimentação animal e assuntos relacionados. A obra tem 388 páginas, foi editada
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00671/index.html# 49/51
10/08/23, 14:31 Ética na pesquisa científica

pela Editora Fiocruz, no Rio de Janeiro, e está disponível na internet.

O Concea disponibiliza em sua página oficial na internet todos os documentos (leis, decretos e resoluções
normativas) que devem ser conhecidos para a realização de atividades de ensino e pesquisa com uso de
animais no Brasil.

No e-book Normativas do Concea para produção, manutenção ou utilização de animais em atividades de


ensino ou pesquisa científica, que está em sua 3ª edição (ano de 2016), o Concea disponibiliza um
documento como referência para todos os procedimentos relacionados ao uso de animais em
universidade e demais instituições pertinentes.

Referências
ALBUQUERQUE, A. Para uma ética em pesquisa fundada nos Direitos Humanos. Revista Bioética, v. 21, n. 3,
p. 412-22, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012.
Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Consultado em
meio eletrônico em: 18 ago. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe
sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Consultado em meio eletrônico
em: 18 ago. 2020.

DINIZ, D.; CORRÊA, M. Declaração de Helsinki: relativismo e vulnerabilidade. Cadernos de Saúde Pública, v.
17, n. 3, p. 679-688, 2001.

GUIMARÃES, M. V.; FREIRE, J. E. C.; MENEZES, L. M. B. Utilização de animais em pesquisas: breve revisão da
legislação no Brasil. Revista Bioética, v. 24, n. 2, p. 217-24, 2016.

KOTTOW, M. De Helsinki a Fortaleza: una Declaración dessangrada. Revista Bioética, v. 22, n. 1, p. 28-33,
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MARKMAN, J. R.; MARKMAN, M. Running an ethical trial 60 years after the Nuremberg Code. Lancet
Oncology, v. 8, p. 1139-1146, 2007.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Consultado em
meio eletrônico em: 19 ago. 2020.

REZENDE, A. H. P.; PELUZIO, M. C. G.; SABARENSE, C. M. Experimentação animal: ética e legislação


brasileira. Revista de Nutrição, v. 21, n. 2, p. 237-242, 2008.

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SEIXAS, M. M. et al. Consciência na substituição do uso de animais no ensino: aspectos históricos, éticos e
de legislação. Revista Brasileira de Direito Animal, v. 5, n. 6, p. 71-96, 2010.

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