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As Fontes de Pesquisa

Marcio Tadeu Girotti

Introdução
A pesquisa acadêmico-científica possui critérios e exigências que obrigam o pesquisador a
ficar atento a uma série de procedimentos, envolvendo da ética na manipulação de seres vivos à
divulgação correta dos dados. Nesta aula, conheceremos a importância destes procedimentos e
estudaremos os limites, os métodos e os cuidados da pesquisa.Também entenderemos a necessi-
dade de se ter cuidado com o uso das fontes de pesquisa, buscando sempre referências confiáveis
e evitando o plágio.

Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:

•• identificar quais são os perigos e riscos que o pesquisador iniciante pode encontrar;
•• compreender as grandes áreas do conhecimento;
•• entender sobre propriedade intelectual: o plágio.

1 O cuidado com a pesquisa


A pesquisa exige atenção e alguns cuidados antes mesmo do início dos trabalhos do pes-
quisador, que em geral, escolhe um tema que seja de seu interesse e de seu universo de conheci-
mento, garantindo condições e tempo para desenvolver o seu trabalho.
Quando se desenvolve uma pesquisa, o pesquisador precisa levar em consideração duas coi-
sas: sua produção deve ou contribuir para sua área atuação ou trazer benefícios à sociedade. Caso
contrário, a pesquisa pode não ter a qualidade ou notoriedade que merece, não sendo, de fato, um
conhecimento útil que possa servir de base para outros estudos.
Um fator importante para o processo da investigação é ter muita clareza sobre o tempo dis-
ponível para a pesquisa e quais são os seus prazos, evitando antecipar resultados e entregar um
trabalho sem coerência ou sem grandes contribuições.

EXEMPLO
Um estudante de pós-graduação pretende fazer uma pesquisa extensa, com diver-
sos objetivos e metas, dentro do prazo de 12 meses. Seu orientador, sabendo por
experiência própria da dificuldade que o aluno terá, recomenda-o a focar os traba-
lhos em um objetivo geral e apenas dois ou três objetivos específicos.
Figura 1 – O cuidado com a pesquisa

Fonte: cosma/Shutterstock.com

Para garantir a confiabilidade da pesquisa, é indispensável reunir materiais de referência da


área e trabalhos de pesquisadores respeitados no meio acadêmico. Também é necessário veri-
ficar sempre a originalidade dos trabalhos, quem escreve, quem publica e onde foi publicado. O
mesmo cuidado vale para a pesquisa que você fizer em ambientes virtuais e na internet.
Por fim, toda pesquisa precisa ser bem apresentada, ou seja: é preciso evitar trabalhos com
erros na escrita ou na formatação, cuidar das normas exigidas, apresentar um texto claro, objetivo
e com coerência.
A pesquisa, como importante instrumento de produção de conhecimento, exige o cuidado
com as técnicas, instrumentos, métodos, etapas, normas, dados e com a sua apresentação. É a
atenção a estes elementos que garante a qualidade do trabalho (TOZONI-REIS, 2007).

FIQUE ATENTO!
Quando você escolhe o tema e o problema de sua pesquisa, é preciso ter ciência
de sua aplicação: será que esse novo saber irá engrandecer a área de estudos ou
contribuir para a sociedade? O aprofundamento bibliográfico sobre um determina-
do tema pode não contribuir para aspectos sociais, mas irá enriquecer a área de
conhecimento em que esse saber se encontra.

2 A ética da pesquisa
A pesquisa científica deve possuir rigor, pois é desenvolvida por cientistas, educadores e
pesquisadores de diversas áreas do conhecimento com interesse em investigar e buscar novos
conhecimentos em suas áreas, sendo os responsáveis pela informação publicada. Por isso, enten-
de-se que deve haver ética na pesquisa e compromisso com a veracidade da informação, além
de responsabilidade com o conhecimento e com aqueles que irão usufruir dessa produção (DEL-
-MASSO; COTTA; SANTOS, 2014).
Para resguardar a pesquisa e quem participa dela, a ética deve se fazer presente nesse uni-
verso de conhecimento. Lembre-se que não basta simplesmente proceder com rigor, método,
jsistematicidade e com todo o cuidado exigido, mas também considerar os princípios da ética e
os limites da pesquisa.
Quem é o pesquisador? Quem participa da pesquisa? Quem participa da pesquisa também é
um dado para a pesquisa? Será feita com animais ou seres humanos? Em geral, essas são ques-
tões relevantes para se pensar a ética na pesquisa.
Veja também que o uso de bibliografia e dos dados da pesquisa devem ser feitos com ética,
lembrando sempre da importância de se referenciar corretamente e evitar o plágio.
Para o desenvolvimento da pesquisa é preciso considerar todos os aspectos que irão envol-
ver tanto o pesquisador quanto o objeto de estudo, assim como questões que atinjam a sociedade
como um todo. Por isso, várias universidades e governos por todo o mundo possuem um comitê
de ética que avalia se as pesquisas com seres vivos podem ou não ser desenvolvidas, e também
se ferem a integridade dos seres ou das informações com elas obtidas. Somente após ser apro-
vada pelo comitê, a pesquisa segue para seu desenvolvimento.

Figura 2 – Princípios éticos

Fonte: Lightspring/Shutterstock.com

Vale ressaltar que somente os trabalhos que envolvem seres vivos devem ter uma aprovação
direta do comitê. Isso significa que pesquisas que não envolvem seres vivos contam somente com
a conduta e a ética de quem as desenvolve.

FIQUE ATENTO!

Pesquisas que envolvem seres vivos precisam da aprovação de um comitê de ética!


Deve-se sempre levar isso em conta quando se conduz esse tipo de estudo.
EXEMPLO
Se um pesquisador pretende avaliar o quanto o ser humano pode tolerar a dor cau-
sada por queimadura e decide aplicar seu experimento em animais, todo o proce-
dimento desta pesquisa deverá ser validado por um comitê de ética antes de sua
execução. Não se pode simplesmente causar dor a um animal para marcar o tem-
po, da mesma forma que não se pode fazer nenhum tipo de pesquisa do tipo com
seres humanos. Mesmo pesquisas antropológicas, entre outras que se refiram aos
indivíduos, devem passar pelo comitê de ética.

3 Luz própria: o plágio


O velho copiar e colar, conhecido como “Ctrl C + Ctrl V”, evidencia que o plágio é comum e não
é nenhuma novidade. Na verdade, o avanço da tecnologia e o advento da internet apenas trouxe-
ram à tona e reforçaram essa discussão, ganhando ainda mais relevância com exemplos de cópia
indevida por pessoas de grande renome acadêmico, vinculadas a grandes universidades nacionais
e internacionais (NATALI, 2011).
Avaliando as condições da emergência do prazo, considera-se que a falta de tempo para rea-
lizar uma atividade escolar ou um trabalho mais elaborado feito por universitários, leva o indivíduo
a plagiar. Mas isso ocorre por descuido ou conscientemente?
Estudos relevam que o plágio tornou-se mais comum pela falta de tempo, pelo fácil acesso
a informações por conta da internet e pela falta de mecanismos que detectem o plágio de forma
satisfatória, apesar de existirem diversos softwares que já detectam esse tipo de atividade em
algum nível (NATALI, 2011).

Figura 3 – Plágio: o copiar e colar

Fonte: Sarycheva Olesia/Shutterstock.com


Por falta de informação ou não, o importante é tomar cuidado com o plágio, que se tornou
crime pelo artigo 184 do Código Penal e pela Lei nº 9.610/98, que defende os direitos de autoria
contra a reprodução não autorizada (NATALI, 2011).
O recomendável é buscar informações para compreender a maneira correta de utilizar o
material bibliográfico com a referência da fonte correta, evitando assim a cópia irregular.

FIQUE ATENTO!
Plagiar é crime, e copiar a propriedade intelectual protegida por direitos autorais é
uma conduta antiética. Tenha atenção redobrada ao usar informações publicadas
por outras pessoas ou instituições!

SAIBA MAIS!
Para compreender melhor todos os aspectos que envolvem o plágio, confira a “Car-
tilha do Plágio”, criada e desenvolvida pela Universidade Federal Fluminense para
ajudar os pesquisadores com dúvidas. Disponível no link <http://www.noticias.uff.
br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-academico.pdf>.

Aquele que pratica o plágio deixa de lado a oportunidade de pensar por si mesmo e contri-
buir com seus argumentos, prejudicando a si próprio, à sua instituição e à informação repassada,
enfim: comete um crime e deixar de ser ético com a pesquisa.
A melhor maneira de evitar o plágio é estar bem ciente das punições a quem o comete, bem
como saber lidar com as fontes de pesquisa de forma correta, sendo assim um pesquisador com
“luz própria”.

4 As grandes áreas do saber


Para o desenvolvimento de uma pesquisa em qualquer campo do saber, é preciso compre-
ender em qual classificação a pesquisa se enquadra, ou seja: trata-se de uma pesquisa da área
humana, da natureza ou da matemática?
Ao longo dos séculos e acompanhando o desenvolvimento do pensamento humano, o conhe-
cimento científico passou por diversas classificações, iniciando com o filósofo grego Aristóteles.
Segundo Fachin (2006), o pensador adotou como critério a finalidade de cada ciência para classi-
ficá-las da seguinte forma: teóricas (física, matemática e metafísica), práticas (ética, economia e
política) e poéticas (as obras produzidas pelo ser humano).
Atualmente, ainda segundo Fachin (2006), a classificação das ciências segue um padrão que
reúne os saberes de cada uma delas, sendo dividida principalmente em três frentes:

•• exatas: matemática;
•• naturais: biologia, física e química;
•• humanas: filosofia, sociologia, história e outras.

Essa divisão ou classificação da ciência justifica a fragmentação do conhecimento científico


em saberes especializados, cada qual adequado a uma área específica de investigação.
Com isso, podemos dizer que a própria ciência do século XXI está dividida e classificada em
três grandes áreas do conhecimento: as humanas, as exatas e as biológicas (que se enquadra no
grupo das ciências naturais). Essas divisões auxiliam o pesquisador a adequar a sua pesquisa ao
universo desejado.

Figura 4 – Novas áreas do saber

Fonte: ESB Professional/Shutterstock.com.

É importante que o pesquisador conheça muito bem o seu objeto de estudo, podendo se
situar pela área que abrange esse objeto. Dessa forma, é possível garantir a qualidade dos dados
obtidos e a apresentação dos resultados da maneira adequada para o uso dessas informações.

SAIBA MAIS!
Vale lembrar que, com o advento e aprimoramento das tecnologias, tem se de-
senvolvido uma nova área do conhecimento no âmbito tecnológico. Assim, a área
tecnológica poderá ser incorporada como uma nova área da ciência, uma divisão e
classificação diferente das que existem hoje.

Fechamento
Nesta aula você teve a oportunidade de:

•• conhecer melhor a ética que envolve o universo da pesquisa;


•• entender que a prática do plágio é comum,embora seja considerada crime;
•• saber observar os cuidados com a pesquisa e com o plágio;
•• compreender as grandes áreas do saber.

Referências
DEL-MASSO, Maria Cândida Soares; COTTA Maria Amélia de Castro; SANTOS, Marisa Aparecida
Pereira. Ética em Pesquisa Científica: conceitos e finalidades. São Paulo, UNESP: 2014. Disponível
em: <https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/155306/1/unesp-nead_reei1_ei_d04_texto2.
pdf>. Acesso em: 25 abr. 2017.

FACHIN, Odília. Fundamento de metodologia. São Paulo: Saraiva, 2006.

IACS-UFF. Nem tudo que parece é: entenda o que é plágio. Niterói: UFF, 2010. Disponível em:
<http://cev.org.br/arquivo/biblioteca/4024337.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2017.

NATALI, Adriana. Luz própria. Revista Ensino Superior, São Paulo, ano 13, n. 154, p. 36-39, jul. 2011.

TOZONI-REIS, Marília Freitas de Campos. Metodologia da pesquisa científica. Curitiba: IESDE, 2007.

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