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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

O CONTRIBUTO DA ÉTICA NA PESQUISA CIENTÍFICA

Cristiano Humberto Ambrósio Mariano De Nascimento

Código de Estudante: 71180110

Quelimane, Abril de 2022


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

O CONTRIBUTO DA ÉTICA NA PESQUISA CIENTÍFICA

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Ensino de Português e do UnISCED.

Tutores:

Cristiano Humberto Ambrósio Mariano De Nascimento

Código de Estudante: 71180110


Quelimane, Abril de 2022
Índice
1. Introdução............................................................................................................................1
1.1. Objectivo Geral................................................................................................................2
1.2. Objectivos específicos......................................................................................................2
2. Metodologia.........................................................................................................................2
3. O Contributo da Ética na Pesquisa Científica.......................................................................3
4. Importância da Ética na Pesquisa Científica.........................................................................4
5. Considerações Finais............................................................................................................9
6. Referências Bibliográficas..................................................................................................10
1. Introdução
A pesquisa científica é um dos instrumentos mais seguros de se manter informado e de
gerar conhecimento. A pesquisa é iniciada a partir de fontes de informação que possam
trazer o conteúdo desejado, seja em livros, teses, dissertações, monografias ou artigos
científicos. Com esse conteúdo pode-se chegar a conclusões, seguindo o padrão e o
rigor científico, e então determinado conhecimento pode se firmar no meio acadêmico.

Até aqui parece simples. No entanto, para conseguir dar respaldo a esse conhecimento é
crucial a reunião de informações colhidas em fontes confiáveis, o planejamento do
processo de pesquisa e principalmente, a observação e respeito aos princípios éticos. É
nesse contexto que as dificuldades em realizar uma pesquisa com qualidade aceitável
surgem, elas vão desde a “dedicação, a disponibilidade de tempo, o interesse do
investigador, a leitura diversificada, a aceitação e a crítica acerca dos conhecimentos
presentes nos livros, além de abertura às críticas exigidas pela pesquisa [...]”
(FIGUEIREDO, 2008, p. 14).

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O trabalho apresenta os seguintes os seguintes objectivos:

1.1. Objectivo Geral


Conhecer o Contributo da Ética na Pesquisa Científica.

1.2. Objectivos específicos


Identificar os principais factores da ética na pesquisa;
Caracterizar os diferentes aspectos da ética na pesquisa.

2. Metodologia
Esta pesquisa é tipificada como exploratório descritivo, procurando validar os
construtos comprometimento e introjeção Contributo da Ética na Pesquisa Científica.
Exploratória porque objetivou proporcionar um maior envolvimento com o problema, e
o consequente aprimoramento de ideias e descobertas sobre o assunto. Descritiva
porque apresenta relações entre variáveis já abordadas cientificamente, conforme aponta
Oliveira et al. (2003).

Em relação a natureza da pesquisa do ponto de vista da forma de abordagem do


problema, o presente estudo adoptou uma abordagem mista (quantitativa & qualitativa).
A abordagem quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa
traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las e
abordagem qualitativa centra-se no quadro de interpretações, compreensão de sentidos
que os indivíduos desenvolvem em torno dos factos e fenómenos em indagação.

Quanto aos procedimentos, o trabalho cinge-se na pesquisa bibliográfica. Pois segundo


Gil (1994), o presente método consiste no desenvolvimento do estudo a partir de
material já publicado, como livros, artigos, periódicos, Internet.

Em termos de Estrutura, para além desta Introdução, o trabalho apresenta,


Desenvolvimento, Conclusão e Referências Bibliográficas.

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3. O Contributo da Ética na Pesquisa Científica

Em todas as situações ou contextos, quando pensamos em ética, nos vem à mente


palavras como valores, moral etc. Isso é uma confusão bastante comum, já que, como
explica Nosella (2008, p. 257) “referem-se ao mundo dos valores, hábitos, deveres e
obrigações, ao certo ou errado, ao bom ou mau, ao justo ou injusto”.

Ética é a parte da Filosofia prática que tem por objetivo uma reflexão sobre os
problemas fundamentais da moral (finalidade e sentido da vida humana, os
fundamentos da obrigação e do dever, natureza do bem e do mal, o valor da
consciência moral etc.) mas fundada num estudo metafísico do conjunto das
regras de conduta consideradas como universalmente válidas (JAPIASSU;
MARCONDES, 2001 apud ALMEIDA; BATTINI, 2013, p. 9).

Dialogando com os autores acima, pode-se afirmar que a ética está relacionada aos
aspectos práticos, do exercício em busca de uma conduta aceitável. A ética manifesta-se
a partir do momento que o sujeito começa a se relacionar, estabelecer vínculos sociais.
A questão do bem e do mal se manifesta na dimensão social cotidiana em consequência
dos valores que norteiam as escolhas do sujeito. Essas escolhas constroem e significam
conceitos comportamentais que se constituem em valores almejados ao longo da história
em sociedade (CORDI, et al, 2007).

A discussão sobre ética é extremamente necessária nesse contexto, pois uma questão
abrasadora na atualidade tem sido a fraude científica, tanto por parte de autores quanto
de seus avaliadores. A imprensa e periódicos especializados têm dedicado espaço ao
exame do assunto (MIRANDA; PEREIRA, 1996).

Segundo Teixeira (2000) as diretrizes básicas em pesquisa científica foram


estabelecidas pela primeira vez em 1947, no Código de Nuremberg, no qual ficou
definido que seria indispensável o consentimento do participante de pesquisa clínica.
Este código tinha com principal finalidade controlar atrocidades cometidas pelo regime
nazista.

Em 1964, foi redigida a declaração de Helsinque pela Organização Médica Mundial que
estabelece os princípios orientadores da pesquisa médica e em 1982 as Directrizes
Internacionais para pesquisas Biomédicas, que envolvem seres humanos.

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A preocupação com as questões éticas surge quanto a ciência, ou os seus pesquisadores,
extrapolam os limites da dignidade humana, principalmente nas experiências com seres
humanos.

Um dos grandes princípios na pesquisa é o consentimento esclarecido dos envolvidos,


dos participantes. Tal deve ser feito com clareza e uma linguagem acessível.

Normalmente, em todas as pesquisas no momento de colecta de dados é importante ter


em mãos uma carta de apresentação (credencial). Se os informantes for menor, uma
autorização expressa do encarregado ou responsável.

É preciso ter em conta que o pesquisador ao lidar com a pessoa humana deve preservar
sempre a sua dignidade. Ademais, a ciência não é feita apenas de certezas, mas também
de erros, que quantos cometidos em humanos podem deixar sequelas graves.

Hoje, o debate sobre a ética na pesquisa atinge também outros seres animais.

Os principais aspectos éticos que devem fundamentar a realização das pesquisas


científicas são:

 A legalidade: a observância das normas dos comités de ética da área científica


em referência;
 O profissionalismo: manifestado na verdade racional e fidelidade aos factos e
na busca de conhecimentos sólidos;
 A confidencialidade e privacidade: que consiste na não utilização dos
dados/resultados em prejuízo das comunidades e pessoas pesquisadas;
 A boa-fé ou confiança: manifestada no consentimento livre e esclarecido, na
liberdade de participação das pessoas sem represálias;
 O respeito pela integridade das pessoas;
 O retorno dos dados: assumindo-se o compromisso de que os participantes
sejam informados sobre os resultados da pesquisa;
 O não plágio: em nenhum momento o pesquisador deve se apropriar do trabalho
intelectual de outrem com sendo seu.

4. Importância da Ética na Pesquisa Científica


“Ciência sem consciência – a importância da ética na pesquisa científica”. O analista do
Kings College Fellipe Gracio em seu artigo “Scientists can’t claim to be neutral about
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their discoveries”publicado no “The Conversation” nos brinda com uma reflexão de
visceral importância sobre a ética aplicada às pesquisas.

Nesse artigo ele questiona o quanto de isenção um cientista pode alegar, quando por fim
suas descobertas são mal aplicadas e podem representar um perigo para a humanidade.
Essa sensação persegue a história humana, desde que inventos magníficos como o
navio, o automóvel e o avião, foram transformados em máquinas de guerra.

Ou mesmo ante as brumas radioativas de Hiroshima e Nagasaki — Oppenheimer — o


pai da bomba atômica — num discurso emocionado se autodenominar “a morte, o
destruidor de mundos”.

À medida que a pesquisa científica afeta o mundo convém ficarmos de sobreaviso. Isso
por que a ciência é feita por pessoas. E todas as pessoas, mesmo sendo cientistas,
possuem interesses, intenções e ambições. Para agravar esse quadro, a ciência é
financiada por governos e por empresas — cujas políticas podem nem sempre visar o
bem comum – entendendo essa expressão, em seu sentido mais amplo como sendo o
bem, em sua essência, estendido para toda a humanidade. Fica cada vez mais claro que
pesquisa científica atual, em seus passos mais decisivos, está condicionada às regras de
financiamento, às expectativas sobre seus resultados e às forças sociais e de instituições
que moldam seus rumos. Ora vejamos:

 Ninguém investe sem a expectativa de ganhar dinheiro com seu


investimento;
 Mesmo moralmente condenadas, a ambição e a ganância continuam a
ditar as regras do mercado também no século XXI.

Ou não?

Na década de 1950, quando Jonas Salk — um dos cientistas que participou do


desenvolvimento da vacina contra a poliomielite — foi questionado sobre se ele
patentearia a vacina. Ele respondeu com outra pergunta: — Você poderia patentear o
sol?

Em outras palavras:

Pode um cientista propor ou aceitar a privatização de um conhecimento que


beneficiaria a todos?

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Existem duas linhas de pensamento sobre essa questão:

O primeiro viés advém de empresas (e de governos) que comercializam ciência e


tecnologia e são detentores de muitas patentes. Seu principal argumento pode ser assim
resumido: Como o investimento em programas de pesquisa científica é extremamente
oneroso, tanto para empresas quanto para nações é natural oferecer garantia para os
investidores de que ocorrerá o retorno desses investimentos. E tais garantias passam
invariavelmente pela reserva de mercado e obviamente a privatização das descobertas,
protegidas por leis de propriedade intelectual.

O argumento contrário à privatização dos resultados aponta que a restrição do uso de


muitas descobertas atrapalha o aperfeiçoamento da própria descoberta, além de reprimir
a inovação e o desenvolvimento de novos produtos.

Além de que, ao negar o benefício a outro ser humano se estaria também praticando
uma forma de desumanidade. Por exemplo, A indústria farmacêutica Novartis tentou
bloquear recentemente a fabricação na Índia de um medicamento genérico aplicado na
terapia do câncer. Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Ciências Econômicas, tem uma
posição radicalmente contra as leis de propriedade intelectual. Ele enfatiza que essa
prática visa apenas garantir lucros exorbitantes para as desenvolvedoras, que por
congelamento do desenvolvimento científico, certifica-se de não haver concorrência.

Pela lei dos mercados é fácil observar o que se resulta de um monopólio, seja em que
área for. Ele dá o exemplo da Myriad Genetics, uma empresa que alegou propriedade
intelectual sobre genes humanos. Este é um exemplo extremo, mas suas observações são
amplamente aplicáveis.

Ele explica que, neste caso:

Geneticistas têm argumentado que o registro de patentes sobre os genes realmente tende
a impedir o aperfeiçoamento de vários testes genéticos (como prevenção de doenças
genéticas, por exemplo), e de modo geral, interferir com o avanço da própria ciência.

Todo o progresso científico é fundamento em conhecimento. Ao tornar-se esse


conhecimento menos disponível impede-se o progresso, ou na melhor das hipóteses,
torna-o menos imediato.

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É fácil observar que o cientista está no centro deste processo e ele não pode mais se
furtar das questões éticas envolvidas em seu trabalho.

Não pode mais evadir-se das questões pertinentes sobre a natureza do progresso
científico, sobre as decisões de financiamento de suas pesquisas, ou quais forças estão
por trás dos ditos investidores e quais são os interesses que servem.

Eu mesmo, não canso de repetir para meus alunos, que nossas decisões sobre as nossas
carreiras afetam não só nossas vidas, mas também a dos que nos cercam.

Eu como cientista não posso alegar neutralidade em questões como esta. Nenhum
cientista pode.

E se Jonas Salk tivesse decidido trabalhar para uma empresa farmacêutica e


patenteasse a vacina contra a poliomielite? Quantas pessoas morreriam, ou
teriam sequelas por toda a vida?

Considere-se uma questão relevante para o futuro:

Se uma vacina contra a malária ou contra AIDS fosse desenvolvida, deveria ser
protegida por registro de patentes, de tal forma que os preços desse monopólio
maximizassem sua receita, mas não seus resultados na saúde pública?

De modo mais geral: os cientistas podem realmente justificar os resultados previsíveis


dos projetos em que estão envolvidos?

O que deve ser feito, então, para maximizar o benefício da ciência visando o
bem comum?

Para começar, podemos educar os cientistas e também fiscalizá-los. E para isso é


necessário que o cidadão busque inteirar-se do que vem a ser ciência e de qual é o real
trabalho do cientista.

É preciso que cada um busque entender as decisões tomadas tanto pelos cientistas
quanto pelas instituições de pesquisa e querer fazer parte delas. É legítimo e necessário
pedir aos cientistas e aos acadêmicos, e também às instituições, que justifiquem o uso
que dão aos fundos de investimentos em pesquisa; É justo fiscalizar as ações privadas e
públicas nos programas sociais, e debater as prioridades políticas na esfera pública.

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E também submeter as decisões sobre a investigação científica e suas metas de trabalho
ao escrutínio da sociedade.

A ciência é uma força incrivelmente poderosa que consome uma grande quantidade de
recursos, por isso precisamos ter certeza de que está sendo orientada numa boa direção e
para tal é necessário que cada cidadão procure cumprir com o seu papel.

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5. Considerações Finais
A ética na pesquisa e o plágio são assuntos antigos, mas que tem grande repercussão nos
últimos tempos, principalmente, em virtude das facilidades que o avanço da tecnologia
proporcionou, e tem uma preocupação especial no espaço acadêmico, uma vez que a
produção escrita é altamente demandada. A partir das discussões aqui apresentadas
pode-se concluir que as pesquisas científicas, de fato, devem ser executadas segundo os
padrões éticos, porém, a simples observância das normas, leis e recomendações éticas
não garantirá que a pesquisa seja ética. O tema deve ser discutido e incentivado,
principalmente nos cursos de graduação e pós-graduação, bem como nos eventos e
periódicos científicos.

É preciso também, que as instituições de ensino se esforcem na adoção de políticas, na


criação de conteúdos e estratégias acadêmicas, como é o caso de inserir
obrigatoriamente disciplinas de metodologias do trabalho científico que abarquem, de
forma ampla, a ética na pesquisa e as questões decorrentes desse assunto, como é o caso
do plágio, o direito autoral e propriedade intelectual.

Diante do mapeamento de artigos nos periódicos da Ciência da Informação, conclui-se


que há muito a ser feito nessa área. Apesar dos cursos que pertencem a essa área
apresentarem em suas grades curriculares disciplinas que trabalham o conhecimento, a
produção científica, metodologia da pesquisa etc., o índice de artigos publicados nos
últimos cinco anos é relativamente baixo para uma área que trabalha essas questões
cotidianamente, tanto em sala de aula quanto no exercício profissional.

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6. Referências Bibliográficas
ARTUR, Sérgio Daniel. Metodologia de Investigação Científica. UCM, 2011.

CARVALHO, J. Eduardo. Metodologia do Trabalho Científico: SaberFazer da


investigação para dissertações e teses. Editora Escolar, 2009.

FREIXO, Manuel João Vaz. Metodologia Cientifica: Fundamentos, Métodos e


Técnicas., 3ª. Ed. Institup Piaget: Lisboa, 2011.

MAGIBIRE, Zacarias Mendes. O Processo de Migração da Universidade Pedagógica de


Moçambique para as Tecnologias de Informação: Um estudo de caso (Dissertação de
Mestrado). Unimep: São Paulo, 2007.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria, Técnicas de Pesquisa, 6ª. Ed.
Atlas: São Paulo, 2007.

MATTAR, João. Metodologia de Científica, na era da Informática. 9ª. Ed. Saraiva: São
Paulo, 2008 MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. 4ª ed, Instituto
Piaget: Lisboa, 2005.

SERRANO, António; FIALHO, Cândido. Gestão do Conhecimento: O novo paradigma


das organizações, 3ª ed. FCA: Lisboa, 2005.

http://pt.wikiversity.org. Introdução à Metodologia Científica/Formas de conhecimento.


(acessado em Setembro de 2014)

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