Investigações na área da saúde são realizadas á bastante tempo, tendo inicio
provavelmente com estudos de Hipócrates(450 a.C), que relacionava os aspectos de órgãos humanos doentes com de animais, com finalidades didáticas. Os anatomistas Alcmeon (500 a.C), Herophilos (330-250 a.C) e Erasistratus (305-240 a.C), realizaram dissecções em animais para descobrir mais sobre sua anatomia, com o objetivo de observar estruturas e formular hipóteses sobre o funcionamento das mesmas.
Mais tarde também, Aristoteles(384-322 a.C), realizou estudos comparativos
entre órgãos humanos e de animais, constatando semelhanças e diferenças de conformação e funcionamento, logo após cerca de 500 anos depois, Galeno (131-201 d.C) ficou conhecido como um dos percussores dasciências médicas experimentais, realizando vivisseções com objetivos experimentais, ou seja, de testar variáveis de alterações provocadas nos animais.
Investigações utilizando animais foram retomadas por Vesalius(1514-1564),
que além de realizar dissecções de cadáveres humanos, realizou também experimentações em animais, constatando inclusive algumas inexatidões na concepção da circulação do sangue proposta por Galeno. Entãopodemos dizer que ao longo dos séculos, muitos cientistas se destacaram em estudos tanto com humanos como com animais, no entanto somente a partir do século XIX, que houve um aumento significativo no uso de animais em pesquisas cientificas e em experimentos, devido à publicação dos princípios do uso de animais como modelos de estudo por Claude Bernard.
No ano de 1949, foi lançado o código de Nuremberg, considerada a primeira
legislação contemporânea sobre ética na medicina, sendo incorporada pela maioria dos países e reforçando uma prática já existente: “O experimento com humanos deve ser baseado em resultados de experimentação com animais”. O código de Nuremberg serviu de base para outros importantes códigos de ética médica, como a Declaração de Helsinque (1964): “A pesquisa biomédica envolvendo seres humanos deve estar adaptada aos princípios científicos e basear-se em experiências de laboratório e com animais, adequadamente desenvolvidas”. Em 1959, Russell e Burch Publicaram um livro no qual afirmava que a boa pesquisa com animais deve respeitar três Rs (redução, refinamento e substituição). Este programa 3Rs representa a redução do número de animais utilizados na pesquisa, a melhora na condução dos estudos, no sentido de reduzir o sofrimento ao mínimo, e a busca de métodos alternativos que por fim substituam os testes in vivo. Este programa é de extrema importância, pois seu propósito principal é servir como um conceito unificador, um desafio e uma oportunidade para obtenção e benefícios científicos, econômicos e humanitários.
Mesmo sendo um tema muito complexo e que divide opiniões a respeito,
devemos deixar claro que os objetivos da pesquisa com animais é destacar que o foco principal da pesquisas experimentais com a utilização de animais tem sido aprimorar conhecimento acerca dos mecanismos fisiopatológicos de doenças, empreender ensaios terapêuticos com novos fármacos, estudar marcadores biológicos e avaliar novas técnicas com perspectivas de aplicabilidade na espécie humana, lembrando que é dever do especialista a consciência de que o animal utilizado como cobaia é um ser vivo e como tal é sensível a dor. Um comitê de ética pode ser definido como um corpo interdisciplinar de pessoas que visam pesquisar, examinar e revisar protocolos, prestar consultorias ou propor normas institucionais no que tange aos aspectos éticos. Esta ampla definição aplica-se a comitês de ética hospitalar, para pesquisa com seres humanos e também para os comitês que se preocupam com a utilização de animais na investigação científica e na docência, entre outros.
A utilização de animais na investigação biomédica acompanha discussões de
cunho moral e filosófico, que são moldados a culturas e países distintos. A ciência tem buscado formas mais racionais de condução de pesquisas que envolvam animais, e estas tem por base princípios de ética uma conduta mais racional em relação ao uso de animais, com base em princípios éticos que os protejam de maus-tratos, e são aliadas a leis que visam preservar a integridade dos mesmos, protegendo de abusos e sofrimento.
Os comitês de ética institucionais devem ser órgãos com comprometimento e
engajamento, com o objetivo de buscar atitudes moralmente adequadas para utilização dos animais dentro de seu limite de atuação. São eles os encarregados de estabelecer políticas institucionais que assegurarem a observação de estritas normas éticas no trabalho com os animais à luz da legislação vigente, ou dentro de limites estabelecidos pelo próprio comitê para aquela instituição atuante.
No que se remete à leis e normas acerca da pesquisa científica em animais, há a
Lei 11.794 de 8 de outubro de 2008 que estabelece procedimentos para a utilização de animais, bem como a criação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA). A também Lei Federal 9.605/98 nos seus dois primeiros parágrafos do artigo 32 define penalidades para a utilização de animais em pesquisas que tenham envolvimento de dor ao animal quando existirem recursos alternativos a realização da pesquisa, elas envolvem detenção, de três meses a um ano, multa, e aumento de pena se ocorrer a morte do animal.
O Colégio Brasileiro de Experimentação Animal é o órgão com
responsabilidade de controlar pesquisas com animais e as Instituições de Ensino Superior devem compor Comitês de Ética para que os projetos de pesquisa tenham obrigatoriedade em serem analisados de forma prévia ao seu desenvolvimento. No que se refere à Odontologia, o Código de Ética Odontológico apresenta nos Artigos 38 e 39 as infrações éticas envolvendo o emprego de animais:
Art. 38. Constitui infração ética:
VII - Publicar pesquisa em animais e seres humanos sem submetê-la a
avaliação prévia do comitê de ética e pesquisa em seres humanos e do comitê de ética e pesquisa em animais.
Art. 39. Constitui infração ética:
II - Utilizar-se de animais de experimentação sem objetivos claros e honestos
de enriquecer os horizontes do conhecimento odontológico e, consequentemente, de ampliar os benefícios à sociedade;
III – Desrespeitar as limitações legais da profissão nos casos de experiência in
anima nobili.
No Brasil, não existem dados oficiais que possibilitem estimar o número de
animais utilizados em pesquisas na área biomédica e, em especial, na Odontologia.