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Legitimidade da

experimentação animal

Trabalho realizado por Francisca Duarte n°8 11°A

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Índice
Introdução teórica 3
Desenvolvimento 5
Conclusão 7
Bibliografia 8

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Introdução teórica

A experimentação animal é um assunto complexo e polémico que envolve


considerações éticas, científicas e legais. A legitimidade da experimentação animal é um tópico
debatido há décadas e onde não há um consenso universal sobre o assunto. Na
experimentação animal, os animais não humanos são utilizados em laboratórios para inúmeros
propósitos, alguns exemplos incluem testes de produtos e o uso de animais como modelos de
pesquisas ou como ferramentas educacionais.

A pesquisa animal é o processo de usar animais não humanos para controlar variáveis
que podem afetar sistemas biológicos ou comportamentos em experiências. É o processo de
testes em animais que é feito sob o pretexto de pesquisa para beneficiar a humanidade, mas
aplicada pode ter pouca ou nenhuma preocupação com os animais.

A experimentação animal é baseada na premissa de que alguns animais compartilham


semelhanças biológicas com os seres humanos, permitindo a estimativa dos resultados obtidos
em animais para a compreensão de processos fisiológicos e patológicos humanos. Ao estudar a
resposta de um organismo animal a um determinado estímulo, é possível inferir como um ser
humano pode reagir de forma semelhante.

Em termos legais, a experimentação animal varia quanto às condições em que as


experiências podem ser realizadas, os tipos de testes permitidos e os cuidados a serem
fornecidos aos animais. Em alguns países, existem restrições específicas para a
experimentação animal, enquanto em outros é mais amplamente permitida. Em Portugal,
existem diversas instituições onde são realizadas experiências com animais. Essas instituições
incluem o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, faculdades de medicina/medicina
veterinária, ciências, farmácia (…), além de algumas instituições de pesquisa científica e
laboratórios privados. Os animais utilizados habitualmente nessas experiências são roedores,
como ratos, porquinhos da Índia e coelhos, assim como cães, gatos, porcos, ovelhas, vacas e
outros.

Os problemas éticos da experimentação animal surgem do conflito entre as


justificativas para o uso de animais em benefício de si próprios e do homem e o ato de não
causar dor e sofrimento aos animais. Quanto maior o sofrimento que uma experiência irá
causar aos animais, mais difícil é a sua justificativa. É importante destacar que, nos últimos
anos, têm surgido cada vez mais métodos alternativos à experimentação animal, como

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modelos in vitro e técnicas de simulação por computador, que procuram reduzir a necessidade
de uso de animais em pesquisas. Estas abordagens são promovidas como alternativas mais
éticas e cientificamente válidas.

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Desenvolvimento:

Quanto à legitimidade das experiências animais, são diversas as perspetivas e


argumentos levantados, refletindo a complexidade e a diversidade de opiniões sobre o
assunto. Alguns argumentos a favor são:

-A experimentação animal tem sido fundamental para o desenvolvimento de


tratamentos médicos e avanços científicos. Muitas descobertas médicas importantes, como
vacinas e medicamentos, foram possíveis graças a estudos em animais.

-Antes de serem testados em seres humanos, é importante avaliar a segurança e


eficácia de novos produtos, medicamentos e procedimentos médicos. A experimentação
animal pode fornecer informações cruciais para garantir a proteção e bem-estar dos seres
humanos.

Argumentos contra:

-Sofrimento animal: A experimentação animal pode causar dor, sofrimento e angústia


aos animais envolvidos. Argumenta-se que é inaceitável infligir tal sofrimento em outros seres
com a capacidade de sentir em benefício humano.

-Direitos e igual consideração: Argumenta-se que todos os seres com a perceção de


emoções, incluindo animais, merecem direitos e igual consideração moral. Portanto, a
experimentação animal é vista como uma violação desses direitos, uma vez que implica tratar
os animais como meios para fins humanos.

Na filosofia, existem também diversas perspetivas acerca da legitimidade da


experimentação animal. Dentre elas, destacam-se as visões de filósofos como Kant, Stuart Mill,
Tom Regan e Peter Singer, que contribuíram com abordagens distintas sobre a ética e os
direitos dos animais.

Kant acredita que tratar cruelmente os animais pode ser justificado quando traz
benefícios à espécie humana. Por os animais não possuírem consciência, existem apenas como
um meio para um fim, este fim é o ser humano, no entanto, condena a desumanidade quando
é exercida por pura diversão.

A ética de Stuart Mill defende que devemos agir de forma a trazer tanta felicidade
quanto possível ao mundo e para maximizar o que é melhor para o todo. Em relação às
experiências em animais não humanos, o utilitarismo defende que o uso de animais em

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experiências é aceitável apenas se a felicidade que a sua exploração causa seja maior do que o
sofrimento causado.

Da perspetiva de Tom Regan, um filósofo moral e defensor dos direitos dos animais, a
experimentação animal não é legítima. Em todas as situações que utilizamos animais, estes
veem prejudicado o seu direito fundamental de serem tratados com respeito. Eles não são os
nossos fornecedores e não temos o direito de usá-los em benefício próprio, uma vez que
também possuem direitos morais. Os animais possuem direitos inerentes baseados no seu
próprio valor intrínseco, independentemente das suas características cognitivas ou
habilidades. Regan defende que a investigação científica deve procurar alternativas à
experimentação animal, como modelos in vitro, estudos epidemiológicos e simulações
computacionais, que possam fornecer informações relevantes sem o uso de animais. Regan
propôs a teoria dos direitos animais baseada na noção de que os animais têm direitos morais
inabdicáveis, assim como os seres humanos.

Peter Singer é um filósofo conhecido pela sua abordagem utilitarista preferencialista,


na qual a avaliação de uma conduta é baseada nas consequências em relação à satisfação de
preferências. No seu ponto de vista, o essencial é estabelecer um critério justo que sirva como
princípio e suporte para afirmar que todos os seres humanos são iguais. A perspetiva
apresentada por Peter Singer sugere que todos os seres com a capacidade de sentir, incluindo
os animais não humanos, possuem interesses morais e, portanto, direitos. Singer argumenta
que, uma vez que os animais têm a capacidade de sentir dor, prazer e têm perceção do mundo
ao seu redor, eles devem ser considerados como membros de uma comunidade moral. Nessa
comunidade, os interesses de todas as espécies têm igual importância, sem privilegiar uma
espécie em detrimento de outra. Esta abordagem ética coloca os seres humanos em um papel
de responsabilidade em relação aos animais não humanos, tendo em consideração o impacto
das nossas ações sobre eles. Singer argumenta que os seres humanos têm a obrigação moral
de considerar os interesses dos animais e tratá-los com respeito e consideração, evitando
causar-lhes sofrimento desnecessário e reconhecendo seus interesses individuais

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Conclusão:
A questão da legitimidade da experimentação animal é um assunto complexo e
polémico. Embora haja argumentos válidos contra a experimentação animal, é importante
reconhecer os benefícios que ela trouxe, e continua a trazer, para a sociedade e a ciência é por
isto que sou a favor das experiências em animais.

A experimentação animal tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento


de tratamentos médicos e avanços científicos que beneficiam a saúde e o bem-estar humano.
Através dos estudos em animais, foram feitas descobertas importantes, como vacinas e
medicamentos. Além disso, a experimentação animal é fundamental para avaliar a segurança e
eficácia de produtos e procedimentos médicos antes de serem aplicados em seres humanos,
isto garante a proteção dos indivíduos e minimiza os riscos associados. Embora existam
avanços nas técnicas alternativas, como modelos in vitro e simulações computacionais, estas
técnicas ainda possuem dificuldade em replicar a complexidade biológica dos organismos
vivos.

Portanto, embora seja necessário continuar à procura de alternativas à


experimentação animal sempre que for possível e promover métodos mais humanitários, é
legítimo reconhecer os benefícios significativos que a experimentação animal trouxe para a
sociedade em termos de avanço científico e médico.

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Bibliografia

Argumentos a favor e contra o uso de animais em pesquisas científicas. (n.d.). G1.Globo.com.


https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/debate-pesquisa-animais/platb/

Cardoso, W. M. (2013). A fundamentação dos direitos dos animais não-humanos segundo a

Teoria Reganiana. Repositorio.ufsm.br. https://repositorio.ufsm.br/handle/1/9125

Charro, F. (n.d.). Ética na Experimentação Animal - Medicina. InfoEscola.


https://www.infoescola.com/medicina/etica-na-experimentacao-animal/

Ensaio filosófico - Será correto recorrer à experimentação animal? Este ensaio discute o

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https://www.studocu.com/pt/document/instituto-superior-manuel-teixeira-gomes/

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https://rolandoa.blogs.sapo.pt/19928.html
EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL | Em Defesa dos Direitos de Todos os Animais. (n.d.).
Animal.org.pt. https://animal.org.pt/experimentacao-animal/

‌UTILITARISMO, DEONTOLOGIA KANTIANA E ANIMAIS: ANÁLISE E AVALIAÇÃO CRÍTICAS. (2015).

https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/15600/1/UtilitarismoDeontologiaKan

tiana.pdf

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