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Terá a ciência o direito de

se sobrepor ao cuidado
pelo ambiente?

Escola Básica e Secundária de Anadia

Trabalho realizado por:


André Lopes Nº2
Gustavo Fernandes Nº10
Henrique Jesus Nº11
Luís Santos Nº

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Índice
Apresentação do problema​_____________________​3
Apresentação da tese e argumentos​______________​3
Apresentação e resposta a possíveis objeções​______​5
Conclusão​___________________________________​6
Bibliografia​___________________________________​7

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Terá a ciência o direito de se sobrepor ao cuidado pelo ambiente?
Esta é provavelmente uma das questões à qual a sociedade atual tem mais urgência
em responder. Nos tempos que correm vivemos num estado de emergência em
relação aos temas ambientais e ecológicos. Desta forma é importante
compreendermos até que ponto o crescimento exponencial da ciência se pode
continuar a sobrepor à preservação do ambiente.
Na nossa opinião, a espécie humana, em casos verdadeiramente essenciais, deve
ser sempre favorecida em detrimento das outras e do próprio meio ambiente.
Procurando um exemplo prático se pensarmos na situação hipotética de se
encontrar uma planta que pudesse ajudar na cura para a malária, acreditamos que a
sua exploração deve ser feita mesmo que isso possa trazer danos para o
ecossistema à volta da própria planta. Assim apesar da exploração da planta poder
até trazer consequências para outros seres vivos e o seu habitat, consideramos que
a espécie humana deve ser favorecida.
Posto isto acreditamos que quando se trata de questões de vida ou morte de
humanos ou de melhorias significativas na vida dos mesmos é sempre correto que a
ciência evolua mesmo que essa evolução possa trazer consequências graves para o
ambiente e desde que essas consequências não sejam incomportáveis com a
continuidade da espécie.
Um tópico na nossa opinião de grande relevância quanto a este tema é a genética.
Todos estamos a par que cada vez mais a manipulação genética é uma realidade,
sendo uma temática extremamente polémica possui imensos benefícios mas pode
também acarretar diversas consequências. Sendo assim pretendemos dar a
conhecer o nosso próprio ponto de vista.
A manipulação genética é um exemplo claríssimo onde a ciência ao evoluir pode
trazer consequências graves para o meio ambiente e o funcionamento da natureza.
Recentemente foi descoberta uma tecnologia chamada de CRISPR. Esta tecnologia
permite corrigir um erro que exista numa zona específica do DNA. Imaginemos uma
tesoura capaz de cortar a cadeia DNA num ponto onde a mesma possui um erro,
esta tesoura é acompanhada por uma espécie de GPS que permite que a mesma
saiba onde se localiza o erro. Esta tecnologia é, sem dúvida nenhuma bastante
promissora à primeira vista, trazendo a possibilidade de curar doenças como a

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distrofia muscular de Duchenne, doença que surge pela incapacidade de o
organismo produzir uma proteína fundamental para o funcionamento dos músculos
(distrofina) e que traz bastantes dificuldades na vida de ser humano implicando que
o mesmo provavelmente esteja destinado a uma cadeira de rodas e não tenha uma
grande esperança média de vida. Mais uma vez neste caso pensamos que a ciência
tem o direito de se sobrepor ao meio ambiente e à ordem original da natureza por
ser uma forma de salvar vidas humanas quaisquer que sejam as consequências que
este tipo de manipulação genética possa trazer no futuro.
Por fim queríamos expor aqueles que são na nossa opinião os limites que a ciência
não deverá nunca ultrapassar:
Primeiramente todos os avanços científicos que têm uma função meramente
estética e que possam trazer consequências para o meio ambiente não devem ser
realizados. No seguimento do exemplo apresentado acima, as técnicas de
manipulação genética poderão ser utilizadas para dar oportunidade às pessoas de
escolher por exemplo as características físicas de um cão. Este tipo de evolução
científica é absolutamente inaceitável, porque imaginando que este cão
geneticamente modificado vive em contacto com outros cães, o mesmo irá
provavelmente ter uma vantagem sobre eles, assim irá reproduzir-se mais e pela
ação da seleção natural é provável que com o passar de vários anos os cães cujas
características foram geneticamente modificadas poderão ser os dominantes nas
populações senão os únicos. Este tipo de modificações com o modelo natural da
evolução pode trazer consequências para o meio ambiente que não somos capazes
de prever e que podem ser drásticas, sendo que neste caso o benefício de ter um
cão mais bonito, alto, ou forte não compensa de todo o risco que seria necessário
pagar apresentado assim o primeiro limite que a ciência não deve ultrapassar.
Podemos ainda pensar noutro exemplo que pode parecer ter uma utilidade prática
mas que na verdade é inútil. Poderíamos usar as tecnologias de manipulação
genética para criar super atletas que seriam exímios nos seus respetivos desportos
mais uma vez este tipo de alterações podem trazer consequências para o
funcionamento da evolução e do próprio meio ambiente que não somos capazes de
prever. Assim tal como no exemplo anterior o benefício de termos melhores atletas
não compensa o custo que poderemos ter de vir a pagar, até porque se formos

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honestos a presença de atletas geneticamente modificados apesar de ser
fortemente apoiada por vários cientistas seria sempre algo que retiraria a essência
do desporto, revelando-se assim como uma evolução dispensável.
Analisando a nossa tese, uma das objeções a que se lhe pode opor é o facto de nos
elevarmos aos outros seres vivos, de nos acharmos superiores.Esta objeção advém
do pensamento filosófico ecológico desenvolvido por filósofos e biólogos como
Rachel Carson que no seu livro “A Primavera silenciosa” diz o seguinte: ​“Com uma
visão universal e baseado em uma compreensão ecológica do planeta, os
fundamentalistas deixam de lado o antropocentrismo em nome de uma interpretação
ecocêntrica, onde a terra é um enorme organismo vivo, parte de outro universal e
maior, onde o homem é uma das formas de vida existente, não possuindo qualquer
direito de ameaçar a sobrevivência de outras criaturas ou o equilíbrio ecológico do
organismo”. Ora, penso que esta objeção pode facilmente ser respondida e
refutada.Analisando todo o ambiente, toda a vida biológica percebemos que os
animais sempre viveram em prol do seu bem, em prol da sua sustentação de vida.
Pensemos num exemplo básico de uma cianobactéria: esta realiza fotossíntese de
modo a conseguir sobreviver. As plantas fazem o mesmo. Isto tudo porque nós,
assim como todos os outros seres vivos, temos um instinto de sobrevivência, somos
capazes de fazer tudo para sobreviver. Todo o ser vivo é capaz de se superiorizar
quando se fala da sua sobrevivência. Pensemos no exemplo de os animais
herbívoros que se alimentam dessas plantas. Eles têm que as ingerir para
sobreviverem, mas só fazem isso em prol do seu bem. Por vezes nós, seres
humanos, temos que nos superiorizar em relação aos outros seres vivos. Sendo o
animal mais racional que existe e tendo também, obviamente, esse instinto de
sobrevivência o ser humano pode e deve se «aproveitar» de outros seres vivos,
como por exemplo referimos acima, no tratamento da malária: se for necessário
acho normal o homem se beneficiar dela para inventar uma cura. Em suma,
pensamos que este ato de superioridade é aceitável quando falamos em
prol da nossa sobrevivência e do nosso bem. Por outro lado devem estar sempre em
mente os limites definidos.
Outra objeção que nos parece que possa surgir seria a de que a preferência pela
espécie humana em detrimento do meio ambiente poderia trazer consigo

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consequências graves a nível ambiental que poderiam pôr em risco a própria
espécie que está a ser protegida.
Quanto a este tópico acredito que os cientistas que estão na posse de poder para
tomar este tipo de decisões também devem possuir bom-senso e conhecimento
suficiente para medir as consequências dos seus atos. Sendo assim apesar da
espécie humana dever ser sempre a prioridade, caso o ambiente derradeiramente
não consiga comportar o que seria necessário, então o cientista deverá abandonar o
seu projeto.
Posto isto concluímos que a ciência terá o direito de se sobrepor ao meio ambiente
quando esta sobreposição possibilitar salvar vidas humanas ou trazer-lhes uma
melhoria significativa e desde que a sobreposição não implique danos ao ambiente
que poderão pôr em causa a continuidade da espécie humana. Em todos os outros
casos o ambiente deve ser priorizado.

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Bibliografia
1. https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-ambiental/os-avanco
s-da-ciencia-riscos-para-a-sociedade-e-o-meio-ambiente/
2. Documentário “A revolução genética” transmitido na RTP 3 no dia
24 de março de 2020 às 20:00

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