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FILOSOFIA

Mariana Bastos_11ºC

12/06/2020

Problemas Éticos na Manipulação do Escola Secundária de Santa


Maria da Feira
Genoma Humano
Problemas Éticos na Manipulação do Genoma Humano

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Problemas Éticos na Manipulação do Genoma Humano

ÍNDICE

1. Introdução................................................................................

2. Enquadramento..........................................................................

2.1. Conceitos..............................................................................

 Genoma humano........................................................................

 Manipulação Genética..................................................................

 Ética.......................................................................................

2.2. Reflexões..............................................................................

3. Conclusões...............................................................................

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Problemas Éticos na Manipulação do Genoma Humano

PROBLEMAS ÉTICOS NA MANIPULAÇÃO DO GENOMA HUMANO

1. Introdução

A tecnologia ao serviço da ciência, tem-se revelado em avanços científicos significativos que


têm confrontado a humanidade com situações inimagináveis. Diariamente deparamo-nos com
notícias que nos chegam de todas as partes do mundo e que nos dão conta da utilização de
novos métodos e técnicas, novos medicamentos, mais eficazes, bem como o controle de novas
doenças.

A ciência deu um salto gigante: passou da identificação e descrição do genoma humano à


intervenção terapêutica e à seleção genética.

Como marcos decisivos da biotecnologia destacam-se: a descoberta da hereditariedade, a


descoberta da estrutura da molécula do ADN, o mapa do genoma humano, a clonagem da
ovelha Dolly e o primeiro bebé-proveta.

Assim, as questões que se colocam para o futuro são: que poderemos esperar dos nossos
corpos? teremos corpos que medeiam entre o biológico e artificial ou entre a máquina e a
homem?

Facilmente se percebe que o maior desafio para a saúde e para a humanidade nos próximos
tempos não é o limite tecnológico, mas o limite ético associado à evolução do ser humano.

Ao longo deste ensaio procurarei discutir os Problemas éticos na manipulação do Genoma


Humano: Será que a evolução científica se deve sobrepor e alhear da ética?

Considero esta discussão de extrema importância na medida em que quando o futuro nos
aponta para a possibilidade de modificar a espécie humana, várias questões se levantam sobre o
futuro da humanidade, trazendo consigo sentimentos contraditórios, de atração e medo pelo
desconhecido.

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2. Enquadramento

2.1.Conceitos

 Genoma humano
O genoma humano é o conjunto de todo os genes. Os genes influenciam o funcionamento e o
desenvolvimento dos órgãos e determinam a produção de proteínas que são responsáveis
pelas características específicas de cada ser humano.

 Manipulação Genética
A engenharia genética ou manipulação genética corresponde ao conjunto de técnicas e
ferramentas que permitem identificar, isolar, manipular e multiplicar o material genético (ADN)
dos organismos vivos. A evolução recente da genética veio possibilitar uma alteração do
património genético, permitindo ao homem ter meios para alterar a sua própria natureza

 Ética
A ética, deforma geral, versa sobre o que é bom ou correto e do que é mau ou incorreto na
ação humana, ou seja, de questões relevantes para a pessoa e para a humanidade. A ética
aplicada à genética focaliza a reflexão ética no fenómeno vida.
O progresso científico tem naturalmente implicações de várias ordens, desde logo, religiosas,
culturais, políticas, económicas e sociais. A ética associada à ciência atual trata das interrogações
feitas pela consciência do Homem diante dos novos conhecimentos e novas tecnologias com
efeitos diretos na sociedade.

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2.2.Reflexões

A reflexão sobre a manipulação do genoma humano envolve a discussão de assuntos


interdependentes, relativos aos princípios da liberdade, da autonomia, da dignidade e da
indisponibilidade de genes, órgãos, produtos e funções, uma vez que é o fundamento de um
espaço humano livre e democrático, que clama pelo olhar da ciência jurídica e da bioética no
sentido e proteção desses princípios éticos e legais.

Os filósofos atribuem à ética a reflexão filósofa da moral - a ética existe para apresentar vários
comportamentos e orientar as pessoas para os seus princípios e ações.

A manipulação do Genoma Humano remete para a observação de três Princípios éticos:

1- Princípio da Precaução – a manipulação genética só deve existir quando não existir risco
na sua utilização. A precaução como forma de obrigar ao aperfeiçoamento da técnica;

2- Princípio da Transparência – surge para garantir que a população em geral tenha acesso
às informações das pesquisas e decisões políticas do poder governamental;

3- Princípio da Responsabilidade – à medida que o homem adquire mais poder por via do
conhecimento e da tecnologia as suas ações podem tornar-se cada vez mais destruidoras
pelo que é necessário conceber novos direitos e deveres com base no princípio da
responsabilidade.

As descobertas e evolução científicas à volta do genoma humano trouxeram consigo a ausência


de consenso sobre os limites éticos e humanitários da pesquisa científica.

Assim, podem encontrar-se várias correntes que se resumem a duas linhas ou


posicionamentos:

 Em primeira instância, encontramos os que defendem que o Homem é fruto do Criador, e por
isso, é sagrado, refutando totalmente a manipulação do seu código genético. Trata-se de uma
posição fixista que não aceita nem tolera a mudança. O Fixismo é uma teoria filosófica que
tem origem seculo XVIII e que defende que todas as espécies foram criadas tal como são por
poder divino, e assim devem permanecer, imutáveis, por toda sua existência.

 Em segunda instância, encontramos os que defendem que o não há qualquer inconveniente na


manipulação genética, desde que seja favorável ao bem-estar das pessoas. Esta linha de

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pensamento mais prática e versátil defende que na natureza nada é permanente e estático e
tudo se encontra em permanente mudança e como tal, não faz sentido que o genoma humano
se mantenha inalterado.

A minha posição aproxima-se da segunda posição descrita anteriormente, ou seja, a


manipulação do genoma humano deve acontecer quando não existam dúvidas que os
benefícios dessa manipulação são inequivocamente superiores aos riscos e desequilíbrios que
daí possam advir.

Para melhor argumentar a minha posição e, agora num contexto em que marcadamente admito
ser a favor da manipulação do genoma humano, passarei a explanar a minha posição
recorrendo a alguns exemplos concretos.

Inicio com a seguinte questão: O que há exatamente de errado em gerar um filho que seja um
gêmeo idêntico do pai ou da mãe, de um irmão mais velho que morreu tragicamente ou, até
mesmo, de um cientista, um atleta ou uma celebridade admirada?

Se for permitido aos pais escolher as características físicas dos seus filhos, sexo, cor de
cabelo, cor de olhos, estrutura física, capacidades motoras, entre outras, estaríamos a falar não
na conceção de um ser humano, mas de uma “ida ao supermercado” ou de uma “encomenda”
bem definida – “filhos projetados”. Se isto vier a ser uma realidade, então, a mutação
genética deixa de ter um fim terapêutico (prevenção uma doença ou um distúrbio genético) e
passa a ser um instrumento de “melhoria” da espécie.

Pegando no exemplo dos “filhos projetados”, é perturbador pensar que para certos pais os
filhos não são dádivas e merecedores do seu amor incondicional; o amor aos filhos não deve
ser dependente das qualidades e talentos que esses, porventura, puderem possuir ou vir a
adquirir.

Pensando noutro exemplo, os chamados “Super Atletas” geneticamente modificados com o


objetivo de virem a ter altas performances associadas às suas características geneticamente
alteradas e não herdadas. Na minha opinião, um atleta sujeito a estas alterações nunca viria
reconhecido conceitos fundamentais no desporto como a dedicação e o reconhecimento do seu
talento e do seu esforço, pois o que é mais importante neste indivíduo é a importância do
fármaco ou da técnica científica que está por detrás do seu sucesso.

Estes dois exemplos ilustram a minha posição quanto à modificação do genoma


humano: a favor da modificação do genoma humano, se para fins terapêuticos e não para

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o aperfeiçoamento da espécie.

A definição destes dois objetivos faz-se pela presença da moral e da ética e do quadro de
valores que suporta o indivíduo. A Natureza humana é uma dádiva e reconhecer que a vida é
uma dádiva é reconhecer que nossos talentos não são mérito unicamente nosso (são também
uma herança) e isto é um ato de humildade.

A este argumento acresce outro: a manipulação genética de seres humanos altera não
apenas o indivíduo, mas todas as gerações subsequentes, pois são alterações na linhagem
germinal, ou seja, tornam-se automaticamente hereditárias. Assim, qualquer erro tomaria
proporções catastróficas e irreversíveis.

3. Conclusões

A ciência nunca se deve sobrepor ou alhear à ética.

A manipulação genética e do genoma humano em particular só aceitável e desejável quando


os benefícios forem inequivocamente superiores aos riscos e quando para fins terapêuticos.

Não está em causa as vantagens que a evolução da genética trouxe para a saúde dos
indivíduos, da sociedade e do planeta em geral. O que está em causa são os efeitos nefastos
que a utilização desmedida e desprovida de quaisquer princípios pode trazer, nomeadamente
o desrespeito pela dignidade humana.

Não terá sido ao acaso que a Declaração Universal do Genoma Humano e Direitos humanos
declara o genoma humano como “Património da humanidade”, salvaguardando assim, que
uma pessoa seja reduzida às suas características genéticas e lhe seja respeitada a sua
dignidade.

A evolução da ciência deve ser avaliada à luz dos princípios anteriormente identificados: o
princípio da precaução, da prudência e da responsabilidade, para que se evitem
consequências imprevisíveis e catastróficas para a humanidade.

"Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, sempre também como um fim e nunca unicamente como um meio". Kant Immanuel

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Esta citação de Kant resume minha posição nesta temática e enaltece o conceito de dignidade
do indivíduo.

4. Fontes Documentais

• A Moralidade do aperfeiçoamento Genético de Seres Humanos- Ovidio Oliveira Pogliesi


• As novas Possibilidades de Transformação dos Homens por via tecnológica - Ana Sofia
Mendes Estanqueiro – Tese de Doutoramento
• https://jus.com.br/artigos/7069/a-dignidade-da-pessoa-humana-no-pensamento-de-kant-
• https://pt.wikipedia.org
• https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/manipulacao-genetica-de-embrioes-
humanos-gera-debate-etico-15960869

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