Você está na página 1de 5

Filosofia

Alterações Climáticas

Será que as alterações climáticas integram uma questão ética?

Todos nós, seres humanos, vivemos as nossas vidas cheias de voltas e


reviravoltas, marcadas pela mudança. Esta, por sua vez, é uma palavra que
existe em diversas vertentes da nossa vida mudando muitas vezes o nosso
rumo, ou até a nossa maneira de pensar. No entanto, pondo tudo isto de parte
e, olhando à nossa volta, mirando a verdadeira natureza que nos rodeia, é nos
possível observar uma mudança clara e distinta.

Mas afinal, que mudança é esta? Será preocupante? Se fosse


necessário descrever esta trágica mudança no mundo, descrevê-la-ia com
apenas duas simples palavras… decadência total. Pode parecer assustador,
mas só não parece como é, e se não houver o melhoramento da nossa atitude
crítica e, consequentemente, comportamental, a situação que a Natureza
enfrenta, apenas piorará.

Na minha, e na ótica de muitas pessoas, as alterações climáticas que se


registam por todo o mundo são motivo de verdadeira preocupação a nível
global. Deste modo, coloco então uma questão, que ajuda a refletir nas nossas
ações, no nosso egocentrismo, e atitudes individuais… Será que as alterações
climáticas devem-se a uma questão ética? A importância desta pergunta é, de
facto inquestionável, na medida em que as alterações climáticas, têm vindo a
ocupar uma importância crescente no elenco dos grandes e graves problemas
globais enfrentados pela Humanidade.

Deste modo, as alterações climáticas são fenómenos naturais que


ocorrem desde a formação da Terra. Todavia, estas condições foram se
agravando, devido ao aumento da temperatura global por terem sido
ultrapassado irreversivelmente, a partir da do início da produção industrial, o
valor de GEE (gases com efeito de estufa); à degradação e destruição da
camada de ozono, e à destruição de habitats e da biodiversidade causadas
pela desflorestação, entre outros. Com isto, as alterações climáticas podem ser
consideradas uma verdadeira catástrofe.

Face à questão, anteriormente colocada, são evidentes as teses


completamente divergentes que predominam neste assunto. Por um lado,
existem os defensores de que as alterações climáticas estão relacionadas com
as atitudes do ser humano, causadas pelo mau uso da nossa razão e da nossa
ética. Não obstante, existem comunidades que defendem que as alterações
climáticas devem-se a crises naturais e a uma mudança cíclica que passa por
crises e, deste modo, as alterações climáticas não poderiam ser causadas pelo
ser humano.

Em primeiro lugar, e defendendo que, de facto, somos culpados pelas


alterações climáticas que se têm observado, temos a tese formulada por Hans
Jonas. Este filósofo, exerceu grande influência no pensamento ambientalista,
denunciando o abuso do domínio humano sobre a Natureza, o que pode levar
à total destruição. Utiliza, deste modo, um exemplo bastante evidente, o
choque causado pelas bombas atómicas “ Hiroshima e Nagasaki”, mostrando
que a utilização de tecnologias com enorme potencial destrutivo, neste caso a
energia nuclear, evidencia a necessidade da criação de uma nova ética, capaz
de impor limites à evolução tecnológica avançada e completamente
descontrolada.

Assim, reconhece que para atenuar e evitar determinadas ações


humanas necessitaríamos de uma ética que, não incluísse apenas o plano
individual, mas, sobretudo, coletivo e político. Além disso, diz-nos: “ toda a ética
tradicional é antropocêntrica”, no entanto, e perante os resultados evidentes
dos nossos comportamentos eticamente incorretos, é necessário expandir o
campo da nossa ética de modo a incluir o ser humano, a Natureza e a
segurança e qualidade de vida das gerações futuras.

Hans Jonas, diz- nos também que tornou-se imprescindível a


necessidade de reformular o imperativo categórico, substituindo-o por uma
formulação em que se considere a responsabilidade pela espécie, pela sua
perpetuação, reconhecendo o facto de que as ações humanas podem danificar
irreversivelmente a natureza e o homem, deve-se assumir uma nova dimensão
para a responsabilidade, capaz de interagir com novas ordens de grandeza em
termos de consequências futuras da ação humana.

Em segundo lugar, há a defesa de que as alterações climáticas não se


relacionam com os atos humanos em si, e muito menos com a nossa ética.
Com isto, estas pessoas acreditam que deste a formação do planeta, já houve
situações semelhantes à da atualidade, devido a comportamentos naturais
relacionados com a própria dinâmica interior da Terra. Com isto e com base em
crenças não justificáveis, defendem que não nos podemos responsabilizar
pelas alterações climáticas e, sendo assim, agimos corretamente de um ponto
de vista ético, pois as nossas ações não têm qualquer influência no domínio
natural.

A meu ver, somos de facto, responsáveis pelas alterações climáticas e,


consequentemente pela destruição globalmente observada. Embora já tenham
existido e existam situações inevitáveis e causadas pela própria Natureza, sem
intervenção humana, a maioria da destruição, deve-se a uma questão de ética.
Para mim, devemos conhecer o conceito de ética ambiental. Este amplia o
conceito de ética, enquanto da forma de agir do homem na sociedade, pois
refere-se também à sua maneira de agir perante a Natureza, já que a
conservação da sua própria vida está intrinsecamente ligada à conservação do
seu habitat, o planeta Terra.

Defendo, deste modo, a tese inicial, proposta por Hans Jonas, e


concordo com o facto de ser necessário ampliar o campo da ética pela qual nos
guiamos, para prevenir situações futuras desagradáveis. Vejo uma enorme
necessidade, de nós como pessoas, compreendermos o conceito da nossa
existência, pois apesar de sermos a espécie de seres vivos que domina o
mundo, somos também muito recente.

É importante reconhecermo-nos enquanto seres vivos, e enquanto parte


integrante da grande Natureza, e como seres racionais, devemos protege-la
pois esta torna-se mais vulnerável às nossas ações, e não se consegue
proteger. Além disso, ao destruirmos o planeta, estamos a destruir todas as
espécies incluindo a nossa. Mas afinal, será mais importante, a vida das
gerações futuras, ou a preocupação do progresso tecnológico e económico?

Contrariamente ao referido supra, existem pessoas que defendem que


vivemos num ciclo vicioso em que nada que possamos fazer poderá alterar a
ordem dos acontecimentos, nomeadamente a poluição, a subida ou descida do
nível médio das águas do mar, aumento da temperatura global, diminuição da
biodiversidade, da própria natureza… pensam, no seu geral, que todos os
acontecimentos trágicos e catástrofes naturais, ao não poderem ser nem
controladas nem influenciadas pelo ser humano, também não poderiam ter
causa antrópica.
Perante esta ideia, é possível afirmar, na minha ótica, que estas pessoas
estão erradas. É impossível negar dados verídicos e cientificamente
comprovados, que relacionam as nossas ações com o agravamento das
alterações climáticas. É deste modo reconhecível que as alterações climáticas
devem-se ao mau uso da nossa ética, devido ao nosso egocentrismo, ao
interesse enquanto seres humanos, e não como parte integrante da Natureza.
Portanto, não podemos afirmar que o agravamento da situação ambiental, não
está nas nossas mãos.

Face ao exposto, penso que a necessidade de mudança é urgente, e


deve ser aplicada para todas as populações a nível global, para que todos nós
com as nossas atitudes individuais possamos influenciar de uma forma positiva
o estilo de vida das outras pessoas, melhorando a nossa qualidade de vida. A
preocupação com a responsabilidade ambiental, deve assim, ser divulgada
para todas as pessoas de qualquer faixa etária, visto que uma pequena atitude,
pode marcar a nossa mudança geral.

Com isto, este trabalho, transporta-nos para uma dimensão ética mais
abrangente, que ainda não predomina no mundo, mas que talvez, um dia
dominará as nossas vidas, porque a preservação da vida é um bem maior à
qualidade de vida das nossas gerações futuras, para que estas possam ver a
beleza da verdadeira Natureza.

Você também pode gostar