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CENTRO UNIVERSITÁRIO - UniFG

BACHARELADO EM DIREITO

IGOR DA SILVA SANTOS

EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS E TEORIA DO


DIREITO: UMA ANÁLISE SISTÊMICA DOS “DIREITOS DOS ANIMAIS”

GUANAMBI-BA
2022
IGOR DA SILVA SANTOS

EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS E TEORIA DO


DIREITO: UMA ANÁLISE SISTÊMICA DOS "DIREITOS DOS ANIMAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Direito da Universidade
Faculdade de Guanambi, como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Direito.

Orientadora: Prof. Dr. Daniel Braga Lourenço

GUANAMBI - BAHIA
2022
IGOR DA SILVA SANTOS

EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS E TEORIA DO


DIREITO: UMA ANÁLISE SISTÊMICA DOS "DIREITOS DOS ANIMAIS

Dissertação apresentada ao curso de


Direito do Centro Universitário
Faculdade Guanambi - UNIFG, como
requisito parcial à obtenção do título de
Graduado em Direito.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Braga


Lourenço

Aprovada em: ___/___/______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
(Presidente)
Centro Universitário Faculdade Guanambi - UNIFG

_________________________________________
(Avaliador)
Centro Universitário Faculdade Guanambi - UNIFG

GUANAMBI - BAHIA
2022
Aos animais, dedico este trabalho, pois nem todo o ouro do mundo é
comparável ao amor que um animal te dá.
“A compaixão pelos animais está intimamente ligada a
bondade de caráter, e quem é cruel com os animais
não pode ser um bom homem”

–Arthur Schopenhauer–
AGRADECIMENTOS

É imprescindível não deixar de agradecer a todos que estiveram presentes em minha


caminhada acadêmica. Foi um processo de muita aprendizagem e conhecimento tanto no
âmbito universitário quanto fora dele.
Conheci pessoas maravilhosas, e outras que só precisarei conviver em sociedade.
Enquanto muitos apenas passam em minha vida como uma simples folha, outras estão
presentes em capítulos que posteriormente vão se encerrando. Mas ainda assim, no livro de
minha vida, há pessoas que estarão para sempre marcadas nesta história.
Aos meus pais, que mesmo morando em outra cidade, nunca deixaram de me dar o
suporte que um filho precisa. As minhas irmãs, que apesar de serem chatas, são minhas
irmãs, e agradeço por tê-las presentes em minha vida.
Aqui deixo um espaço para agradecer a um certo alguém, que mesmo diante de tantos
desafios e correrias da vida, nunca deixou de ser um amigo que me ajudou em todos os
momentos que eu precisei.
Lembro também dos meus amigos acadêmicos e outros tantos colegas que a gente
acaba conhecendo na faculdade durante esta trajetória. Apesar dos dias de estudos, sempre
tivemos tempo para os roles aleatórios, pois devemos lembrar que a vida profissional é uma
realização pessoal, mas conhecer pessoas novas é uma experiência de vida. Comento neste
parágrafo os meus agradecimentos aos digníssimos professores que tiveram a paciência de
estar com uma pessoas completamente distinta como eu.
Ainda convém mencionar o amor dos animais que a eles eu dedico neste trabalho. A
todos os animais que se encontram presos em laboratórios e aqueles que vivem na rua. Do
meu amor incondicional aos meus animais de estimação que faço memoria neste momento, ja
que como diria São Francisco de Assis “Não te envergonhe se, às vezes, animais estejam
mais proximos de ti do que pessoas, afinal, eles tambem são teus irmãos”.
Por fim, e não menos importante, eu agradeço a Deus por ter me dado paciência para
aguentar até aqui, pois sem paz, a gestação do futuro é de risco.
5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7
PENSAMENTO FILOSÓFICO E O USO DOS ANIMAIS PARA SUA
EXISTÊNCIA 7
A CRUELDADE ANIMAL NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS 9
OS TESTE EM LABORATÓRIOS EM SERES SENCIENTES 11
BIOÉTICA E A PROTEÇÃO ANIMAL 14
BIOÉTICA E OS “3RS” DA PESQUISA ANIMAL 15
O conceito dos “3Rs” aplicado aos meios alternativos 16
A PROTEÇÃO AOS ANIMAIS NÃO-HUMANOS 18
MEIOS ALTERNATIVOS DE SUBSTITUIÇÃO IN VIVOS 20
A DOR NOS SERES VIVOS: ANIMAIS HUMANOS VERSUS ANIMAIS
NÃO-HUMANOS 21
LEGISLAÇÃO FEDERAL PARA O USO DE ANIMAIS EM EXPERIMENTOS
CIENTÍFICOS 22
HISTÓRIA DO DIREITO DOS ANIMAIS NO BRASIL E NO MUNDO 22
Preceitos Constitucionais 23
Lei n°9.605/1998 23
Lei Estadual n°12.854/2003 25
Lei n° 11.794/2008 25
Jurisprudência e Competência 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS 28
REFERÊNCIAS 30
6

RESUMO

O presente trabalho procura demonstrar a crueldade do homem diante ao uso dos animais no
ramo dos cosméticos, no qual foi realizado um levantamento bibliográfico, levando em
consideração o uso desrespeitoso de seus corpos. Percorrer-se a trajetória do direito dos
animais não-humanos no Brasil e no mundo, bem como uma análise de doutrinadores que
fazem a investigação de meios alternativos para a substituição dos animais no campo
científico. Neste trabalho também será abordado a política dos “3Rs”, que busca a
sustentabilidade que deve ser aplicada em uma ordem de importância aos animais, no sentido
de reduzir, reutilizar e reciclar.

Palavras-chave: Experimentação. Direito dos Animais. Bioética. Testes em Animais. Meios


Alternativos.

ABSTRACT

The present work seeks to demonstrate the cruelty of man towards the use of animals in the
cosmetics industry, in which a bibliographic survey was carried out, taking into account the
disrespectful use of their bodies. To go through the trajectory of the law of non-human
animals in Brazil and in the world, as well as an analysis of scholars who investigate
alternative means for the replacement of animals in the scientific field. This work will also
address the policy of the "3Rs", which seeks sustainability that must be applied in an order of
importance to animals, in the sense of reducing, reusing and recycling.

Keywords: Experimentation. Animal Law. Bioethics. Animal Tests. Alternative Means.


7

INTRODUÇÃO

Neste trabalho a ideia é seguir uma linha de proteção aos seres não-humanos. Ao
longo da história os pensadores reforçaram a noção de que os animais são propriedade
humana, que não possuem consciência e nem são capazes de sentir ou pensar.
Aristóteles dizia que os animais eram irracionais e por isso não tinham interesse
próprio, existindo apenas para o benefício dos humanos"(ARISTÓTELES,1997). Já no século
XVII, René Descartes foi responsável por consolidar o uso de animais para experimentos
científicos. Segundo o próprio, os bichos não eram dotados de razão, sendo apenas corpos
mecânicos cujos gritos de dor nada mais seriam do que barulhos de engrenagens,
verdadeiros autômatos.
Voltaire um século depois de Descartes, percebeu que o comportamento dos animais e
a existência de órgãos que em nós são responsáveis pela sensibilidade possuem a mesma
função nos animais. Charles Darwin trouxe escândalo ao propor o mesmo que Voltaire, uma
ancestralidade comum para com as demais criaturas: que somos animais sem distinção de
origem ou substância com outros (DARWIN,1859).
Por conseguinte, pretende-se estudar nesta tarefa, uma análise sistêmica do Direito dos
Animais em sua utilização em experimentos científicos, na área dos cosméticos e afins,
abordando os aspectos históricos, éticos, jurídico e observando as ideias e leis que regulam
esse assunto, que ainda é tema bastante discutido tanto no meio acadêmico, quanto no meio
científico, defendendo a linha de proteção a vida e a integridade física e psíquica dos animais
não-humanos.

PENSAMENTO FILOSÓFICO E O USO DOS ANIMAIS PARA SUA EXISTÊNCIA

Para Platão e posteriormente Aristóteles (384-322 a.C), há supremacia do homem


sobre a natureza e demais espécies, no qual o homem se diferencia do animal em decorrência
do elemento racional, o animal apesar da percepção não possui razão. A racionalidade
humana segundo ele é superior, e em decorrência desta, os animais não tinham interesse
próprio, existindo apenas em benefício do homem, consequentemente não havia qualquer tipo
de imoralidade ou injustiça em tratá-los subjugados de acordo com o benefício do homem,
seguindo o raciocínio de algo natural.
Segundo Aristóteles em sua obra “A Política”
O animal é como um escravo na sociedade, tendo como única finalidade servir ao
homem, é um bem útil para alimentação, matéria prima, uso diário, vestuário....
8

próprio do homem, com respeito aos demais animais é que só ele tem percepção do
bom e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades semelhantes
…(ARISTÓTELES. Política. São Paulo, SP: Martin Claret, 2007)

No sentido de proteger os animais e trazer uma nova linha de pensamento em relação


aos animais não humanos, Voltaire, um grande filósofo conhecido mundialmente por
salvaguardar os animais, sempre manifestou suas opiniões. Em sua obra, o grandíssimo
filósofo respondeu aos pensamentos de Descartes, o qual preconiza que;
Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os irracionais são máquinas
privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira,
que nada aprendem, nada aperfeiçoam[...]. Bárbaros agarram esse cão, que tão
prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e
dissecam-no vivo para mostrarem-te suas veias mesaraicas. Descobres nele todos os
mesmos órgãos de sentimento de que te gabas. Responde-me, maquinista, teria a
natureza entrosado nesse animal todos os elatérios do sentimento sem objetivo
algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquietas à natureza tão impertinente
contradição. (VOLTAIRE, 2002, p. 232).

Por este viés, é perceptível que o animal não-humano, assim como o seu semelhante,
possui uma garantia em ter sua vida digna e respeitada. A visão antropocêntrica do homem é
inadmissível em pleno século XXI, isso pelas questões de valores como a razão, linguagem,
comunicação que fazem o homem se sentir melhor que os demais animais.
A ética biocêntrica, o animal, bem como o homem, é necessário uma visão igual, para
que os animais sejam realmente protegidos pelo Poder Público, para que sejam todos tratados
pelo mesmo patamar que o animal humano, e não exclusivamente como forma de beneficiar a
humanidade.
É visto que neste século a humanidade está cada vez mais avançando nas questões de
proteção aos animais. Como salienta a mestra Danielle Tetu Rodrigues:
...Tanto a vida do homem quanto a do animal possuem valor. A vida é valiosa
independentemente das aptidões e pertinências do ser vivo. Não se trata somente de
evitar a morte dos animais, mas dar oportunidade para nascerem e permanecerem
protegidos. A gratidão e o sentimento de solidariedade para com os animais devem
ser valores relevantes na vida do ser humano... (RODRIGUES, 2003, p.55)

Por fim, o ser humano, é por sua condição de racionalidade, o responsável pelo
cuidado do planeta e, com isso, deve utilizar de sua capacidade para melhor atender os
anseios de forma mais eficaz possível. Com isso, o nosso sistema brasileiro deve interromper
sua condição de servo de entendimentos internacionais e passar a ser o exemplo a ser seguido.
Para isso, deve buscar evoluir o Direito dos Animais e a sua proteção à vida dos animais
não-humanos, com o oferecimento de educação ambiental boa o suficiente para fazer o ser
9

humano entender a vida pela perspectiva racional do princípio da igual consideração de


interesses semelhantes.
Sabe-se que ainda é forte a corrente que classifica o animal como um bem suscetível
de movimento próprio, que cuja previsão legal encontra-se no art. 82 do Código de processo
Civil Conforme Gagliano e Pamplona Filho, a disciplina jurídica dos semoventes é a mesma
dos bens móveis por sua própria natureza, sendo-lhes aplicáveis todas as suas regras
correspondentes (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2015, p. 316).
A visão tradicional no ordenamento jurídico brasileiro é de que os animais são
considerados coisas, um mero objeto. O professor Daniel Braga Lourenço explica ainda que:
[...] pela visão tradicional, animais seriam coisas, coisas de que podemos nos
assenhorar, commodities que não possuem valor algum a par daquele estabelecido
pelos seus proprietários. [...] Os animais, pela ótica legal atual, continuam
aprisionados num universo de quase não-existência, onde são tratados praticamente
da mesma maneira que objetos inanimados como automóveis e enceradeiras, sendo
garantido aos seus proprietários a sua posse, o seu uso para finalidades estritamente
econômicas, e o direito de fazer contratos que os tenham por objeto (LOURENÇO,
2008, p. 453, 454).

Um dos doutrinadores que defendem tal linha tradicionalista é Venosa, o qual entende
que os animais são objetos de direito, não podendo ser sujeitos de direito, sendo protegidos
apenas para sua finalidade social (VENOSA, 2017, p. 129). Desta forma, entende que a maior
parte da doutrina que:
[...] os animais seriam protegidos da seguinte forma: primeiro, os animais continuam
sendo considerados coisas ou semoventes, ou coisas sem dono conforme os
dispositivos do Código Civil Brasileiro e, nesse sentido, são protegidos mediante o
caráter absoluto do Direito de Propriedade, ou seja, como propriedade privada do
homem e passíveis de apropriação. Aqui se encontram os animais domésticos e
domesticados, considerados coisas, sem percepções e sensações (RODRIGUES,
2014, p. 70, 71).

A CRUELDADE ANIMAL NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS


Os testes em animais não se restringem apenas na área dos cosméticos, sendo uma
prática utilizada também na indústria farmacêutica e outras ciências para fins didáticos etc. A
importância de seu uso trouxe para a humanidade uma variação enorme de remédios e
medicamentos para vários tipos de doença, no entanto, é necessário se questionar o nível de
exposição a que os animais são submetidos quando usados como cobaias, por meios
invasivos. Voltada a área dos cosméticos, o desenvolvimento de um produto deve estar
sustentado por um procedimento que assegure sua qualidade e rastreabilidade (AQUINO;
SPINA; NOVARETTI, 2016).
10

Os meios para o embelezamento vem de eras muito remotas, ainda com a utilização
das plantas, animais e minerais para o desenvolvimento de cremes, sabões, etc, de forma
manual.
No passado, cosméticos tinham o principal objetivo de disfarçar defeitos físicos,
sujeira e mau cheiro. Com a mudança nos hábitos de limpeza e cuidado pessoal, seu
uso hoje é muito mais difundido e diferente do que ocorria, por exemplo, nas cortes
europeias do século 18. (GALEMBECK; CSORDAS, 2012)

Segundo a People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), cerca de milhões de
animais morrem em laboratórios todos os anos, por conta de sua exposição em testes
científicos. Os animais que mais sofrem não se limitam a uma espécie; cães, gatos, peixes,
roedores e macacos são diariamente submetidos a métodos invasivos em prol do
conhecimento científico e segurança de seus produtos.
Peter Singer (2013), em sua obra Animal Liberation, apresenta dados importantes
acerca da temática abordada:
Em 1984, cerca de 71 milhões de animais são utilizados anualmente. Em 1985,
Rowan reviu a sua estimativa para fazer a distinção entre o número de animais
produzidos, adquiridos e realmente utilizados. Isto levou à conclusão de que seriam
utilizados anualmente em experiências entre 25 e 35 milhões de animais. Este
número ignora os animais que morrem durante o transporte ou que são mortos antes
da pesquisa começar. Uma análise financeira de apenas uma das principais empresas
de fornecimento de animais aos laboratórios, a Charles River Breeding Laboratory,
revela que só esta empresa produz anualmente 22 milhões de cobaias. Em 1988, um
relatório publicado pelo Ministério de Agricultura referiu 140.471 cães, 42.271
gatos, 51.641 primatas, 431.457 porcos-da-índia, 331.945 hamsteres, 459.254
coelhos e 178.249 "animais selvagens": um total de 1.635.288 utilizados em
experiências. Lembremo-nos que este relatório não se preocupa em contabilizar
ratos e camundongos, abrangendo apenas, e na melhor das hipóteses, 10 por cento
do número total de animais utilizados. Dos cerca de 1,6 milhão de animais referidos
pelo Ministério da Agricultura como tendo sido utilizados com fins experimentais,
afirma-se que mais de 90 mil experimentaram "dor ou angústia não atenuadas".
Uma vez mais, este número será, provavelmente, 10 por cento do total de animais
que foram submetidos a dor ou angústia não atenuadas - e se os experimentadores
estão menos preocupados em causar dor a ratos e camundongos do que o estarão em
relação a cães, gatos e primatas, a proporção poderá ser ainda menor. Os outros
países desenvolvidos utilizam grandes quantidades de animais. No Japão, por
exemplo, um estudo muito incompleto publicado em 1988, indicou um total de mais
de 8 milhões de animais utilizados. [...] Em 1966, a Associação dos Criadores de
Cobaias, estimava que o número de ratos, camundongos, porcos-da-índia, hamsters
e coelhos utilizados para fins experimentais em 1965, rondaria os 60 milhões
(SINGER, 2013, P. 55).

Como visto, o uso dos animais em experimentos científicos é absurdamente grande, e


é necessário ter consciência que com o passar do tempo muitas espécies podem acabar sendo
dizimadas da humanidade por conta de seus caprichos. As substâncias inseridas no corpo do
animal, seja este cão, gato, porco, macaco, ratos etc, por um período de tempo, só pela
segurança de um produto precisa ser revista, isso porque em muitos casos, não é inserido no
11

corpo animal nenhum outro medicamento para que o resultado final da pesquisa não seja
alterado. Assim, os animais ficam expostos à dor e na grande maioria dos casos, tem uma
morte prematura, devido aos efeitos dos produtos aplicados ou mesmo por sacrifício ao final
do procedimento (CHOOSE CRUELTY FREE, 2013).

OS TESTE EM LABORATÓRIOS EM SERES SENCIENTES

Segundo RIVERA, os testes em laboratórios com animais devem ser comparados com
as possíveis causas no seres humanos, ou seja, se no humano a dor é causada, subentende-se
que no animal essa dor também vai agir, isso é considerado pelo autor o mínimo para que se
mantinha a ética com os animais.
Para a validação de um determinado produto em grandes centros de laboratórios, é
considerado alguns sintomas clínicos para ajudar a entender a dimensão da dor, se está
sofrendo ou não. Destaca-se aqui alguns sintomas que é levados em consideração: “•
aparência; • consumo de água e alimento; • sintomas clínicos; • comportamento normal; •
comportamento provocado”. RIVERA (2002, p. 249). Para compreender a gravidade da dor é
avaliada a dor com notas de 0 a 4, analisando os sintomas e sua intensidade, essa análise dá
maior atenção a como se sente o animal, objetivando amenizar suas dores.
Há vários comportamentos que podem evidenciam dor no animal , quando a dor é
aguda, se tem alguns dos comportamentos abaixo:
• POSTURA DE GUARDA – tentativa de se proteger, fugir ou morder;
• GRITOS – movimentos;
• MUTILAÇÃO – lamber, morder, coçar, tremer;
• INQUIETAÇÃO – caminhar, deitar e levantar, peso de um lado só;
• SUDORESE – no cavalo;
• DEITADO – período de tempo não-usual;
•CAMINHAR – relutância em se mover, dificuldade para levantar;
• POSIÇÕES ANORMAIS – cabeça para baixo, abdômen contraído.
(RIVERA, 2002, p. 249)

Neste mesmo sentido, as dores crônicas em animais podem levar a mais dificuldade
em avaliar a intensidade. Com este sentido, comportamentos dessa causa são:
•redução da atividade; • perda do apetite; • alterações da personalidade; •
esconder-se em um canto; • recusa em se movimentar; • alterações na urina; •
alterações na consistência das fezes; • falta de higiene pessoal; • automutilação.
(RIVERA, 2002, p. 249)

A seguir será especificado o comportamento que cada espécie poderá ter segundo
RIVERA, 2002, p. 249, 250 e 251:
SINTOMAS DE DOR ESPECÍFICOS DAS ESPÉCIES
• CAMUNDONGO – varia entre as diferentes linhagens
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✓ aumento do tempo de sono;


✓ perda de peso/desidratação;
✓ piloereção e postura encurvada;
✓ isolados do resto do grupo;
✓ gritam ao serem tocados.
• RATO
✓ vocalização;
✓ perda de peso;
✓ piloereção/postura encurvada;
✓ hipotermia;
✓ descarga ocular (cromodacriorréia);
✓ ato de lamber-se;
✓ maior agressividade.
• COBAIA
✓ vocalização;
✓ não resistem quando segurados;
✓ não respondem aos estímulos;
✓ em geral, sonolentos e sem agressividade.
• COELHO
✓ diminuição do consumo de água e alimento;
✓ olham para a parte de trás da gaiola;
✓ movimentos limitados;
✓ fotossensibilidade;
✓ acima de tudo, estóicos.
• HAMSTER
✓ perda de peso;
✓ período maior de sono;
✓ aumento da agressividade ou depressão;
✓ diarreia.
• GATO
✓ perda do apetite;
✓ falta de higiene pessoal;
✓ aparência de demência;
✓ ronronar;
✓ vocalização variável.
• CÃO
✓ mais quietos e menos alertas;
✓ inapetência, tremores e respiração difícil;
✓ morder o local afetado.
• RUMINANTES
✓ deprimidos, inapetência;
✓ ranger de dentes;
✓ redução na ruminação e eructação.
• PORCOS
✓ comportamento anti-social;
✓ vocalização.
• RÉPTEIS
✓ contração dos músculos;
✓ perda de peso, anorexia.
• PRIMATAS NÃO-HUMANOS
✓ pouca reação à dor;
✓ aparência miserável, postura encolhida;
✓ expressão triste/evitam a companhia;
✓ falta de higiene pessoal;
✓ inapetência.
• PEIXES
✓ movimentos musculares fortes;
✓ comportamento natatório anormal. (RIVERA, 2002, p. 249, 250 e 251).
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Mesmo sabendo dos riscos, muitos laboratórios ainda insistem em fazer os seus testes
em animais, e sendo uma hipocrisia afirmar que não há sofrimento. A exemplo, o autor ainda
fala dos testes de Draize e LD presente nos cosméticos, medicamentos, alimentos e outros
que são realizados em coelhos para medir a toxicidade crônica e aguda dos elementos
químicos compostos nele. Estes teste deixam o animal imobilizado, enquanto se aplica sua
substância em seus olhos que é passível de ocorrer hemorragias, úlceras e outros danos. Greif
e Tréz faz menção de como é realizado tais testes
Para execução do teste, são colocados 100 mg de solução concentrada de
determinada substância nos olhos de um grupo de seis a nove coelhos albinos que
não receberam anestesia. O coelho albino é o mais usado pois é dócil, barato e tem
olhos grandes, o que facilita a avaliação das lesões. Os coelhos permanecem em
caixas de contenção, imobilizados pelo pescoço (muitos o quebram, tentando
escapar). Não se usam analgésicos, os cientistas alegam que seu emprego altera os
resultados. As pálpebras dos animais frequentemente são presas com grampos que
mantêm os olhos constantemente abertos. Embora 72 horas geralmente sejam
suficientes para obtenção de resultados, a prova pode durar até 18 dias, quando
então o olho do animal se transforma em uma massa irritada e dolorida. Muitas
vezes, usam-se os dois olhos de um mesmo coelho, para diminuir os custos. As
reações observadas incluem processos inflamatórios das pálpebras e íris, úlceras,
hemorragias ou mesmo cegueira.(200, p. 31, apud FELIPE, 2007, p. 76)

Fica totalmente demonstrado que tais atitudes vão contra a garantia da vida e da
integridade física do animal, além de violar os Direitos dos Animais. Leis já foram criadas a
fim de obrigar que seja realizado a anestesia nos animais para evitar dor e sofrimento,
entretanto, ainda é notório que os animais não estão sendo observados por serem sujeitos de
direitos e garantias, mas sim, vistos como objetos a fim de garantir a cobiça e vaidade
pessoal.
A busca pelo crescimento das grandes fortunas como rede de cosméticos em prol de
uma sociedade egoísta e consumista, acabam deixando que animais sejam torturados em
busca do dinheiro e felicidade aparente. Muitas indústrias não se importam sobre a vida dos
animais não-humanos
Contudo, muitos laboratórios já se preocupam com a aplicação de medicamentos e
testes em animais não-humanos, isso porque os cientistas começaram a aderir a política dos
3Rs que será discutida em posterior tópico, que representa refinamento, redução e
substituição, sendo suas características ligada a moral e a ética de uma pesquisa racional que
busca minimizar o uso de animais e diminuir o máximo possível o sofrimento daquela vida,
buscando não comprometer qualidade do trabalho científico que está sendo desenvolvido.
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BIOÉTICA E A PROTEÇÃO ANIMAL

No entendimento dos autores Koerich, Machado e Costa, a Bioética e a


responsabilidade tem que trabalhar juntas. A responsabilidade se encontra ligada aos
conhecimentos científicos a fim de evitar eventuais malefícios, segundo o estudos de Rosani
Ramos Machado e Eliane Costa em sua obra intitulada “ Ética e bioética: para dar início à
reflexão" a Bioética,diz respeito até onde se pode chegar por um resultado:
Portanto, as discussões e reflexões da Bioética não se limitam aos
grandes dilemas éticos atuais como o projeto genoma humano, o aborto,
a eutanásia ou os transgênicos, incluem também os campos da
experimentação com animais e com seres humanos, os direitos e
deveres dos profissionais da saúde e dos clientes, as práticas
psiquiátricas, pediátricas e com indivíduos inconscientes e, inclusive, as
intervenções humanas sobre o ambiente que influem no equilíbrio das
espécies vivas, além de outros. (KOERICH, MACHADO e COSTA,
2005).

Como visto, são varias as áreas que a Bioética se faz presente trazendo com ela
responsabilidade, a obrigação de respeitar seus preceitos em determinadas praticas, como o
aborto, eutanásia, experimentação com animais, etc.. A Bioética tem a ver com a vida. Com a
Bioética abrangendo tantos assuntos na área da saúde, estando dentro de discussões sobre
moral e ética, houve necessidade de maiores explicações. Para simplificar seu conceito e sua
aplicação, foram criados quatro princípios fundamentais da Bioética, que são eles:
beneficência, não-maleficência, autonomia e justiça ou equidade. (KOERICH, MACHADO e
COSTA, 2005).
Os autores SILVA, ROCHA, (et al., 2015) fazem reflexões sobre os princípios
bioéticos e explica quais as áreas que eles se estendem, mas argumenta que há necessidade de
maiores esclarecimentos sobre seus beneficiários:
[...] cabe ressaltar outro dois preceitos contemplados na DUBDH, que são
de particular interesse da pesquisa científica: benefício e dano, referente à
maximização de bens e minimização de danos aos participantes da
pesquisa e a outros envolvidos; proteção do meio ambiente, da biosfera e
da biodiversidade, que pressupõe a interdependência dos sujeitos
humanos com as outras formas de vida. Tais princípios são muito mais
aplicados em estudos vinculados aos seres humanos do que aos animais
das diferentes categorias taxonômicas, razão pela qual ainda persistem
inúmeras questões éticas a serem discutidas, entre as quais se inclui uma,
bastante pertinente a este artigo: será que esses princípios da Bioética
podem ser aplicados a todos os grupos de organismos? (SILVA, ROCHA,
et al., 2015, p. 411).

Muitas vezes as pesquisas que envolvem animais acontecem sem a aprovação do


comitê de ética. Muitos profissionais nem conhecem os princípios bioéticos que devem ser
seguidos:
15

Na maioria das vezes, as pesquisas que envolvem ensaios


ecotoxicológicos (ou com invertebrados, ou com vertebrados) ocorrem
sem aprovação dos comitês de ética. Além disso, muitos pesquisadores da
área de ecotoxicologia aquática ainda mantêm pouco contato com a
Bioética, seja em sua formação inicial, seja em sua atuação laboratorial.
Essa situação necessita ser considerada é alterada para que possa ter
influência positiva sobre os resultados das pesquisas que chegam a ser
publicadas e que servem de referência a novos trabalhos na área. (SILVA,
ROCHA, et al., 2015, p. 411).

Percebe-se que há restrições impostas pela Bioética quanto ao uso de animais em


pesquisas, e que há necessidade de mais atuação deste setor para fazer com que seus
princípios sejam cumpridos. A Bioética é a ciência que estuda a vida, e traz inúmeras regras a
serem seguidas ao aplicar os conhecimentos científicos.

BIOÉTICA E OS “3RS” DA PESQUISA ANIMAL

A experimentação animal, com o decorrer do tempo, passou a ser vista como prática
invasiva e cruel aos animais não humanos usados como cobaia, além de pouco eficaz,
sobretudo na indústria cosmética, como defendem os cientistas em prol dos direitos dos
animais. Assim, questões a respeito da bioética em testes com animais foram levantadas, na
intenção de entender até que ponto é ético utilizar animais não humanos como cobaias.
A ética vem da etimologia grega ethos, que significa caráter, modo de ser. Entende-se
como um conjunto de normas e valores racionalmente aceitos pela sociedade, permitindo a
convivência harmoniosa e pacífica, de modo que seja bom para o indivíduo e para a
sociedade. Ademais, o termo bioética, também do grego, bio e ethos (vida e ética), estabelece
a natureza de deveres do homem para as questões da vida (MELGAÇO, 2010).
Conforme a autora Fernanda Araújo, no livro “A hora dos Direitos dos Animais”, é
necessário aplicar a bioética aos demais seres vivos, como animais não humanos, pelo fato de
que a bioética estuda a dimensão moral de ações e intenções que estão ligadas à existência, às
condições e atributos físicos da vida na terra. Dessa maneira, é evidente a inclusão dos não
humanos no quadro geral das reflexões da bioética, a menos que a existência humana subsista
em total isolamento em relação às outras manifestações de vida no planeta (ARAÚJO, 2003).
Acerca disso, sustenta a autora:
Mas, a ser assim, o que seria a bioética, o que traria ela de novo relativamente à
ética tradicional, se ela perpetua se uma concentração exclusiva nos problemas da
acção livre do ser humano, se ela se afadiga se ainda nessa indagação centrípeta
dos corolários individuais, sociais, coletivos,da autonomia da consciência, na
exploração dos meandros explícito da linguagem articulada da nossa recriação
cultural do mundo - gastando-se na exploração dos meandros do formalismo, da
teoria geral analítica, da meta-ética? (ARAÚJO, 2003, P. 08).
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A exposição à dor e ao sofrimento está cada vez mais se diminuindo e nota-se que a
proteção aos animais não-humanos ganhou ainda mais esforços quando começou a ser
adotado o sistema denominado “3Rs”. Com a publicação do Livro Principles of Humane
Experimental Technique, realizada por dois cientistas ingleses, implementou uma nova
roupagem para a proteção animal na área científica, conhecido como o Princípio dos 3Rs
(PRESGRAVE, 2002).
Rivera (2002, p. 27) explica da seguinte maneira o Princípio dos 3 Rs:
REPLACEMENT: traduzido como alternativas. Indica que sempre que possível
devemos usar, no lugar de animais vivos, materiais sem sensibilidade, como cultura
de tecidos ou modelos em computador. Os mamíferos devem ser substituídos por
animais com sistema nervoso menos desenvolvido. Porém, há inúmeras áreas onde
não é possível usar alternativas como pesquisa de comportamento, da dor, cirurgia
experimental, ação de drogas, etc.
REDUCTION: traduzido com redução; já que devemos usar animais em certos
tipos de experimentos, o número deverá ser o menor possível, desde que nos forneça
resultados estatísticos significativos. Atualmente, o número de animais em
experimentação diminuiu porque se utilizam animais com estado sanitário e
genético conhecidos, bem como são feitos o delineamento experimental e a análise
estatística antes de se iniciar a pesquisa ou teste. Os cursos ministrados sobre
animais de laboratório contribuíram enormemente para a redução no número de
animais utilizados, pois ensinam como usar o menor número possível deles.
REFINEMENT: traduzido como aprimoramento. Refere-se a técnicas menos
invasivas, ao manejo de animais somente por pessoas treinadas, pois uma simples
injeção pode causar muita dor quando dada por pessoa inexperiente.

Seguindo os princípios éticos da experimentação animal, temos o maior número


possível de vidas salvas e a garantia para um restabelecimento do animal em seu habitat
natural, mas como bem se lembra, nem sempre é fácil policiar as pesquisas em laboratórios
fechados, e pode se dizer que no final das contas, vai valer mais é “a integridade e
consciência de cada cientista “ (SOUZA; MARTINS, 2015, p.35).

O conceito dos “3Rs” aplicado aos meios alternativos

Como já desenvolvido as explicações sobre o conceito da política dos 3Rs na bioética,


vale aqui mencionar que essas medidas de experimentação animal, buscou alcançar o
bem-estar dos animais não humanos, visando o máximo a proteção da vida e da integridade
física e psíquica do máximo possível dos animais. Aplica-se a ele também o uso do princípio
da substituição, no qual os laboratórios buscam substituir os animais sencientes por seres não
vertebrados, trazendo assim a discussão de adoção de métodos alternativos com a ausência de
testes in vivo.
17

Pelo olhar de Paul Flecknell (2002, p. 74, em sua obra titulada como “Replacent,
Reduction, Refinement”:
Tem sido reconhecido que a adoção dos 3Rs pode aumentar a qualidade da ciência.
Experimentos propriamente desenhados, que minimizam a variância, oferecem
condições padronizadas e otimizadas de cuidado animal e minimizam estresses e
dores desnecessárias, geralmente produzem dados melhores (tradução livre)

Por este mesmo viés, a Resolução Normativa n°17 de 03/07/2014 do Conselho


Nacional de Controle de Experimentação Animal - CONCEA, definiu quais seriam os
métodos alternativos para esta substituição. Nessa perspectiva, com base no art. 2° da referida
resolução normativa (BRASIL, 2014).
Art. 2º. Para os efeitos desta Resolução Normativa, considera-se:
I – Método Alternativo: qualquer método que possa ser utilizado para substituir,
reduzir ou refinar o uso de animais em atividades de pesquisa;
II – Método Alternativo validado: método cuja confiabilidade e relevância para
determinado propósito foram determinadas por meio de um processo que envolve os
estágios de desenvolvimento, pré validação, validação e revisão por especialistas, o
qual está em conformidade com os procedimentos realizados por Centros para
Validação de Métodos Alternativos ou por estudos colaborativos internacionais,
podendo ter aceitação regulatória internacional;
III – Método Alternativo Reconhecido: é o método alternativo validado que foi
reconhecido pelo CONCEA.

Laerte Fernando Levai (2003) enumerou métodos alternativos em Ação Civil Pública
impetrada contra o Centro de Trauma do Vale:
Convém relacionar aqui, a título exemplificativo, alguns dos mais conhecidos
recursos alternativos que se ajustam ao propósito do legislador – muitos deles
citados no periódico Alternative to Animals e no livro From Guinea Pig to
Computer Mouse, da International Network for Humane Education (InterNICHE) -
a saber:
1) Sistemas biológicos in vitro (cultura de células, tecidos e órgãos passíveis de
utilização em genética, microbiologia, bioquímica, imunologia, farmacologia,
radiação, toxicologia, produção de vacinas, pesquisas sobre vírus e sobre câncer);
2) Cromatografia e espectrometria de massa (técnica que permite a identificação de
compostos químicos e sua possível atuação no organismo, de modo não-invasivo);
3) Farmacologia e mecânica quânticas (avaliam o metabolismo das drogas no corpo
humano;
4)Estudos epidemiológicos (permitem desenvolver a medicina preventiva com base
em dados comparativos e na própria observação do processo das doenças);
5) Estudos clínicos (análise estatística da incidência de moléstias em populações
diversas);
6) Necrópsias e biópsias (métodos que permitem mostrar a ação das doenças no
organismo humano);
7) Simulações computadorizadas (sistemas virtuais que podem ser usados no ensino
das ciências biomédicas, substituindo o animal);
8) Modelos matemáticos (traduzem analiticamente os processos que ocorrem nos
organismos vivos);
9) Culturas de bactérias e protozoários (alternativas para testes cancerígenos e
preparo de antibióticos);
10) Uso da placenta e do cordão umbilical (para treinamento de técnica cirúrgica e
testes toxicológicos);
18

11) Membrana corioalantóide (teste CAME, que se utiliza da membrana dos ovos de
galinha para avaliar a toxicidade de determinada substância);
12) Pesquisas genéticas (estudos com DNA humano, como se verifica no Projeto
Genoma), etc.

Seguindo as informações da tabela encontrada no artigo Métodos Substitutivos e a


Experimentação Animal: um Enfoque Inovador, de Luciana Bastianelli Knop e Durvanei
Augusto Maria (2016, p. 106-107), foi possível verificar outros diversos métodos
reconhecidos internacionalmente, capazes de substituir a experimentação animal.

A PROTEÇÃO AOS ANIMAIS NÃO-HUMANOS


Segundo a história da humanidade, sabemos que os animais “foram os primeiros seres
a habitarem o Planeta Terra, e os primeiros a se relacionarem com a natureza” (INÁCIO E
VIEGAS, 2016, p.203), com isso muitas interpretações foram tida até chegar o presente a
respeito da relação Homem x Animal. Muitos acreditam que o animal foi deixado para
satisfazer as vontades humanas, outros já acreditam que são seres que possuem vontade e
desejos próprios para sua existência.
O professor Eujecio Coutrim, na Revista de Direito da Faculdade Guanambi,
evidencia que;
É cada vez mais crescente a perspectiva, em relação à ordem jurídica, de que haja a
superação do sistema que considera a criação como feita expressamente para o
homem. Nesta seara, impõe-se, além de uma consciência ética e moral, uma
atividade legislativa direcionada a "descodificar" a vida animal, ou seja, reconhecer
que o animal também é um fim em si mesmo, diferentemente da coisa que é um
meio para um fim.

Os defensores da proteção do animal no Brasil, bem como em outros países,


preocupou-se em criar leis que houvesse tais direitos resguardados.
Com a atual vigência do Código Civil de 1916, em seu artigo 593 e parágrafos, houve
os primeiros vestígios de proteção ao animal, considerando-os como coisas, bens, objetos de
propriedade e outros interesses alheios que ainda precisam ser modificados. Já no ano de
1934, com a edição do Decreto n°24.645 que foi aplicado a proteção aos animais não
humanos em seu artigo 3° a caracterização extensiva do que se considera maus-tratos, e só em
1941 na Lei de Contravencoes Penais que ficou tipificado a prática de crueldade como
contravenção penal.
Já nos anos seguintes, com a promulgação da Constituição da República Federativa do
Brasil, houve um avanço significativo, pois em seu artigo 225, tratando do meio ambiente, diz
que é obrigação do Poder Público proteger a fauna ea flora, sendo vedada na forma de leis as
19

práticas que coloquem em risco a sua função ecológica, que provoquem a extinção de espécie
ou que submetem os mesmo a crueldade.
Segundo Janildes Silva Cruz, em sua obra “Meio ambiente e experimentação animal
no Brasil : aspectos da argumentação no direito e na moral”, aduz que:
A Constituição determina que o Poder Público defenda e preserve o equilíbrio
ecológico, inclusive protegendo a fauna das práticas cruéis, pois essas estão
vedadas, na forma da lei. O interesse principal está estampado nas palavras
defender, preservar e proteger, não deixando dúvida de que o legislador
infraconstitucional nunca esteve absolutamente livre para permitir que os animais
sejam submetidos à crueldade

Filósofos como Jeremy Bentham (1748-1832), foram além de muitas interpretações de


sua época em questões de proteção animal. Ele queria que a dignidade fosse ofertada aos
animais, e não apenas ou exclusivamente ao homem animal. A moral, bem como a igualdade
entre os seres é algo a ser empregado diariamente por um meio de vida ecológico e
sustentável, baseado no sofrimento cometidos pelos animais e pelos humanos. A exemplo de
suas falas, ele bem lembra da escravidão que muitos paises obteve durante um longo periodo;
[…] Lamento em dizer em todos os lugares que a crueldade humana ainda não
terminou: grande parte da espécie humana, sob a denominação de escravos, tem sido
tratada pela lei exatamente do mesmo modo, na Inglaterra, por exemplo, das raças
inferiores de animais. Há de chegar o dia em que o resto da criação animal venha a
conquistar seus direitos que nunca deveriam ter sido retirados senão pelas mãos da
tirania. Os franceses já descobriram que o escuro da pele não é motivo para que um
ser humano seja abandonado, irreparavelmente, aos caprichos de um torturador. É
possível que algum dia se reconheça que o número de pernas, a vilosidade da pele
ou a terminação do os sacrum são motivos igualmente insuficientes para se
abandonar um ser sensível ao mesmo destino. A questão não é saber se são capazes
de raciocinar, ou se conseguem falar, mas, sim, se são passíveis de sofrimento.
(BENTHAM, 2007, p. 311).

Também na obra de Gary Lawrence Francione, que é um acadêmico em Direito, e o


pioneiro a lecionar sob a teoria de direitos animais abolicionista, argumenta que a
regulamentação do bem-estar animal são inválidos tanto em termos teóricos quanto práticos,
servindo apenas para prolongar a condição dos animais como propriedade, ao fazerem o
público se sentir à vontade quanto a usar-los, e não garantido a eles a real condição de
igualdade, ao qual Jeremy Bentham também defendia:
Se for para levarmos os interesses dos animais a sério, então só podemos fazer isso
de uma maneira: aplicando o princípio da igual consideração aos interesses dos
animais em não sofrer. Não há nada de exótico ou particularmente complicado
quanto ao princípio da igual consideração. De fato, esse princípio faz parte de todas
as teorias morais e, como o princípio do tratamento humanitário, é algo que a
maioria de nós já aceita. Para colocar a questão em termos simples, devemos tratar
casos semelhantes semelhantemente. Embora possa haver muitas diferenças entre os
humanos e os animais, há pelo menos uma semelhança muito importante que todos
já reconhecemos: a capacidade de sofrer que todos compartilhamos. Se for para
nossa suposta proibição da inflição de sofrimento desnecessário aos animais ter
20

algum significado que seja, então devemos interpretar o conceito de necessidade de


um modo semelhante ao de o interpretarmos quando consideramos a inflição de
sofrimento desnecessário a outros seres humanos.

Não tem como não observar que muitos animais possuem as mesmas condições que os
seres humanos, no qual ainda corrobora na ideia que eles também são pessoas não-humanas
com direitos e dignidade parecidas, senão, iguais em fato. A senciência, a autoconsciência,
aptidão deôntica e noção de tempo, são características presentes na vida animal humana e
não-humana.

MEIOS ALTERNATIVOS DE SUBSTITUIÇÃO IN VIVOS

Durante grande parte do tempo, a população não se importava tanto com o uso dos
animais em experimentos científicos, entretanto, com as grandes mudanças, a sociedade foi se
conscientizando melhor de suas ações, e percebeu-se que os animais não poderiam mais estar
a mercê das vontades do homem egoísta, ao causar dor e sofrimento.
Nessa perspectiva, afirmou Rodrigues (BRASIL, 2017, p. 5):
...todos os testes que envolvam animais têm o potencial de causar tanto sofrimento
físico quanto psicológico, criando uma obrigação moral de eliminar o seu uso
indiscriminado. Devemos observar que, embora as normas internacionais permitam
o uso de animais em pesquisas, é cada vez menor o número de empresas de
cosméticos que os utilizam para testar cosméticos e que vários países já proibiram
tal prática.

O parecer informa (BRASIL, 2017) que 37 países já proibiram os testes em animais,


além de proibir ingredientes consideravelmente a venda de produtos de beleza no qual em
suas receitas utiliza-se de testes in vivo. Fazem parte desses 37 países, os estados membros da
União Europeia, Índia, Israel, Noruega, Suíça, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Guatemala,
Taiwan e Turquia. Ademais, países como Estados Unidos, Austrália, entre outros, já vem
discutindo legislações semelhantes. O relator fez questão de destacar (BRASIL, 2017, p. 5):
É importante notar que a maioria desses países também proibiu (ou está
considerando proibir) as vendas e as importações de cosméticos testados em
animais, a fim de impedir que as empresas ou os fornecedores de ingredientes
contornem a proibição dos testes em animais através da terceirização desses testes
no exterior.

Em conformidade com Randolfe Rodrigues, o senador federal (BRASIL, 2017, p. 6):


Essas legislações são na maioria dos casos impulsionadas por preocupações éticas
sobre o destino dos animais de laboratório. No Brasil, os animais também estão
sendo considerados cada vez mais como seres sencientes e a população reivindica
uma resposta legislativa adequada para evitar o sofrimento desnecessário.
21

O senador no sentido de que seja aprovado o PLC nº 70/2014 (BRASIL) (PL nº


6602/2013 na Câmara dos Deputados), demonstrou um posicionamento da Anvisa diante ao
CONCEA (BRASIL, 2017, p. 11):
É oportuno destacar que a própria ANVISA, que demonstrou resistência à matéria
em discussão, estima que menos de 0,1% dos cosméticos aprovados anualmente são
testados em animais. No mesmo sentido, o próprio CONCEA reconhece que os
testes em animais no setor cosmético só têm propósito mercadológico, na medida
em que declara que (1) quase a totalidade dos ingredientes utilizados já tem
resultado conhecido e validado e que (2) já há métodos alternativos disponíveis e
validados no país.

Observável que existem meios e formas de conseguir que seu produto seja aceito,
seguindo os preceitos éticos, mas a realidade é que falta humanidade com o próximo a fim de
evitar eventuais sofrimentos.

A DOR NOS SERES VIVOS: ANIMAIS HUMANOS VERSUS ANIMAIS


NÃO-HUMANOS

Como já mencionado, todos os seres vivos são capazes de sentir dor e ter outras
emoções. A hipocrisia de acreditar que só os animais humanos têm esse privilégio, já se
encontra ultrapassada. Como diz Chuahy, 2006, p. 17.:
Os animais não-humanos sentem dor? Como sabemos? Bem, como sabemos se
alguém, humano ou não-humano, sente dor? Sabemos que nós próprios podemos
sentir dor. Sabemos isso pela experiência direta da dor que sentimos quando, por
exemplo, alguém pressiona um cigarro aceso no dorso de nossa mão. Mas como
sabemos que os outros sentem dor? Não podemos experimentar diretamente a dor
dos outros, seja este ‘outro’ o nosso melhor amigo ou um cão de rua. A dor é um
estado de consciência, um ‘evento mental’ e, como tal, não pode ser observado.
Comportamentos como contorções, gritos ou o afastar da mão de um cigarro aceso
não constituem a dor em si. Tampouco a constituem os registros que um
neurologista posso fazer quando observa a atividade cerebral resultante da própria
dor. A dor é algo que sentimos, e podemos tão somente inferir que outros a estejam
sentindo a partir da observação de vários sinais externos.

Por mais que exista os estudos que comprovam a veracidade da dor em seres vivos,
muitos cientistas ainda utilizam animais em seus experimentos para poder conseguir fazer
suas experiências, com a desculpa que os animais não-humanos não sentem a dor da mesma
forma que os humanos, ainda afirma Chuahy:
Quase todos os sinais externos que nos levam a inferir a existência de dor em outros
seres humanos podem ser observados em outras espécies, sobretudo nas espécies
mais intimamente relacionadas a nós: os mamíferos e as aves. Os sinais
comportamentais incluem contorções, contrações do rosto, gemidos, ganidos, ou
outras formas de apelos, tentativas de evitar a fonte da dor, demonstrações de medo
diante da perspectiva de repetição, e assim por diante. Além disso, sabemos que
esses animais possuem sistemas nervosos muito semelhantes aos nossos, que
respondem fisiologicamente com os nossos, quando se encontram em circunstâncias
em que sentiríamos dor: elevação inicial da pressão sanguínea, pupilas dilatadas,
transpiração, aceleração do pulso e, se o estímulo continuar, queda pressão
sanguínea. Embora os seres humanos possuam um córtex cerebral mais
desenvolvido que os outros animais, essa parte do cérebro está mais relacionada
com as funções do pensamento do que propriamente com os impulsos básicos,
emoções e sensações. Esses impulsos, emoções e sensações situam-se no diencéfalo,
22

que é bem desenvolvido em muitas outras espécies de animais, sobretudo em


mamíferos e aves.

Conforme Singer 2004, p. 17, “não há justificativa moral para considerar que a dor (ou
o prazer) que os animais sentem seja menos importante que a mesma intensidade de dor (ou
prazer) sentida por seres humanos.”
Não é possível dizer que os animais não-humanos não sentem dor. Isso seria ir contra
o senso ético e moral em desejar a garantia da vida e da integridade dos animais. Como eles
ainda sofrem e não são capazes de garantir sua proteção diante dos descasos que passam em
laboratórios de cosméticos e em outros locais onde seu uso é discriminado, cabe aos outros
animais humanos, garantir que seus direitos sejam garantidos, por uma luta justa e uma
garantia real.

LEGISLAÇÃO FEDERAL PARA O USO DE ANIMAIS EM EXPERIMENTOS


CIENTÍFICOS

HISTÓRIA DO DIREITO DOS ANIMAIS NO BRASIL E NO MUNDO


Na linha da história, os direitos dos animais vêm sendo uma grande mudança na forma
como os animais são tratados ao longo do tempo. Ao verificar a Revista Veja, “em 1641
surgiu nos Estados Unidos, a primeira lei de proteção dos animais”. Neste mesmo sentido,
segundo Mendes:
Em 1641, ano em que as ‘meditações’ de Descartes foram publicadas, foi aprovado
na Colônia da Baía de Massachusetts o primeiro código legal que protegia os
animais domésticos na América. A constituição da colônia era baseada no texto
legal ‘The Body of Liberties’, compilado pelo clérigo puritano Nathaniel Ward. Um
dos artigos do código dizia: 'Nenhum homem exercerá qualquer tirania ou crueldade
contra qualquer criatura bruta que seja mantida para o uso humano.

Em 1750 o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau argumenta que seres humanos são
animais e por isso todos os animais teriam o direito natural de não ser maltratados.” o inglês
Jeremy Bentham, rebateu com uma nova estrutura de oposição para ajudar os defensores dos
animais, segundo ele “a questão não é se podem eles raciocinar ou se podem eles falar, mas
sim. se eles podem sofrer?”
A Inglaterra, em 1822, instituiu o British Crueltly Act (Lei Britânica Anticrueldade) e
dois anos depois “a primeira sociedade protetora dos animais do mundo é criada na Inglaterra
a Society for the Prevention of Cruelty to Animals. O site SOS Animal de Minas Gerais,
afirma que:
A primeira sociedade protetora dos animais foi fundada na Inglaterra em 1824 por
um nobre inglês que adorava cavalos, a Royal Society for the Prevenction of Cruelty
to Animals, que hoje é talvez a mais forte do mundo e que mantém um abrigo para
cavalos velhos e doentes.
23

No ano de 1876, surgiu no Reino Unido a primeira lei a regular o uso de animais em
pesquisas científicas, e mais de 30 anos depois, em 1909, foi publicado pela revista
norte-americana, sobre os aspectos éticos da utilização dos animais não humanos em
experimentos científicos. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS,
aconteceu o movimento pela defesa dos direitos dos animais que são utilizados em
laboratórios, seja em universidade ou residência de pesquisadores:
Durante a década de 80, alguns movimentos de defesa dos direitos dos animais,
especialmente na Inglaterra, praticaram alguns atentados contra laboratórios,
biotérios, instalações universitárias e até mesmo contra residências de
pesquisadores. Estas ações atingiram tal magnitude, que a Associação Mundial de
Medicina publicou uma declaração específica sobre a necessidade de serem
estabelecidas garantias de vida para os pesquisadores e seus familiares.

Vale mencionar também que a União Europeia restringiu o uso dos animais e proibiu
de vez a utilização de grandes indústrias em experimentos científicos em 2010. Decisão esta
que mostra cada vez mais a preocupação com a vida dos animais e o avanço da ciência sem a
utilização deles, que traz uma expectativa muito positiva para a diminuição global da
vivissecção.

Preceitos Constitucionais

No artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, aduz que:


Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais à crueldade.

Sendo assim, a Constituição Federal começou a definir as práticas que devem ser
vedadas que submetem os animais à crueldade. O STF com o mesmo entendimento que nossa
constituição, vem percebendo de forma admirável com coerência pela garantia da vida dos
animais, em casos da proibição da “rinha de galo” ou então da “farra do boi''.

Lei n°9.605/1998

Nesta Lei, foca se primeiramente em seu artigo 32, no qual aduz que:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
24

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em


animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Como bem se observa, o presente artigo de Lei, informa as condições que o homem
está previsto caso ocorra um dos itens citados. Entretanto, não ficou determinado em quais
circunstâncias os métodos de experimentação científica seriam considerados alternativos.
Sendo assim, o legislador se preocupou em criminalizar a crueldade em animais, seja
no âmbito didático ou científico, que faz uso de seus corpos para experimentação, até sendo
um direito constitucional à livre pesquisa, mas isso só é possível quando já possui métodos
alternativos.
Ainda é de notar que no Brasil, segundo o referido artigo de Lei, o conceito dos
“3Rs”, estar incorporado por este dispositivo ao afirmar que quando se tem meios alternativos
de substituição validados, sem o uso dos animais, o profissional está cometendo um crime,
corroborando assim o sentido da substituição.
Com fins meramente de ensino, tem que se observar se os animais não-humanos estão
sendo expostos a crueldade e a dor. A legislação brasileiro aduz que “se existir forma de
pesquisar ou de ensinar sem a utilização de animais, através de sua mutilação ou de seu
abuso, passa a ser criminosa a vivissecção.”
Neste norte, vê-se no sítio do ANDA:
Por convenção internacional, a aceitação de determinado método como recurso
alternativo depende da ‘validação’ desse método, ou seja, esse método necessita ser
reprodutível e os resultados obtidos devem ser não apenas agrupados, como
comparáveis a um método considerado padrão. O método considerado padrão é, por
convenção, mas sem nenhuma justificativa técnica, a experimentação animal. Ou
seja, todo método alternativo, para ser considerado válido, deve produzir resultados
comparáveis aos que seriam obtidos com animais, mesmo que freqüentemente os
resultados obtidos em animais não sejam comparáveis aos que seriam obtidos em
seres humanos. Para validar métodos alternativos faz-se necessário equipará-los a
métodos que jamais foram validados, condenando-os aos mesmos erros a que está
sujeita a experimentação animal. Por outro lado, um método inegavelmente lógico
corre o risco de ser considerado não científico por não fazer seus resultados
coincidirem com os obtidos em animais, o que ironicamente também se aplica a
dados obtidos diretamente de seres humanos.

É necessário que os cientistas que realmente estejam engajados com a proteção


animal, produzam sua própria linha de pesquisa a fim de evitar a utilização dos animais não
humanos em suas pesquisas, mas para isso, não é possível que seja vindo de outros métodos
alternativos, a não ser deles mesmo.
25

Lei Estadual n°12.854/2003

Publicada em 22 de dezembro de 2003, pelo Estado de Santa Catarina, a Proteção aos


Animais no Estado, em seu artigo 21, buscou minimizar o sofrimento animal em relação a
vivissecção;
Art. 21. Com relação ao experimento de vivissecção é proibido:
I - realizar experimentos que conduzam o animal ao estresse ou à inanição;
II - realizar experiência com fins puramente comerciais ou de qualquer outra ordem
e que não tenha cunho científico; e
III - utilizar animal já submetido a outro experimento ou realizar experiência
prolongada com o mesmo animal.

Desta forma, o estado de Santa Catarina, buscou a regulamentação específica da


vivissecção a nível nacional com olhar da Lei Arouca, que se verá a seguir.

Lei n° 11.794/2008

No Brasil durante um longo período não se tinha a ideia de criar uma lei específica
para tratar sob a proteção dos animais, ficando apenas resquícios em vários diplomas legais
para esse cuidado. Até que em 2008, através da famosa Lei Arouca, ou Lei 11.794 proposta
pelo deputado Sérgio Arouca, que foi regulamentado o uso de animais em experimentos,
adicionando assim mais ênfase ao inciso VII do § 1º do artigo 225 da Constituição Federal de
1988, e revogando até então a Lei 6.638, de 8 de maio de 1979.
Em relação à efetivação da Lei Arouca, trazem Guimarães; Freire; Menezes (2016, p.
221):
Em primeiro lugar, uma das formas de assegurar o cumprimento das normas
relativas a práticas vivisseccionistas em animais está em seu artigo 13, que
determina que todas as instituições responsáveis por criar ou utilizar animais para
ensino e pesquisa deverão ser legalmente estabelecidas em território nacional, ter
credenciamento no Concea e criar uma ou mais Ceua.

A nova Lei, é composta por seis capítulos que se dividem em; Das disposições
preliminares; Do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA);
Das Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUA); Das condições de criação e uso de
animais para ensino e pesquisa científica; Das penalidades; Disposições gerais e transitórias.
Nas disposições preliminares, em seus artigos e incisos, deixa claro que a criação de
animais, bem como a sua utilização para atividades educativas no Brasil, têm que ser
exercidas de forma restrita ao ensino superior ou estabelecimento de educação profissional de
nível médio da área biomédica. As atividades de pesquisa científica são aceitas desde que
26

relacionadas à ciência básica, conforme definidos por um regulamento próprio, mas excluindo
as práticas zootécnicas relacionadas à agropecuária.
Também nas disposições preliminares encontramos a proteção que a presente Lei
protege aos animais considerados como Filo Chordata que é caracterizado por possuir tubo
nervoso dorsal, notocorda, fendas faringianas e cauda pós-anal em pelo menos uma fase da
vida, sendo essas caracteristica ao qual o animais humanos pertencem, e Subfilo Vertebrata
que são animais cordados que possui caracteristicas exclusivas, um encefalo grande encerrado
numa caixa craniana e uma coluna vertebral, seguindo as observaçoes a legislação ambiental
No Capítulo II, a respeito da CONCEA (Conselho Nacional de Controle de
Experimentos Animal), já traz uma rol que compete a este zelar, tais como; formular e zelar
pela proteção dos animais; credenciais instituições que desejam o ensino e pesquisa;
monitorar e avaliar os métodos utilizados no ensino; estabelecer e rever as normas para seu
uso, funcionamento, e dentre outros, que é constituído por; Plenário, Câmaras Permanentes e
Temporárias e Secretarias. Também o CONCEA é presidido pelo Ministro do Estado da
Ciência e Tecnologia,e integrado por pelo menos um representante do Ministerio da Ciencia e
Tecnologia; do Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico; pelos
Ministérios da; Educação; do Meio Ambiente; da Saúde; da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento; seguido do Conselho de Reitores das Universidades do Brasil - CRUB; da
academia Brasileira de Ciência; da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; da
federação das Sociedade de Biologia Experimental; do Colégio Brasileiro de Experimentação
Animal; e da Federação Nacional da Indústria Farmacêutica. Todos estes itens encontram-se
do artigo 4° ao 7° da referida Lei.
Já o art. 8° ao 10° trata das Comissões de Ética no uso de Animais - CEUAs nas
instituições de ensino e pesquisa com animais, no qual é integrada por médicos veterinários e
biólogos e professores e pesquisadores da área específica, além do representante de sociedade
protetora de animais. Também é seu dever cumprir e fazer cumprir as obrigações desta Lei,
manter o cadastro atualizado dos procedimentos, e, se for o caso, determinar a paralisação de
sua execução.
O Capítulo IV que trata das Condições de Criação e Uso de Animais para o Ensino e
Pesquisa Científica, evidencia que a pesquisa fica restrita exclusivamente às instituições
credenciadas ao CONCE, e só pode o animal ser submetido às intervenções recomendadas
nos protocolos de experimentos, salvo quando o animal for submetido a eutanasia, e mesmo
assim obedecendo às prescrições de cada espécie, e sempre que possível deve às práticas ser
fotografadas. O número dos animais a serem expostos deve ser o mínimo possível para se
27

obter um resultado, poupando o máximo possível, desenvolvendo técnicas sob sedação,


analgesia ou anestesia, e mesmo após seu uso, não pode o animal ser novamente reutilizado
para alcançar o objetivo da pesquisa. E todo projeto de pesquisa científica ou suas atividades
serão supervisionadas por profissional de nível superior
Muitos autores vêem a importância da Lei Arouca como forma de garantir uma
integridade física e mental dos animais não-humanos
Nesse contexto, a promulgação da Lei Arouca torna-se benéfica à pesquisa
científica brasileira, aliada à proteção dos animais, uma vez que possibilita
averiguar, com a criação de órgãos como Ceua e Concea, a utilização de animais em
estudos científicos excepcionalmente quando trouxe impacto positivo para a
população mundial e for realizada de forma consciente e com metodologia isenta de
maus-tratos, não sendo, assim, ponto negativo em relação à proteção dos animais.
[...] Na verdade, a vigência da atual legislação para criação e utilização de animais
voltadas a ensino e pesquisa impõe limites à prática, levando em consideração, o
máximo possível, a proteção dos animais, visto que preconiza o planejamento do
experimento a fim de se utilizar o menor número possível de animais e evitar
estresse, dor ou sofrimento desnecessários.(GUIMARÃES; FREIRE; MENEZES,
2016, p. 222).

Além da obrigatoriedade em seguir a Lei, nota-se que a maioria dos cientistas do séc.
XXI, envolvidos com experimentos científicos estão se conscientizando a respeito da vida dos
animais.

Jurisprudência e Competência

No sentido de reforçar o referido trabalho, em 2018 em Brasília-DF, a Associação


Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos - ABIHPEC, protocolou
uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade), contra a Lei nº 7.814, de 15 de dezembro
de 2017, do Estado do Rio de Janeiro, com base que contraria a Lei Arouca (11.794/2008 em
anular os efeitos da Assembleia Legislativa por ter usurpado a competência conferida à União
para a) estabelecer normas gerais sobre fauna, conservação da natureza e proteção do meio
ambiente (art. 24, VI, CF/88); b) estabelecer normas gerais sobre produção e consumo (art.
24, V, CF/88); bem como c) legislar privativamente sobre direito civil e comercial (art. 22, I,
CF/88).
A referida Lei, aduz que;
Art. 1º - Fica proibida, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, a utilização de
animais para desenvolvimento, experimento e teste de produtos cosméticos, higiene
pessoal, perfumes, limpeza e seus componentes.
Parágrafo único - Fica também proibida a comercialização dos produtos indicados
no caput deste artigo, quando derivados da realização de testes em animais.

A aludida empresa ainda informou em sua petição inicial que a Lei impugnada
incorreu em inconstitucionalidade formal por violação das regras de competência legislativa
previstas nos artigos 22, I e 24, V, VI e §1º a §4º da Constituição Federal de 1988, já que a
União, por meio da edição da Lei Federal nº 11.794, de 8 de outubro de 2008, havia não
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somente o uso dos animais, como permitiu também a conduta, estabelecendo os


procedimentos necessários para o uso científico.
Entretanto, o STF (Superior Tribunal Federal), analisou esta ADI e declarou que a
referida Lei era constitucional por 10 votos a 1, ao estabelecer que os entes federados
possuem competência para legislar sobre a proteção ao meio ambiente, bem como ao
consumidor. O pedido feito pela empresa foi julgado parcialmente procedente, pois invalidou
apenas trechos que aduzia da proibição de comercialização de produtos advindos de outros
estados da federação sem a devida descrição em seu rótulo, pertencendo a União em legislar
sobre comercio interestadual e discriminação de informaçoes nos rotulos dos produtos:
Decisão proferida em 27 de maio de 2021:
O colegiado, contudo, invalidou trechos da mesma lei que proíbem a
comercialização, no estado, de produtos derivados de testes animais vindos de
outras unidades da federação e exigem que os rótulos informem que não houve
testagem em animais. Por 6 votos a 5, prevaleceu o entendimento de que a lei
invadiu a competência da União para legislar sobre comércio interestadual ​e sobre a
discriminação de informações nos rótulos dos produtos.

Por fim, fica demonstrado que os estados da federação possuem certas competências
para editar Leis que garantem que a experimentação animal seja coibida e substituída por
meios alternativos, a fim de garantir seu interesse em proteção à fauna e à flora.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os animais não podem ser tratados exclusivamente de acordo com a vontade humana.
As experiências científicas em animais devem ser coibidas e substituídas, pois a morte de um
animal só poderia ser justificada para benefício do próprio animal, como ocorre tipicamente
no caso da eutanásia. No caso da experimentação, os animais são utilizados e mortos para
atender a finalidades cujas causas não têm qualquer relação com sua existência .
A própria ideia de usá-los para o consumo humano, ainda que tal prática seja feita sem
o animal sofrer ansiedade ou dor, vai contra a ideia de um direito básico: o direito à vida.
Pensando desta maneira, percebe-se que o direito brasileiro quando se trata dos animais não
humanos ainda é frágil, pois há falta de leis específicas que venham a começar a tratar os
animais exatamente como devem ser tratados; como sujeitos de direito.
Sendo assim, a ética se tratando do tema em comento, esta relação de homens x
Animais possui um peso maior para o avanço científico em suas experimentação utilizando os
animais não-humanos, sendo que do outro lado da balança encontra-se a vida de um ser que
possui os mesmo direitos de viver, pois conseguem comprovadamente sentir dor e ter outras
emoções. Enquanto a necessidade do homem estiver acima de todos os outros, como no uso
dos animais na indústria dos cosméticos, teremos aí um retrocesso à uma época em que se
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acreditava que o homem era o centro do universo, e não se importando com o desequilíbrio
ambiental de nossa fauna, e consequentemente da flora.
Por fim, fica um questionamento no sentido de refletir se os animais não-humanos
devem pagar com suas vidas, para a utilização de um novo produto estético. Se realmente é
justo utilizá-los em seus experimentos, sabendo que a tecnologia já se encontra avançada ao
ponto de possuir meios alternativos no ramo científico.
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Científico de Animais – CIUCA, mediante a regulamentação da Lei n. 11.794, de 8 de
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NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SEM PREJUÍZO DE PROIBIÇÕES E
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