Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
º 33/22, de 1 de
Setembro
SUMÁRIO:
Código de Processo do Contencioso Administrativo
APROVADO POR:
Lei n.º 33/22, de 1 de Setembro
Preâmbulo
A legislação processual administrativa limita-se, até ao momento, a prever o recurso contencioso de anulação e a providência de suspensão de
eficácia do acto administrativo como figuras centrais, ambos institutos incapazes de assegurar a tutela jurisdicional efectiva.
Com efeito, em 1996, foram aprovados o Regulamento do Contencioso Administrativo pelo Decreto-Lei n.º 4-A/96, de 5 de Abril, e a Lei n.º 8/96,
de 19 de Abril — Lei da Suspensão da Eficácia dos Actos Administrativos.
Impõe-se, pois, a de nição de novos meios processuais de realização de direitos, ao invés dos simples recursos, garantidos por mecanismos
eficazes de execução das deciIsões judiciais, que só podem ser sujeitas a condicionamentos
de execução mediante fundamentos mais apertados a favor da Administração Pública, do que aqueles largamente admitidos pelo Decreto-Lei
n.º 4-A/96, de 5 de Abril.
Assim, a adequação do Direito Processual Administrativo à economia de mercado e ao Estado Democrático de Direito exige uma ruptura com o
paradigma da Lei n.º 2/94, de 14 de Janeiro - Lei sobre a Impugnação dos Actos Administrativos, da Lei n.º 8/96, de 19 de Abril — Lei da
Suspensão da E cácia dos Actos Administrativos, e do Decreto-Lei n.º 4-A/96, de 5 de Abril - Regulamento do Processo Contencioso
Administrativo, os quais regem o Direito Processual Administrativo em Angola, há mais de 28 (vinte e oito) anos.
A consagração expressa no artigo 29.º da Constituição da República de Angola, do princípio da plenitude e efectividade da tutela dos direitos
fundamentais dos administrados e a necessidade de a rmação de um Direito Processual Administrativo na sua dupla função subjectivista, de
tutela de direitos e interesses subjectivos dos particulares e objectivista, de controlo da legalidade administrativa, determina o afastamento do
modelo marcadamente objectivista e de um processo feito ao acto que caracteriza o regime em vigor e sua substituição por um novo regime.
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termos das disposições combinadas da alínea a) do n.º 1 do artigo 165.º e da alínea d)
do n.º 2 do artigo 166.º, ambos da Constituição da República de Angola, a seguinte:
Aprovação
ARTIGO 1.º (Aprovação)
É aprovado o Código de Processo do Contencioso Administrativo, anexo à presente Lei e que dela é parteintegrante.
ARTIGO 2.º(Remissões)
A partir da entrada em vigor da presente Lei, as remissõesque, em lei especial, são feitas para o regime do recurso contencioso de anulação de
actos administrativos consideram- se feitas para o regime de acção de impugnação de acto administrativo.
ARTIGO 3.º (Processos pendentes)
1. A partir da entrada em vigor da presente Lei, os processos pendentes passam a reger-se pelo Código que ela aprova, cabendo ao Juiz ou
Relator, conforme os casos, proceder às adaptações processuais que se mostrarem necessárias para o efeito.
2. Caso a presente Lei afaste a possibilidade de recurso em acções que ao abrigo da lei antiga eram susceptíveis de recurso, esta não se aplica
aos recursos já interpostos à data da sua entrada em vigor.
3. Caso a decisão já tenha sido noti cada, mas o recurso ainda não tenha sido interposto à data da entrada em vigor da presente Lei, é esta a
aplicável.
ARTIGO 4.º (Aplicação subsidiária do processo civil)
Em tudo o que não esteja regulado no Código por esta Lei aprovada e não possa sê-lo por analogia, é aplicável o disposto na Lei Processual Civil.
ARTIGO 5.º (Revogação)
É revogada toda a legislação que trate das matérias reguladas no Código ora aprovado e designadamente:
a) Lei n.º 2/94, de 14 de Janeiro;
b) Decreto-Lei n.º 4-A/96, de 5 de Abril;
c) Lei n.º 8/96, de 19 de Abril.
ARTIGO 6.º (Entrada em vigor)
A presente Lei entra em vigor no prazo de 180 dias, a contar da data da sua publicação em Diário da República.
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos 21 de Abril de 2022.
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos.
Promulgada aos 15 de Agosto de 2022.
Publique-se.
O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço.