Você está na página 1de 4

Direito de recurso

O direito de recurso hierárquico consiste no meio de impugnação de um acto


administrativo, praticado por um órgão ou agente inferior hierarquicamente.
Os recursos hierárquicos podem ser fundamentados com base em questões de
legalidade, de mérito, ou misto. Deve dizer-se que a este respeito a regra geral no nosso
Direito Administrativo é a de que os recursos hierárquicos têm normalmente carácter
misto, onde é permitido aos particulares invocar simultaneamente motivos de legalidade
e de mérito (185º/3 CPA).

Neste sentido, pode resultar duas situações, . hierárquico dá razão ao interessado, e


revoga, modifica ou substitui o acto recorrido, ficando o interessado logicamente
satisfeito. Segundo DIAS, JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO/OLIVEIRA, PAULA,
FERNANDA OLIVEIRA

RECURSO HIERÁRQUICO

Legitimidade, prazo, interposição, fundamentos e efeitos

Artigo 237.º - Legitimidade 1. Têm legitimidade para reclamar ou para interpor recurso
administrativo os titulares de direitos subjectivos ou interesses legalmente protegidos que se
considerem directamente lesados pelo acto administrativo ou pela sua omissão.

Artigo 244.º - Prazos do recurso hierárquico

1. Quando a lei não estabeleça prazo diferente, o recurso hierárquico necessário deve ser
apresentado no prazo de 30 (trinta) dias a contar:

b) Da notificação do acto, quando esta se tenha efectuado, se a publicação não for obrigatória;

Artigo 245.º -

Interposição

1. O recurso hierárquico interpõe-se por meio de requerimento, no qual o recorrente


deve expor todos os fundamentos, de facto e de direito, do recurso, podendo juntar os
documentos que considere convenientes.
2. . O recurso é dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do acto ou da
omissão, salvo se a competência para a decisão se encontrar delegada ou subdelegado.

Artigo 246.º - Efeitos


1. O recurso hierárquico necessário suspende os efeitos do acto recorrido, salvo quando a lei
disponha o contrário ou quando o autor do acto considere que a sua não execução imediata
causa grave prejuízo ao interesse público.

2. O órgão competente para apreciar o recurso pode revogar a decisão a que se refere o
número anterior, ou tomá-la quando o autor do acto o não tenha feito.

4. A suspensão da execução pode ser pedida pelos interessados a qualquer momento, devendo
a decisão ser tomada no prazo de 5 (cinco) dias.

Atitudes que o superior hierárquico pode tomar:

Rejeição do recurso
Negação de provimento
O provimento
o legislador angolano acolheu a figura da reformatio in pejus, ao estabelecer no art.116.º
n.º 1, do Decreto-Lei 16-A/95 de 15 de Dezembro, que o órgão competente para
conhecer de recurso pode, sem sujeitar ao pedido do recorrente, confirmar ou revogar o
acto recorrido e, se a competência do autor do acto recorrido não for exclusiva, pode
também modificá-lo ou substituí-lo.

Na senda de FREITAS DO AMARAL, «a fundamentação de um acto administrativo


consiste na enunciação explícita das razões que levaram o seu autor a praticar esse ou a
dotá-lo de certo conteúdo».

a fundamentação deve ser contextual e integrada no próprio acto administrativo,


expressa e acessível por meio de sucinta exposição dos fundamentos de factos e de
direito da decisão, clara para permitir que, se 51 Cfr. SOUSA, MARCELO
REBELO/ANDRÉ SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo Geral, Introdução e
princípios fundamentais, D. Quixote, 3.ª edição reimpressão, 2008. pp. 115. 52 Cfr.
acórdão do TC n.º 594/08 de 10-12-2008; acórdão do TCAN de 25-02-2011 processo n.º
02382/07.4BEPRT. citado por CALDEIRA, JOÃO FERNANDO DAMIÃO.

A preterição de tais requisitos considera-se falta de fundamentação, ao abrigo do n.º 2,


do art. 68.º do Decreto-Lei n.º 16-A/95 de 15 de Dezembro, que estabelece que equivale
à falta de fundamentação a adopção de fundamentos que, por obscuridade, contradição
ou insuficiência, não esclareçam concretamente a motivação do acto.

1. Direito de audição O direito de audição previsto no art. 200.º n.º 1, da CRA,


nos termos do qual «os cidadão têm direito de ser ouvidos pela administração
pública nos processos administrativos susceptíveis de afectarem os seus direitos
e interesses legalmente protegidos», assumindo como uma dimensão refinada do
direito de participação, ou melhor como afirma MARCELO REBELO DE
SOUSA/ANDRÉ SALGADO DE MATOS, audição dos interessados no decurso
dum processo é o momento por excelência da participação dos particulares no
procedimento administrativo. Em conformidade com o Princípio da Audiência
Prévia “O Estado deve assegurar que sejam previamente ouvidos os
interessados, antes de ser tomada qualquer decisão final.” O direito de audição
materializa-se mediante audiência dos interessados, e desempenha duas funções,
a subjectiva e a objectiva: a função subjectiva visa evitar decisões-surpresa e
facultar aos interessados uma oportunidade de apresentar os fundamentos de
facto ou de direito no decurso do procedimento; a função objectiva ampara a
administração pública a decidir melhor, de acordo com o princípio da
jurisdicidade.

Da decisão
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

2. A actuação da Administração deve respeitar os seguintes critérios:

1. b) A medida deve ser a que menos sacrifícios causar aos direitos e


interesses legalmente protegidos dos particulares;

Princípio da Imparcialidade

1. 1. No exercício da sua actividade, a Administração Pública deve tratar de forma


imparcial todos os que com ela entrem em contacto.
2. 2. A Administração Pública deve tratar os particulares e seus respectivos
assuntos com isenção, objectividade e transparência, sendo proibidas quaisquer
formas de discriminação na relação entre ambos.
3. 6. A violação deste princípio dá lugar à anulação dos actos que o ofendam e à
efectivação da responsabilidade civil, disciplinar ou criminal, nos termos gerais
aplicáveis.
O Prof. Freitas do Amaral oferece uma definição de princípio da
proporcionalidade: “A proporcionalidade é o princípio segundo o qual a
limitação de bens ou interesses privados por atos dos poderes públicos deve ser
adequada e necessária aos fins concretos que tais atos prosseguem, bem como
tolerável quando confrontada com aqueles fins.”
Podemos retirar três pressupostos essenciais da definição deste princípio:
Adequação, Necessidade e Equilíbrio.
Artigo 192.º - Dever de fundamentação

1. Para além dos casos em que a lei especialmente o exija, devem ser fundamentados os
actos administrativos que, total ou parcialmente:

a) Neguem, extingam, restrinjam ou afectem por qualquer modo direitos ou interesses


legalmente protegidos, ou imponham ou agravem deveres, encargos, sujeições ou
sanções;

b) Decidam reclamação ou recurso administrativo;

c) Decidam em contrário da pretensão ou oposição formulada por interessado, ou de parecer,


informação ou proposta oficial;

Artigo 193.º - Requisitos da fundamentação devida

1. A fundamentação deve ser expressa, através de sucinta exposição dos fundamentos de facto
e de direito da decisão, não podendo consistir em mera declaração de concordância com os
fundamentos de pareceres, informações ou propostas respeitantes ao caso a decidir, os quais
constituem parte integrante do respectivo acto.

2. Equivale à falta de fundamentação a adopção de fundamentos que, por obscuridade,


contradição ou insuficiência, não esclarecem concretamente a motivação do acto. (Todos
artigos da Lei n.º 31/22, de 30 de Agosto)

Conclusão

A Administração Pública está vinculada ao princípio da justiça que deve ser aferido nos casos
concretos. A Administração Pública deve atender o interesse público, os direitos fundamentais
dos particulares, a proporcionalidade, a equidade, a razoabilidade, a igualdade, a participação
dos interessados, o direito ao contraditório, a fundamentação da decisão, o prazo para a
emissão de uma decisão e demais valores ou princípios legais.

Você também pode gostar