LABORATÓRIO DE DISCIPLINA

LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS - PETIÇÃO

LICITAÇÕES E CONTRATOS
ADMINISTRATIVOS - PETIÇÃO

RECURSO ADMINISTRATIVO

Um recurso administrativo tem por escopo pleitear uma revisão de decisão

proferida, seja essa singular ou colegiada. A revisão pode ser solicitada por ter-se
evidenciado erro material ou formal no ato administrativo viciado.
O Recurso Administrativo, no Brasil, não faz coisa julgada ao
administrado/cidadão, podendo a parte, sentindo-se prejudicada, socorrer-se ao Poder
Judiciário. Isso se dá por força do Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, presente
no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, in verbis: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
O caso a ser estudado, nesse laboratório, trata-se de um recurso administrativo
interposto em face de suposta irregularidade em um procedimento licitatório. No
Brasil, o Recurso Administrativo é uma peça recorrente para discordar de uma
inabilitação ou desclassificação da proposta no âmbito licitatório, além de em outros
momentos procedimentais.
Importante ressaltar que existem especificidades que diferenciam o recurso
administrativo interposto nas modalidades regidas pela Lei 8.666/93 e na modalidade
regida pela Lei 10520/02. A primeira lei é utilizada para os recursos em processos
licitatórios nas modalidades concorrência, na tomada de preços, convite, concurso e
leilão, com fundamentação no art. 109, inciso I, da lei 8.666/93. A segunda lei, rege os
recursos para impugnação de licitações na modalidade pregão e a interposição de
recurso estava descrita no art. 4º, inciso XVIII da Lei 10.520/02. O pregão eletrônico
está disciplinado no Decreto 10.024/19.
Sobre os recursos operados no bojo da Lei 8.666/93, tem-se no art. 109, inciso
I, que dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem recurso, no

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prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos
casos de: a) habilitação ou inabilitação do licitante; b) julgamento das propostas; c)
anulação ou revogação da licitação; d) indeferimento do pedido de inscrição em
registro cadastral, sua alteração ou cancelamento; e) rescisão do contrato, a que se
refere o inciso I do art. 79 desta Lei; f) aplicação das penas de advertência, suspensão
temporária ou de multa. Se o recurso versar sobre habilitação ou inabilitação do
licitante ou julgamento das propostas terá efeito suspensivo, podendo a autoridade
competente, motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir ao
recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos.
Por outra via, sobre os recursos operados em conformidade com a Lei
10.520/02, art. 4º, inciso XVIII, tem-se que declarado o vencedor, no procedimento do
pregão, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de
recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das
razões do recurso, que deverá ser endereçado ao pregoeiro, ficando os demais
licitantes desde logo intimados para apresentar contrarrazões em igual número de
dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes
assegurada vista imediata dos autos.
Com o advento da Nova Lei de Licitações e Contratos (NLLC), a Lei 14.133/21,
que revogará em 2 (dois) anos, após a sua publicação, as legislações anteriores, acima
citadas, tem-se que as modalidades de licitação passaram a ser: pregão, concorrência,
concurso, leilão e diálogo competitivo, conforme previsão do art. 28 da NLLC.
O art. 25 da NLLC traz que o edital deverá conter o objeto da licitação e as
regras relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos e às
penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato, à entrega do objeto e às
condições de pagamento.
Observe-se que o próprio edital pode ser alvo de discordância e, desse modo, o
art. 164 da NLLC prescreve que qualquer pessoa é parte legítima para impugnar edital
de licitação por irregularidade na aplicação da Lei 14.133/21 ou para solicitar
esclarecimento sobre os seus termos, devendo protocolar o pedido até 3 (três) dias
úteis antes da data de abertura do certame. Ainda, o parágrafo único, desse mesmo
dispositivo, diz que a resposta à impugnação ou ao pedido de esclarecimento será

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divulgada em sítio eletrônico oficial no prazo de até 3 (três) dias úteis, limitado ao
último dia útil anterior à data da abertura do certame.
A NLLC, em seu art. 165, descreve o recurso e pedido de reconsideração como
atos cabíveis, da Administração, decorrentes da aplicação da Lei 14.133/21. O recurso
deve ser interposto no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de
lavratura da ata, em face de: a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação
de interessado ou de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento;
b) julgamento das propostas; c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante; d)
anulação ou revogação da licitação; e) extinção do contrato, quando determinada por
ato unilateral e escrito da Administração. Por sua vez, o pedido de reconsideração,
solicitado no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação, versará
relativamente a ato do qual não caiba recurso hierárquico.
O objeto dessa prática laboratorial é o recurso, e segundo consta no §2º do art.
165, da Lei 14.133/21, o recurso será dirigido à autoridade que tiver editado o ato ou
proferido a decisão recorrida, que, se não reconsiderar o ato ou a decisão no prazo de
3 (três) dias úteis, encaminhará o recurso com a sua motivação à autoridade superior,
a qual deverá proferir sua decisão no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, contado do
recebimento dos autos. Ressalte-se que o acolhimento do recurso implicará
invalidação apenas de ato insuscetível de aproveitamento, sendo esse o teor do §3º do
citado dispositivo.
O contraditório e a ampla defesa estão presentes no processo administrativo,
tendo a NLLC trazido, em seu art. 165, §4º e §5º, que o prazo para apresentação de
contrarrazões, ao recurso, será o mesmo desse e terá início na data de intimação
pessoal ou de divulgação da interposição do recurso e que será assegurada ao licitante
vista dos elementos indispensáveis à defesa de seus interesses.
Pela NLLC, em seu art. 168 caput e parágrafo único, o recurso e o pedido de
reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que
sobrevenha decisão final da autoridade competente. Lembrando que na elaboração de
suas decisões, a autoridade competente será auxiliada pelo órgão de assessoramento
jurídico, que deverá dirimir dúvidas e subsidiá-la com as informações necessárias.
A finalização de um processo licitatório está prevista no art. 71 e seus
parágrafos, da NLLC, e se dará após encerradas as fases de julgamento e habilitação, e

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exauridos os recursos administrativos, momento em que o processo será encaminhado

à autoridade superior, que poderá: determinar o retorno dos autos para saneamento
de irregularidades; revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade;
proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros,
sempre que presente ilegalidade insanável; adjudicar o objeto e homologar a licitação.
Ao se determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades, e
pronunciar-se pela nulidade, a autoridade indicará expressamente os atos com vícios
insanáveis, tornando sem efeito todos os subsequentes que deles dependam, e dará
ensejo à apuração de responsabilidade de quem lhes tenha dado causa.
No caso de se optar pela revogação da licitação por motivo de conveniência e
oportunidade, o motivo determinante para a revogação do processo licitatório deverá
ser resultante de fato superveniente devidamente comprovado, sendo assegurada a
prévia manifestação dos interessados.
Ao proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de
terceiros, sempre que presente ilegalidade insanável, também deverá ser assegurada a
manifestação dos interessados.
Se o caso for de adjudicação, a autoridade competente, após a aprovação de
todo o procedimento, quanto à legalidade e mérito, anunciará o vencedor do certame,
homologando a licitação.
Agora que você revisou alguns conceitos relacionados ao recurso
administrativo em licitações, chegou a hora de praticar, resolvendo as questões do
pré-teste a seguir e elaborando uma petição inicial para um caso prático hipotético.
Boa sorte e bons estudos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,

DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Lei 8666, 21 jun. 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá

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outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: out. 2021.

BRASIL. Lei 10.520, 17 jul. 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de
licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras
providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm. Acesso em: out. 2021.

BRASIL. Lei 14.133, 1º abr. 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos.

Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.133-de-1-de-abril-de-
2021-311876884. Acesso em: out. 2021.

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