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Direito público – através das competências e hierarquias que dão autonomia publica.
Direito privado – através da igualdade e liberdade que dão autonomia privada.
NEGÓCIO JURÍDICO
Nos casos de posse de objetos, algo não nos pertence simplesmente porque a lei
assim o diz, isto é, não existe efetivamente legislação que indique claramente que um
determinado objeto pertence a alguém.
Os negócios surgem devido às infinitas necessidades do ser humano, e para que as
possa satisfazer tem de recorrer a bens.
Distingue-se:
Lei - ato heterónimo. A comunidade cria leis exteriores e gerais que serão
aplicadas a todos.
Negócio - Ato de vontade criador de direitos e deveres para o Homem;
Autónomo; Individual.
Normas de Conduta – norma que diz o que cada um pode (direito subjetivo), tem de
fazer (obrigação) e não pode fazer (dever genérico). as normas de conduta surgem
heteronomamente da lei ou autonomamente dos negócios.
De acordo com a lei, não importa qual era a real intenção por trás da proposta
do vendedor. A partir do momento em que o valor é acordado o vendedor não
pode alterá-lo, alegando a sua intenção. Há negócio jurídico, de acordo com o
acordo prévio. ou seja, é obrigado a vender, porque declarou vontade
Artigo 244º - reserva mental
3. O António contrata um homem para que este mate a sua mulher, que o traiu.
Existe vontade de ambas as partes e está tudo acordado, mas o ato que vão
cometer vai contra o ordenamento jurídico, logo não se trata de um negócio
jurídico.
Autonomia privada
Espaço de liberdade jurígena atribuído pelo direito às pessoas, podendo ser definida
como uma permissão normativa genérica, que produz efeitos jurídicos.
Facto voluntário: Facto cuja ocorrência depende da vontade humana e da qual podem
resultar 2 situações permissivas distintas:
Liberdade de celebração – A autonomia privada permite praticar ou não certo
ato jurídico.
Liberdade de estipulação – selecionar os efeitos que se vão produzir.
Quando temos liberdade de celebração estamos perante um ato jurídico em
sentido restrito.
Quando temos as 2 liberdades acima indicadas estamos perante um negócio
jurídico, pois este pressupõe estas 2 liberdades.
Negócio Jurídico
4 teorias:
1. O negócio jurídico surge como um ato de vontade dirigido à produção de certos
efeitos;
2. Ato de vontade tendente a um fim protegido pelo ordenamento jurídico;
3. Ato de autorregulamentação de interesses;
4. Ato de autonomia privada a que o direito associa a:
Constituição;
Transmissão;
Modificação;
Extinção.
Eficácia Jurídica
*Falha ou defeito oculto existente no objecto de uma venda, que o torna menos próprio
para o uso a que se destina ou que diminui o seu valor, e do qual o comprador não tev
e conhecimento no momento da transação.
Transmissão vs. Sucessão
Negócio unilateral – Quando tem uma única parte (não é a pessoa). Ex.:
Testamento – artigo 2179º; Renúncia – artigo 1476º; Confirmação – artigo 288º; …
Negócios conjuntos – várias pessoas são titulares de posições jurídicas que
só podem atuar em conjunto. Ex.: copropriedade – todos os coproprietários
são chamados a uma atuação conjunta.
Deliberações – várias pessoas são titulares de posições jurídicas
congruentes, mas que podem atuar em sentidos divergentes, no entanto, a
posição final é definida pela maioria.
Negócio multilateral / contrato – Produto de 2 ou mais partes. Ex.: Contratos
compra e venda – artigo 874º
Contratos sinalagmáticos – Obrigações recíprocas, ficando as partes,
simultaneamente, como devedores e credores.
Contratos não-sinalagmáticos – Apenas facultam uma prestação. (ex.:
doação).
Negócios formais – Para a sua conclusão a lei exige uma forma especial.
Ex.: Escrituras publicas sobre bens imóveis (artigo 875º)
Negócios consensuais – Conclusão por simples consenso (artigo 219º) *; simples
manifestação de vontade
*Os negócios jurídicos só requerem forma especial quando a lei assim o exija – Princípio do
consensualismo
Negócio misto (405º) exemplo: Contrato de concessão - não está previsto na lei,
mas já existe tipicidade social.
Negócio oneroso Quando implica esforços económicos para ambas as partes,
em simultâneo e com vantagens correlativas.
Negócio gratuito Quando uma das partes tire só vantagens ou só sacrifícios –
esforço económico de 1 parte e benefícios da outra:
A vontade livre do sacrificado determina uma intenção de doar.
Os contratos em causa só ganham sentido dentro do conjunto mais amplo em que
se insiram.
Declaração de vontade/negocial
O negócio jurídico, enquanto manifestação última da vontade humana, assenta em
declarações de vontade.
Efetivamente apenas a vontade exteriorizada, de modo a ser reconhecida, pode
provocar efeitos jurídicos.
Natureza da declaração
Teoria da vontade (Savigny) “a vontade deve ser pensada como a única
realidade, eficaz e importante”. Assim, havendo erro já não haveria vinculação.
Teoria da declaração valida a exteriorização da opção
Opções entre concessões subjetivistas (relevância da vontade) e objetivistas
(relevância da exteriorização).
Modalidades de declarações
Ausência de declaração.
O silêncio, por natureza e definição, implica ausência de declaração, seja qual
for o seu tipo. Regra geral, o silêncio não permite a formação de um negócio
jurídico (não há́ exteriorização ou comunicação da vontade.) No entanto, a lei
(artigo 218) admite em certos casos que o silêncio valha como declaração
negocial (não o é, mas pode valer como tal.) Quais os casos? Artigos 923 no2
e 1163. É previsto este valor de declaração negocial relativamente a usos
(pratica reiterada). É previsto também na situação de convenção (artigo
celebrado ao acordo da autonomia privada) – o silêncio vale se estiver
estipulado através da vontade das partes.
TGDC – 12/10/18
O SURGIMENTO DO NEGÓCIO
O modelo básico permite fixar regras que são utilizáveis para compor modelos
mais simples ou mais complexos.
O surgimento do negócio é o resultado de uma atividade jurídico-científica,
operada a partir do modelo básico.
O negócio jurídico pode ter, em termos da sua formação, uma complexidade muito
variável. Pode ocorrer de imediato com a manifestação da vontade, mas também
pode envolver atividades preparatórias (algumas complexas), traduz-se numa
complexidade necessariamente maior.
Negócios Comuns
Formam-se entre presentes por adesão a fórmulas apresentadas a todos os
interessados.
3 formas de formação:
Técnica da contratação
1ª fase - obtenção de informação
2ª fase – minuta do projeto do contrato
3ª fase – aplicação hipotética do contrato
4ª fase – superação dos conflitos de objetivos
5ª fase – negociações contratuais
6ª fase - instrução e aconselhamento
7ª fase - elaboração do documento contratual
Processos atípicos:
Todos os demais
Podem prescindir de algumas das fases
Podem prever e adotar fases para alem daquelas referidas
Não seguem uma sequência típica
duas fases essenciais – proposta e aceitação
A FORMA DA DECLARAÇÃO
Forma legal - É aquela que é exigida por lei para determinada declaração negocial;
casos em que a lei exige uma determinada forma para a declaração negocial
Forma voluntaria - Aquela que foi livremente adotada pelas partes; verbalmente,
oralmente, escrito, …
Artigo 222º, nº1 e 2 – nulidade artigo 220º
Origem contratual
quando as partes celebram factos preparatórios ficam vinculadas a esses factos
preparatórios
TDGD -15/10/18
A culpa na formação dos contratos é uma descoberta científica – Rudolf von Jhering.:
Por vezes perante a celebração de contractos nulos há a verificação de danos e o
sistema jurídico tem de responder que, não obstante o contrato ser invalido, não deve
haver uma indemnização destes danos que uma parte eventualmente sofreu?
Jhering afirmava que deveria haver indemnização dos danos sofridos, mas pelo
interesse contratual negativo, ou seja, que a pessoa que sofreu danos devia ser
posta na situação que estava se não houvesse celebração de qualquer contrato/
se não tivesse havido qualquer negociação.
No BGB o legislador não consagrou a culpa en contrahendo, mas o nosso código civil
português no artigo 227º prevê este instituto. O que significa que o legislador
português admite a indemnização quando na formação do contrato as partes não
agiram de boa fé e devem indemnizar as partes lesadas.
Convém referir que se encontram 2 propostas de enquadramento: as soluções
negociais e as soluções legais.
Linóleo:
Um duas pessoas dirigem-se a um estabelecimento comercial e um rolo de
linóleo cai e causa danos à integridade física.
Violação por danos pré-contratuais de segurança.
O caso do iate:
Uma pessoa coloca o iate numa oficina, mas só pede um orçamento, sem
saber ainda se o vai reparar. Os funcionários deixam cair o barco e o
mesmo sofre danos patrimoniais.
Deveres de segurança; danos pré-contratuais
2º grupo de casos:
Respeita à necessidade de circulação entre as partes de todas as informações
necessárias para a contratação.
Deveres pré-contratuais de informação que se filiam à lei. – Artigo 227º.
3º grupo de casos:
Põe em causa uma atuação.
Alguém convence outra parte de que vai celebrar negócios e depois não o
faz, recuando.
Deveres de lealdade
A culpa em contrahendo deve ser aproximada da boa fé, pois pressupõe que nos
preliminares contratuais, se devem empregar os bons valores sociais.
Comunicação e conduta – Não podem as partes tirar partido de elementos obtidos nas
negociações preliminares para quebrar o segredo comercial ou para desencadear
ações concorrentes.
BOA-FÉ:
Encontra-se presente em cerca de 70 artigos do código civil vigente.
Como surge?
A boa fé atual surge primeiramente da fides (a palavra dada, o compromisso, é a base
da sociedade e da ordem política – conceito romano de fides) humana. A ações sem
lei expressa, o direito romano classifica-as como ações ex bona fides. O termo boa fé
no direito romano é também utilizado para descrever o estado de um sujeito em
relação a certos regimes possessórios.
Durante a idade média, a conceção subjetiva liga-se ao sentido cristão de ausência de
pecado.
Alemanha:
No direito germânico, vai-se desenvolver uma conceção objetiva de boa fé, ligada
sobretudo à confiança e ao respeito pela palavra dada.
No código civil alemão (BGB), é consagrada a conceção subjetiva ligada à consciência
de não prejudicar outrem e a conceção objetiva ligada ao facto de que é necessário
observar um princípio de boa conduta, no cumprimento das obrigações.
França:
No código civil de Napoleão de 1804, o legislador francês consagra tanto a conceção
objetiva como subjetiva.
Portugal:
O código Seabra (Portugal – 1867) só têm referências à boa fé subjetiva. No código
civil vigente, temos regras referentes à boa fé subjetiva (origem românica), mas
também temos regras pautadas pela boa fé objetiva (origem germânica)
Compreender no condigo civil vigente a diferença
Boa-fé objetiva – remete para regras/princípios – 3º; 227º; 239º; 278º; 374º; 437º;
762º, nº2.
5 institutos de filiação germânica:
Culpa em contrahendo
Integração dos negócios 239
Abuso de direito 334
Resolução modificação de contratos por alteração das circunstâncias 437
Complexidade obrigacional ou no âmbito do cumprimento obrigacional devem as
partes proceder de boa fé 762º
Boa-fé subjetiva:
2 conceitos:
boa fé puramente psicológica - conceito de ignorância; desconhecimento de facto
ou estado das coisas.
boa fé ética - conceito de desconhecimento não culposo - sendo mais exigente que
a boa fé psicológica, pois a conceção ética da boa fé subjetiva postula a presença
de deveres de cuidado e de indagação.
Face a estes conceitos, o professor Menezes Cordeiro vem dizer que, não
obstante o legislador português ter várias referências legais à boa fé psicológica,
deve importar para o sistema a boa fé subjetiva ética – aquela em que as pessoas
cumpriram todos os deveres de cuidado e indagação. A boa fé enquanto conduta
necessita de princípios concretizadores.
Surgem 2 subprincípios da boa fé:
Princípio da tutela de confiança
No direito português, a tutela de confiança efetiva-se através de 2 vias:
Disposições legais especificas Artigos 179º,291º, 1301º.
Institutos gerais (a culpa em contrahendo, abuso de direito, etc…)
TGDC – 19/10/18
No âmbito dos preliminares contratuais é fundamental fazer apelo ao respeito por
valores da ordem jurídica que se encerram quer no subprincípio da tutela da confiança
quer no subprincípio da primazia da materialidade subjacente.
Nos termos do artigo 227º o que se trata com este instituto desde Jhering é
permitir indemnizar danos que tenham sido causados porque houve nos
preliminares da formação do contrato uma violação do princípio da boa fé –
objetiva como grande regra de conduta; como apelo aos valores fundamentais do
sistema.
O que significa que se trata de indemnizar danos, ora se se têm de indemnizar
danos – um dano é a supressão de uma vantagem juridicamente tutelada –
estamos no instituto da responsabilidade civil, que pode ser distinguida por:
responsabilidade delitual/factos ilícitos e culposos - prevista no artigo 483º, CC (1)
responsabilidade obrigacional por incumprimento - prevista no artigo 799º, CC (2)
O artigo 227º respeita a responsabilidade civil, mas deve ser enquadrado como
uma responsabilidade delitual ou obrigacional?
MC A culpa in contrahendo tem natureza obrigacional, por assentar na violação de
deveres específicos (os deveres pré-contratuais são deveres específicos) e assim,
devido à sua natureza jurídica, devia ser aproximada da responsabilidade obrigacional
e não da responsabilidade delitual.
Jhering quando faz a descoberta científica chega analisa que não presença de
certos contratos inválidos foram provocados danos, sendo necessário indemnizar
esses danos.
E a solução dada por Jhering foi no sentido de alguma maneira essa indemnização
cobrir o interesse contratual negativo, o que significa que seria uma indemnização
que colocaria a pessoa que sofreu danos na situação que se encontraria se não
tivesse entrado em negociações.
Coordenadas de evolução
Já falamos nos deveres pré contratuais e afirmamos que estes deveres se encontram
presentes no âmbito da formação do contrato e devem ser cumpridos, tendo a sua
fonte na própria lei.
Mas estes deveres pré-contratuais estão também presentes na frase da execução do
contrato e por vezes depois da sua cessação, nós encontramos estes deveres pós-
contratuais.
Assim, podemos afirmar que para alem destes deveres pré-contratuais, também
surgem em espelho deveres pós-contratuais, que surgem no âmbito da cessação do
contrato. Podemos também dizer que na fase de execução do contrato (depois do seu
início, mas antes do seu fim) também têm deveres de informação e lealdade.
O que nos leva a uma construção doutrinaria:
Atos preparatórios
Atos preparatórios são todos aqueles que inserindo-se no processo de formação do
contrato não possam reconduzir-se à proposta, à aceitação ou à rejeição.
Minuta
Documento no qual as partes vão exarando os diversos pontos a inserir no futuro
contrato à medida que vão alcançando acordo.
As partes já estão vinculadas aquilo que foram exarando na minuta?
Problema de interpretação jurídica, a resolver pelos artigo 236º e seguintes do CC,
para saber se relativamente aquela minuta as partes já estão vinculadas aos
acordos parcelares que foram sendo exarados naquela minuta ou se estes
acordos parcelares ficaram condicionados por uma aprovação global final.
Contratos instrumentais
Não visam regular de modo direto o conteúdo do contrato final, mas apenas alguns
dos seus aspetos.
Convenção das partes sobre a forma do futuro contrato – forma convencional
artigo 223º, CC
Convenção das partes sobre o valor do silencio – valor do silêncio no âmbito
do artigo 218º
Convenção das partes sobre o prazo de duração/de subsistência de eventuais
propostas - artigo 228º, nº1, a)
Contrato-promessa - artigo 410º e seguintes
Pacto de preferência, 414 e seguintes – convenção entre as partes que se
alguém quiser vender um determinado objeto dará preferência à outra parte
desde que essa pessoa desde que dê o equivalente a que resulte uma outra
oferta.
Concurso para a celebração de um contrato – corresponde a um ou mais atos
jurídicos destinados a promover uma pluralidade de interessados na conclusão
de um contrato e depois a facultar a sua escolha por seleção de um deles para
celebrar o respetivo contrato com essa pessoa que tenha sido selecionada.
Benefícios:
Escolha do parceiro mais idóneo;
Aproveitamento dos mecanismos da concorrência;
Procura da melhor gestão;
Legitimidade/transparência da escolha;
Contratação mitigada
Resulta como uma limitação da aplicação da culpa in contrahendo (artigo 227º, CC)
Carta de intenção:
Uma carta em que se manifesta uma vontade sedimentada de contratar
Documento pré-contratual, que tem um conteúdo variável e que surge no tráfego do
ordenamento jurídico aquando da preparação de negócios jurídicos complexos.
O ordenamento jurídico em que surgiu mais esta figura da carta de intenção foi nos
EUA, particularmente no domínio de aquisição de empresas (negócios de alguma
dimensão), posteriormente teve também outras utilizações, como é o caso do
comercio internacional, onde existem as tais negociações complexas onde havia a sua
necessidade.
Pode assumir 2 variantes:
Forma epistolar: quando assumo esta forma a carta tem uma direção, um
destinatário, um texto e uma saudação final com assinatura (forma de uma
carta);
Forma de acordo
São utilizadas nas transações relativas a grande empresas nas quais só se vai
avançar quando há o mínimo de intenção formalizada.
Para alem destas transações, também são utilizadas nos acordos comerciais
de grande porte que vão necessitar de acertos técnicos ao longo da formação
destes grandes acordos.
Um outro domínio é o dos mútuos bancários (empréstimos bancários) onde há
necessidade de preparação de garantias, de discussão de juros e, de alguma
maneira, de realização de estudos e negociações prévias ao contrato definitivo.
Finalmente, usam-se em contratos que implicam a participação de entidades
publicas. Por vezes há contratos, até por questões de concorrência, que
requerem autorização de organismos de regulação e supervisão. Assim, as
partes redigem uma carta de intenção que exprima tal vontade sedimentada de
contratar.
Pela negativa, podemos dizer que a carta de intenção é particularmente útil nos
casos em que as partes ainda não pretendem a vinculação do contrato
definitivo.
Ex.:
1. casos em que há importantes acertos e que se houvesse logo contrato, sendo que
ainda faltam acordar importantes partes do núcleo contratual, haveria um problema
de invalidade/ nulidade por indeterminabilidade do objeto, porque faltam aspetos
significativos.
2. O facto de não haver acordo sobre pontos importantes e as partes entendem que
vale a pena prosseguir com o negócio.
Acordo de negociação:
Ocorre normalmente em negociações complexas e consigna uma vontade comum das
partes de prosseguir negociações dentro de determinados parâmetros.
Acordo de base:
À semelhança do acordo de negociação, surge em negociações complexas em que há
acordo sobre uma área central da negociação continuando as negociações em
aspetos secundários
Acordo quadro:
É uma figura que no âmbito de negociações tendentes ao surgimento múltiplos
contratos, as partes acordam num núcleo comum a todos estes contratos.
Protocolo complementar:
Verifica-se quando as partes, tendo em vista um contrato nuclear, concluem com
convénio acessório tendente a completá-lo.
Contrato entre ausentes vs. Contrato entre presentes (critério jurídico, não é
geográfico)
Contratos entre presentes Não há entre as declarações de vontade das partes um
intervalo de tempo juridicamente relevante.
Teoria do conhecimento
Contrato entre ausentes As diversas declarações de vontade são separadas por um
intervalo de tempo do qual emergem consequências jurídicas. (as partes podem estar
no mesmo local)
Para a celebração de um contrato há sempre uma dependência do esquema proposta
aceitação Fundamental para a existência de contrato
Proposta
Fase necessária no processo tendente à formação do contrato.
Pode ser definida como a declaração feita por uma das partes e que uma vez aceite
pela outra parte ou demais partes dá lugar ao aparecimento do contrato.
Proposta aceitação contrato imediato
Em termos de declaração negocial, a proposta precisa do preenchimento de 3
requisitos:
Tem de ser completa - no sentido em que tem que conter todos os elementos:
identidade das partes, o objeto a vender (numa compra e venda) e o preço do
negócio de compra e venda.
Tem de revelar uma intenção inequívoca de contratar – não pode ser apresentada
em termos duvidosos, nem em termos alternativos, tem que ser firme.
Tem de revestir a forma requerida para o negócio em jogo, nos casos em que
estamos perante negócios formais – ex.: compra e venda bem imóvel tem que
cumprir o artigo 875º.
Portanto, a proposta tem de surgir de tal forma que a simples aceitação dará de
imediato origem a um contrato.
Eficácia e duração
A eficácia da proposta contratual consiste essencialmente em fazer surgir na esfera do
seu destinatário um direito potestativo – posição jurídica ativa que permite
unilateralmente alterar a esfera jurídica/ alterar a situação da outra pessoa. Isto porque
o destinatário da proposta contratual sabe que através da aceitação conclui o contrato
que quando exercido permite a alteração da ordem jurídica.
A duração da eficácia da proposta está prevista no artigo 228º, CC. Segundo esse
mesmo artigo, nº1 a duração da proposta contratual pode depender de 2 situações:
O preponente ter fixado um prazo – “esta proposta contratual dura 7 dias”
Acordo entre as partes – acordam as partes que a proposta dura 7 dias.
228º, nº1, a) - A proposta mantém-se até ao fim do prazo estabelecido
228º, nº1, b) – admitindo que não foi fixado um prazo e o preponente vem pedir
resposta imediata, o legislador afirma que a proposta mantém-se até que em
condições normais quer a proposta, quer a aceitação cheguem ao seu destino.
“condições normais” – dependem do meio utilizado. Se for utilizado pelo preponente o
meio carta (ex.), podemos, diz a doutrina, que podemos recorrer apo artigo 248º e
considerar o prazo de 3 dias para concretizar este prazo de “condições normais”.
Não faz sentido aplicar este prazo de 3 dias se a carta for enviada com aviso de
receção, então faz sentido usar a data que foi posta no aviso de receção.
228º, nº1, c) – não houve prazo, não houve acordo das partes e não foi pedida
resposta imediata, então a proposta subsiste pelo período em que em condições
normais permite que a proposta e aceitação cheguem ao seu destino acrescidos 5
dias.
TGDC – 26/10/18
Revogação da proposta – ato unilateral praticado pelo proponente que tem por
conteúdo a extinção da proposta previamente emitida. Ex.: A – propõe vender o
telemóvel a B, mas, entretanto, pretende a revogação, ou seja, já não quer vender
o telemóvel por x.
Só é possível se ainda não houver contrato, porque se A faz proposta contratual a
B e B aceita, fazendo surgir o contrato – exercício do direito potestativo – já não
pode haver o ato unilateral. Era necessário o acordo de ambos para tal revogação.
Viável em 2 hipóteses:
Quando o proponente se reservou a faculdade de revogar - 230, nº1;
Quando a revogação se dê em modos tais que seja recebida antes da proposta
ou ao mesmo tempo - 230, nº2.
A envia por carta a proposta da venda do automóvel a B; envia uma carta em
correio azul ou telefona para que a revogação chegue antes de receber a própria
proposta.
Aceitação/rejeição:
A aceitação faz desaparecer a proposta e surgir o contrato, portanto extingue-se a
proposta.
Outros modos:
Oferta ao publico
É uma modalidade particular de proposta contratual caracterizada por ser dirigida a
uma generalidade de pessoas.
Ex.: A pergunta a todo o anfiteatro se alguém está interessado em comprar o seu
carro.
As declarações podem ser tacitas ou expressas (217º, CC), tal como a aceitação
que também pode ser tácita.
A aceitação é uma declaração recipienda (tem destinatário) estando dependente, a
sua eficácia, do regime do artigo 224º, CC. (teoria do conhecimento, receção, …)
A aceitação pode começar a produzir efeitos quando a proposta já não tenha
eficácia/já se extinguiu/ já caducou.
Se a aceitação só produz efeitos quando a proposta já não tem eficácia temos,
nessa situação, um problema de receção tardia da aceitação, nos termos do artigo
229º, CC:
Determina que se a aceitação for expedida fora de tempo o proponente nada
pode fazer, se quiser o contrato o proponente terá de fazer nova proposta;
Pode ainda ser expedida a tempo a eficácia, mas chega posterior ao término
eficácia, neste caso o proponente tem que avisar o aceitante que não chegou a
concluir-se qualquer contrato, sob pena de responder pelos respetivos
prejuízos.
No entanto, se pretender realizar o contrato basta considerar aquela aceitação
tardia como eficaz porque ainda foi enviada em tempo útil – 229º, CC.
O artigo 234º respeitava a uma aceitação que podia ser tacita, mas MC vem contrariar
a doutrina:
A aceitação pode ser tacita pelo 217º, o que significa que o artigo 234º está a
regular uma situação diferente, entendendo que nestas situações delimitadas pela
circunstância do negócio ou de usos, o que temos no 234º é uma
autodeterminação do aceitante sem qualquer comunicação ao proponente –
verdadeira dispensa de declaração.
Mas perante uma proposta contratual, o seu destinatário para alem de aceitar pode
não estar minimamente interessado na aquisição desses bens. Rejeição.
Rejeição:
É um ato unilateral recipiendo, pelo qual o destinatário da proposta recusa essa
mesma proposta renunciando ao direito potestativo que a mesma dava lugar.
Pode ser expressa ou tácita – 217º
Pode ser revogada desde que através de uma aceitação chegue ou seja
conhecida ao mesmo tempo ou primeiro da rejeição. – 235º, nº1.
Pode haver uma aceitação da proposta contratual, mas esta tenha aditamentos,
limitações ou modificações. Se sob a forma de aceitar o aceitante “acrescenta
qualquer coisa” temos uma rejeição – 233º.
Pode acontecer que, nos termos do artigo 233º, 2ª parte, que essa modificação
acrescentada/aceitação aparente seja suficiente precisa e revista os elementos da
proposta contratual. Neste caso para alem da rejeição surge a figura da
Contraproposta
Contraproposta
Proposta contratual que tem como particularidade implicar a rejeição de uma
primeira proposta de sinal contrário ou distinto. - Tem que preencher os requisitos
da proposta contratual.
Sempre que temos aceitação parcial não temos na verdade a formação de um
contrato, mas se houver apenas uma aceitação parcial também não temos a figura
da contraproposta.
Natureza jurídica destas figuras:
MC. – todas estas figuras são negócios jurídicos unilaterais – perante liberdade de
celebração e estipulação – assim, as regras negociais aplicam-se à aceitação, rejeição
e contraproposta.
Comercio eletrónico
Podemos adquirir pela internet bens ou serviços, muitas vezes com recurso a cartões
bancários. Esta realidade do comercio eletrónico leva os Estados, no âmbito da EU, a
adotar regras de proteção daqueles que realizam o comercio eletrónico (utentes e
consumidores).
Em 1997, foi aprovada uma diretiva comunitária (diretriz segundo MC) que vem
regular a matéria do comercio eletrónico:
Foi transposta por legislação interna – decreto de lei 143/2001 de 26 de abril
nesta diretiva à essencialmente a proteção dos consumidores (pessoas
singulares, pessoas coletivas não têm o estatuto de consumidores segundo o
direito europeu).
MC – diz que a maior parte da disciplina jurídica já resultaria dos princípios gerais
que resultam do CC.
Mas, como linhas gerais relativamente a este regime jurídico do comercio eletrónico,
há um reforço dos deveres de informação, com vista à proteção dos consumidores, no
âmbito das transações do comercio eletrónico e um reforço do direito de
arrependimento, ou seja, estabelecendo-se a possibilidade que mesmo depois da
celebração do contrato haver um arrependimento por parte do consumidor.
A generalização do comercio eletrónico levou ao aparecimento de legislação
relativamente a documentos eletrónicos e à assinatura digital, sendo esta última
realizada a partir de uma chave que permite autenticar uma sequência digital
proveniente do autor de uma missiva digital.
TGDC – 29/10/18
As CCG são inseridas nos contratos através da respetiva aceitação, mas a lei vem
determinar que as mesmas pressupõem:
Clausulas surpresa – clausulas que pela sua forma/pela sua apresentação não
sejam percetíveis.
Clausulas que constem do formulário depois da respetiva assinatura – que surgem
depois da assinatura do aderente.
Admitindo que 1 ou 2 clausulas ocorre de uma das situações acima referidas, elas são
excluídas como se nunca tivessem existido – não há invalidade das mesmas,
simplesmente desaparecem. Isto pode significar que há um contrato singular e que
temos que saber se aquele contrato na sua globalidade deve ser aproveitado ou não,
porque existem clausulas que não se encaixam em nenhuma das situações de
exclusão. contrato esburacado, onde não estão presentes as clausulas excluídas.
Pode existir dúvidas em relação ao aproveitamento - em nome de um princípio do
aproveitamento do negócio jurídico - ou não, se deve ser considerado invalido, porque
alguma das clausulas não estão incluídas no contrato.
No omisso, as partes do contrato que foram consideradas excluídas, podemos recorrer
às regras supletivas legais (uma vez que a autonomia privada não funcionou) que vão
preencher o facto daquela clausula ter sido excluída do contrato porque não respeita o
regime das CCG.
Em segundo lugar pode não haver regras supletivas legais e nesse caso temos que
recorrer às regras sobre a integração de negócios jurídicos, que resolve o problema
das lacunas negociais – temos pontos omissos/lacuna negocial temos que recorrer às
regras do artigo 239º para o instituto da integração negocial resolver o facto destas
clausulas terem sido excluídas.
No caso de haver regras supletivas legais ou se através do instituto da integração
negocial se resolver o problema, pode-se aproveitar o negócio jurídico. Mas ainda que
recorrendo a estas regras, os resultados do contrato podem ser contrários à boa-fé e
assim o legislador determina no artigo 9º nº2 que o contrato não pode ser aproveitado
e é nulo.
No âmbito das CCG, também existem regras que se relacionam com a interpretação e
a integração dos negócios jurídicos que utilizam CCG. Estas regras encontram-se nos
artigos 236º e seguintes quanto à interpretação e no artigo 239º relativamente à
integração negocial.
Temos também algumas regras neste regime jurídico relativamente à interpretação e
integração dos contratos que tenham CCG:
Artigo 10º, CCG – a interpretação negocial deve ter em conta aquele contrato
singular onde são inseridas as CCG, o que aponta para uma tendência
individualizadora da justiça.
3. Clausulas nas relações com consumidores finais – artigos 20º e seguintes das
CCG
Temos uma proteção diferenciada menos relevante que é aplicada a todos, uma
vez que temos proibições quanto a empresários ou equiparados, mas temos
também proibições relativas a consumidores finais. As normas dos artigos 17º e
seguintes, também se aplicam aos consumidores finais.
Mas os artigos 20º e seguintes já não se aplicam aos empresários, porque tais não
precisam da mesma proteção dos consumidores finais.
Ação inibitória
Esta nulidade pode não ser suficiente para a proteção dos consumidores finais e, por
isso, a CCG insere uma ação inibitória, faculta que os tribunais estabeleçam uma
proibição judicial de certas causas independentemente da sua inserção em contratos
singulares. Regulada no artigo 25º e 26º das CCG e vem permitir associações
sindicais, associações de defesa dos consumidores, associações profissionais e o
ministério publico pedir a proibição destas clausulas atribuindo-lhes legitimidade para a
ação inibitória.
Depois de judicialmente proibidas, elas não mais poderão ser utilizadas em contratos
singulares sob pena de aplicação de sanções pecuniárias compulsórias (artigo 32º,
nº1 e 33, lei das CCG) – uma sanção pecuniária compulsória é uma quantia em
dinheiro que vai ter de ser paga diariamente se se manter a clausula considerada nula
por parte de um tribunal.
Após a diretiva comunitária, o legislador português afirmou que o regime jurídico das
CCG não é só aplicável a situações com CCG que tenham a tal rigidez,
generalidade/multiplicidade, mas também é aplicável aos contratos pré-elaborados,
que se distinguem dos contratos com CCG porque têm a tal rigidez, mas não têm a
generalidade/multiplicidade. Artigo 1º, nº2.
MC deve ser entendida em termos restritivos e defende que só faz sentido esta
aplicação aos contratos pré-elaborados quando se trate de contratos com
consumidores, porque surge sobre a égide da defesa do consumidor
TGDC – 2/11/18
Enquadramento:
Vamos estudar condições/requisitos da validade do negócio no que diz respeito ao seu
conteúdo, quando faltam esse requisitos o negócio é nulo quanto conteúdo.
Direito é a normatividade que de alguma forma radica na comunidade e, por isso a
comunidade é que tem o monopólio para rejeitar ou aceitar certa norma como sendo
uma norma jurídica.
A comunidade faz isto quando às leis do estado, nem todo o ato do estado é idóneo
para criar direito, e a comunidade também faz isto quanto ao contrato.
Ex.: um contrato compra e venda entre 2 pessoas diz respeito a essas mesmas duas
pessoas, mas a comunidade intervém, porque quando celebram esse contrato
pretendem ter os seus direitos salvaguardados no mesmo/na tutela da comunidade.
Ou seja, cada um deles quer que, caso não sejam cumpridas algumas das regras do
contrato celebrado, a comunidade – através dos tribunais/policia – obrigue a outra
parte a cumprir os seus deveres.
1. Para criar leis é necessário um procedimento constitucional para que essa mesma
lei crie direito
2. Só certas entidades podem criar Direito, no entanto têm também de seguir esse tal
procedimento já referido
3. Mesmo que uma entidade que pode criar direito o faça e mesmo que obedeça a
todo o procedimento, se a comunidade não aprova o conteúdo da lei porque o
mesmo viola a Constituição.
No negócio passa-se mais ou menos o mesmo.
Conteúdo: conjunto das regras/regulação trazida pelo negócio. A própria lei utiliza a
expressão “objeto do negócio” – artigo 280º - que é igual a conteúdo na sua totalidade,
ou seja, é o conjunto das regras (e os bens a que essas regras se referem
Ex.: contrato compra e venda de um par de óculos:
Prof: “vendo-lhe os óculos por 5 euros. Aceita?”
Tiago: “Aceito”
celebração de um contrato compra e venda que traz regras:
1ª regra: transmite-se o direito de propriedade para o Tiago.
2ª regra: o vendedor tem o dever de entregar os óculos consoante o acordo entre
as partes ou segundo a lei.
3ª regra: o Tiago pode exigir a entrega dos óculos.
4ª regra: obrigação do Tiago de entregar os 5 euros.
5ª regra: o vendedor tem o direito de exigir os 5 euros.
Se não acordarem onde e quando será feita a entrega dos óculos e do dinheiro, a
lei por normas supletivas esclarece esses pontos através dos artigos 772º e 777º
do CC.
O conteúdo do negócio não inclui apenas regras combinadas entre as partes, inclui
também regras legais supletivas e normas e injuntivas (obrigatórias) que não
podem ser afastadas por vontade negocial (ex.: compra e venda de uma casa –
necessidade de escritura publica)
Pode haver clausulas combinadas que não são especificas da compra e venda,
que são eventuais.
Objeto do negócio jurídico, segundo MC: é o conjunto das realidades sobre que
recaem os direitos e deveres presentes no conteúdo.
Ex.: transmite-se o direito sobre os óculos para o Tiago.
O objeto é o conjunto dos bens sobre que incidem direitos e deveres, constituídos ou
transmitidos pelo negócio.
Artigo 762, nº2 – ao consagrar a boa fé está a consagrar princípios que uma vez
ponderados resultam em normas, as quais são chamadas de deveres acessórios na
vigência do contrato.
É este conteúdo na sua totalidade que abrange os bens que tem requisitos, para que a
comunidade atribuir o “selo” da juridicidade.
Explicitações:
2 expressões:
Ex voluntate – vem da vontade das partes.
Ex lege – vem da lei – supletivas ou injuntivas
Requisitos: - o que é necessário para que o negócio seja valido no que respeita ao
seu conteúdo (artigo 280º e 281)
Possibilidade:
O conteúdo do objeto do negócio tem de ter esta característica que consiste em serem
exequíveis/passiveis de serem operados/executados.
Esta possibilidade tem de ser contemporânea da celebração do negócio. Se há
problemas quanto à possibilidade, posteriores à celebração do negócio, já não
estamos perante as condições de validade do negócio, a validade do negócio afere-se
no momento de celebração do negócio.
A invalidade é a consequência de um vicio contemporâneo da celebração do negócio.
Então estamos a falar da possibilidade originaria, no momento inicial do contrato e não
da possibilidade superveniente. Ou em relação ao vicio, não estamos a falar da
impossibilidade superveniente, mas sim da impossibilidade originaria.
Ex.: António vende ao jantar a B um cavalo, mas o cavalo tinha morrido uma hora
antes – há um problema de impossibilidade de facto/matéria/física quanto ao
conteúdo, porque o cavalo já não existe.
Também podemos ter impossibilidade legal quando a própria lei estabelece um
obstáculo equiparável à morte do cavalo do exemplo, ou seja, não pode vender algo
que não existe ou que pela qual já não há interesse. Ex.: não pode vender apenas a
casa de banho de uma casa.
MC quanto ao que é impossível e ao que não é impossível:
A impossibilidade abrange os negócios absurdos, que são negócios que racionalmente
são prestações impossível ex.: A feiticeira obriga-se a fazer truques mágicos para
que B se divorcie – prestação impossível de um negócio absurdo do ponto de vista
racional, há uma impossibilidade do conteúdo.
Pode não ser uma impossibilidade efetiva, mas económica, como por exemplo,
quando para o devedor demasiado oneroso para este cumprir a sua obrigação. Ex.:
deixa cair o relógio prometido numa barragem; não tem como recuperar;
impossibilidade económica.
Impossibilidade moral – Ex.: cantora lírica obriga-se a cantar num evento, mas não
cumpre porque o filho está a morrer naquela noite, deixa então de cumprir a sua
obrigação com essa justificação – MC diz que é impossibilidade moral. Trata-se do
que é excessivamente oneroso, moralmente inexigível.
Consequência da impossibilidade:
Em regra, é a nulidade do negócio (280º), mas há luz da boa-fé e das particularidades
do caso, pode a nulidade afetar apenas a obrigação principal e as obrigações
acessórias/secundarias não são afetadas.
Também podemos ter casos em que o dever principal é substituído por outro dever, ou
seja, a nulidade pode não fazer desaparecer totalmente aquele negócio, pode haver
subsistência de deveres, substituição de deveres ou dever de indemnizar, no caso
concreto à luz da boa fé se resolverá.
Determinabilidade:
Possibilidade de identificar o conteúdo (inclui o objeto) - as regras e bens sobre o
princípio de direitos e deveres dessas regras.
Quando não é determinável, ele tem um vicio: indeterminabilidade, cuja consequência
é a nulidade.
Ex.: António presta uma fiança a favor de B por todas as dividas que o B tenha ou
venha a ter junto de um banco; a cada momento ele pode estar a criar obrigações por
empréstimos celebrados, não sendo determinável o objeto; concluindo -se que o
negócio é nulo.
1- A justificação desta determinabilidade é evitar direito e deveres sobre coisas
incertas. A comunidade cria normas jurídicas para evitar equívocos entre as pessoas.
TGDC – 5/11/18
Licitude
Temos uma acessão ampla de licitude, o que significa que o NJ surge na área da
autonomia privada.
Também temos uma acessão restrita de licitude e quando falamos nestas estamos a
afirmar que o NJ não viola normas jurídicas.
Ilicitude
A proibição de negócio ilícitos encontra-se no artigo 280, nº1 e 294º do CC.
Esta ilicitude pode resultar dos meios do próprio NJ ou do efeito/resultado do mesmo.
Fim
O fim do negócio jurídico pode depender das próprias partes, sendo que cada uma
das partes pode ainda ter um fim diferenciado quanto ao NJ. Distingue-se quanto ao
fim:
Fim expresso/Fim acordado/Fim clausulado – o próprio negócio no seu
preâmbulo ou no seu clausulado fixa o objetivo do mesmo, ou seja, o NJ indica
o fim do mesmo.
Fim exterior implícito – Resulta das próprias circunstâncias do próprio NJ.
Fim interior implícito – a parte celebra o negócio com fim indecifrável mas
revela-o à outra parte.
Fim íntimo – interiores, não transparecem, nem são revelados à outra parte.
artigo 281º do CC – se apenas o fim for contrário à lei, o negócio só é nulo se o fim
for comum a ambas as partes. Ex.: se alguém aluga o barco para traficar droga,
apenas este negócio de aluguer é nulo se o fim for comum a ambas as partes.
No entanto MC diz, colocando maior exigência:
Por exemplo no contrato de compra e venda de uma arma para cometer um crime isto
significaria, por aplicação literal do artigo 281º, que a ilicitude só ocorreria se ambas as
partes pretendessem cometer este crime e assim existiria nulidade. Ora isto não é
possível, o que é defensável é que basta que o crime seja o fim de uma das partes,
mas seja expresso ou implicitamente conhecido da outra para que seja defendida a
ilicitude do fim deste negócio jurídico e por isso a nulidade ao abrigo do artigo 281º do
CC.
Conformidade legal:
Requisito residual relativo à validade de negócios jurídicos específicos.
Encontramos normas no código civil que vêm estabelecer requisitos de validade para
aquele tipo de negócios jurídicos. Como por exemplo o artigo 877º do CC que vem
estabelecer certas condições para que os pais e avós possam vender a filhos e a
netos, o que significa que temos aqui um requisito específico quanto a este negócio
jurídico que vai conformar a tal conformidade legal.
Também a conformidade legal encontra-se presente no artigo 294º do CC quando
determina que os negócios celebrados contra preceitos legais imperativos são nulos
(negócios celebrados em sentido contrário ao que resulta no artigo 287º, por exemplo,
se não houver uma consequência estabelecida no conceito da anulabilidade, utiliza-se
o artigo 294º).
Fraude à lei:
É um forma de ilicitude que envolve a nulidade no NJ.
Particularidade: As partes tentaram, através de artifícios formais, conferir ao negócio
que celebram uma feição inócua.
Em princípio os pais não podem vender a filhos e o avós não podem vender a netos
(877º), (1) mas imaginemos que um pai vende a um terceiro para que este venda ao
filho, ou seja, as partes engendram artifícios formais para se subtrair a regras
imperativas.
Podemos ter apenas uma violação de lei, uma violação do artigo 877º. E se assim
fosse isso levou MC no passado a considerar que a figura da fraude à lei não teria
autonomia sobre a violação de lei.
Atualmente MC defende que a fraude à lei é uma manifestação particular da ilicitude,
tendo assim autonomia quanto à mera violação da lei. Aspetos em que há esta
manifestação particular de ilicitude:
Aparência inócua – exemplo (1)
Intenção especifica de prosseguir um objetivo proibido pela lei.
Efetiva obtenção desse objetivo - no caso do exemplo (1) há obtenção do fim
quando A vende a terceiro e o terceiro vende ao filho.
Artigo 280, nº2 – conceitos de bons costumes e ordem publica: é nulo o NJ contrário à
ordem publica e ofensivo aos bons costumes.
Estes dois costumes são indeterminados e portanto precisam de concretização
jurisprudencial ou doutrinaria.
Normalmente quanto a estes conceitos à evolução quanto à sua concretização.
Bons costumes:
No passado: Oscilou-se entre um referência abstrata à moral e uma referência
concreta a uma conceção sociológica.
Entretanto considerou-se que remetia para questões de política económica suscetíveis
de concretização jurisprudencial ao longo do tempo.
E recentemente, MC considera que há na referência essencialmente uma dimensão
extrajurídica abrangendo código deontológicos, bem como regras de moral
relativamente à conduta familiar e sexual. Ex.: negócio contrário aos bons costumes –
prostituição.
Ordem pública:
Limitação à autonomia privada - a autonomia privada é limitada por normas
imperativas, no entanto o sistema jurídico não se limita a normas, também abrange
princípios.
A ordem pública configura o conjunto de princípios e normas injuntivas que em caso
algum podem ser afastados pela autonomia privada.
Por exemplo, são negócios contra a ordem pública aqueles que restringem demasiado
a liberdade pessoal. Ex.: alguém admite ficar preso numa jaula a troco de uma quantia
– negócio contrário à ordem pública e por isso é nulo.
Também os negócios que põem em causa direitos de personalidade, por serem
contrários à ordem pública são necessariamente nulos, porque os direitos de
personalidade têm um carácter de indisponibilidade, o que significa que estão
subtraídos à autonomia privada.
CLAUSULAS TIPICAS:
Condição
Termo
Modo
Sinal
Clausula penal
CONDIÇÃO
Conceito – é uma clausula contratual típica que vem subordinar a eficácia de uma
declaração de vontade/NJ a um evento futuro e incerto – artigo 270º e seguintes do
CC.
Condição suspensiva: quando o negócio jurídico só produz efeitos apos a eventual
verificação da ocorrência.
Condição resolutiva: o negócio deixa de produzir efeitos após a eventual
verificação da ocorrência.
Condições casuais: quando o facto é alheio aos participantes. Ex: pode defender
de facto da natureza: “vendo-te se chover amanha” ou de facto de terceiro: “vendo-
te o telemóvel se casares”
Condição potestativa: quando o facto/evento depende da vontade de um dos
celebrantes do negócio jurídico
Ainda que o evento seja sempre incerto o momento pode ser incerto ou certo:
Condições improprias
Em alguns casos, sob a aparência de uma condição, falta o requisito da incerteza,
então fala-se de condições improprias. Temos condições improprias relativamente a
condições presentes ou passadas.
Se dissermos que a condição vai fazer depender a eficácia do NJ de um evento futuro
a algo que já ocorreu, não temos aqui verdadeiramente uma condição. Subordinar a
eficácia a algo passado, há uma condição imprópria. – Falta o requisito do caracter
futuro do evento.
Pode também pode subordinar a eficácia ao conhecimento desse evento presente ou
passado e assim estamos perante um conhecimento futuro – clausula contratual típica
qualificada como a condição.