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A alienação da herança

1-Pressupostos

O facto de a herança não ter sido ainda liquidada (calculada) e partilhada não impede
que a mesma possa ser alienada por ato entre vivos.

Efetivamente, os herdeiros como titulares do direito incidente sobre a herança ou


sobre o quinhão hereditário podem proceder à alienação a terceiro.

A alienação da herança ou do quinhão hereditário só pode ocorrer depois da


aceitação da mesma e antes de verificação da partilha:

-O herdeiro só adquire o domínio e posse sobre a coisa com a aceitação (art.


2050), pelo que só nesse momento poderá dispor deles;

-Após a partilha também deixa de ser possível a alienação da herança, pois já se


confundem os bens da herança com os bens pessoais do herdeiro, sendo apenas
possível a disposição dos bens adquiridos nos termos gerais.

2-Forma

A alienação da herança ou do quinhão deve ser feita por escritura pública ou


documento particular autenticado se existirem bens cuja alienação deva ser feita por
essa forma, como os bens imóveis (art. 2126\1). Salvo esse caso, pode ser feito por
documento escrito por simples documento particular (art. 2126\2).

3-Regime

Resulta do artigo 2124 que a alienação de herança ou de quinhão está sujeita às


normas reguladoras do negócio jurídico que lhe der causa, podendo ser compra e
venda, dação em cumprimento o uma doação.

Se o quinhão ou herança forem alienados de forma onerosa, aplica-se (874 e 939).

-A alienação a título gratuito será regulada pelas regras da doação (art. 940 e
seguintes). No entanto, se a alineação gratuito for a favor daqueles que sucederiam se
o herdeiro repudiasse, a lei considera não haver um caso de alienação, mas de repudio
da herança (art. 2057\1). Inversamente, o repúdio da herança a beneficio de apenas
alguns dos sucessíveis gratuitamente é considera como alienação gratuita da herança
(art. 2057\2), determinando a aplicação do regime da doação.
O principal efeito do negócio jurídico é a transmissão da herança ou do quinhão para o
adquirente, ocupando a mesma posição que cabia ao herdeiro. Em consequência, não
apenas adquire os bens que integravam a herança, mas as obrigações correspondentes
aos mesmos. Em consequência, o artigo 2128 prevê que o adquirente de herança ou
quinhão hereditário sucede nos encargos respetivos, embora o alienante continue a
responder solidariamente por esses encargos, embora com o direito de regresso sobre
o adquirente.

Caso já tenha havido disposição dos bens da herança ou pagamento de dívidas destas,
nem por isso se deixam de considerar esses bens ou encargos integrados no negócio
transmissivo. Em consequência, o alienante a título oneroso é obrigado a entregar ao
adquirente o valor dos bens da herança de que tiver disposto (art. 2199\1), já não
tendo, porém, que fazer se a alienação for a título gratuito.

Mas independente de o adquirente ter obtido a título gratuito ou oneroso, é obrigado


a reembolsar o alienante do que este tiver despendido na satisfação dos encargos da
herança e pagar-lhe o que a herança lhe dever (art. 2129\2). Estas regras são
supletivas, podendo ser estipular algo de diferente (art. 2129\2).

4-Perturbações da prestação

O alienante da herança e de quinhão hereditário é obrigado a garantir a sua qualidade


de herdeiro, pelo que responde pela alineação de coisa alheia se não vier a ser
reconhecido como herdeiro (art. 2127). A sua responsabilidade varia consoante a
alienação seja efetuada a título oneroso ou gratuito.

5-Direito de preferência

A lei prevê a atribuição de direito de preferência aos restantes herdeiros em caso de


alienação do quinhão hereditário, nos mesmos termos em que esse direito assiste os
co-proprietários (art. 2130\1).

O prazo para exercer esse direito, havendo comunicação para a preferência é de 2


meses após a comunicação (art. 2130\2).. No caso de não ocorrer comunicação para a
preferência, deve ser aplicado o prazo de 6 meses após conhecimento da alienação
(art. 1410).

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