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Hoje, à uma elevada quantidade de atos jurídicos, tutelados pelo direito. As pessoas
celebram constantemente, no seu dia-a-dia vários negócios jurídicos. Os negócios dão
se de tal forma que a pessoa comum não é consciente, quando intervém em negócios
jurídicos, das suas liberdades de celebração e estipulação (raramente fazem mais do
que simplesmente aceitar ou recusar as propostas jurídicas, não criam discussão, pois
não apresentam contrapropostas).
Comportamentos concludentes
A maioria dos negócios são adotados em esquemas negociais, sem que haja
manifestação da vontade de fazer negócios por esse esquema, chama-se a contratação
através de comportamentos concludentes. Por exemplo, quando a pessoa entre no
metro, aplica-se logo o já decidido regime negocial, pelo que não cabe, em princípio,
indagar de qualquer vontade de celebrar o contrato de transporte.
Sem haver generalidade, seria apenas uma simples proposta feita por alguém que não
aceita contrapropostas, enquanto que a falta de rigidez, se assistiria a um exercício de
liberdade negocial.
Além destas, aparecem outras caraterísticas que não sendo necessárias, surgem com
frequência nas cláusulas contratuais gerais; assim:
As cláusulas despropositadas, que contra a corrente legal do negócio que sejam nele
introduzidas, frustrando os objetivos normais, devem ser invalidadas.
- A prévia aprovação das cláusulas contratuais gerais, para que possam, legitimamente
ser utlizadas;
A matéria das cláusulas contratuais gerias foi transposta do código civil Italiano para o
ordenamento jurídico Português.
Antes as cláusulas gerias contratuais eram, remetidas, na falta de outro esquema, para
certos princípios genéricos capazes de se aplicar: nessa fase, fazia-se recurso às meras
soluções comuns.
-O tema das ccg carecia, em Portugal, de uma intervenção legislativa cuidada: Apesar
de comum, não havia regulação a estas; A posição era a confirmada pelo direito
comparado e por recomendações de organismos Internacionais;
A lei das cláusulas contratuais gerais visou uma aplicação sobre todas as cláusulas
(artigo 1\1). O artigo 2 específica que as cláusulas ficam abrangidas
independentemente:
-Da forma da sua comunicação ao público; tanto se visam formulários como, por
exemplo, uma tabuleta de avisa ao público;
Algumas matérias ficam excluídas da disciplina das cláusulas contratuais gerais, seja
por razões formais (artigo 3\1 a) e b)), quer seja em função da matéria (artigo 3\1,
alíneas c), d), e))
A matéria das LCCG, quando não tenha aplicação, vale como instrumento auxiliar de
apreciação sobre a concretização de conceitos indeterminados, como a boa-fé. Esta
tem sempre aplicação assegurada em todo o ordenamento.
A diretriz 93\13, diz-nos que não há cláusulas abusivas sobre o objeto principal do
contrato, sobre o preço e remuneração, por um lado, e por outro lado, dos bens em
serviços a dar em contrapartida desde que essas cláusulas estejam m redigidas de
maneira clara e compreensível. Então mesmo que as cláusulas aparentem ser abusivas,
deixam de o ser, desde que sujam de maneira clara e compreensível.
O recurso a cláusulas contratuais gerais não deve fazer esquecer que elas questionam,
na prática, apenas a liberdade de estipulação e não a liberdade de celebração.
Assim, elas se incluem nos diversos contratos que as utilizem, os contratos singulares,
apenas na conclusão destes e mediante a sua aceitação (artigo 4 LCCT). Há que
reafirmar este ponto, já que não são efetivamente incluídas nos contratos as cláusulas
em que não tenha havido acordo de vontades.
Mas, dado que as cláusulas contratuais gerias tem um modo de formação diferente,
não basta a simples aceitação, como no direito comum: é necessário, ainda, um
conjunto de requisitos, expostos no artigo 5 LCCG, as quais são:
-Haver comunicação na íntegra: deve entender-se que esta comunicação deve ser feita
com todos os interessados diretos.
O grau de diligência postulado pelo aderente e que revela para efeitos de avaliar o
esforço posto na busca de informação é o comum (artigo 5\2, in fine); deve ser
calculado em abstrato, mas de acordo com as circunstâncias típicas de cada caso.
O artigo 5\3 dispõe sobre o ónus da prova: o utilizador que alegue contratos
celebrados na base de cláusulas contratuais gerais deve provar, além da adesão, o
cumprimento do dever de comunicar (artigo 342 CC). Neste caso, o utilizador, contra o
acusante, terá de provar que efetivamente lhe comunicou corretamente.
Deve-se, contudo, ter presente que, mesmo nessas situações de falha de vontade, há,
em termos formais, um assentimento. Segundo a LCCG, a solução será a mais simples,
a exclusão dos contratos singulares atingidos., artigo 8 a) e b).
Para além de impor dever particulares, a lei ocupa-se ainda de certas práticas
habituais, que podem colocar em causa um efetivo conhecimento, pelo aderente, do
conteúdo do contrato que vai celebrar —> proibição das cláusulas de surpresa —
“Com frequência, são formuladas propostas negociais referidas a CCG incluídas em
formulários que desencorajam a sua leitura. Isto acontece quer pelo tipo de letra
usado ser muito pequeno, quer pelos formulários serem muito extensos e impressos
em cores pouco percetíveis”.
O artigo 9 da LCCG determina que, quando não se assista à inclusão de certas cláusulas
contratuais gerais nos contratos singulares, por força do artigo 8, estes se mantenham,
mas apenas em princípio. Nas áreas afetadas pela exclusão de outras cláusulas, haverá
que recorrer conforme os casos:
-Remete para uma interpretação que tenha apenas em conta o contrato singular.
O artigo 10 aponta para a segunda solução. A prazo, isto leva os utilizadores das
cláusulas contratuais gerais, a fazer formulários minuciosos que não deixem hiatos
interpretativos.
- O aderente pode escolher entre o regime geral (nulidade com hipótese de redução)
ou manutenção do contrato;
-Caso estas não cheguem, faz-se apelo às normas relativas à integração do negócio,
podendo contudo ser bloqueado por exigências de boa-fé, pelo que se seguirá o
esquema da redução, se possível; se não for possível terá de se obter a nulidade.
A LCCG ficaria impraticável se não concretizasse os moldes materiais das cláusulas que
se consideram proibidas. A lei do DL nº 220\95, distinguiu para efeitos de proibições (o
regime das cláusulas proibidas pode variar):
-Situações comuns por natureza: todas aquelas que contrariem a boa-fé, tal como
resulta dos artigos 15, com os fatores resultantes do artigo 16;
-As relações entre consumidores finais e, genericamente, todas as não abrangidas pela
caraterização acima efetuada (artigo 20)
A distinção entre estes dois últimos ocorre, pois permite uma proteção diferenciada,
adaptada à sua natureza.
Na proibição de cláusulas, a lei segui uma técnica particular:
Para além das regras gerais (relativas à boa fé, artigo 15 e 16), podemos, assim,
considerar que o dispositivo relativo aos empresários funciona como um mínimo
aplicável em todas as circunstâncias; a somar a ele, tratando-se às relações com
consumidores finais ou de situações não redutíveis às dos empresários, por exemplo,
relações entre meros particulares, há que aplicar outras proibições.
Em geris, as cláusulas proibidas têm como teor: Nas relações entre empresários deixa-
se, às partes, apenas se prevenindo, nesse domínio, aquelas que exonerem uma das
partes da responsabilidade que lhes caiba e nas relações dos consumidores finais,
aplicam-se essas, mas teve de se ir mais longe, sendo assegurados outros dispositivos
de proteção.
-As cláusulas absolutamente proibidas não podem ser incluídas nos contratos, a
qualquer título, a contratos através do mecanismo de adesão (artigos 18 e 21);
- As cláusulas relativamente proibidas não podem ser incluídas nos contratos a menos,
sobre elas, incida um juízo suplementar que a tal conduza; tal juízo deve ser aplicado
pela entidade aplicadora, no caso concreto, dentro do espaço para tanto indiciado no
preceito legal (artigos 19 e 22). Esse juízo cabe, de acordo com o contrato.
Á luz da regra geral da boa-fé, tal como resulta dos artigos 15 e 16, as diversas
proibições específicas dos artigos 18,19,21 e 22 são exemplificativas. A remissão à boa-
fé permite o controlo do conteúdo dos contratos.
Continuação; especificação
-Cláusulas absolutamente proibidas nas relações dos consumidores finais (artigo 21);
.Cláusulas relativamente proibidas nas relações com consumidores finais (artigo 22).
Deve-se ter presente que as proibições para as relações entre empresários e
equiparados se aplicam, também, nas reações com os consumidores finais.
O artigo 18 da LCCG, nas suas alíneas a), b), c) e d), por proibir as chamadas cláusulas
de exclusão ou limitação da responsabilidade. O legislador pretendeu deixar, entre
empresários, dominar com autonomia privada alargada, mas com responsabilidade
inerente aos danos causados. Todas as outras regras do artigo 18, que não as da alínea
a), b), c) e d), transcende o domínio das cláusulas contratuais gerais, aplicando-se a
todos os contratos, independente do seu modo de celebração.
A alínea e) visa evitar que se procure conseguir por via interpretativa, aquilo que as
partes não podem diretamente alcançar. Na verdade, a hermenêutica dos contratos
regula-se por regras próprias, exteriores às cláusulas. O preceito aqui apresentado tem
a ver com a interpretação de qualquer regra contratual, venha ela, ou não de cláusulas
já previamente predispostas.
As alíneas f), g), h) e i) têm a ver com os institutos da exceção do não cumprimento do
contrato (artigo 428 e seguintes), da resolução por cumprimento (artigos 432 e
seguintes), do direito de retenção (artigo 754 e seguintes), das faculdades de
compensação (artigo 847 e seguintes) e de consignação dos depósitos (artigo 841 e
seguintes). Trata-se de institutos que garantem o cumprimento das obrigações. Trata-
se de institutos que garantem o cumprimento das obrigações. Estas não podem ser
excluídas por cláusulas.
A alínea j) visa evitar obrigações perpétuas ou obrigações cuja duração ficasse apenas
dependente de quem recorra às cláusulas contratuais gerais.
A alíneas a) e b) têm a ver com prazos de contratos. No decurso desses prazos, uma
das partes fica submetida à vontade da outra. Em concreto, pode compreender-se que
assim deva ou possa ser. A justificação, contudo, desaparece quando os prazos sejam
demasiado alongados O quanto admissível depende, então, de cada tipo negocial em
jogo-
A alínea c) proíbe cláusulas penais desproporcionadas aos danos a ressarcir. O artigo
812 já permitia a sua redução segundo juízos de equidade.
A alínea d) diz-nos que, caso a caso será necessário indagar a suficiência das
declarações de vontade, para que se possa ajuizar se determinado comportamento
pode ser suficiente para substituir a declaração formal de vontade.
A alínea d): A garantia das qualidades da coisa cedida ou dos serviços prestados pode
ser posta na dependência do recurso a terceiros. Por exemplo, a garantia dos
automóveis, que exige a regular manutenção feita por agentes autorizados. Caso a
caso, nos termos do d), terá que se demonstrar.
Em todos estes casos de proibição relativa, deve entender-se que, perante a sua
concretização, toda a cláusula em jogo é afetada. Não há como reduzir a cláusula nos
termos da lei das cláusulas contratuais gerais. Quando se tenha uma proibição, ainda
que relativa, a cláusula é toda nula, seguindo-se a aplicação do direito supletivo como
forma de tentar afastar a nulidade.
As proibições relativas do artigo 22 acentuam, também, esta mesma via. Nas relações
com consumidores finais, não se trata apenas de negar a exclusão de responsabilidade.
Há que assegurar a própria obtenção do bem, já que a obtenção de uma indemnização
é problemática.
Também aqui, nas relações dos consumidores, a alçada destas proibições significa a
nulidade das cláusulas.
A ação inibitória e outros aspetos
A nulidade das cláusulas contratuais gerais mostra-se, como foi referido, insuficiente
para garantir a posição dos consumidores finais. A LCCG inseriu, por isso, uma solução
mais eficaz, a ação inibitória que faculta, quando proceda, a proibição judicial de
utilização de certas cláusulas, independente da sua inclusão em contratos singulares.
O ministério público tem sido, na prática, o grande motor das situações inibitórias já
intentadas. Também se registram ações inibitórias intentadas pela DECO.
Decidida a proibição, as cláusulas atingidas não mais podem ser incluídas em contratos
(artigo 32), incorrendo, caso o façam, os utilizadores a sanções pecuniárias (artigo 33).
As decisões judiciais são comunicadas para efeito de registo (artigo 34).
Negócios usurários e defesa do consumidor
1-Negócios usurários
1.1-A “laesio enormis” e as codificações
1.2-Evolução Portuguesa
No século 19, as partes mais fracas ficaram desprotegidas, com juros de 30% com
garantia hipotecária e de 60% com penhor. Para combater isto, o código de Seabra, no
artigo da usura veio a ganhar um novo sentido, para proteger as partes de juros
excessivos.
O negócio usurário tem hoje um regime diverso do dos juros usurários: estes são
matematicamente e objetivamente fixados, enquanto que o negócio usurário lida com
vários conceitos indeterminados.
O artigo 282 apresenta alguma complexidade, sendo necessário analisar os seus vários
elementos. Tendo assim elementos reportados aos sujeitos e, dentro destes, relativos
ao usurário e à vítima da lesão, também aos elementos relativos do negócio.
Em relação ao usurário:
-A lei atual exige que ele “explore” determinada situação de vulnerabilidade da vítima.
Esta trata-se de uma fórmula que na prática equivale, ao aproveitamento consciente
exigido pelo artigo 282, na versão original do código civil. Com “exploração” pode esta
não implicar o conhecimento da fraqueza da contraparte.
Em relação à vítima:
Apesar desta interpretação separada dos vários elementos da usura, convém lembrar
que este instituto é de natureza unitária. As proposições do artigo 282 devem ser
interpretadas e aplicadas em conjunto, dentro da mecânica de um sistema móvel:
Quando a lesão seja muito grande, a “exploração” e a fraqueza do prejudicado
poderão estar menos caraterizadas.
2.2-Contratos pré-formulados
O problema dos contratos pré-formulados veio a ser encarado pelo prima da tutela do
consumidor. A diretriz n 93\13, de 5 de Abril regula cláusulas abusivas nos contratos
celebrados com consumidores. Dispões que a cláusula: “que não tenha sido objeto de
negociação individual é considerada abusiva quando, a desrespeito da exigência da
boa-fé, der origem a um desequilíbrio significativo em detrimento do consumidor,
entre os direitos e obrigações das partes decorrentes do contrato”.
Esta cláusula atinge as cláusulas contratuais gerias. Mas, atinge também as cláusulas
rígidas, a incluir contratos pré-formulados. A grande novidade da diretriz 93\13 foi,
pois, a de alargar aos contratos pré-formulados a defesa dispensada aos contratos por
adesão. Com uma particularidade: em ambos os casos, a defesa apenas funciona
perante consumidores.
2.3-A publicidade
Este código variou inúmeras vezes. Uma das grandes variações atuais relativamente às
suas precedentes foi ter que lidar com diretrizes comunitárias. São elas, todas do
conselho:
De certo modo, a publicidade comercial terá surgido com o mercado. Com o tempo
esta tem vido a ganhar cada vez mais relevância pública, aparecendo, a seu propósito
de uma preocupação assumida com a proteção do consumidor.