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Cláusulas contratuais gerais (página 28 até 31 sebenta) DL nº 446/85, de 25 de outubro (lei das cláusulas contratuais gerais).

Cláusulas contratuais gerais: São proposições pré-elaboradas que proponentes ou destinatários


indeterminados se limitam a subscrever ou a aceitar.
Os contratos celebrados segundo cláusulas contratuais gerais são contratos e, portanto, são acordos.
Os formulários só se tornam contrato quando alguém os aceita. As cláusulas contratuais gerais são
uma particularidade na formação do negócio, mas não é por existirem essas cláusulas que há negócio,
só há negócio se houver acordo.
As pessoas que utilizam cláusulas contratuais gerais têm deveres especiais ao fazerem isso:
Artigo 1 LCCG → Âmbito de aplicação;
Artigo 1/2 LCCG → O regime das CCG é aplicável aos contratos rígidos
Artigo 5 LCCG → Comunicar integralmente as cláusula;
Artigo 5/3 LCCG → Ónus da prova de que cumpriu estes deveres;
Artigo 6 LCCG → Informar, ou seja, prestar esclarecimentos;
Artigo 7 LCCG → Se porventura, num contrato celebrado segundo cláusulas contratuais gerais, tiver
havido negociação sobre alguma das cláusulas, a cláusula negociada prevalece sobre o formulário.
Artigo 8 LCCG → Se os deveres não forem cumpridos há uma exclusão daquelas cláusulas do contrato.
Apesar de excluir as cláusulas não comunicadas, não impede a aplicação do regime geral da culpa in
contrahendo.
Artigo 9 LCCG → Contratos efetivamente celebrados, subsistem, não obstante essas cláusulas não
terem sido incluídas, a menos que o aderente não o pretenda.
Artigo 10 e 11 LCCG → Regras especiais de interpretação.

Artigo 227 (Culpa na formação do contrato)


Outra área com a qual a lei se preocupou. Tentativa do legislador de manter a ordem, manter uma
certa moralidade na formação do negócio. As partes são livres de negociar, mas há limites:
• Deve tanto nos preliminares como na formação dele: tudo na formação do negócio está sujeito
ao artigo 227º
• Os negociadores devem proceder segundo as regras da boa-fé.
Boa-fé
Menezes de cordeiro: Conjunto dos princípios fundamentais do ordenamento jurídico vocacionados
para intervir no caso concreto.
Maria Raquel Rei: os deveres de proteção não existem. O artigo 227º CC é um artigo que se destina a
proteger a negociação e não o património ou a pessoa do outro negociador. Aquilo que protege o
património e a pessoa do outro contraente são valores que estão consagrados no artigo 483º C.

O que é que acontece se as partes não respeitarem a boa-fé nas negociações?


Artigo 227º → O negociador que não respeitou a boa fé tem o dever de indemnizar o outro nos danos
em que incorre.

Quais são os danos que a pessoa que violou a boa-fé tem de indemnizar?
Aquilo que deve ser indemnizado é:
• Interesse contratual negativo (interesse da confiança): vou ter de pagar o que for necessário
para colocar o lesado na posição em que ele estaria antes do facto ilícito, antes da negociação.
• Interesse contratual positivo (interesse do cumprimento): tenho de colocar o lesado na posição
em que ele estaria depois do facto ilícito, mas imaginando que tudo tinha corrido bem.

Qual é o tipo de responsabilidade que está aqui em causa?


• Menezes de Cordeiro: entende que estamos perante uma responsabilidade contratual porque
acha que existe uma relação especial entre os negociadores e não apenas deveres genéricos de
respeito
• Quem entende que estamos perante uma extracontratual: um dos argumentos principais está
no 227º/2 CC que faz uma remissão para o 498ºCC que é um artigo da prescrição, mas da
prescrição extraobrigacional

Quando se pode aplicar o 227?


O artigo e a indemnização por culpa in contrahendo aplicar-se, mesmo que o contrato não se celebre,
mesmo que o contrato seja inválido, ou até mesmo se o contrato se celebra. A responsabilidade civil é
um facto jurídico, portanto, não está dependente da produção de efeitos de um negócio. A aplicação
do 227ºCC é independente do destino do contrato, desde que se verifiquem os pressupostos do 227ºCC,
é possível solicitar uma indemnização.

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