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Interpretação e aplicação

É através das regras de interpretação que aprendemos a pensar como juristas. Subjetivismo e Historicismo: relacionam-se na medida em que procuro o sentido que o autor
Quando se fala de interpretação existem dois sentidos possíveis: da norma tinha em mente quando a criou- Combinação mais comum
Þ Interpretação em sentido estrito: Fixar o sentido das palavras utilizadas pelo Subjetivismo e Atualismo: relacionam-se na medida em que querem descobrir a vontade do
legislador, olhar para um texto legislativo e partir dele reconstruir a norma autor da norma se ele tivesse em atenção as condições atuais.
incita nesse texto, as palavras do legislador são o limite para a resposta dos Objetivismo e Historicismo: relacionam-se na medida que posso querer descobrir o sentido
casos. objetivista da norma quando foi criada.
Þ Interpretação em sentido amplo (para além da letra da lei): Desenvolvimento Objetivismo e Atualismo: relacionam-se na medida que posso querer descobrir o sentido
da lei e do direito para além do sentido possível das palavras usadas pelo objetivista da norma quando a aplicar - Combinação mais comum
legislador para encontrar resposta para casos concretos.
Exige um esforço adicional de justificação forte porque se de facto estou a No artigo 9 cc á alusões às duas orientações, objetivas e subjetivistas.
encontrar uma solução para um caso que não tem correspondência na letra da Alusão à teoria subjetivista: quando se diz a interpretação deve reconstruir a partir do texto
lei, estou a exceder os limites da lei; o pensamento legislativo. Não se diz pensamento do legislador ou pensamento da lei;
Tem limites previstos na constituição que não existem em sentido estrito, Alusão ao historicismo: deve ter em conta as circunstâncias em que a lei foi elabora;
porque em sentido estrito estamos a respeitar as palavras do legislador; Alusão ao atualismo: condições especificas do tempo em que é aplicada.
Atualmente é sempre necessário interpretar a lei mesmo que ela nos pareça clara, para
chegar a essa conclusão temos de a interpretar. O sentido das palavras utilizadas pelo Qual é a orientação que devemos seguir entre objetivismo e subjetivismo?
legislador é muitas das vezes diferente do sentido comum que atribuímos às palavras, só O subjetivismo deve ser integrado no objetivismo, ou seja, a vontade do legislador é
esse facto demonstra a importância de interpretamos a lei revelante, mas é revelante como razão que deve ser ponderada atendendo á
legitimidade do legislador.
Qual é o objeto da interpretação? O texto. Já não será revelante se por subjetivismos se entender querer recuperar o sentido da
Não é inteiramente correto porque quando interpretamos normas, não interpretamos norma, o único sentido possível seria identificado com a vontade do legislador.
apenas o texto, porque surgem sempre problemas concretos que não estão contidos no O sentido da norma só pode ser aquele que o legislador entender.
texto. Esse objeto é identificado, como um diálogo entre dois aspetos que fazem o
objeto da interpretação. A norma jurídica não é o texto, mas é obtida a partir dela, para Modalidades da interpretação:
além disso, as palavras da lei são incertas, pois as leis não são redigidas com base Se eu posso interpretar a lei também a posso alterar, uma lei pode interpretar outra lei
numa linguagem formal. não há verdadeiramente interpretação, pode dizer que está a interpretar a lei, mas está
a alterá-la 112/ 5 artigo cc.
Qual é o propósito do intérprete? / Fins da interpretação • Interpretação doutrinal: verdadeira interpretação, feita pelos juristas; interpretação
Existem 4 respostas possíveis: cuja força persuasiva resulta da fundamentação das rações em que se baseia;
• Subjetivismo: O fim da norma é descobrir a intenção do legislador; • Interpretação autêntica: feita pelo próprio autor da norma;
• Historicismo: Interpretar a norma como quando foi criada; • Interpretação judicial: está a meio caminho entre a doutrinal e autêntica. O juiz não
• Objetivismo: Sentido objetivo da norma; pode alterar a lei, mas interpretação que ele faz tem uma força vinculativa às partes
• Atualismo: Interpretar a norma é descobrir o seu sentido atual; que estão sujeitas à decisão pelo juiz;
• Interpretação expositiva: interpretação encontrada nos manuais quando se expõe a 2. Estudos preparatórios realizados pelos autores que são mais significativas e tem uma
matéria e se interpretam as normas cujo objeto é expor o texto da lei em termos que estrutura mais científica
permitam facilitar a aprendizagem de o aprender; 3. Caso legis: Circunstância histórica que motivou a analise do legislador
• Interpretação prescritiva: pretende resolver o caso concreto, interpretação no sentido
pleno da palavra, parte da lei com o objetivo de resolver o caso prático; Elemento literal
• Interpretação particular: feita por quem não entende nada da lei. Surge no artigo 9, este elemento é o limite de toda a interpretação em sentido estrito.
Compreende a aspetos puramente descritivos e normativos utiliza a língua portuguesa
Elementos da interpretação: com as mesmas regras gramaticais e sentido geral das palavras, ou seja, uma
• Literal: O texto, as palavras. É o mais importante; linguagem corrente.
• O elemento sistemático: O contexto; Para resolver as ambiguidades, os filósofos do direito usam várias estratégias e
• O elemento histórico: Considerar na interpretação o que estava antes para classificações, por exemplo:
compreender oque eu está depois; Distinção entre:
• Elemento teleológico: elemento que visa dar importância ao fim da norma; • núcleo (realidades que sabemos que são designadas pelas palavras do legislador)
Tem um problema: as vezes é difícil saber qual o objetivo da norma. • periferia do conceito (quando a certeza se vai diluindo);
Todos os elementos apontam para o mesmo resultado, ou não. • Candidatos positivos á aplicação da lei: temos a certeza que a lei se aplica naquele
caso
Quando o elemento literal é ambíguo, mesmo que recorramos aos outros não teremos • Candidatos negativos á aplicação da lei: temos a certeza que não se aplica
um mesmo resultado. O elemento literal é o mais importante pois recorremos a ele é o • Candidatos neutros á aplicação da lei: não temos a certeza que se aplica ou não
ponto de partida e o ponto de chegada quando a interpretação é feita em sentido É graças aos candidatos neutros que recorremos aos outros elementos.
restrito dos restantes elementos interpretativos. Começamos com as palavras do Conceitos normativos: não se limitam a descrever a realidade, mas permitem que a
legislador, recorrendo aos outros elementos de interpretação, mas não podemos recorrer realidade se vincule ao que neles está abrangido;
de tal forma que se afaste do que o legislador disse (art9/2). Em suma, as palavras usadas pelo legislador são uteis como fonte de partida, tendo de
usar o elemento literal de modo a controlar o recurso ao elemento extraliterário,
Elemento sistemático contudo, quando o elemento literal é ambíguo, este perde a sua importância e temos de
É seguro porque uma solução normativa no sentido de uma lei, se temos 2 sentidos recorrer aos outros elementos de modo a interpretar a norma.
possíveis para uma lei se um deles não é compatível com o contexto da lei temos de o
afastar. Se tivermos dúvidas temos de escolher o sentido da lei que se atoniza como as Elemento teleológico:
outras leis ou disposições constituídas em torno das que estamos a formas. Se uma lei Atende á finalidade da lei, e, visa libertar o intérprete de uma subordinação cega e
tiver diversos sentidos e um for incompatível com a constituição, então temos de o afastar formalista à letra da lei.
Este elemento tem dois critérios:
Elemento histórico • Critério teológico-subjetivo: procura apurar qual o fim que o legislador histórico teve
Tem 3 dimensões: em vista ao adotar a lei; conhecer a realidade para conseguir saber o que o
1. Quando quero interpretar uma lei e tenho dúvidas, devo consultar os precedentes legislador entende;
legislativos, as leis anteriores;
• Critério teológico-objetivo: procura apurar qual o fim da disposição legislativa “aqui e • Argumento por analogia: A analogia é um dos argumentos mais comuns na
agora”. Princípios éticos jurídicos para saber o fim da norma. interpretação, se numa determinada situação se prevê uma determinada norma
Problema do elemento teleológico: é fácil compreender o que significa o legislador perseguir jurídica, para uma situação semelhante essa norma tambem deve se cumprir deste
determinados objetivos com a adoção de uma determinada norma, parece, contudo, que se compra o elemento literal, vamos do particular para o particular.
incompreensível pretender que a própria lei tenha objetivos de atuação de alguém. É o oposto do argumento á contrário.
Nós vamos por semelhança incluir no âmbito de uma disposição uma outra realidade
Interpretação conforme a constituição semelhante através da comparação.
Quando há dúvidas na interpretação, então fazemo-lo por forma a fazer corresponder o Temos de ter cuidado porque por ser tão abrangente por ser usado na interpretação
sentido da norma ao que está disposto na constituição. extensiva utilizada dentro dos limites das palavras, e recorremos a ele para preencher
Isto não é rigoroso, pois pressupõe sempre que haja várias interpretações possíveis de lacunas por analogia. Existe muito direito vinculado á lei.
acordo com os critérios tradicionais, ou outros. Se há várias interpretações possíveis, • Argumento por maioria de razão: Se uma lei prevê uma determinada regra para uma
excluímos as que são incompatíveis com a constituição, escolhendo as que são conforme determinada situação, então, deve prever a mesma regulação para uma situação que
com a constituição. seja mais grave, mais evidente a necessidade dessa regulação.
A interpretação conforme a constituição não é interpretação. Num primeiro plano a É a partir daqui que se diz que a lei que permite o mais permite o menos, a lei que
interpretação já foi feita e depois delimita-se a excluir resultados interpretativos que proíbe o menos proíbe o mais.
sejam incompatíveis com a constituição. Coloca-se no plano valorativo, tem duas dimensões possíveis:

➢ Sempre que eu tenho uma lei que permite fazer uma coisa, também posso ter
Interpretação orientada com a constituição algo por isso;
Na atividade de interpretação, devemos ter em conta o que a constituição expõe sobre a
➢ É inverso: Se eu proíbo uma ação, não estou necessariamente a proibir algo
matéria que estamos a interpretar. É evidente que se estivemos a interpretar uma
menor que essa ação.
exposição para a qual seja revelante o discurso da constituição, devemos considerar a
Existe uma comparação de natureza valorativa.
propósito do elemento sistemático a constituição.
A constituição é a norma que está no topo da hierarquia das normas de fonte de legal. • Argumento pelo absurdo: serve para demonstrar que determinada norma interpretada
de uma certa forma conduz a um absurdo.

Outros elementos de interpretação: • Argumento económico: não devemos interpretar uma norma num sentido que faça
• Argumento á contrário: Uma determinada regulação vale para certas situações, logo coincidir com outra norma já existente no sistema, quando a interpretamos devemos
não vale para outras situações que não correspondam aquelas que estão previstas na sempre encontrar um sentido específico da norma que não se limite a seguir a mesma
lei, e para elas vale a regulação contrária; aferimos a regra geral a partir da norma interpretação que outra. Implica a utilização do elemento sistemático.
excecional. • Argumento da autoridade: atribuímos um sentido normativo a uma disposição porque
Quando mobilizamos o argumento á contrário, estamos a dizer que perante um alguém dotado na matéria já o fez, e apenas por essa razão.
enunciado que faz determinada ação, estão excluídas todas as ações presentes naquele
• Argumento naturalista: consiste em sobrepor a um enunciado normativo um outro
enunciado.
enunciado que resulte de raciocínios próprios de ciências descritivas.
Relaciona-se muito com a função do elemento literal. É um argumento importante no
• Argumento equitativo: leva a evitar soluções que sejam arbitrárias ou decenárias.
âmbito da interpretação declarativa.
• Argumento com base nos princípios jurídicos: Pode ter duas formas • Interpretação corretiva: quando o interprete acha que a lei encerra um sentido
§ 1ª forma: A partir de várias disposições que existem numa lei, extraímos por contrário à sua ideia de justiça.
indução um princípio, aplicando-o a situações análogas. Nesta interpretação, de forma alguma está incluída o afastamento de uma norma que
§ 2ª forma: Quando interpretamos uma ordem devemos fazê-lo procurando contraia a constituição.
maximizar princípios que já estejam num direito. Só a interpretação corretiva quando o interprete faz um juízo subjetivo de desacordo

• Argumento da legitimação dos meios pelos fins: Não diz que os meios justificam os fins, com o legislador, e essa interpretação que o nosso ornamento jurídico não permite.

mas sim que se um fim é legitimo então deve de haver um meio também legitimo para
perseguir esse fim. O que são normas excecionais? Artigo 11
Normas excecionais: normas que preveem para um conjunto limitado de situações, um

Resultados a que podem conduzir os elementos tradicionais: regime contrário ao regime regra. Não existe uma exceção sem existir uma regra.

• Interpretação declarativa: o interprete chega quando todos os elementos da Se uma disposição é adotada para uma situação excecional, não pode ser aplicada

interpretação convergem no mesmo sentido, o elemento literal conduz á mesma analogicamente a casos em que não se verifique a situação excecional, nem em casos

interpretação que os extras literal. que se verifica em outras situações excecionais.

Existem ainda três tipos de interpretação: Quando o juiz decide num caso omisso aplicando por analogia uma solução prevista na
lei, o caso omisso vai continuar a existir, só deixando de existir caso o legislador elimine
➢ Interpretação declarativa lata:
a lacuna. O intérprete preenche a lacuna num caso concreto, pode eventualmente criar
➢ Interpretação declarativa media: uma corrente de jurisprudencial e podendo vir (ou não) a constituir fonte de direito.
➢ Interpretação declarativa restrita: • Se quisermos aplicar por analogia a norma excecional a um outro caso que se
imponha ao legislador, que por razões de princípios não pode deixar de ser a mesma
• Interpretação extensiva: aquela interpretação em que as palavras traíram o legislador, solução por aquela que está contemplada na norma excecional, então esta pode ser
tinha um determinado fim, mas não o alcançou graças às palavras objeto de analogia, ou seja, sempre que o caso omisso concretize um princípio que é
• Interpretação restritiva: o legislador foi além daquilo que pretendia nas palavras tambem expresso pela norma excecional, a analogia é possível apesar do que diz o
utilizadas. O sentido literal das palavras tem de ser restringindo para coincidir com os artigo 11. Este só se aplica aquelas exceções que tem como único fundamento não o
elementos extra literais, concluindo por eles se é necessário estender ou restringir as princípio jurídico, mas a vontade política do legislador.
palavras utilizadas.
• Se a solução consagrada na exceção se apoia no princípio, a mesma será meramente
• Interpretação ab-rogante: Permite concluir que não há norma no texto da lei. Pode
formal. Pelo contrário, uma exceção será material quando se integre na estratégia
acontecer em três situações:
depois de prossecução duma determinada política.
➢ Quando as palavras não fazem sentido gramatical;

➢ Quando a lei remete para outro regime que não existe ou se prevê que venha a O artigo 11 difere ainda:

existir; Aplicação analógica: quando se aplica uma norma a um caso reconhecido como
excluído do seu campo de aplicação atendendo ao sentido literal possível das palavras
➢ Quando na mesma lei existem termos contraditórios.
da lei, o que equivale a elaboração de uma nova norma.
Não é possível uma interpretação ab-rogante valorativa, na medida em estabelecer
relação entre leis de modo a prevalecer uns. Só é possível nessas três interpretações.
Interpretação extensiva: quando se estende o significado do termo para além do seu • Analogia do direito: A partir de diferentes regras vamos obter por indução o princípio
significado literal, de modo a atribuir relevância a elementos da previsão situado área jurídico que depois podemos aplicar em casos omissos.
de penumbra da expressão legal.
Proibições de analogia
Lacuna Ordens excecionais: Essa proibição não pode ser dividida em termos literais, ou seja, não
Ocorre quando uma situação devia ter uma norma reguladora de acordo com a ordem se pode ler o artigo 11 e extrair a conclusão de que todas as normas excecionais não
jurídica, mas esta não existe naquele caso. Temos de perceber se se trata de um espaço admitem analogia, isso só acontece em exceções em sentido próprio, aquelas cujo as
livre de direito ou se é contraria ao plano da própria ordem jurídica. rações de ser assentam uma unicamente nas vontades do legislador e não no
Existem 2 perspetivas: reconhecimento de um determinado princípio que justifique a analogia á regra geral
• O sistema é completo e autossuficiente, não existem lacunas. nesse caso já será possível a analogia.
• Quando falamos em lacunas estamos a falar de lacunas que tenham a ver com a Normas penais positivas: Normas que definem crimes ou medidas de segurança, essas
ausência de atos normativos e temos de falar em lacunas dos atos legislativos, não normas não são passiveis de analogia porque isso resulta de um princípio constitucional
normativos. Assim sendo, o sistema é completo a nível normativo está previsto no artigo 29/3 crp. Em suma, não é possível a analogia a partir de um
crime.
Quais é que são as modalidades de lacunas? Normas que definem os elementos essenciais do imposto: Aquela que está prevista para
• Lacunas genuínas: lacunas que se detetam na própria revelação do legislador as normas tributárias, as normas que determinam a incidência, a taxa, os benefícios
• Lacuna teleológica: detetamos pelo fim da disciplina legal fiscais e a garantia dos contribuintes á luz do disposto artigo 103 da crp. Estas normas
• Lacuna oculta: está associado á ideia de redução teológica, só descobrimos quando não são suscetíveis de aplicação analogia, resulta alias do artigo 11 da lei geral
reduzido o âmbito de aplicação de uma norma; tributária. Não pode haver aplicação analogia por razão de segurança e objetividade é
• Lacunas iniciais: existe desde o momento em que a norma é criada; evidente, está em causa uma lei que cria um imposto é uma lei que cria um vínculo forte
• Lacuna subsequente: ocorre quando em virtude do desenvolvimento tecnológico e para os cidadãos e eles tem de saber contar com os impostos no planeamento da sua
económico surgem informações que não estão contempladas na letra da lei; vida. Se o fisco pudesse por analogia aplicar normas tributárias a situações nelas não
• Lacunas consciente: quando o legislador propositadamente não quer legislar sobre uma expressamente comtempladas, poria em causa a segurança do trafico jurídico.
vertente porque ainda anão tem segurança para o fazer;
• Lacuna inconsciente: o legislador não se apercebe que determinada matéria parece Conceito de redução e extensão teológica
revolução jurídica; Casos do desenvolvimento do direito para além do elemento literal, mas em obediência
• Lacuna de colisão: ocorrem quando duas normas dispõem de sentido contrário sobre a ao elemento teológico, ou seja, o fim da norma.
mesma matéria; Redução teológica: em reduzir a regra contida na lei, está concebida de forma
Preenche-se as lacunas através da analogia demasiado ampla segundo o seu sentido literal para fazer coincidir com o âmbito de
aplicação que corresponde ao elemento teológico.
Analogia: Não corresponde a interpretação restritiva, nesta reduzimos o literalmente literal para o
Analogia para integração de lacunas. Podem ter 2 formas: fazer coincidir com os elementos extraliterais, aqui vamos mais longe. Reduzimos o
• Analogia da lei: temos um caso omisso, há um outro caso semelhante que está regulado elemento literal ultrapassando o mínimo de correspondência verbal estabelecido no
pela lei, então vamos buscar a solução legal e aplicar ao caso omisso;
artigo 9 cc. Algo que caberia na letra da lei, é excluído da letra da lei para salvaguardar definição de equidade, de acordo com o stor, temos de resolver um caso de forma que
o fim da norma. esta solução pudesse ser universal.
Extensão teológica: envés de excluir casos que não estão previstos na letra da lei, • Direito de necessidade: direito em que as normas rígidas não servem. Também aqui
incluímos na aplicação da norma casos que não estão previstos no que o legislador temos de atender á especificidade do caso em concreto
poderia prever e, no entanto, não o fez. • Abuso de direito e as figuras da boa-fé: se aplicássemos rigidamente as normas não
O problema é que a extensão teológica não se distingue da simples analogia, contudo, havia qualquer ilícito, mas se considerarmos o fim elegido estabelecido pelo titular do
tal não acontece em todos os casos direto, então as normas tinham de ser interpretadas uma nova fez. O conceito de abuso
de direito introduz o conceito de boa-fé:
Grupo de casos que escapam ao direito da lei • Boa-fé: terá grande relevância no direito.
Envés de falarmos em direito de desenvolvimento da lei falamos de desenvolvimento do • Concretização de clausulas gerais, conceitos indeterminados e princípios jurídicos:
direito. São estas as figuras que permitem uma expansão do direito para além da lei.
Estão previstos na lei no sentido em que a lei reconhece a sua impotência para Casos em que se pretende ultrapassar/contornar os efeitos da rigidez abstrata:
disciplinar todas as situações. Ao reconhecer prevê mecanismos que poderem permitir a Utilização pelo legislador de conceitos indeterminado que exigem ao juiz tendo em
solução do caso concreto conta as especificidades do caso concreto
Existem 2 tipos de mecanismos: Conceitos indeterminados: a sua determinação não pode resultar.
• Institutos regulados pela lei como se sucede;
• A lei utiliza conceitos que permitem uma grande margem de intervenção ao juiz. Concretização do direito para além da lei
O ponto principal é o reconhecimento pelo legislador a rigidez da norma abstrata tende O reconhecimento que lei tem certas matérias nas quais reconhece ser demasiado rígida,
a ver válvulas de escape. criando institutos que permitam combater essa rigidez.
O grupo de casos são: Casos em que a lei utiliza conceitos que dão uma grande margem de intervenção ao juiz
• Norma que o intérprete quereria: artigo 10/3 cc o que fazer quando existe uma lacuna na por isso confrontam com a necessidade de exercer um ato criativo quando aplica a lei,
lei, mas não existe nenhum caso anal(?). Se houver uma lacuna, então o interprete dentro de limites do sistema em que se integra.
preenche a lacuna através de uma norma que ele formula para o caso corneto como se Cláusulas Gerais: envés de haver uma regulamentação fechada, existe uma
fosse o legislador a fazê-lo. O intérprete preenche a lacuna, mas nunca faz desaparecer regulamentação aberta.
a lacuna. Conceitos indeterminados: pode ser usado na cláusula geral e tem várias características
• Equidade: artigo 4 cc. A equidade é quando a lei remete para a equidade, então oque que impedem a sua utilização:
está a dizer é que restringe totalmente do direito escrito e a solução é uma solução que • Conceitos politécnicos: apresentam vários sentidos;
se basearia no caso em concreto, ou então, a equidade não prestinge do direito positivo, • Vaguidade: conceitos que admitem, para além de uma zona de certeza negativa
mas sim de tudo o que é formal mantem tudo aquilo que é subjetivo. De acordo com o e positiva, ou núcleo, uma zona de incerteza ou periferia, em que se torna
stor nem uma nem outra é correta, porque a equidade é perante um caso omisso, nós duvidoso se o conceito é, ou não, aplicável;
entrarmos uma posição que seja suscetível de generalização e é com base nessa solução • Porosidade: ocorre quando um conceito empírico se vê confrontado com novas
que resolvemos o caso concreto. Só há justiça quando pensamos numa forma de resolver «experiências» ou «descobertas» não previstas pelo legislador;
o caso que consigamos ascender para outras situações idênticas. O artigo 10/3 é a • Conceitos de valor: a aplicação no caso concreto também pode ser altamente
questionável e conduzir a resultados diferentes quanto os seus aplicadores;
• Prognose: o intérprete faz um juízo de antecipação sobre como a situação vai evoluir. Segundo o método substantivo, as regras aplicam-se de acordo com a ideia de
Ao usar estes conceitos, aquilo que parecia ser uma característica essencial da aplicação silogismo (forma de raciocínio que parte do geral para o particular) judiciário, significa a
da lei pelo tribunal, é posto em causa por que o Juiz quando aplica a lei tem de fazer ideia de que é possível aplicar as normas passando de premissas gerais para chegar a
uma avaliação própria dos conceitos ao caso concreto, dando por esse motivo maior uma conclusão concreta. A dificuldade é que no direito estamos a reconduzir situações a
margem ao juiz na aplicação do direito. normas, e isto obviamente que muda tudo e torna a ideia de subsunção inviável,
Uma primeira fonte de atribuição de poder ao juiz, poder que não pode ser como simples especialmente quando está em causa conceitos indeterminados, clausulas, conceitos
utilização da lei, resulta do empregue de conceitos indeterminados e de clausulas gerais gerais, tipologias (...) então de facto a aplicação da lei segundo o esquema substantivo
torna totalmente impossível. A conclusão é que temos de reconhecer é que as formas de
Realidades que atribuem maior poder ao juiz: interpretação e aplicação do direito não são uniformes. Há muitos modelos de aplicação
Natureza das coisas: conceito que visa salientar que um legislador quando regula certas do direito, certas normas podem ser aplicadas segundo este método, outras já não
matérias não pode deixar de ter em atenção as exigências próprias e específicas dessas podem, mas sobrepõem uma ponderação para a aplicação no caso concreto. Estes
matérias. reconhecimentos poem em causa certos princípios básicos do ordenamento jurídico e do
Tipologia: Utilização ou formulação da lei sem recorrer a conceitos precisos que podem sistema constitucional: princípio da separação de poderes (quanto mais autonomia o juiz
ser definidos, mas recorrer a outra forma mais aberta de designar as realidades a que a tiver, mais ativo será no papel de aplicar lei);
lei se aplica; O juiz está a contribuir para o desenvolvimento de um projeto coletivo que começou
muito antes que ele e irá terminar após este.
Circunstância de as leis usarem normas de estrutura de princípios envés de normas que
tem estrutura de regras:
• Qualquer norma usada nas leis tem a estrutura ou de uma regra ou de um princípio, se
tiver a estrutura de uma regra significa que a aplicação dessa norma é uma questão de
se aplicar ou não.
• A mesma norma pode ser formulada como uma regra ou princípio;
• Não serve dizer que os princípios envolvem conceitos vagos enquanto as regras não;
• A ideia de determinabilidade é o mais importante, as regras dizem respeito a condutas
específicas enquanto os princípios dizem respeito a condutas inespecíficas e
indeterminadas, o que está em causa é uma aplicação daquilo que é possível em
ponderação com outros princípios.

Diferença entre interpretar e aplicar lei:


Atualmente é necessário interpretar a lei para depois a aplicar, só interpretamos quando
estamos a resolver casos em concreto, a aplicação é parte da interpretação.
Interpretar e aplicar não é uma ideia uniforme

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