Você está na página 1de 14

Interpretação da Lei Penal

Direito Penal I – Aula 04


Introdução
• Interpretar => buscar o preciso significado de
um texto, palavra ou expressão, com o intuito
de estabelecer o alcance da lei (possibilita sua
correta aplicação).
• Transparência => mesmo as leis mais claras
precisam ser interpretadas.
• O ato de interpretar é realizado por um
sujeito, o qual emprega um modo para chegar
a um resultado.
Introdução
• Formas de interpretação:
a) Quanto ao sujeito (origem), a interpretação
pode ser dividida em autêntica (legislativa),
doutrinária (científica) e jurisprudencial.
➢ Autêntica: fornecida pela própria lei. A
interpretação autêntica vincula os demais
intérpretes.
Exemplo: artigo 327 do CP (conceito de funcionário
público).
Introdução
• A interpretação autêntica é subdividida em:
❖ Contextual: editada conjuntamente com a
norma penal que conceitua.
❖ Posterior: lei distinta e posterior conceitua o
objeto da interpretação.
➢Doutrinária (communis opinio doctorum):
interpretação feita pelos estudiosos, pelos
jurisconsultos. Não vincula os demais
intérpretes.
Introdução
• Exposição de Motivos (auxilia a interpretação das
normas contidas no CP): trata-se de interpretação
doutrinária (elaborada pelos estudiosos que
participaram da confecção do CP).
➢ Jurisprudencial (judiciária ou judicial): significado
dado às leis pelos tribunais, quando exigida a
análise do caso concreto. Hoje, a interpretação
judicial pode adquirir caráter vinculante, uma vez
que o STF pode editar “súmulas vinculantes” (EC
45/2004 – artigo 103-A da CF).
Introdução
b) Quanto ao modo:
➢ Gramatical (filológica ou literal): interpretação
baseada no sentido literal das palavras
(etimologia).
➢ Teleológica: busca a vontade ou intenção
(finalidade) objetivada na lei (volunta legis).
➢ Histórica: busca a origem da lei (fundamentos
da sua criação).
Introdução
➢ Sistemática (sistêmica): busca interpretar a lei
em conjunto com as demais leis e com os
princípios gerais que integram o mesmo sistema
(coerência da interpretação observando “o
todo”).
➢ Progressiva (evolutiva): busca do significado legal
de acordo com o progresso da ciência.
➢ Lógica: baseada na razão (métodos dedutivos,
indutivos, utilização da dialética) para buscar o
sentido da lei.
Introdução
c) Quanto aos resultados:
➢ Declarativa (declaratória): a letra da lei
corresponde exatamente ao que o legislador
quis dizer (não acresce e nem diminui o
significado).
➢ Restritiva: reduz o alcance das palavras da lei
para adequar à vontade do texto.
➢ Extensiva: amplia o alcance das palavras da lei
para adequar à vontade do texto.
Introdução
• Interpretação sui generis:
➢ Exofórica: o significado da norma interpretada
não está no ordenamento normativo.
Exemplo: artigo 20 do CP (o significado da palavra
“tipo” é extraído da doutrina).
➢ Endofórica: o texto normativo interpretado
obtém o sentido a partir de outros textos do
ordenamento jurídico (ainda que fora da mesma
lei).
Introdução
• Interpretação conforme a Constituição:
extremamente relevante no contexto de um
Estado Democrático de Direito. A Constituição
informa e conforma as normas hierarquicamente
inferiores (confronto entre a norma legal e a
Constituição para aferir a validade daquela –
perspectiva garantista). Funciona como um filtro,
ao qual resistem apenas os dispositivos que
coadunam com os direitos e garantias esculpidos
na Constituição.
Introdução
• Interpretação objetiva (volunta legis) e
subjetiva (volunta legislatoris). Classificação
ultrapassada, não mais utilizada pela doutrina.
Interpretação Extensiva
• O alcance da norma pode ser ampliado, ainda
que em desfavor do réu?
• Divergência doutrinária.
REsp 476.315 do STJ – estreita legalidade.
Zaffaroni e Pierangeli – limite semântico.
A questão do uso de arma de brinquedo e o
crime de roubo majorado pelo emprego de
arma.
Interpretação Analógica
• Interpretação Analógica (intra legem):
baseada no princípio da legalidade, a lei
detalha todas as situações que deseja regular
e, posteriormente, permite que aquilo que
seja semelhante para ser abrangido pelo
dispositivo.
Exemplo: artigo 121, § 2º, III, do CP.
Utilização de fórmula casuística (genérica)
utilizada pelo legislador.
Analogia: Interpretação da Lei Penal
• Forma de autointegração do sistema, consistente
na aplicação de uma lei a um caso semelhante
não previsto em lei.
• O uso da analogia, em regra, é vedado no Direito
Penal, mas a doutrina é uníssona ao permitir sua
utilização, desde que observados dois requisitos:
certeza de que a aplicação será favorável ao réu e
existência de efetiva lacuna a ser preenchida.
• Analogia in bonam partem e analogia in malam
partem.

Você também pode gostar