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INTERPRETAÇÃO DA LEI

PROCESSUAL PENAL

Professor Gilson Miguel Gomes da Silva


Interpretação da Lei Processual Penal:

Artigo 3.º do Código de Processo Penal:


“A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.”

Interpretar uma norma significa buscar seu alcance e real significado.


Espécies: Quanto ao sujeito que elabora:

Autêntica ou legislativa: feita pelo próprio órgão encarregado da


elaboração da lei. Pode ser:
contextual: feita pelo próprio texto interpretado;
posterior: feita após a entrada em vigor da lei.

Doutrinária ou científica: feita pelos estudiosos e doutores do


Direito. Observação: as exposições de motivos constituem forma de
interpretação doutrinária, uma vez que não são leis.

Judicial: feita pelos órgãos jurisdicionais.


Espécies: Quanto aos meios empregados:

Gramatical, literal ou sintática: leva-se em conta o sentido literal


das palavras.

Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos


seus fins e à sua posição dentro do ordenamento jurídico
Espécies: Quanto ao resultado:

Declarativa: há perfeita correspondência entre a palavra da lei e sua


vontade.

Restritiva: a interpretação vai restringir o seu significado, pois a lei


disse mais do que queria.

Extensiva: a interpretação vai ampliar o seu significado, pois a lei


disse menos do que queria.
Interpretação da Norma Processual Penal:

A lei processual admite interpretação extensiva, pois não contém


dispositivo versando sobre direito de punir.

Exceções: tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade


pessoal (prisão em flagrante, por exemplo), o texto deverá ser
rigorosamente interpretado. O mesmo quando se tratar de regras
de natureza mista.
Formas de Procedimento Interpretativo:

Equidade: correspondência ética e jurídica da circunscrição – norma


ao caso concreto;

Doutrina: estudos, investigações e reflexões teóricas dos cultores do


direito;

Jurisprudência: repetição constante de decisões no mesmo sentido


em casos semelhantes.
Analogia:

Consiste em aplicar a uma hipótese não regulada por lei disposição


relativa a um caso semelhante.

Fundamento: Ubi eadem ratio, ibi eadem jus (onde há a mesma


razão, aplica-se o mesmo Direito).

Natureza Jurídica: Forma de auto-integração da lei, ou seja, forma


de supressão de lacunas.
Analogia. Distinção:

Analogia: inexiste norma reguladora para o caso concreto, devendo


ser aplicada norma que trata de hipótese semelhante.

Interpretação extensiva: existe norma reguladora do caso concreto,


mas esta não menciona expressamente sua eficácia.

Interpretação analógica: a norma, após uma enumeração casuística,


traz uma formulação genérica. A norma regula o caso de modo
expresso, embora genericamente (exemplo: artigo 121, § 2.º, inciso
III e IV do Código Penal).

Observação: não confundir interpretação analógica com aplicação


analógica. Aquela é forma de interpretação e esta forma de
auto-integração.
Espécies de Analogia:

In bonam partem – em benefício do agente.

In malam partem – em prejuízo do agente.

Fontes do Direito Processual Penal:

Conceito: É de onde provém o Direito.


Fontes do Direito Processual Penal. Espécies:

Material ou de produção: aquela que cria o Direito; é o Estado.

Formal ou de cognição: aquela que revela o Direito. Pode ser:


imediata: lei;
mediata: costumes e princípios gerais do direito (costume é o
conjunto de normas de comportamento a que as pessoas obedecem
de maneira uniforme e constante, pela convicção de sua
obrigatoriedade jurídica. Princípios gerais do direito são postulados
gerais que se fundam em premissas éticas extraídas do material
legislativo).

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