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3. Aplicação e Interpretação da Lei Processual

3.1. Fontes do Direito Processual Penal

- Fonte: aquilo de onde provém algo.

- No direito: tudo aquilo de onde provém um preceito jurídico.

- Fontes do Direito Processual Penal:

a) Fontes de produção: constituem, criam o direito. É o Estado.

b) Fontes formais: são os momentos de expressão do direito. São:


a lei (fonte primária), o costume, os princípios gerais do direito e a
analogia (fontes secundárias).

- Obs.: doutrina e jurisprudência não são fontes, são formas de


interpretação.

3.2. Aplicação da Lei Processual no Tempo

- Art. 2º, CPP: tempus regit actum.

- Desse princípio, derivam dois efeitos:

a) os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior


continuam válidos;

b) as normas processuais têm aplicação imediata, regulando o


restante do processo.

- No processo penal, vige o princípio do efeito imediato ou da


aplicação imediata.

- Retroatividade: não há retroatividade da lei mais nova. Deve


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ela ser aplicada a partir do início de sua vigência.

- O princípio da irretroatividade (art. 5º, XL) é para lei penal.

- O autor do crime não tem “direito adquirido” de ser julgado pela


lei processual vigente ao tempo em que ele ocorreu, mas apenas que a
lei nova respeite as garantias constitucionais.

3.3. Aplicação da Lei Processual no Espaço

- A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais


cometidas em território brasileiro, sem prejuízo de convenções, tratados
e regras de direito internacional.

- Vigora o princípio da absoluta territorialidade.

- Art. 1º, CPP.

- A lei processual brasileira só vale dentro dos limites territoriais


nacionais.

- Se o processo tiver tramitação no estrangeiro, aplicar-se-á a lei


daquele país.

- Aplica-se também a lei processual penal brasileira nos casos do


art. 7º, CP.

3.4. Interpretação da Lei Processual Penal

- É o processo que busca estabelecer a vontade da lei (não do


legislador).

- Descobrir o verdadeiro conteúdo da norma jurídica.


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3.4.1. Espécies de Interpretação:

- Quanto ao sujeito que realiza a interpretação:

a) autêntica: que procede da mesma origem que a lei e tem força


obrigatória. Pode ser contextual (inserida no próprio texto da legislação)
– ex: arts. 301 e 302, CPP, ou posterior (lei elaborada para esclarecer o
sentido duvidoso de uma lei já em vigor).

b) Jurisprudencial: decisões judiciais reiteradas sobre


determinado assunto legal. Ex: súmulas STF e STJ.

c) Doutrinária: communis opinio doctorum – manifestações


exaradas por escritores ou comentadores do direito.

- Quanto ao meio empregado:

a) Gramatical: buscar o sentido literal das palavras e expressões


empregadas pelo legislador – “letra da lei”. Ex.: a palavra “queixa” (art.
12, CPP) significa “peça inicial da ação penal privada” e não do ato de
queixar-se.

b) Lógica ou teleológica: buscar o propósito para o qual foi


emitida a lei, na época de sua elaboração.

- Quanto aos resultados:

a) Declarativa: o texto não é ampliado nem restringido; busca-se


apenas o significado oculto da expressão usada. Ex.: “casa habitada”
(art. 248, CPP) = lugar ocupado por uma ou mais pessoas.

b) Restritiva: reduz-se o alcance da lei para encontrar seu


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verdadeiro significado. Ex.: art. 564, III, d, CPP – somente se for alegada
em momento oportuno (art. 572).

c) Extensiva: referida no art. 3º, CPP. Amplia-se o sentido da lei.


Ex.: art. 50, CPP – aceita-se tb a renúncia tácita, produzida oralmente.

- Interpretação progressiva: leva em conta as novas


concepções ditadas pelas transformações sociais, científicas, jurídicas
ou morais. Ex.: Tribunal de Apelação (art. 582, parágrafo único) = T.
Justiça ou T. Alçada.

- Interpretação analógica: quando os dispositivos contêm


expressões genéricas ou abertas, é necessário utilizar-se da
semelhança (analogia) para a interpretação. Ex.: art. 6º, IX, CPP –
“quaisquer outros elementos” = referentes à vida pregressa; art. 254,
CPP – “fato análogo” = crimes previstos no mesmo capítulo da lei penal.

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