Você está na página 1de 9

20

4. Inquérito Policial

- Ocorrendo a prática da infração penal, surge para o Estado


o jus puniendi, que se dá através de um processo.

- Para a propositura de uma ação penal, é necessário que


existam elementos probatórios mínimos: ocorrência de infração
(materialidade) e autoria (indícios de autoria).

- Meio mais comum para a investigação: inquérito policial –


não exclusivo.

- Atividade investigatória + ação penal = persecução penal


(persecutio criminis).

- Persecução penal: ação de perseguir o crime.

4.1. Conceito

- “É um procedimento investigatório prévio, constituído por


uma série de diligências, cuja finalidade é a obtenção de provas
para que o titular da ação possa propô-la contra o autor da infração
penal.”

- Destinatário imediato – Ministério Público – ofendido – para


formação da opinio delicti.
21

- Destinatário mediato – Juiz – fundamentos para julgar.

- Dispensabilidade do inquérito – art. 27, CPP – art. 39, § 5º,


CPP – art. 46, § 1º, CPP.

- Inquérito – não processo – procedimento administrativo –


não aplicação dos princípios processuais – caráter inquisitivo.

- Instauração: de ofício (portaria) – auto de flagrante –


representação do ofendido – requisição do juiz ou MP –
requerimento da vítima.

4.2. Características:

a) Inquisitivo: não vigora contraditório.

b) Discricionário: autoridade policial – faculdade de deferir


ou indeferir provas – atos independem de prévia autorização
judicial – respeito aos limites fixados em lei.

c) Escrito: artigo 9º, CPP – destino – elementos ao MP.

d) Sigiloso: necessária para a elucidação do fato – art. 20,


CPP – não se estende ao MP nem ao Juiz – Advogado – art. 7º,
XIII e XIV, Estatuto OAB.

e) Obrigatório: ação penal pública incondicionada – art. 5º, I,


CPP.
22

4.3. Valor Probatório:

- Valor informativo – instrução provisória – caráter inquisitivo.

- Condenação – exclusiva no IP – impossibilidade – violação


do contraditório.

- Princípio do livre convencimento do juiz – prova refeita em


Juízo.

- Provas periciais – valor equivalente às provas colhidas em


Juízo – realizado por técnicos.

4.4. Vícios do Inquérito:

- Não afetam a ação penal – meramente informativo.

- Pode acarretar a ineficácia do ato em si – prisão em


flagrante – relaxamento.

- Podem diminuir o valor probatório dos atos.

4.5. Notitia criminis

4.5.1. Conceito

- Notícia do crime – “é o conhecimento, espontâneo ou


23

provocado, pela autoridade policial de um fato aparentemente


criminoso”.

- Espécies:

a) espontânea: direta – imediatamente – autoridade no


exercício de sua atividade – cognição imediata – ex.: encontro do
corpo de delito – notitia criminis inqualificada: notícia anônima.

b) provocada: através de um ato jurídico – requerimento


vítima – requisição Juiz ou MP – representação ofendido.

c) coercitiva: prisão em flagrante do autor.

4.5.2. Início do I.P. em Ação Penal Pública Incondicionada

- De ofício: art. 5º, I, CPP – conhecimento do crime –


cognição imediata – autoridade – dever de instaurar IP.

- Requisição autoridade judiciária ou MP: requisição =


ordem – art. 5º, II, CPP – não há subordinação hierárquica.

- Requerimento da vítima ou representante: art. 5º, III,


CPP – delatio criminis – pode ser indeferida – recurso ao Secretário
de Segurança Pública – art. 5º, § 2º, CPP – não cabe recurso
judicial.

- Forma mais comum de comunicação – verbal – reduzida a


24

termo – BO.

- Também – prisão em flagrante delito – primeira peça do


procedimento.

- Requerimento – requisição – auto de prisão em flagrante –


peças iniciais do inquérito.

- Demais casos – portaria – conhecimento do fato –


descrição dia, hora e lugar – possível autor – vítima.

4.5.3. Início do I.P. em Ação Penal Pública Condicionada

- Representação do ofendido ou representante legal: art.


5º, § 4º, CPP – “pedido-autorização” – inquérito não se inicia sem
ela – doutrina – delatio criminis postulatória – dirigida ao Juiz, ao
MP ou autoridade policial – não exige forma especial (art. 5º, § 1º) –
prazo de decadência – geralmente seis meses.

- Requisição do Ministro da Justiça: crime cometido por


estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, § 3º, b, CP) –
crimes contra a honra do Presidente da República ou chefe de
governo estrangeiro (art. 145, parágrafo único, CP).

- Requisição encaminhada ao Ministério Público – não exige


formalidade especial – não está sujeita a decadência.
25

4.5.4. Início do I.P. em Ação Penal Privada

- Lei prevê “somente se procede mediante queixa”.

- Início do inquérito – mediante iniciativa da vítima –


requerimento oral ou escrito – art. 5º, § 5º, CPP – não exige
formalidades – fornecimento dos elementos indispensáveis (art. 5º,
§ 1º, CPP).

- Requerimento oral ou sem firma reconhecida – reduzido a


termo.

- Prisão em flagrante – lavratura do auto – mediante


requerimento da vítima.

- Inquérito sem requerimento ofendido – constrangimento


ilegal.

- MP – não pode requisitar instauração.

- Instauração de inquérito – não interrompe prazo


decadencial – propositura da queixa-crime – extinção da
punibilidade.

4.6. Procedimento
26

* Instauração

- Notitia criminis – instauração inquérito – apuração do fato e


da autoria.

- Procedimento – art. 6º, CPP – não há rito especial para as


diligências – deve colher todas as provas possíveis, com agilidade
e presteza – evitar a mudança do estado das coisas no local do
crime.

* Indiciamento

- Conceito – Rogério Lauria Tucci: “é o resultado concreto da


convergência de indícios que apontam determinada pessoa ou
determinadas pessoas como praticantes de fatos ou atos tidos pela
legislação penal em vigor como típicos, antijurídicos e culpáveis.”

- Imputação a alguém, no inquérito policial, da prática do


ilícito penal.

- Indício razoável de autoria – indiciamento – não é ato


arbitrário – não discricionário – não pode escolher indiciar ou não.

- Após indiciado – deve ser ouvido (interrogado) –


observância às regras do art. 185 e seguintes, CPP – termo
assinado por duas testemunhas – não é necessário que tenham
assistido ao interrogatório.
27

- Presença do defensor – dispensável – não existe


contraditório – se houver constituído – pode assistir o interrogatório.

- Pode haver condução coercitiva – não é obrigado a


responder às perguntas – direito de permanecer calado (art. 5º,
LXIII, CF).

* Incomunicabilidade

- Art. 21, CPP – revogado pela CF 1988 – art. 136, § 3º, IV:
“Na vigência do estado de defesa, é vedada a incomunicabilidade
do preso” – se não pode em situação excepcional, tb não pode em
situação normal.

* Deveres da autoridade policial

- Além das previstas nos arts. 6º e 7º, as do art. 13.

* Encerramento

- Encerrada a investigação – relatório minucioso (art. 10, §


1º, CPP) – pode indicar testemunhas não ouvidas (art. 10, § 2º) –
não há juízo de valor – somente informações sobre o ocorrido no
curso das investigações.

- Classificação legal do delito – pode haver alteração no


28

curso das investigações – classificação provisória – não vincula


MP, nem querelante.

* Arquivamento

- Art. 28, CPP

* Acordo de não persecução penal

Você também pode gostar