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FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

CONCEITO

Fonte é o local de onde provém o direito,

ESPÉCIES
a) material ou de produção: são aquelas que criam o direito;
b) formal ou de cognição: são aquelas que revelam o direito

Fonte formal: - mediata: a lei (é a principal fonte do direito)

- imediata: os costumes e princípios gerais

FONTE DE PRODUÇÃO

É o Estado – CF art,. 22, I

EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO – art. 2º


CPP
 TEM APLICAÇAO IMEDIADA, ou seja, é sempre para o futuro.
 Passa a ser cumprida assim que entra em vigor.
 Não possui efeito retroativo (vide 2ª parte do art. 2º).

EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO


 As leis penais possuem a característica da extraterritorialidade (art.
7º CP)
 Já as leis processuais penais NÃO. Estas não podem ultrapassar os
limites territoriais do Estado que as promulgou.
 Por essa razão lei processual penal de outro Estado não pode ser
também aplicada aqui.
 Ainda que certos atos processuais, como citação, intimação, carta
rogatória sejam realizadas em outro país, o procedimento será o da
lei daquele Estado.
 Vide Código Penal Militar ser crime nos artigos 138 e 139 praticar
em território nacional ato de jurisdição de país estrangeiro ou violar
território estrangeiro com o fim de praticar ato de jurisdição em
nome do Brasil.

OBS. RESSALVAS
 Tratados, convenções e regras de Direito Internacional. (Art. 1º. I
CPP)
- Por força desses a lei processual penal pode deixar de ser aplicada,
mesmo a fatos cometidos no território nacional.
- Ex. crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves públicas
estrangeiras em água, território ou espaço aéreo brasileiros não se
aplica a lei pátria.
- Também não se aplica aos agentes diplomáticos, chefes de Estado e
sua comitiva e as sedes das embaixadas.

 Prerrogativas Constitucionais do Presidente da República e de


outras autoridades ( Art. 1, II)
- A CF art. 52 ampliou o rol. Competência do Senado Federal.

 Justiça Militar ( Art. 1, III)


- Não se aplica a lei processual penal aos crimes denominados militares,
cometidos por esta categoria de pessoas.
- Se aplica o Código Penal Militar e o Código Processual Militar.
- A Justiça Militar é uma justiça própria e especial – art. 124 e 125, par.
4 CF. Ressalva quando a vítima for civil – Júri.
- Não se trata de nenhum privilégio, um favor particular. Pelo contrário,
exige maior rigor justificada pela necessidade da disciplina.

 Tribunais especiais (art. 1. IV)


- Abolidos , não mas existem. Cuidavam de crimes que atentavam
contra a segurança nacional

 Crimes de Imprensa ( art. 1. V) - Disciplinados por lei própria, a lei


5.250 de 9/2/1967 que contém o direito material e o processual.

A PERSECUÇÃO PENAL – O INQUÉRITO POLICIAL

1- Da investigação preparatória

 Art. 5º XXXV CF - Direito de ação. Não se pode excluir da


apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
 Não se pode atribuir a terceiro o julgamento de uma causa a outras
pessoas que não integrem o poder judiciário.
 Somente os órgãos jurisdicionais é que podem compor o litígio
 O Estado desenvolve essa atividade através da denominada
persecução penal (primeiro pela Polícia Judiciária e depois pelo MP)

2- Polícia

 Do grego politéia significou o governo da cidade, a arte de governar.


 Posteriormente passou a indicar o próprio órgão estatal incumbido de
zelar sobre a segurança dos cidadãos. Esse é seu sentido atual.

2.1 Divisão

Civil, Militar, Federal, Rodoviária.

3. O Inquérito Policial

3.1 Conceito: Conjunto de diligências realizadas pela Polícia Civil ou


Judiciária visando elucidar as infrações penais e sua autoria.
As diligências são: oitiva de testemunhas, declaração da vítima, exames de
corpo de delito, exame dos instrumentos do crime, buscas e apreensões,
acareações, reconhecimentos, oitiva do indiciado.

3.2 Finalidade: Notadamente pela leitura doa RT. 4º e 12 do CPP conclui-


se que o IP visa apurar a autoria e materialidade para que o titular da ação
possa promovê-la.

3.3 Competência: é o poder atribuído a um funcionário de tomar


conhecimento de determinado assunto. Normalmente a competência para
presidir é da autoridade policial.

3.4 Dispensabilidade do inquérito.

3.5 Natureza do Inquérito: natureza administrativa. É escrito no artigo 9º


e sigiloso (art. 20) e inquisitivo pois não há o contraditório.
Vide art. 5º LV da CF

Súmula 14 do STF de 02/02/20009

3.6 Incomunicabilidade: art. 21 CP possibilidade de decreto. Porém art.


136, § 3º, IV não admite nem em Estado de Defesa e Sítio e art. 21 § único.
4. A notícia crime

 é através da notícia crime que a Autoridade Policial dá início às


investigações.

5 Início do inquérito

 Como se inicia, qual sua primeira peça? Depende da natureza do


crime.
 Crime de ação penal pública incondicionada: o IP é instaurado de
ofício ou mediante requisição da autoridade judiciária, do MP ou do
ofendido (ou de quem tenha qualidade para representá-lo) art. 5º CPP
 O requerimento deve conter: art. 5º, § 1º.
 Tratando-se de infração de menor potencial ofensivo(pena máxima
in abstrato não ultrapasse 1 ano não há IP apenas TCO.
 Nos crime de ação pública condicionada : requisição do Ministro da
Justiça ou de representação (manifestação de vontade)
 Nos crimes de ação penal privada: pela ofendido ou quem de direito.
Art 5º § 5º

OBS :

 a autoridade policial tem o dever de instaurar o IP? Art. 5º “ será


iniciado”. Trata-se de imperatividade da própria lei, é um dever nos
crimes de ação pública incondicionada.
 Pode a autoridade policial indeferir a requisição do MP? O art. 5º, §
2º trata de indeferimento em caso de requerimento do ofendido mas
nada fala sobre o MP, razão pela qual se afirma que ele não pode
indeferir.

 Art. 5º LVIII – O civilmente identificado não será submetido à


identificação datiloscópica, salvo nas hipóteses previstas em lei ( Lei
10.054/2000 – indiciado por crime doloso, contra o patrimônio
praticado com violência ou grave ameaça, receptação qualificada,
contra a liberdade sexual, falsificação de documento público, receio
de falsificação ou adulteração dos documentos, estado de
conservação do documento etc...

5.1 Prazo: art. 10 CPP (10 e 30 dias) e art. 51 lei 11.343/2006 (30 e 90
dias)

5.2 Relatório
5.3 Arquivamento: somente a autoridade judicial pode decretar . art. 17 e
18.
Pode reabrir? Sim se tiver conhecimento de novos elementos de prova.

6. A prisão em flagrante

 O art. 5º I e II esclarece como se inicia o IP


 O IP também pode ser iniciado através do Auto de Prisão em
Flagrante, sendo esta a peça inaugural.
 Dispositivo: art. 8º e arts. 302 e incisos do CPP.

Atos investigatórios do IP - (arts. 6 e 7 do CPP)

As diligências são atos discricionários do delegado, as quais serão


tomadas de acordo com o crime a ser investigado. Ou seja, ele é
livre para escolher as que forem mais pertinentes.

Art. 6 do CPP:

I – objetivo: resguardar os vestígios do crime (corpo de delito), de modo


que não poderão ser alterados os estados das coisas até a chegada dos
peritos.
O local do crime é a principal fonte de vestígios do crime.
Deve ser preservado mantendo-se o mais inalterado possível.
A preservação é imprescindível para o sucesso do exame pericial.

Exceção: acidentes de trânsito (art. 1º, da Lei 5.970/73) autoriza a


remoção das pessoas e dos veículos envolvidos

II- Incluem-se não apenas os objetos do crime, mas todo e qualquer


objeto que interessa, ainda que indiretamente.
Não necessita de autorização judicial (mandado) para a apreensão,
sob pena de perder-se a oportunidade, e a demora poderia
comprometer a investigação.
Os objetos usados no crime serão submetidos à perícia
Eles serão enviados depois ao juízo criminal e podem ser úteis para a
acusação exibi-los;
Também poderão ser alvo confisco em eventual condenação (pena de
perdimento).

III – demonstra que é rol meramente exemplificativo


Pode ocorrer tanto no local do crime quanto em outro que o
delegado julgar necessário.

IV –Sempre que possível e logo após o crime.


A vítima não é testemunha, seu depoimento deve ser dispensado de
prestar compromisso. Tem interesse na sorte do IP.
Pode estar psicologicamente abalado
A vítima não quer comparecer sem motivo justo, o delegado pode
conduzi-la coercitivamente (art. 201, parágrafo único do CPP)

V- não há contraditório porque é inquisitivo – presença do advogado


é dispensável.
O investigado pode ser ouvido sem ser indiciado.
Não está obrigado a responder as perguntas – direito ao silêncio.

VI- É o reconhecimento de parte da vítima do autor do crime.


Se dá primeiramente na delegacia
Os atos devem se dar na forma do artigo 226 a 228 do CPP
É possível o reconhecimento fotográfico, mas excepcionalmente.

VII- Sempre que a infração tiver deixado vestígios.


É de caráter obrigatório nos termos do art. 158 do CPP
Corpo de delito não é o corpo da vítima e sim o conjunto de
vestígios materiais deixados pelo crime, seja pessoas ou coisas.
Ofendido e investigado podem requerer diligências, mas sua
realização fica a critério do delegado.
Exame de insanidade deve ser autorizado pelo juiz, e instaurado
em apartado, delegado não pode mandar o investigado ser
submetido ao exame.

VIII- Processo datiloscópico, art. 5º, LVIII (58) da CF permite somente


em hipóteses legais, então a regra é a identificação civil.
Identificação civil: RG, Carteira de Habilitação, CTPS, Carteira
profissional, Passaporte, outro documento público.

Ressalvas: Lei 12.037/2009 :


a) Documento rasurado ou indicio de falsificação
b) Documento for insuficiente para identificação
c) Documentos distintos
d) For essencial à investigação
e) Constar em documentos policiais uso de outros nomes
f) Estado e tempo e localidade de expedição do documento
Lei 9.034/95: pessoas envolvidas em organizações criminosas

IX- Pode ter como base sua folha de antecedentes


É importante para nortear o juiz na individualização da pena base

ART. 7º DA REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS


Conhecida como reconstituição do crime.
Não é obrigatória, fica a critério do delegado.
Facilita a investigação, esclarece pormenores acerca do modo e das
circunstâncias fáticas do crime.
O indiciado pode ser forçado a presenciar mas não e obrigado a colaborar
(não está obrigado a produzir prova contra si mesmo (princípio da
inocência, direito ao silêncio e ampla defesa).

OUTRAS ATRIBUIÇÕES DO DELEGADODE POLÍCIA – art. 13


I- Fornecer informações acerca da investigação
II- Dever funcional de realizar as diligências requisitadas. Se
descumprir não comete crime de desobediência, podendo
responder administrativamente ou se for o caso por prevaricação.
III- Concretizar os mandados expedidos pelo poder judiciário.
Cumprido pelos agentes policiais sob as ordens do delegado.
IV- Ocorrendo os requisitos da prisão preventiva, 312 e 313 CPP

 Pode ainda conceder fiança nos casos de infração punida com


detenção ou prisão simples (art. 322 caput, –pena máxima de 4
anos);
 Pode ainda restituir objetos apreendidos desde que não interessem à
investigação.

O INDICIAMENTO – art. 6, V CPP

Vem da palavra indícios.


É um juízo de valor do delegado. O suspeito passa a ser o principal autor
do fato investigado.
Esse juízo de valor pode ser modificado durante a instrução processual.
Consiste na imputação feita durante o IP da prática da infração objeto da
apuração.
Há indícios suficientes de autoria, portanto será indiciado.
Trata-se de ato privativo do delegado, não pode derivar de requisição
ministerial ou judicial, estes se limitando a efetuar diligências ao delegado.
Há julgados do STF e STJ que é uma atividade própria do IP não podendo
ser realizado durante a Ação Penal, após já recebida a Denúncia ou Queixa.
Se houver comprovação evidente de abuso por parte do delegado querendo
fazer recair sobre alguém esses indícios ou obtidos por provas ilícitas, esse
indiciamento pode ser obstado por habeas corpus. Nesse caso resta
comprovado o constrangimento ilegal, pois não há justa causa (648, I
CPP).
O indiciamento gera uma consequência importante: seus antecedentes já
passam a constar essa qualidade.
Trata-se de ato complexo, dividido em 3 partes:
V: interrogatório;
VII: identificação (civil ou datiloscópica)
e IX : elaborar folha de vida pregressa.

Indiciamento indireto: quando o indiciado está desaparecido.

Não podem ser indiciados: menor de 18 anos (ECA); diplomatas


estrangeiros; membros do MP e Magistratura.
Obs nem todos que possuem prerrogativa estão imunes ao indiciamento,
podendo este ser realizado mesmo sem autorização da respectiva casa
legislativa (Câmara e Senado).
PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO IP – art. 10 CPP
10 dias se indiciado preso. Drogas (30 dias podendo ser duplicado)
30 dias se indiciado solto. Drogas (90 dias podendo ser duplicado)
RELATÓRIO – art. 10, parágrafo 1º .
É a peça que encerra a fase investigatória.
Pressupõe que todas as dúvidas sobre o crime estão sanadas, mas nada
impede que ele encerre sem ter resposta às suas questões.
Nele o delegado faz um resumo de toda a atividade investigativa, indicando
as diligências realizadas.
A narrativa deve ser isenta, ou seja, não pode emitir juízo de valor.
Com ele são encaminhados os autos do IP juntamente com os instrumentos
do crime e objetos que interessem à ação penal (Art. 11)
Ausência de relatório não é causa de nulidade e sim de mera
irregularidade. O delegado poderá sofrer processo administrativo.
Em caso de ação pública o Juiz abre vistas ao MP que poderá:
a) Denunciar
b) Devolver com requisição de diligências (Art. 16)
c) Requerer arquivamento (deve ser expresso e fundamentado)
d) Requerer permanência no juízo em caso de ação privada( art. 19 e
38) meses)
e) Requerer seja encaminhado ao juízo competente

ARQUIVAMENTO
Ato privativo do juiz mediante requerimento do MP.
Delegado não pode mandar arquivar ( art. 17)
Juiz pode:
a) Concordar com arquivamento
b) Não concordar e encaminhar ao Procurador Geral, este pode nomear
outro MP, oferecer denuncia ou insistir no arquivamento.
Na última hipótese o juiz é obrigado a arquivar.(art. 28)

Efeitos: impede o ajuizamento da ação penal (pública ou privada) com o


conteúdo do IP, desde que novas provas surjam. Súmula 524 STF.

Desarquivamento: novas provas.


Obs se o arquivamento se deu por atipicidade ou causa de extinção da
punibilidade o IP não pode ser reaberto.

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