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Continuação IP:
Há diligências cuja realização não pode ser indeferida pelo delegado, que a própria lei impõe. Ex:
exame de corpo de delito.
OBS: HC 96 666, STJ: traz um entendimento novo. Duração razoável do processo, que não diz
respeito apenas à fase judicial, mas também à fase policial. Determinou o trancamento do IP,
trabalhando com a ideia da razoável duração do processo, que foi afrontado, pois nesse caso o IP
durou mais de 7 anos.
6. Formas de instauração do IP
Ainda q não haja uma folha de papel escrito representação, o ato de ir à delegacia e ao IML, por
exemplo, há entendimento de que a vítima deseja prosseguir com o IP.
b) Ação penal pública incondicionada: art. 5º, CPP
A peça inaugural do IP vai ser uma portaria do delegado, onde vai descrever como tomou
conhecimento do crime, narrando o fato delituoso e as diligências necessárias.
Essa redação deve ser lida à luz da CF/88, pois se trata de art. elaborado em 1942.
Quando o juiz instaura um IP, atuando de ofício, acaba comprometendo o que ele tem de mais
sagrado, ou seja, sua imparcialidade.
A maioria da doutrina entende que a requisição do juiz viola o sistema acusatório e a garantia da
imparcialidade do juiz.
Porém, se o juiz tomar conhecimento de um crime, ele não pode ser conivente. Assim, ele deve
informar a prática delituosa ao MP, remetendo em autos ou papéis as cópias dos documentos
necessários ao oferecimento da denúncia. O juiz da vista para que o MP requisite a instauração do
IP (art. 40, CPP).
A simples instauração de um IP já traz sérios prejuízos a uma pessoa. Assim, o delegado deve
verificar a procedência das informações, se é plausível a instauração do IP.
d) Notícia oferecida por qualquer pessoa do povo: qualquer um do povo que presenciar a prática
de um delito pode comunicar ao delegado a prática da infração (delatio criminis). O delegado por
sua vez, deve verificar a procedência das informações, para após mandar instaurar o IP.
Delatio criminis inqualificada: denúncia anônima.
A denúncia anônima por si só não serve para fundamentar a instauração de IP, porém a partir
dela, pode a polícia realizar diligências preliminares para apurar a veracidade das informações e
então instaurar o IP.
e) Auto de prisão de flagrante delito: o próprio APF dará inicio ao IP, que será a sua peça inaugural.
OBS: Código de Processo Penal Militar, art. 27: se o APF já trouxer tudo q é necessário para a
elucidação do fato e sua autoria o APF será o próprio IP.
No CPP não há essa previsão, porém na prática tem ocorrido com bastante freqüência, por
economia processual, desde que o APF tenha informações suficientes para o processo penal.
7. Notitia Criminis
7.1. Conceito: é o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade policial acerca
de um fato delituoso.
(queixa, na prática)
7.2. Espécies:
a) De cognição imediata (espontânea): A autoridade toma conhecimento do fato por meio de suas
atividades rotineiras.
Quando o delegado investigando um crime, toma conhecimento de outro delito.
b) De cognição mediata (provocada): A autoridade toma conhecimento do fato delituoso por meio
de expediente escrito.
8. Identificação criminal
b) Identificação datiloscopia: impressões digitais. Mais eficiente para a identificação, inclusive após
a morte.
Antes da CF/88: Era obrigatória, mesmo que o agente se identificasse civilmente (súmula 568, STF)
Depois da CF/88: Hoje o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo
nas hipóteses previstas em lei. (art. 5º, LVIII)
Lei 10.054/00 – Antiga lei da identificação criminal, art. 3º: trazia identificação criminal obrigatória
para alguns delitos. Era muito criticado pela doutrina.
Lei 12.037/09 – Nova Lei da Identificação Criminal, art. 3º: Essa lei revogou expressamente a lei
antiga.
A maioria da doutrina diz que esses artigos foram revogados tacitamente em virtude do teor do
art. da Lei 12.037/09, pq é essa lei q vai disciplinar as hipóteses de identificação criminal em seu
art. 3º.
OBS:
1) Ao contrário da Lei 10.054/00, a lei 12.037/09 não trouxe um rol de delitos nos quais a
identificação criminal seria obrigatória
Espécies de identificação
É a pessoa que possui um dos documentos de identificação civil Existem três espécies:
A regra constitucional é a de que a pessoa que for civilmente identificada não será submetida à identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei (art. 5º, LVIII). A Lei que traz essas hipóteses é a Lei n. 12.037/2009.
A Lei n. 12.654/2012, para permitir a identificação criminal mediante a coleta de material biológico, alterou duas leis:
A Lei n. 12.654/2012 prevê a criação de banco de dados de perfis genéticos com o material coletado dos investigados
e condenados. Qual é a finalidade dessa coleta e da formação desse banco de dados?
Existem inúmeros crimes que cuja execução deixa materiais genéticos como vestígios. Ex1: o sêmen do autor no caso
de um estupro; Ex2: gotas de sangue do agressor na hipótese de um homicídio consumado, em que a vítima tentou se
defender; Ex3: fios de cabelo do agente no caso de um furto.
Em tais situações, será possível a comparação dos vestígios deixados com as informações constantes desse banco de
dados para que se possa descobrir o verdadeiro autor do crime.
Em que hipóteses a nova Lei permitiu a coleta de material biológico da pessoa para a obtenção do perfil
genético?
Quem determina a coleta de material biológico do investigado para a obtenção do seu perfil genético?
A autoridade judiciária.
Nesse caso, a Lei prevê que essa decisão determinando a coleta do material biológico poderá ser tomada de ofício ou
mediante representação da autoridade policial, do MP ou da defesa.
Somente será determinada a coleta de material biológico do investigado para a obtenção do seu perfil genético se essa
prova for essencial às investigações policiais.
A Lei n. 12.654 previu que os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco de
dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal.
As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos ou
comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as normas constitucionais e
internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos.
Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil, penal e
administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em
decisão judicial.
As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo pericial firmado
por perito oficial devidamente habilitado.
A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei para a
prescrição do delito.
Ponto polêmico: mesmo sem que a lei preveja, seria possível a coleta do material biológico do acusado durante o
processo penal, ou seja, após as investigações?
Entendo que não, considerando que se trata de norma que, por restringir direitos fundamentais do acusado, não pode
ser interpretada de forma ampliativa.
Somente em uma situação seria permitida: quando esta coleta tenha sido requerida pela defesa do réu para fins de
prova de sua inocência.
A nova Lei acrescentou o art. 9º-A à Lei de Execuções Penais, prevendo o seguinte:
Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por
qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos,
obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica
adequada e indolor.
§ 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser
expedido pelo Poder Executivo.
§ 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o
acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético.
Pontos polêmicos:
Para que seja permitida a coleta de material biológico é necessário que a condenação tenha transitado em julgado?
Sim. A Lei não condiciona expressamente que tenha havido o trânsito em julgado, no entanto, essa exigência decorre
do princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII).
É permitida a coleta de material biológico em caso de crimes equiparados a hediondo (tráfico de drogas, tortura e
terrorismo)?
Não. Não é porque tais delitos são equiparados a hediondo que haverá uma simbiose perfeita entre eles. Em verdade,
sempre que a lei quis estabelecer tratamento uniforme entre os crimes hediondos e equiparados, ela o fez
expressamente, como é o caso do art. 2º da Lei n. 8.072/90.
1ª Hipótese: 2ª Hipótese
A coleta somente pode ocorrer durante as investigações (antes de A coleta somente pode ocorrer após a condenação do réu.
Não importa o crime pelo qual a pessoa esteja sendo investigada. A coleta somente é permitida se o réu foi condenado:
Somente ocorre se se essa prova for essencial às investigações É obrigatória por força de lei.
policiais.
O objetivo é o de armazenar a identificação do perfil genético do
O objetivo é elucidar o crime específico que está sendo condenado em um banco de dados sigiloso.
investigado.
A coleta é determinada por decisão judicial fundamentada, Não necessita de autorização judicial.
condenação.
Prevista no parágrafo único do art. 5º da Lei n. 12.037/2009 Prevista no art. 9º-A da LEP (inserido pela Lei n. 12.654/2012).
Nenhuma. Toda pessoa tem o direito de não produzir prova contra si mesmo. Logo, o indivíduo que se nega a permitir
a coleta de material biológico para se autodefender exerce um direito garantido constitucionalmente e, por tal razão,
não pode ser responsabilizado criminal ou disciplinarmente por isso.
O Estado não poderá, sob pena de inconstitucionalidade, impor, coativamente, que a pessoa ceda material genético
para a coleta, ainda que mínimo, como a saliva.
A Lei n. 12.654/2012, portanto, prevê mera faculdade para o investigado ou condenado que, se assim quiser, poderá
permitir a coleta de seu material biológico.
Vale mencionar que é pacífico o entendimento do STF de que, por conta do princípio da não autoincriminação (nemo
tenetur se detegere), o acusado não é obrigado a fornecer padrão vocal ou padrão de escrita para que sejam
realizadas perícias que possam prejudicá-lo. Ora, esse mesmo raciocínio será, certamente, aplicado para o
fornecimento de material biológico. Vide os precedentes do STF sobre o tema:
HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. ART. 14 DA LEI Nº 6.368/76. REQUERIMENTO, PELA DEFESA, DE PERÍCIA DE
CONFRONTO DE VOZ EM GRAVAÇÃO DE ESCUTA TELEFÔNICA. DEFERIMENTO PELO JUIZ. FATO SUPERVENIENTE.
PEDIDO DE DESISTÊNCIA PELA PRODUÇÃO DA PROVA INDEFERIDO.
1. O privilégio contra a auto-incriminação, garantia constitucional, permite ao paciente o exercício do direito de
silêncio, não estando, por essa razão, obrigado a fornecer os padrões vocais necessários a subsidiar prova pericial que
entende lhe ser desfavorável.
2. Ordem deferida, em parte, apenas para, confirmando a medida liminar, assegurar ao paciente o exercício do direito
de silêncio, do qual deverá ser formalmente advertido e documentado pela autoridade designada para a realização da
perícia.
(HC 83096, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 18/11/2003, DJ 12-12-2003 PP-00089
EMENT VOL-02136-02 PP-00289 RTJ VOL-00194-03 PP-00923)
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. RECUSA A FORNECER PADRÕES GRÁFICOS DO PRÓPRIO
PUNHO, PARA EXAMES PERICIAIS, VISANDO A INSTRUIR PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO DO CRIME DE
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO. NEMO TENETUR SE DETEGERE.
Diante do princípio nemo tenetur se detegere, que informa o nosso direito de punir, é fora de dúvida que o dispositivo
do inciso IV do art. 174 do Código de Processo Penal há de ser interpretado no sentido de não poder ser o indiciado
compelido a fornecer padrões gráficos do próprio punho, para os exames periciais, cabendo apenas ser intimado para
fazê-lo a seu alvedrio. É que a comparação gráfica configura ato de caráter essencialmente probatório, não se
podendo, em face do privilégio de que desfruta o indiciado contra a auto-incriminação, obrigar o suposto autor do
delito a fornecer prova capaz de levar à caracterização de sua culpa. Assim, pode a autoridade não só fazer requisição
a arquivos ou estabelecimentos públicos, onde se encontrem documentos da pessoa a qual é atribuída a letra, ou
proceder a exame no próprio lugar onde se encontrar o documento em questão, ou ainda, é certo, proceder à colheita
de material, para o que intimará a pessoa, a quem se atribui ou pode ser atribuído o escrito, a escrever o que lhe for
ditado, não lhe cabendo, entretanto, ordenar que o faça, sob pena de desobediência, como deixa transparecer, a um
apressado exame, o CPP, no inciso IV do art. 174. Habeas corpus concedido.
(HC 77135, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, julgado em 08/09/1998, DJ 06-11-1998 PP-00003
EMENT VOL-01930-01 PP-00170)
Vacatio legis
A Lei n. 12.654/2012 somente entra em vigor 180 dias após a sua publicação, ou seja, apenas no dia 26 /11/2012.
9. Incomunicabilidade do indiciado preso
Art 21, CPP: prevê a possibilidade de ser determinada a incomunicabilidade pelo juiz, por até 3
dias.
Interesse da sociedade ou conveniência da investigação.
A maior parte da doutrina diz que esse artigo não foi recepcionado pela CF/88. Isso porque a
própria constituição assegura assistência da família e também assistência de advogado.
Ademais, é vedada a incomunicabilidade no Estado de Defesa (art. 136, §3º, IV, CF). Se no estado
de defesa que é de exceção, de crise, não é possível, por óbvio, num estado de normalidade
também não será possível.
Regime disciplinar diferenciado: “RDD” – LEP, art. 52. Há uma maior restrição em relação às
visitas, mas não significa que o preso ficará incomunicável. O STF tem validado o RDD.
10. Indiciamento
10.2. Momento para o indiciamento: O STJ entende que o indiciamento só pode ser feito durante
a fase investigatória.
10.3. Espécies:
10.4. Pressupostos
10.5. Desindiciamento
a) Atribuição: é uma atribuição privativa da autoridade policial, nem o promotor nem o juiz pode
dizer para o delegado como ele deve pensar.
b) Sujeito passivo:
Regra: todo mundo pode ser indiciado.
Membros da magistratura e membros do Ministério Público (Lei 8.625/93 – art. 41, II)
Acusados com foro por prerrogativa de função (foro privilegiado) (deputados, senadores)
11. Conclusão do IP
SOLTO PRESO
CPP 30 dias 10 dias
IP Federal 30 15 +15 (fundamentada)
CPP Militar 40 dias 20 dias
Lei de drogas 90 dias + 90 30 + 30 dias
Economia Popular 10 dias 10 dias
Prisão temporária crimes ___ 30 + 30 = 60
hediondos e equiparados
Crimes comuns ___ 5 + 5 = 10
11.2. Relatório
O relatório é uma peça de caráter descritivo, onde o delegado deve descrever a principais
diligências realizadas na fase investigatória.
Em regra***, o delegado não deve fazer um juízo de valor (cuidar para não dar opinião, porque o
titular da ação penal pública é o MP).
Importante exceção*** na Lei de Drogas, art. 52, I: impõe ao delegado que ele já dê um juízo de
valor, se ele entende que é tráfico ou de uso pessoal, por exemplo.
Quando houver pedido de prisão cautelar deve passar necessariamente pelo Juiz. Quando não há
necessidade de intervenção do Luiz não há porque os autos passar por ele, até porque o processo
se torna muito mais demorado.
11.4. Providências a serem adotadas pelo MP após a remessa dos autos do IP:
a) Em se tratando de crimes de ação penal privada: deve requerer a permanência dos autos em
cartório, aguardando-se a iniciativa do ofendido;
Caso o MP entenda que o juiz perante o qual atua não tem competência para julgar o crime, deve
requerer a declinação da competência.
Quando o MP suscita um conflito de competência, significa dizer que já houve prévia manifestação
de outro órgão jurisdicional a cerca da competência.
Antes se entendia que era competência do STJ (súmula 348). Após o Supremo disse que a súmula
estava errada
Hoje, como esses dois juízes federais são de SP, portanto quem decide será o TRF da 3ª Região.
(Súmula 428 do STJ)
Quem decide?
Prevalece o entendimento de que é o conflito entre um Estado e uma União (102, I, “f”, CF),
cabendo ao STF.
12. Arquivamento do IP
O arquivamento do IP é uma decisão judicial. É um ato complexo. Parte do MP que faz uma peça
chamada promoção de arquivamento, apreciada pelo Juiz, que se concordar teremos uma decisão
judicial de arquivamento de IP.
Ninguém pode arquivar o IP sozinho, nem mesmo o juiz pode arquivar sozinho.
e) Causa excludente da culpabilidade, salvo na hipótese de inimputabilidade do art. 26, caput, CPP.
CJFM
O inimputável deve ser denunciado, porém com pedido de absolvição imprópria, resulta medida
de segurança
Coisa julgada é a decisão judicial contra a qual não cabe mais recurso, tornando-se imutável
(IMUTABILIDADE DA DECISÃO JUDICIAL).
Divide-se em:
Coisa julgada formal: imutabilidade da decisão judicial dentro do processo em que foi
proferida. Efeitos dentro do processo – fenômeno endoprocessual, restrito aquele
processo.
Pode reabrir o inquérito. (CJF)
Coisa julgada material: imutabilidade da decisão fora do processo em que foi proferida –
fenômeno extraprocessual.
Não pode reabrir o processo. (CJFM)
Análise do mérito, p. exemplo.
*** Certidão de óbito falsa: Para os Tribunais Superiores essa decisão não está protegida pelo
manto da coisa julgada material, sendo plenamente possível o oferecimento de denúncia (STF HC
84525)
12.3. Desarquivamento e oferecimento de denúncia
Nos casos em que a decisão de arquivamento só faz coisa julgada formal, é plenamente possível
que ocorra o desarquivamento do inquérito (reabertura das investigações), mediante o
surgimento da notícia de provas novas.
O que se precisa é apenas a notícia de provas novas (art. 18, CPP)
“Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas
tiver notícia.”
Súmula 524 do STF: arquivado o IP por despacho do juiz, a requerimento do promotor, não pode a
ação penal ser iniciada sem novas provas. (oferecimento da denuncia)
Prova substancialmente nova: é aquela prova inédita, ou seja, aquela que estava oculta à
época da decisão de arquivamento.
Ex: cadáver e arma encontrados depois.
13/02/12
12.3.1. Arquivamento do IP
O art. 28. CPP também é utilizado em outras ocasiões qdo o juiz não concorda com o MP:
Recusa do aditamento pelo MP nos casos de “mutatio libeli” (384, §1º, CPP);
Quando o juiz aplica o art. 28, CPP, exerce uma função anômala de fiscal do princípio da
obrigatoriedade.
Remetidos os autos ao PGJ, ele poderá:
oferecer denúncia;
requisitar diligencias;
insistir no pedido de arquivamento, hipótese que vincula o juiz;
designar outro órgão do MP para atuar no caso. Em virtude da independência funcional,
essa designação não pode recair sobre o promotor que requereu o arquivamento.
OBS: segundo a maioria da doutrina esse outro órgão do MP está obrigado a oferecer denúncia,
porque age por DELEGAÇÃO, longa manus do PGJ.
Se o juiz não concorda, tem que remeter o IP à Câmara de Coordenação e Revisão (CCR/MPF) (2ª
Camara – atribuição Processo Penal).
A CCR é opinativa, porque depois os autos vão ao Procurador Geral República, que compete a
decisão final. Porém, essa decisão final pode ser delegada à CCR.
Promoção de arquivamento pelo MP estadual (função eleitoral ---- juiz estadual (função
eleitoral)
Se o juiz não concorda,m de acordo com o CE, remete os autos do IP ao procurador Regional
Eleitoral. (357, §1º, CE)
CUIDADO: CE/65 e Lei Orgânica do MPU/93 = Em que pese o teor do art. 357, §1º do CE,
prevalece o entendimento de que compete à 2ª Câmara de CORDENAÇÃO ug do MPF manifestar-
se nas hipóteses em eu o juiz eleitoral não concorda na manifestação de arquivamento, enunciado
29 da segunda CCR/MPF.
Ocorre quando o promotor deixa de incluir na denuncia algum fato delituoso ou algum investigado
sem se manifestar expressamente quanto ao arquivamento. Com o esse arquivamento implícito
não é admitido pela doutrina e pela jurisprudência, cabe ao juiz aplicar ao art. 28, CPP e remeter
os autos ao PGJ.
Em regra, essa decisão de arquivamento é IRRECORRÍVEL, não sendo cabível ação penal privada
subsidiária da pública (só cabe com a inércia do MP).
Exceções:
1. Crimes contra a economia popular e contra a saúde pública (Lei 1.521/51, art. 7º) –
RECURSO DE OFÍCIO – REEXAME NECESSÁRIO
Não se aplica ao trafico de drogas, pq está previsto em lei especial e nesta dlei nada fala
em reexame necessário.
2. Contravenções do jogo do bixo e corridas de cavalos fora do hipódromo (lei 1.508,/51, art.
6º, § único)
Para os Tribunais, essa decisão é capaz de fazer coisa julgada formal e material, a depender do
fundamento do IP. (HC 94.982).
13. Trancamento do IP
Habeas corpus desde que haja risco potencial à liberdade de locomoção. Verificar se o crime prevê
pena privativa de liberdade.
Porte de drogas/ consumo = mandado de segurança, pq não prevê pena privativa de liberdade.
1. A investigação direta pelo MP atenta contra o sistema acusatório, pois cria um desequilíbrio.
2. A quem diga que o MP pode requisitar diligencias e a instauração de inquéritos policiais, mas
não pode requisitar inquéritos.
3. Há quem dia que a atividade investigatória é exclusiva da polícia judiciária (CF, art. 144, § 1º, IV0
1. Não há violação ao sistema acusatório. Primeiro porque os elementos colhidos pelo MP serão
submetidos ao contraditório judicial; segundo porque, a defesa também pode realizar
investigações, porém, sem poderes coercitivos (investigação criminal defensiva).
STJ, súmula 234: O fato de o MP participar da fase investigatória não ocorre impedimento para a
ação penal.
HC 89 837, STF.
Há um projeto de emenda Constitucional para que seja vedado ás investigações pelo MP.
Esse controle externo decorre do sistema de freios e contrapesos inerente ao regime democrático
e não acarreta qualquer subordinação dos organismos policiais ao MP.
Controle Difuso
Controle Concentrado
Obs: essa investigação pode ser realizada, porém o particular não é dotado de poderes coercitivos,
nem tampouco lhe é permitido violar direitos e garantias fundamentais.
AÇÃO PENAL
1. Conceito
É o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo a um caso
concreto.
Está previsto na CF, 5º, XXXV: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
de direito.
2.1. Consequência da ausência das condições da ação penal: depende do momento no processo:
Se verificar a ausência por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória: Rejeição
da peça acusatória (art. 395, II)
a) Genéricas: é aquela que deve estar presente em toda e qualquer ação penal. Pouco
interessa a natureza do delito.
O pedido deve se referir a uma providência admitida pelo direito objetivo (pelo menos em tese).
Ex: cobrança de dívida de jogo no processo civil.
No processo penal o pedido não tem importância, e sim AA causa de pedir, aquilo que foi narrado.
Basta narrar a prática do crime. O acusado se defende dos fatos, pouco importando a classificação.
O fato da vida delituoso.
Assim, adaptando a possibilidade jurídica no processo penal, significa que no processo penal a
peça acusatória deve imputar (atribuir) ao acusado a prática de um fato aparentemente criminoso
e punível.
A peça deve imputar a prática de um crime (conceito analítico: típico, ilícito e culpável) e a sua
punibilidade.
Ex: durante o curso do processo, apura-se que o acusado, à época do delito, era menor de 18 anos
(inimputável) = é causa de impossibilidade jurídica do pedido.
Pode ser pedido a nulidade absoluta do processo, ou a extinção, sem julgamento de mérito, bem
como a remessa dos autos ao Juízo da Infância e Adolescência.
Não pratica crime e sim ato infracional.
O ordenamento jurídico não admite a aplicação de pena ao menor de 18 anos.
É a pertinência subjetiva da ação. Ou seja, se faz as seguintes perguntas: quem pode entrar com a
ação penal? E contra quem a ação pode ser proposta?
a) Legitimidade ativa:
Se estamos diante de um crime de ação penal pública, a legitimidade por força da
CF (art. 129, I), será do MP.
Ação penal de iniciativa privada: ofendido/representação
Exemplos:
1. Tício e Mévio, ambos candidatos, trocam ofensas durante a propaganda eleitoral. Tício
ajuíza queixa crime em face de Mévio pela prática do crime de difamação (CP, art. 139)
Pegadinha: ofensas durante a propaganda eleitoral, assim não se aplica o CP e sim o
Código Eleitoral (art. 325). Crimes eleitorais = a ação penal é pública incondicionada.
Nesse caso não foi o MP que ofereceu a denuncia. Assim, Tício é parte ilegítima, devendo o
juiz rejeitar a peça acusatória.
2. Tício foi vítima de injúria racial (art. 140, §3º, CP) no dia 30/08/2009. No dia 30/09/09
Tício procura um advogado. Qual é a espécie de ação penal?
Resposta: Se um crime era de ação penal privada e uma lei nova o transforma de ação
penal pública condicionada à representação (Lei 12.033/09), trata-se de norma processual
material, pois repercute no direito de punir do Estado, já que quando o crime é de ação
penal privada, são 4 as possíveis causas extintivas de punibilidade – decadência, renúncia,
perdão e perempção. Quando o crime passa a ser de ação penal pública condicionada a
representação, subsiste apenas a decadência. Como se trata de norma mais gravosa, não
pode retroagir.
Deve ser proposta, portanto, uma queixa crime, sendo Tício o legitimado ativo.
b) Legitimidade passiva: recai sobre o suposto autor do fato delituoso. Com mais de 18 anos.
Negar a autoria não é condição da ação, e sim matéria de mérito. Por isso casos de
legitimidade passiva são raros.
Ex 1: Homônimos. Pessoas que tem o mesmo nome, mas a pessoa não é mesma.
Exemplos:
1. Ação penal privada: o poder dever de punir pertence ao Estado e não à vítima.
Assim, o Estado transfere a legitimidade para o ofendido.
2. Ação civil ex delicto proposta pelo MP em favor de vítima pobre. É uma ação civil
indenizatória com a finalidade de buscar o prejuízo causado pelo delito.
Art. 68, CPP. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a
execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu
requerimento, pelo Ministério Público.
3. Interesse de Agir
Ex: habeas corpus: é uma ação penal não condenatória adequada à tutela da liberdade de
locomoção
Súmula 693, STF: não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada.
Isso porque, a multa não é mais convertida em pena de prisão, não havendo, portanto,
risco a locomoção.
Ex: a pessoa jurídica também não pode figurar como paciente de habeas corpus, mesmo
que haja uma pessoa física que atue em seu nome. Porque a PJ não tem liberdade de
locomoção. Nesse caso, se vale do mandado de segurança, que tem natureza residual.
12/03/03 20/06/06
- Fato delituoso - autos do inquérito vista ao MP
- Art. 155, caput - pedir arquivamento
- 1 a 4 anos
- menor de 21 anos
1. Doutrina: Deve o MP requerer o arquivamento dos autos, com base na ausência de interesse de
agir. Afinal qual a utilidade de se levar adiante um processo penal fadado à prescrição?
Lei 12.234/10 (prescrição). É uma Lex gravior, só se aplica aos crimes posteriores ao dia
06/05/2010.
- Pôs fim à prescrição retroativa entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da peça
acusatória. (art. 110, §único)
- Pena inferior a 1 ano: a prescrição de 2 anos, passa a ser de 3 anos.
Lei 12.234/10 (prescrição). É uma Lex gravior, só se aplica aos crimes posteriores ao dia
06/05/2010.
- Pôs fim à prescrição retroativa entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da
peça acusatória. (art. 110, §único)
- Pena inferior a 1 ano: a prescrição de 2 anos, passa a ser de 3 anos.
4. Justa Causa
É o lastro probatório mínimo para que se possa dar início a um processo penal. Em regra é o
inquérito.
4. Condição de procedibilidade:
É uma condição da ação, necessária para dar início ao processo. É diferente de condição de
prosseguibilidade.
Para os processos que estavam tramitando na época da entrada em vigor da lei, duas correntes:
1ª C: se o processo já estava em andamento, não haverá necessidade de representação.
2ª C: a representação deve ser implementada nos processos que já estavam em andamento
(condição de prosseguibilidade), sob pena de decadência. Prazo de 30 dias (art. 91, lei 9.099/95).
Prazo de 6 meses (art. 38, CPP)
À época da entrada em vigor da Lei 12.015/09 estivesse tramitando processo referente a esse
delito. Precisa representação ou não?
1ª corrente: se o processo já estava em andando não haverá a necessidade da representação.
(deve acabar prevalecendo por ser crime sexual)
2ª corrente: a representação deve ser implementada nos processos que estavam em andamento,
como condição de prosseguibilidade, sob pena de decadência. Essa representação deve ser feita
no prazo de 30 dias. (Lei 9.099/91). Na opinião de Renato Brasileiro é 6 meses, utilizando o CPP
primeiro, para depois, se na falta, ir para uma lei especial.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
c) Ação Penal Pública subsidiária da Pública: (não confundir com privada subsidiária da pública). Há
quem diz que está prevista em três situações:
Decreto lei 201/67 (art. 2º, §2º). Trata dos crimes de responsabilidade de prefeitos e
vereadores.
Se o MP Estadual não tomar providências contra o prefeito pela prática do crime, a lei diz
que é possível pedir providências ao Procurador Geral da República. Todavia, a maioria da
doutrina entende que o este dispositivo não foi recepcionado pela CF/88:
1º: Porque atenta contra a autonomia dos MPs Estaduais. Ou seja, coloca o MP da União
superior do MP Estadual. O MP da União não é superior hierárquico.
2º: Porque atenta contra a competência da Justiça Federal, que não pode ter arrasta uma
competência que não está prevista pelo art. 109, CF.
Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez)
dias.
§ 2º A denúncia conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário,
o rol das testemunhas.
Obs: O direito de ação é um direito público, por isso p idela é dizer ação penal de iniciativa
privada, no sentido de que o Estado coloca nas maõ do ofendido o direito de ingressar em juízo.
a) Ação Penal Privada Personalíssima: O direito de queixa só pode ser exercido pelo ofendido.
O representante legal não pode exercer esse direito. Não haverá sucessão processual.
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que
não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de
transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
7. Representação do ofendido
7.1. Conceito
- Súmula 594, STF: Também foi pensada para os ofendidos com 18 a 21 anos. Também está
ultrapassada.
- Não há mais a necessidade de curador para o acusado menor de 21 anos.
d) Morte do ofendido
- Ocorre a sucessão processual. Será transferido ao CADEI (cônjuge, ascendente, descendente e
irmão)
- Se aplicar o cônjuge é uma analogia “in malam partem”. Mas a maioria da doutrina entende que
o companheiro está dentro.
- Contagem do prazo decadencial: direito penal (art. 10,CP) – o dia do início deve ser computado.
Ex: crime de ação penal privada: 08/04/2012
Decadência: dia 07/10/12 (23:59:59)
- Lei 11.340/06 (Mª da Penha), art. 16: renúncia (direito que não exerceu). Tecnicamente é uma
retração e não renúncia.
Retratação em audiência especialmente designada para essa finalidade. Essa audiência não é
obrigatória, só deve ser realizada se a vítima disser que quer se retratar da representação.
Observações:
1. A lei usa a palavra “renúncia” de maneira equivocada, pois se o direito de representação já
foi exercido, trata-se de retratação, logo, na lei Mª da Penha, a retratação à representação
pode ser feita até o recebimento da denúncia, em audiência especialmente designada para
essa finalidade.
Ex: estupro e ameaça.
2. Essa audiência só deve ser realizada se por ventura a vítima tiver manifestado prévia
vontade de se retratar.
- Retratação da retração da representação: é uma nova representação. É possível desde que antes
do prazo decadencial.
ATENÇÃO:
Lei 8.078/70, art. 80, 82, III e IV. Outorga a legitimidade para outros órgãos, porque uma
pessoa física dificilmente se daria o trabalho de ingressar com uma ação.
- Entidades e órgãos da Administração Pública direta ou indireta
- Associações legalmente constituídas há pelo menos um ano.
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e
contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério
Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal
subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização
assemblear.
Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1 o, sem que o representante do Ministério
Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação
penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses.
Exemplo: Autos do inquérito do investigado solto com vista ao MP em data 02/05/2011 (2ª feira)
03/05/11 = início do prazo do MP. (prazo processual)
17/05/11 = MP tem 15 dias para denunciar (réu solto) – 3ª feira – último dia do prazo do MP.
18/05/11 = surge o direito de ação penal privada subsidiária da pública.
(prazo penal)
O fato de ser cabível a subsidiária, não significa que o MP não possa oferecer denúncia dentro do
prazo da vítima, até o advento da prescrição.
9.2. Poderes do MP na ação penal privada subsidiária da pública: Art. 29, CPP
b) Faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia contra agentes políticos por crimes de
responsabilidade (infração político administrativa)
Notitia criminis
Não é uma ação penal condenatória.
1ª Corrente: (Tourinho Filho) No direito Alemão, é possível que o MP ofereça denúncia em crimes
de ação penal privada, desde que visualize a presença de interesse público. Nesse caso, o ofendido
pode se habilitar como acusador subsidiário, como se fosse uma espécie de ação penal adesiva.
É aquela ajuizada com o objetivo de se aplicar medida de segurança ao inimputável do art. 26,
caput.
2. Crimes contra a honra praticados durante a propaganda eleitoral: São crimes leitoração –
ação pública incondicionada.
No inquérito 1939, o STF entendeu que uma vez oferecida a representação, não mais será
possível o ajuizamento da queixa crime. Portanto, apesar da Súmula 712 fazer menção a
uma legitimação concorrente, trata-se na verdade de legitimação alternativa, pois o
ofendido tem duas opções: ou ele ajuíza a queixa crime, ou ele oferece representação,
autorizando a atuação do MP.
6. Injúria Racial: antes da Lei 12.033/09 era privada. Após a lei , a ação é pública condicionada
à representação.
É diferente de racismo (Lei 7.716/89). Na injúria você ofende uma honra determinada. No
racismo há uma oposição indistinta a toda uma raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional. STJ, RHC 19.166.
O racismo, a ação penal é pública incondicionada.
15. Ação penal nos crimes de lesão corporal no contexto de violência doméstica contra mulher (Lei
11.340)
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será
admitida a renúncia (retratação) à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada
com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Interpretando esse artigo, poderia levaria a acreditar que a lesão corporal leve ou culposa, seria de
ação penal pública condicionada à representação. Essa foi a posição consolidada pelo STJ (REsp
1097.042).
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Antigamente a violência contra mulher era mensurada em cestas básicas. Hoje, não se aplica a lei
9.099/95, e como não é possível aplicar a lei dos juizados e sendo que foi esta lei que mudou a
ação penal condicionada a representação, a ação deveria ser pública incondicionada. (ADI 4424/
ADC 19). Assim decidiu o STF e provavelmente o STJ mudará seu posicionamento.
16. Ação penal nos crimes contra a dignidade sexual (Lei 12.015/09)
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor
de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
Renúncia Perdão
Conceito: Renúncia é o ato unilateral e voluntário, Conceito: Ato bilateral e voluntário, por meio do
por meio do qual o ofendido abre mão do seu qual o querelante perdoa o acusado, acarretando
direito de queixa. a extinção do processo.
Natureza Jurídica: causa extintiva da punibilidade, Natureza Jurídica: causa extintiva de punibilidade,
apenas nos casos de ação penal exclusivamente apenas nos casos de ação penal exclusivamente
privada e privada personalíssima. privada e privada personalíssima.
CPP: o recebimento de indenização não importa A aceitação do perdão também pode ser de
renúncia tácita. (art. 104, CC) maneira expressa ou tácita
Juizados: a composição civil dos danos acarreta a O silêncio é uma aceitação tácita. (art. 58, CPP)
renúncia ao direito de queixa ou representação
Princípio da indivisibilidade: a renúncia concedida Princípio da indivisibilidade: o perdão concedido
a um dos coautores estende-se aos demais. a um dos coautores estende-se aos demais, mas
desde que haja aceitação.
18. Perempção
Não se confunde com a decadência: é a perda do direito de dar início ao processo em crimes de
ação penal privada.
Natureza Jurídica: causa extintiva da punibilidade. Apenas na ação penal exclusivamente privada e
privada personalíssima.
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para
prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-
lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que
deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
19.1. Requisitos
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e,
quando necessário, o rol das testemunhas.
O que aconteceu?
Como? Quem? Contra quem? Quando?
Onde? Por que?
A denúncia deve ser simples. Contar apenas a história do fato delituoso.
- No processo penal o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados (atribuídos),
independentemente da classificação formulada.
Elementos acidentais são aqueles relacionados às circunstancias de tempo, lugar do crime, modos
operandi, etc. Se esses elementos forem conhecidos , deverão constar da peça acusatória.
Eventual vício quanto aos elementos acidentais, é caso de nulidade relativa, logo, deve ser
comprovado o prejuízo.
- Agravantes e atenuantes
Doutrina (moderna): As agravantes devem constar da peça acusatória, pois repercutem na
punição do acusado. Se não constar na denúncia, não há defesa dessa agravante.
Tribunais: Agravantes e atenuantes podem ser reconhecidas pelo juiz mesmo que não tenham
constando da peça acusatória (art. 385, CPP)
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério
Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido
alegada.
2. Qualificação do acusado
- Nome, filiação, nascimento, CPF, RG, etc. Individualiza a pessoa do acusado.
- Sem a qualificação: ainda que não tenha a qualificação da pessoa, ainda é possível o
oferecimento da denúncia, que deve apontar os esclarecimentos pelos quais se poça identificar a
pessoa.
Primeiro passo é a identificação criminal.
Os esclarecimentos devem nos levar a uma identificação física que seja certa.
Se se está tendo problemas quanto à identificação da pessoa, pode ser decretada a prisão
preventiva.
3. Classificação do crime
Eventual erro da classificação não autoriza a rejeição da peça acusatória, visto que o CPP dispõe de
instrumentos para a retificação da classificação no momento da sentença.
a) Emendatio Libelli: Ocorre quando o juiz, sem modificar a descrição do fato constante da peça
acusatória, dá a ele classificação diversa (art. 383, CPP).
Emendatio= correção / libelli = acusação
b) Mutatio Libelli: Ocorre quando durante a instrução probatória, surge prova de elementar ou
circunstância não contida na peça acusatória. Nesse caso, deve ser feito o aditamento pelo MP
com posterior oitiva da defesa, em fiel observância do contraditório, da ampla defesa e da
correlação entre acusação e sentença (art. 384, CPP).
4. Rol de testemunhas
Para a acusação, esse número de testemunhas varia de acordo com o número de ações ou
omissões. O número de testemunhas não varia com o número de crimes, mas sim com o número
de ações empregadas.
Para a defesa, apesar de haver controvérsia, o ideal é que esse número varia de acordo com o
número de ações ou omissões, por acusado.
Obs: Não entram as testemunhas referidas (aquela que uma outra testemunha faz menção), as
que não prestam compromisso e as que nada sabem sobre a causa.
Solto Preso
CPP 15 dias 5 dias
Queixa-crime 6 meses 5 dias
Lei de drogas 10 dias 10 dias
CPPM 15 dias 5 dias
Economia Popular 2 dias 2 dias
Abuso de autoridade 48 horas 48 horas
CE 10 dias 10 dias
PROVAS
CF/88, art. 5º, LVIII: Ninguém será considerado culpado = princípio da não culpabilidade.
CADH art. 8º, § 2º: Tem direito que se presuma sua inocência = princípio da presunção de
inocência.
Até quando a pessoa é considerada inocente na CADH? Será inocente enquanto não for
legalmente comprovada sua culpa.
Se a CADH assegura o duplo grau de jurisdição, o ideal é dizer que a sua culpa estará legalmente
comprovada até a prolação de um acórdão condenatório no exercício do duplo grau de jurisdição.
Até quando é considerado não culpado na CF/88? Até o transito em julgado de sentença penal
condenatória.
Como a CF é mais vantajosa, é a que prevalece sobre a CADH = princípio pro omni.
Ex: briga na balada. Às vezes é muito difícil identificar quem deu início as agressões.
Qual é o princípio aplicado na Revisão Criminal?
Indubio contra reum. Não se aplica o princípio da presunção de inocência, pois a revisão criminal
só pode ser ajuizada após o transito em julgado de sentença condenatória ou absolutória
imprópria.
CUIDADO: HC 84.078
Antes: como o RE e o Resp não são dotados de efeito suspensivo, entendia-se que era
possível a execução provisória da pena após a prolação de um acórdão condenatório pelos
Tribunais de 2ª instancia.
Depois: Enquanto não houver o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, não
será possível o recolhimento do acusado à prisão, salvo se presentes os pressupostos da
preventiva.
Esse entendimento foi positivado pela Lei 12.403/2008, na nova redação dada ao art. 283,
CPP.
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de
sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).
Hoje não é mais possível a execução provisória da pena, o que não impede , no entanto, a
concessão antecipada de benefícios prisionais.
- Doutrina antiga: Processo penal (verdade real) x processo civil (verdade formal)
A verdade real deve ser abandonada, porque:
a) Não existe verdade real. No processo não há como reproduzir com fidelidade o que
exatamente aconteceu.
A verdade é aproximativa.
b) Também foi abandonada porque durante muito tempo, a busca pela verdade real justificou
as provas ilícitas.
O que existe é uma verdade processual.
- Doutrina moderna: trabalha com a ideia da busca da verdade.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Durante as investigações, não possui o juiz iniciativa acusatória, sob pena de violação ao
sistema acusatório e a garantia da imparcialidade. Por isso, a melhor doutrina vem
considerando o inciso I do art. 156, CPP como inconstitucional.
- Art. 5º, LXIII, CF = fala em preso, mas se aplica tanto ao indiciado, acusado (preso, solto)
- Enquanto testemunha, não tem direito ao silêncio, tem o dever de falar a verdade. Todavia, se
das respostas puder resultar autoincriminação, também tem direito de não produzir prova contra
si mesmo.
- O acusado deve ser informado de que não é obrigado a produzir prova contra si mesmo.
- Tem direito de ser informado do silêncio.
Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
Vide STF HC 80949: gravações clandestinas pela autoridade policial sem prévia advertência do
direito ao silêncio.
- Direito de informação estende-se a mídia? O STF (HC 99558) entendeu que não. Esse dever é só
para o Poder Público.
Direito ao silêncio: O silêncio não importa em confissão ficta. Não se aplica o ditado “quem
cala, consente”.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento
para a formação do convencimento do juiz.
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer
referências: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em
seu prejuízo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
A presença do acusado no plenário do júri não é mais obrigatória. (CPP Lei 11.689/08).
Inexigibilidade de dizer a verdade.
- No Brasil não há crime de perjúrio (quando o acusado mente).
- O ideal é dizer que a verdade não é exigível em vez de dizer direito à mentira.
- Falso álibi
- Eventual mentira agressiva, incriminando terceiro inocente pode caracterizar crime (art.
138 e 339).
- DNA (fio de cabelo). Não pode arrancar o cabelo para fazer o exame, mas se encontrar no
chão é cabível.
Ex: caso Glória Trevi
RC 2040, STF = entendeu ser plenamente possível a coleta da placenta, porque seria
descartada pelo hospital
Ex: Caso Pedrinho. Cigarro descartado, o delegado pode apreender. Dentro de casa o lixo
tá protegido pela proteção da intimidade, mas no momento que é descartada na rua, não
tem mais a proteção.
Nova redação do art. 306 do CTB (Lei 11.705/08 – lei seca): “Estando com concentração de
álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 decigramas”.
- Passou a ser um crime de perigo abstrato, porque a situação de perigo não está mais
inserida no tipo penal. (STF HC 109.269).
- Se comprova através do exame direto (soprar bafômetro ou exame de sangue)
- Se o agente se negar a fazer o exame, invocando o nemo tenetur se detegere, não é
possível a comprovação do delito mediante prova testemunhal nem tampouco com exame
clínico (STJ – 3ª seção – 5ª e 6ª Turma)
- Se não fazer o exame, o agente não poderá sofrer nenhuma sanção de natureza penal
(quem tem que provar a culpabilidade é a acusação). Assim, a recusa gera apenas sanções
de natureza administrativa (art. 165, CTB – multa e suspensão de dirigir por 12 meses)
- Não é um direito absoluto, portanto não autoriza a prática de novos ilícitos para encobrir crime
anterior.
Ex: falsa identidade, para não ser preso = tipifica o crime do art. 307, CP (não está protegido pelo
nemo tenetur – STF)
2. TERMINOLOGIA DA PROVA
Fonte de prova: são as pessoas ou coisas das quais se conseguem as provas. Em outras
palavras, cometido o fato delituoso, tudo aquilo que possa servir para esclarecê-lo pode ser
conceituado como fonte de prova. Derivam do fato delituoso em si, independentemente da
existência do processo, sendo que sua introdução no processo se dá através dos meios de prova.
Ex: pessoa que presenciou a prática de um crime, etc.
Meio de prova: são os instrumentos através dos quais as fontes de prova são introduzidas
no processo. Dizem respeito a uma atividade endoprocessual que se desenvolvem perante o juiz
com a participação das partes sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. Ex: depoimento da
testemunha, declarações do ofendido, etc.
2.2. Indícios
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena
mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta
de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na
lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados
os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
b) Indício como sinônimo de prova semiplena: é um aprova de menor valor persuasivo. Essa
prova não confere um juízo de certeza quanto ao fato que se pretende provar, mas sim, de mera
probabilidade.
É muito importante para a decretação de medidas cautelares, onde o juízo é de
probabilidade.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação
da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Para a prisão preventiva deve se ter certeza da existência do crime e indício suficiente da
autoria do crime. O caso Elisa Samudio, Bruno não poderia estar preso ainda, pois o próprio juiz
não tem certeza se a Elisa está morta.
Indícios X Suspeita
Suspeita: enquanto indício é sempre um dado objetivo, a suspeita é um mero fenômeno
subjetivo, pura intuição, que pode gerar desconfiança, dúvida , mas também pode conduzir a
engano.
Ex: busca pessoal.
b) Fatos axiomáticos ou intuitivos: são os fatos evidentes. Ex: não precisa provar que o
cadáver está morto; que a cocaína causa dependência.
c) Fatos inúteis ou irrelevantes: são os fatos que não interessam a solução do processo
(art. 400, § 1º).
§ 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes,
impertinentes ou protelatórias.
O juiz pode indeferir a oitiva de testemunha? O juiz não pode se valer de fatos,
suposições, poderes adivinhatórios para indeferir. Todavia, se souber que a testemunha
for irrelevante para o caso, que for falar sobre algio já provado no processo, poderá
indeferir.
Valor probatório: embora seja trazida ao segundo processo pela forma documentada, a
prova emprestada conserva o mesmo valor da prova originalmente produzida.
2.5. Prova típica/ atípica. Prova nominada / inominada. Prova anômala. Prova irritual
Prova típica: é aquela que tem seu procedimento probatório previsto em lei.
Prova anômala: é aquela utilizada para fins diversos daqueles que lhe são próprios, com
características de outra prova típica. Em outras palavras, existe meio de prova previsto na lei para
a colheita da prova. Porém, esse meio de prova típico é deixado de lado, valendo-se o juiz de outro
meio de prova.
Ex: oficial de justiça liga para testemunha, que mora em comarca diversa para que esta narre
os fatos por telefone.
Essa prova anômala é ILEGÍTIMA, razão pela qual deve ser declarada sua NULIDADE.
Ex: testemunha no procesos deve falar novamnete , não bsta simplemsmente confirmar o
que disse no IP.
Prova irritual: é aquela colhida em desacordo com o modelo previsto em lei. Portanto, está
sujeita à nulidade.
Ex: art. 212: exame direto e cruzado (perguntas formuladas diretamente pelas partes às
testemunhas)
1º a perguntar: MP, depois o assistente, diretamente.
2º a perguntar: Defesa. É o chamado exame cruzado (cross-examination), que também faz
diretamente as perguntas às testemunhas.
O ultimo a perguntar é o juiz.
Se esta ordem não for observada, se denomina prova irritual.
Os tribunais superiores vêm entendendo que a inobservância do art. 212 é causa de
nulidade relativa
3. ÔNUS DA PROVA
Conceito: é o encargo que recai sobre as partes de provar a veracidade das afirmações por
elas formuladas ao longo do processo, resultando de sua inatividade uma situação de
desvantagem perante o Direito.
Espécies:
a) Ônus da Prova Perfeito: o prejuízo resultante do descumprimento do ônus é inevitável
b) Ônus da Prova Menos Perfeito: o prejuízo resultante do descumprimento do ônus
ocorrerá segundo avaliação judicial.
c) Ônus da Prova Imperfeito: quando não resulta qualquer prejuízo. Porém, essa designação
é incorreta, pois não se pode falar em ônus em que o seu descumprimento não acarrete nenhum
prejuízo.
d) Ônus da Prova Objetivo: regra de julgamento a ser aplicada pelo juiz caso subsista dúvida
ao final do processo. Regra de julgamento caso haja dúvida ao final do processo - In dubio pro reo.
e) Ônus da Prova Subjetivo: é o encargo que recai sobre as partes de provar a veracidade
das afirmações por elas formuladas ao longo do processo.
Acusação Defesa
1. Provar a existência de um fato típico 1. A existência de uma causa excludente da
ilicitude
2. Autoria e participação 2. Causa excludente da culpabilidade
3. Nexo causal 3. Causa extintiva da punibilidade
4. Existência do dolo e culpa: são aferidos a partir 4. Eventual álibe: local diverso de onde o crime foi
das circunstâncias objetivas do caso concreto. praticado.
A acusação é obrigada a introduzir no juiz um juízo Art. 386, VI: “o juiz absolvirá o réu quando houver
de certeza. fundada dúvida”.
A defesa basta produzir uma fundada dúvida.
O juiz é livre para valorar qualquer prova, não estando obrigado a fundamentar seu
convencimento, daí porque pode se valer inclusive de provas que não estão nos autos do
processo.
Não é adotado pelo CPP, pelo menos em regra.
Exceções: o sistema da íntima convicção é adotado pelo Tribunal do Júri, apenas quanto aos
jurados, pois não fundamentar seu voto. Já o juiz deve sempre fundamentar suas decisões.
Certos meios de prova tem seu valos probatório fixados em abstrato pelo legislador,
cabendo ao juiz fazer tão somente a somatória das provas e atribuição do valor legal.
Nesse sistema, a confissão era considerada a rainha das provas.
Não é adotado pelo CPP pelo menos em regra.
Exceção: em situações excepcionais há resquícios de prova tarifada no processo penal:
a) Prova quanto ao estado das pessoas: o juiz está submetido às restrições fixadas pela
lei civil. Ex: provar que alguém morreu com a certidão de óbito (art. 62, CPP)
Súmula 74, STJ: menor de 21 anos tem certos benefícios no direito penal (atenuante
e prescrição), mas para isso deve ser juntado documento hábil (certidão de
nascimento ou carteira de identidade).
b) Crime material que deixa vestígios: art. 158: quando o crime deixa vestígios o CPP
exige o exame de corpo de delito.
Quando houver o desaparecimento dos vestígios, a prova testemunhal ou
documental poderá suprir a ausência do exame direto (exame indireto).
O juiz tem ampla liberdade na valoração das provas constantes dos autos do processo, que
tem em abstrato o mesmo valor, estando o magistrado obrigado a fundamentar o seu
convencimento.
É o sistema adotado pelo CPP e pela CF, sob pena de nulidade.
5. PROVA ILEGAL
Provas obtidas por meios ilícitos Provas obtidas por meios ilegítimos
É aquela obtida com violação de regra de direito É aquela obtida com violação á regra de direito
material processual.
Ex: confissão mediante tortura. (“interrogatório Ex: ex: art. 479. Durante o julgamento não será
duro”: aquele que dura várias horas ou dias). permitida a leitura de documento ou a exibição de
Ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo, objeto que não tiver sido juntado aos autos com a
ingresso em domicílio, sem autorização judicial, antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-
etc. se ciência à outra parte.
Em regra, é produzida em momento anterior ou Em regra, é produzida durante o curso do
concomitante ao processo, mas externamente a processo. Trata-se de um vício endoprocessual.
este. (é produzida fora do processo)
Consequência: se juntada aos autos do processo, Consequência: quando se tratar de uma regra
deve ser objeto de desentranhamento. (direito de processual, pode ser declarada a nulidade
exclusão) absoluta ou relativa.
157, §3º: deve ter uma decisão que declare Atenção para a nova redação do art. 157, “caput”,
ilicitude da prova. CPP: São inadmissíveis, devendo ser
É uma decisão interlocutória, que deve ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
proferida o quanto antes possível. assim entendidas as obtidas em violação a normas
O recurso adequado é o RSE com base no art. 581, constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei
XIII. nº 11.690, de 2008)
Legais: material ou processual?
Se for reconhecida na sentença condenatória ou 1ª C: diante da nova redação do art. 157, caput, a
absolutória, o recurso será sempre Apelação, prova será considerada ilícita quando produzida
mesmo que queira recorrer apenas quanto à mediante violação de regra de direito material ou
prova ilícita (princípio da absorção da apelação) processual. (LFG)
2ª C: O art. 157, caput, deve ser objeto de
Quando ocorrer a preclusão dessa decisão (não interpretação restritiva, no sentido de que prova
couber mais recurso contra essa decisão) a prova ilícita é aquela colhida com violação à normas
ilícita deverá ser inutilizada (Lei 11.690/08), salvo legais de direito material.
nas seguintes hipóteses:
Quando a prova ilícita constituir a prova
referente a outro crime.
Ex: interceptação sem autorização, não se
destrói o DVD pois é a prova de que as
autoridades praticaram o crime de abuso de
autoridade (grampo ilícito).
Quando a prova ilícita pertencer licitamente à
terceiro.
Ex: carta obtida de maneira ilícita. A carta
deve ser entrega a pessoa que lhe pertença.
Descontaminação do julgado: o juiz que tiver
contato com a prova ilícita não poderá proferir
sentença.
Seria o §4º, mas foi vetado pelo presidente, para
não ensejar atos de má-fé pelo advogado, para
afastar o juiz do processo que provavelmente
condenaria o réu.
Conceito: são os meios probatórios que, não obstante produzidos validamente em momento
posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que a ele se transmite por meio
de nexo causa.
No Brasil, o STF utiliza há anos, sendo que o primeiro julgado se deu em 1999 (HC 73351).
Na lei, essa teoria foi introduzida pela lei 11.690/08: art. 157, §1º, CPP.
31/05/2012
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar
a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26
do Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à
ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
A doutrina mais conservadora vai dizer que esse poder geral de cautela não pode ser usado
no processo penal, sob pena de violação ao princípio da legalidade (só posso usar as medidas
cautelares previstas em lei – adotar na DPE).
Tanto o STJ quanto o STF admitem a aplicação subsidiária do art. 798 do CPC no processo
penal (art. 3º, CPP), com fundamento no princípio da proporcionalidade (HC 94.147).
Fiança: pode ser concedida tanto pelo juiz como pela autoridade policial. Antes da lei, o
delegado só poderia conceder se a infração fosse punida com detenção e prisão simples. Hoje se a
pena for até quatro anos, o delegado poderá arbitrar fiança.
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação (processo) penal, ou a
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação
da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
A nova lei passou a prever como regra, o contraditório prévio. Diante do pedido de medida
cautelar, antes de decretar, o juiz terá que dar ciência ao acusado para que ele se pronuncie.
Todavia, quando houver risco da ineficácia da medida, o juiz pode deixar de ouvir
previamente o acusado. O contraditório será diferido, postergado. O juiz deverá fundamentar sua
decisão caso não dê o contraditório prévio.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão
preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4
(quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,
ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Toda decisão que decreta uma medida cautelar é baseada na clausula rebus sic stantibus.
Segundo essa cláusula, mantidos seus pressupostos fáticos e jurídicos, a decisão deve ser mantida;
alterado seus pressupostos, a decisão pode ser alterada.
a) Em favor do promotor: Pedido feito pelo promotor e negado pelo juiz, cabe recurso em
sentido estrito, com base no art. 581, V, CPP.
Interpretar esse inciso de maneira extensiva “prisão ou qualquer outra medida cautelar
diversa da prisão.”
Esse recurso não tem efeito suspensivo. Ainda que interposto o RESE o acusado será solto.
Assim, para impedir que ele saia da prisão e obstar os efeitos da decisão do juiz, é possível
conjugar o RESE com o mandado de segurança, para atribuir efeito suspensivo ao recurso em
sentido estrito.
Nesse sentido, a Lei 12.016/09 (lei do mandado de segurança), art. 5º, II, diz que não se
concederá mandado de segurança quando se tratar de decisão da qual caiba recurso com efeito
suspensivo. Assim, interpretando a contratrio senso, será concedido mandado de segurança
quando se tratar decisão judicial da qual não caiba recurso com efeito suspensivo (como o RESE).
b) Em favor da defesa: quando se tratar de prisão preventiva caberá habeas corpus. Mas
quando for uma medida cautelar diversa da prisão será possível HC? Sim, pois mesmo não sendo
preso, há algum tipo de restrição à liberdade de locomoção (proibição de frequentar
determinados lugares, comparecimento em juízo, etc), Ademais, caso seja descumprida qualquer
medida imposta, a medida poderá ser convertida em prisão e, portanto, cabível habeas corpus.
3.8. Detração
Está previsto no CP no art. 42. Nada mais é do que o desconto do tempo de prisão
provisória.
- Detração nas medidas cautelares diversas da prisão: Como funciona a detração quanto às
medidas cautelares diversas da prisão? Diante do silencio da lei, havendo semelhança ou
homogeneidade entre a medida cautelar diversa da prisão imposta durante o curso da persecução
penal e a pena definitiva aplicada ao agente, será possível a detração com a pena imposta.
Mas quando não tiver semelhança, como no monitoramento eletrônico, o que se faz? Para
o concurso do MP dizer que não cabe detração. A doutrina sugere que seja adotado o critério
utilizado para a remição, ou seja, para cada 3 dias de trabalho, um dia a menos de pena. Mas há
medidas cautelares mais severas do que outras, usando o critério da razoabilidade, o juiz deve
definir no caso concreto.
Assim, quando não houver semelhança, parte da doutrina vem sugerindo a possibilidade de
a detração ser feita mediante critério semelhante ao da remição (LEP, art. 126), que deve variar de
acordo com o grau de danosidade da medida cautelar diversa da prisão. Quanto mais gravosa a
medida, maior deve ser o benefício, e quando menos gravosa, menor o benefício.
4. Prisão
4.1. Conceito
5. Prisão Extrapenal
A CF trata da prisão civil no art. 5º, LXVII. A constituição apenas autoriza, é uma norma de
eficácia contida, que apenas autoriza a prisão, não possuindo aplicabilidade imediata. Necessita de
uma lei.
A Convenção Americana de Direitos humanos no art. 7º, §7º prevê apenas a prisão civil do
devedor de alimentos. Não derrogou a CF, mas afastou a aplicabilidade da legislação
infraconstitucional, pois o dispositivo constitucional depende de lei infraconstitucional para surtir
efeitos, e essa lei foi afastada pela CADH.
Decreto Lei 7661/45, art. 35, § único. A maioria da doutrina dizia que o art. 35 não fora
recepcionado pela CF, pois ela só autoriza a prisão civil do devedor de alimentos e depositário
infiel.
Súmula 280, STJ.
Hoje o decreto foi revogado pela nova Lei de Falências nº 11.101/05. No art. 99, VII traz a
prisão do falido. No decreto tratava de prisão civil, na nova lei trata de prisão preventiva, ou seja
de natureza cautelar.
É a prisão decretada por uma autoridade administrativa com o objetivo de obrigar alguém
a cumprir um dever de direito público.
Essa prisão não foi recepcionada pela CF/88.
A lei 12.403/11 revogou os dispositivos do CPP que tratavam da prisão administrativa. (art.
319, CPP).
CUIDADO:
Estado de defesa e estado de sítio: autoridades não judiciárias podem decretar prisões. É
uma espécie de prisão administrativa autorizada pela CF.
É aquela que resulta de sentença condenatória com trânsito em julgado que impôs o
cumprimento de pena privativa de liberdade. Vem sempre ao final do processo.
Cerca de 60% no Brasil cumprem prisão penal e 40% prisão cautelar.
7. Prisão Cautelar
Essas duas últimas prisões foram extintas pelas leis 11.689/08, 11.719/08 e 12.403/11.
Art. 387, § único:
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença
condenatória transitada em julgado (prisão penal) ou, no curso da investigação ou do
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
8. Momento da prisão
Em regra a pessoa pode ser presa em qualquer lugar e a qualquer hora, respeitada as
hipóteses de inviolabilidade do domicílio.
Observações:
- Padaria, do balcão para dentro é casa.
- Consultório médico, a sala de espera não é casa, mas o consultório sim.
- Auditor da Receita (autoridades fazendárias) pode adentrar no escritório para verificar os
livros contábeis? Não, deverá ter sempre autorização judicial.
- Escritório de advocacia é casa. Lei 8.906, art. 7º, §6º = é necessária ordem judiciária e a
presença de representante da OAB, vedada a utilização de documentos, mídias e objetos
pertencentes aos clientes e instrumentos de trabalho que contenham informações dos clientes.
Todavia, se os clientes estejam investigados pelo mesmo crime que deu origem ao mandado
de busca e apreensão os materiais poderão ser apreendidos.
Se a OAB não indicar representantes, não haverá prejuízo para o mandado, pois ocorrerá
igualmente a busca.
9. Eleições
Art. 236, CE. Eleitor não poderá ser preso 5 dias antes das eleições e 48 horas depois do
encerramento da eleição, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal
condenatória por crime inafiançável.
Os candidatos desde que 15 dias antes da eleição.
29/06/2012
PRISÃO EM FLAGRANTE
1. Conceito
CUIDADO: Não confundir prisão em flagrante e flagrante delito. Flagrante é algo que está
ardendo, flagrante delito é o crime que está ardendo, pegando fogo, sendo assim possível prender
o agente.
Art. 27, CPPM: o auto de flagrante delito constituirá o inquérito. Se o auto de prisão em
flagrante já conter todos os elementos, não será necessário fazer inquérito policial.
No dia-a-dia policial, é comum utilizar o auto de prisão em flagrante no lugar do inquérito.
Nesse sentido, o delegado lavra o auto e encaminha ao juiz, dizendo que se for necessário que o
MP faça a requisição de instauração de inquérito. Se não for necessário, o MP já faz a denúncia.
a) Captura
Emprego da força. Ela somente deve ser utilizada se estritamente necessária. Pensar
nos mesmos moldes da legítima defesa. (art. 284, CPP).
Uso de algemas. Trata-se de medida de natureza excepcional, a ser adotado nas
seguintes hipóteses:
a) com a finalidade de impedir, prevenir ou dificultar a fuga do preso;
b) com a finalidade de evitar agressão do preso contra os próprios policiais, contra
terceiros ou contra si mesmo.
- Súmula Vinculante nº 11: A súmula obriga a lavrar um auto de utilização do uso de
algemas. Ela pode ser feita no bojo do APF.
Obs: Divulgação da imagem na imprensa após o individuo ser preso, apenas com a sua
autorização, a depender do caso (estupro, as vezes é importante, porque a vítima muitas vezes
não tem coragem de vir a público), apenas por interesse público. Mas apresentar como troféu,
não há interesse algum.
d) Recolhimento à prisão
e) Comunicação
Ao juiz, ao MP e à Defensoria pública, neste caso, se o autuado não informar o nome de seu
advogado.
Novidade do novo art. 306 é a comunicação ao MP. A comunicação ao MP já existia antes,
mas contava na Lei Orgânica Nacional do MP, sendo ignorada antes da Lei na prática.
Se não foi feita a comunicação a prisão em flagrante deve ser relaxada, mas nessa mesma
decisão, poderá der decretada a prisão preventiva.
Sendo comunicado o juiz, acontece a convalidação judicial da prisão em flagrante. O juiz
recebe a cópia do APF e faz a convalidação judicial.
São as providencias que o juiz deve tomar ao receber o auto de prisão em flagrante.
Antes da Lei 12.403/11, entendiam os Tribunais que, ao ser comunicado acerca da prisão em
flagrante, o juiz era obrigado a analisar tão somente sua legalidade para fins de possível
relaxamento.
Com o advento do art. 12.403/11, o art. 310 passou a tratar sobre a convalidação judicial.
A liberdade provisória pode ser cumulada, se for o caso, com as medidas cautelares diversas
da prisão.
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares
previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
- A prisão em flagrante não justifica, por si só, a manutenção da prisão. Hoje a conversão
deve ser feita.
- O HC é o instrumento voltado para proteger a liberdade de locomoção. Assim, ele não
pode servir para que o desembargador do Tribunal faça a prisão.
*Prazo para aplicação da convalidação: a lei em nada falou. A doutrina vem entendendo a
aplicação do art. 322, §único:
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Uma vez realizada a captura, o delegado tem 24h para determinar a remessa do APF ao juiz
competente. O juiz ao receber o auto, terá o prazo de 48h para fazer a convalidação judicial da
prisão em flagrante.
MEDIDA PRÉ-CAUTELAR: uma prisão em flagrante legal, diante das mudanças introduzidas,
essa prisão poderá dar ensejo à conversão em
prisão preventiva : medida cautelar
liberdade provisória: medida cautelar (diversa da prisão)
A prisão em flagrante antecede a decretação de duas possíveis medidas cautelares,
passando a funcionar como uma medida pré-cautelar, pois ele é colocado à disposição do juiz para
fazer a convalidação. (Aury Lopes Júnior e Luiz Flávio)
6. Sujeitos do flagrante
a) Flagrante obrigatório
Autoridade policial: Age no estrito cumprimento do dever legal. Se o delegado não
faz responde por omissão.
b) flagrante facultativo
Particular: Aje no exercício regular do direito.
a) Flagrante próprio (ou real ou verdadeiro ou perfeito): art. 302, I e II. Pode ser preso
quando o individuo começa a praticar a infração.
Ex: furto dentro do supermercado, só haverá quando passar pelo caixa, antes disso é ,meros
atos executórios e não poderá ser preso.
b) Flagrante impróprio (ou imperfeito ou irreal ou quase flagrante): art. 302, III.
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
Direito penal do autor, pois primeiro vê a pessoa, para depois verificar se foi ela que
cometeu o delito.
d) Flagrante preparado (ou provocado ou delito putativo por obra do agente provocador)
Deve ser analisado se houve induzimento à prática do delito pelo agente provocador que
pode ser tanto a autoridade policial ou terceiro.
Precauções para que o delito não se consume.
Por conta das precauções adotas para que o delito não se consumasse, trata-se de um crime
impossível.
É exemplo de uma prisão ilegal, e deve ser objeto de relaxamento pela autoridade
judiciária.
e) Flagrante esperado
Não se confunde com o preparado, pois aqui não há agente provocador. Ninguém induz o
agente a praticar.
Aqui a autoridade toma conhecimento prévio acerca do delito em face das investigações
policiais.
Ex: interceptação telefônica. Através da ligação descobre que a quadrilha vai assaltar um
banco. Assim, a polícia já estará lá esperando o indivíduo.
PRISÃO PREVENTIVA
1. Conceito
Pode ser decretada durante a fase investigatória e também durante a fase judicial. Por esta
razão, é a prisão mais importante do processo penal.
Na fase investigatória, não há necessidade de um inquérito policial, pois o MP também pode
investigar ou uma CPI, e nessas hipóteses também poderá ser decretada a prisão preventiva.
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Obs: com a criação da prisão temporária pela Lei 7.960/89 como espécie de prisão cautelar
cabível em relação a certos delitos única e exclusivamente na fase investigatória, há quem
entenda que, se o delito admite a decretação da prisão temporária, não admite a decretação da
preventiva durante as investigações.
Fase judicial = qualquer delito, observado o art. 313 (desde o início do processo até o
trânsito em julgado da sentença condenatória)
Fase investigatória = apenas quanto aos delitos que não admitem prisão temporária
(art. 313).
- Prova da existência do crime – Juízo de certeza. O juiz para decretar a prisão deve ter
certeza quanto ao cometimento do delito
- Indícios suficientes de autoria e participação – Juízo de probabilidade
3ª corrente: (de caráter ampliativo). A prisão preventiva pode ser decretada com
fundamento da garantia da ordem pública não apenas nos casos de reiteração delituosa, mas
também quando a prisão cautelar for necessária para assegurar a credibilidade da justiça em
crimes que provocam clamor público. Fernando Capez.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-
se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Na visão dos tribunais, a magnitude da lesão causada nos crimes contra o sistema financeiro
não autoriza, por si só, a decretação da prisão preventiva, a qual, só poderá ser determinada se
presentes os pressupostos do art. 312 do CPP. (HC 80.717, STF)
Para os tribunais, uma ausência momentânea, seja para evitar uma prisão em flagrante, seja
para evitar uma prisão decretada arbitrariamente, não autoriza a decretação da prisão preventiva
com base na garantia de aplicação da lei penal. (STF HC 89.501)
Prisão preventiva nas hipóteses do art. 366 do CPP: não criou uma prisão preventiva
obrigatória. A sua decretação está condicionada aos pressupostos do art. 312 e 313 do CPP.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a
falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação
da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Quando não for cabível a substituição por outra medida cautelar, a prisão preventiva deve
ser decretada.
Assim, a decretação da prisão preventiva está condicionada à inadequação ou à insuficiência
das medidas cautelares diversas da prisão para assegurar a eficácia do processo no caso concreto.
282, § 6o A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar (art. 319).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4
(quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,
ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei n o 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre
a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 313, I, CPP – agora o crime precisa ter pena máxima superior a 4 anos. Assim, o furto
simples, em tese, não admite a preventiva, pois a pena é de 1 a 4 anos. Se a pena máxima não é
superior a 4 anos, não se admite a prisão preventiva.
Lembrar que somente é possível em crimes dolosos, culposos não.
No art. 313, II, pouco interessa o quantum de pena cominado ao delito. Basta mostrar que o
agente é reincidente em crime doloso.
Lembrar que deve ser observado o lapso temporal de 5 anos da reincidência.
4.3. Violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
ou pessoa com deficiência para garantir a execução das medidas protetivas de urgência
Art. 313, III.
Antes falava apenas em violência contra a mulher.
O conceito de violência doméstica e familiar é extraído da lei 11.340/06, no art. 5º.
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente
de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por
vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido
com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação
sexual.
Essas medidas protetivas de urgência também estão previstas na Lei 11.340, nos arts. 22 e
23.
Para os Tribunais, o descumprimento das medidas protetivas não autoriza por si, a
decretação da prisão preventiva. Deve ser comprovada a presença dos pressupostos do art. 312.
Nessa hipótese, pouco importa o quantum de pena cominado ao delito.
Apesar do silencio da lei, entende-se que esse crime só pode ser crime doloso porque só se
cogita do descumprimento das medidas de maneira voluntária. Assim, não faz sentido mandar
pretender alguém que de maneira negligente tenha infringido as medidas protetivas.
6. Fundamentação da decisão
Espécie de prisão cautelar, decretada pela autoridade judiciária competente durante a fase
preliminar de investigações, com prazo predeterminado de duração, a ser utilizada quando a
privação de liberdade de locomoção do investigado for indispensável para assegurar a eficácia das
investigações, seja em relação às infrações penais mencionadas no art. 1º, III da Lei 7960/89, seja
em relação aos crimes hediondos e equiparados.
Prevalece na doutrina que o inciso III deverá estar sempre presente, quer combinado com
o inciso I, quer combinado com o inciso II.
5. Prazo
Trata-se também de um prazo limite, ou seja, nada impede que o juiz utilize prazo menor.
Somente o juiz pode revogar a prisão temporária.
Decorrido o prazo da prisão temporária, o acusado deve ser posto em liberdade, salvo se
sua prisão preventiva tiver sido decretada. Não há necessidade de alvará de soltura, exceto em
caso de revogação. Chegando o prazo ao fim, automaticamente o acusado deve ser posto em
liberdade.
PRISÃO DOMICILIAR
1. Conceito
Lei 5256/67, art. 3º. Por ato de ofício do juiz, a requerimento do Ministério Público ou da
autoridade policial, o beneficiário da prisão domiciliar poderá ser submetido a vigilância
policial, exercida sempre com discrição e sem constrangimento para o réu ou indiciado e
sua família.
2. Ônus da prova
Recai sobre o interessado o ônus de provar que está presente uma das hipóteses de prisão
domiciliar.
Art. 318, CPP:
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
(Alterado pela L-012.403-2011)
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo.
Assim, deve ficar evidenciada uma das hipóteses do art. 318, caso contrário não será
decretada. É um ônus da prova perfeito, pois se ele não demonstrar não terá direito. Não se
aplica a máxima indubio pro reo.
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
(Alterado pela L-012.403-2011)
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Acrescentados pela L-012.403-2011)
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou
com deficiência;
IV - gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco.
- Agente extremamente debilitado por motivo de doença grave. Doença grave por si só
não dá direito, os Tribunais analisam se no estabelecimento prisional dispõe de tratamento
médico adequado. Caso haja, não haverá a substituição. Ex: HIV, por vezes, no presídio tem como
fazer o tratamento.
- Agente que seja imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de
idade ou com deficiência. Na LEP fala apenas em mulher, mas pode acontecer de quem cuidar da
criança ser um homem.
Pessoa com deficiência é aquele que temporária ou permanentemente tem limitada a sua
capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo, tal qual disposto no art. 2º, inciso III da lei
10.098/00. (lei regulamentada pelo decreto 5.296/04)
Essa substituição, para que possa ser feita, deve-se comprovar que não há outros familiares
que podem cuidar do menor ou da pessoa deficiente.
A prisão domiciliar prevista no art. 317 e 318 possui natureza cautelar. Já a prisão da LEP
(art. 117) tem natureza penal, cujo regime estava sendo cumprido no aberto.
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em
residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para
informar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para
evitar o risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou
necessária para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado
ou acusado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações
penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26
do Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à
ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades
encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou
acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).
Antes da lei, ou o juiz decretava a prisão cautelar do acusado, ou concedia a ele liberdade
provisória com ou sem fiança. Agora há uma ampliação das medidas cautelares, passando a prisão
ser uma medida de ultima ratio, devendo sendo decretada apenas quando for insuficiente as
medidas cautelares diversas da prisão.
Pressupostos:
Fumus comissi delicti – prova da existência do crime e indícios suficientes de autoroa
Periculum libertatis – resguardar a aplicação da lei penal, da investigação ou da
própria coletividade.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-
se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e,
nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; (Incluído
pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
pessoais do indiciado ou acusado
Art. 283, § 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que
não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.
Lembrar que a peridiocidade deve ser fixada pelo juiz de maneira razoável.
Se o acusado morar em outra comarca, é possível a expedição de carta precatória para fins
de fiscalização dessa cautelar, ou seja, se está sendo processado em São Paulo, mas mora em
Porto Alegre, o comparecimento pode ser feito no juízo deprecado, isto é, em Porto Alegre.
O comparecimento é para informar e justificar suas atividades.
Não confundir essa medida cautelar do art. 319, I com a medida prevista no art. 310, §
único, que trata da concessão de liberdade provisória.
Art. 310, Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (causas excludentes da ilicitude) - Código
Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante
termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação . (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas
provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos
incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal.
O grande problema dessa medida é a sua fiscalização. O melhor é aplicar essa medida
cumulada com outra cautelar, como o monitoramento eletrônico.
Essa medida pode ser adotada para evitar novos crimes contra essa pessoa. Ex: violência
doméstica contra mulher.
Essa medida também pode ser adotada para evitar qualquer prejuízo à produção da prova.
Ex: ameaça de testemunha.
Pode ser qualquer pessoa, como vítima, eventuais testemunhas e eventuais corréus.
A proibição de contato abrange qualquer tipo de contato, como telefônicos, pessoais, e-
mail, MSN, skype, etc.
Para tornar essa medida mais eficaz, a pessoa determinada cujo contato foi proibido deve
ser informada acerca da medida e o pedido de comunicação caso seja descumprida.
Art. 201
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do
acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos
acórdãos que a mantenham ou modifiquem. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado,
admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico.
Embora fale só do ofendido, esse artigo pode ser aplicado de forma subsidiária também às
testemunhas.
A nova lei criou um banco nacional de mandados de prisão. O juiz que expedir um
mandado de prisão em São Paulo registrará no banco nacional, permitindo que juízes, policiais,
promotores de outros Estados tomem conhecimento desse mandado de prisão. (Resolução nº 137
do Conselho Nacional de Justiça, de 13/07/2011).
Para Renato Brasileiro, seria interessante que esse banco nacional não se limitasse apenas
aos mandados de prisão, mas que também abrangesse medidas cautelares diversas da prisão,
principalmente a proibição de ausentar-se da comarca.
d) Suspensão da remuneração
Quando o funcionário é suspenso de suas funções, o pagamento deve ser feito?
1ª Corrente: é possível, sob o argumento de que o recebimento seria uma forma de
enriquecimento ilícito, vez que não está trabalhando, servindo de desestímulo frente aos seus
colegas. (STJ 413.398/2002 – funcionário público com prisão preventiva decretada. STJ entendeu
que como estava preso, não fazia jus a receber a remuneração).
2ª corrente: não é possível, vez que no Brasil vigora o princípio da presunção de inocência.
Ademais a remuneração tem caráter alimentício, que na maioria das vezes é revertida em prol de
sua família. (RE 482.006 – constitucionalidade de uma lei estadual que determinava a redução dos
vencimentos do cidadão que estive responde criminalmente por um delito funcional – STF
entendeu inconstitucional).
Não esquecer, que um dos efeitos da condenação dos crimes funcionais é a perda do
cargo.
7. Internação provisória
8. Fiança
Pode ser concedida pela autoridade policial, ao contrário das demais medidas cautelares. O
delegado teve essa possibilidade ampliada.
O delegado pode aplicar a fiança aos delitos cujas penas máximas não ultrapassem a 4
anos. (art. 322)
O valor da fiança foi ampliado (art. 325)
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes
limites: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena
privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos; (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011).
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de
liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser:
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
Só o juiz pode dispensar a fiança.
9. Monitoramento eletrônico
Já existia na LEP.
9.1. Conceito
O monitoramento eletrônico surgiu no Brasil com a Lei 12.258/10, que introduziu os arts.
156-B, 146-C, 146-D da LEP. Aos beneficiados com saída temporária no regime semiaberto e aos
que tiverem prisão domiciliar. A doutrina denominada esse monitoramente de monitoramento
sanção ou o sistema back-door (porta dos fundos), pois o monitoramento está sendo utilizado
para naquelas pessoas que já estão aptas a sair da prisão.
Já a Lei 12.403/11 introduziu o monitoramento eletrônico como medida cautelar diversa da
prisão (319, IX). O monitoramento é utilizado como front door, a fim de se evitar o ingresso do
agente na prisão.
9.3. Fiscalização
9.4 Constitucionalidade
LIBERDADE PROVISÓRIA
1. Fundamento constitucional
Art. 5º, LXVI: Ninguém será levado á prisão ou nela mantido quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.
Antes da Lei 12.403/11 era uma medida de contracautela substitutiva apenas da prisão em
flagrante. Não era cabível nos casos de prisão preventiva e nem de prisão temporária.
Após a Lei 12.403/11 a liberdade provisória passa a funcionar como medida cautelar,
podendo ser concedida com ou sem fiança, e cumulada ou não com as cautelares diversas da
prisão.
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares
previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Antes só se podia dar a fiança aquele que foi preso em flagrante. Hoje, é colocada dentre o
rol das medidas cautelares diversas da prisão, que pode ser concedida tanto àquele que estava
preso, substituindo a prisão, quanto ao àquele está solto.
OBS: em uma mesma petição podem ser cumulado mais de um pedido. Ex: pedir o
relaxamento da prisão e subsidiariamente a liberdade provisória.
a) Quanto à fiança:
Liberdade provisória sem fiança
Liberdade provisória com fiança
Apesar de extinta não fará falta, visto que os crimes de que trata em que não se comina
pena de prisão ou que a PPL é inferior a 3 meses, serão processos nos JECRIMs, que como se sabe,
não será formulado auto de prisão em flagrante, desde que o acusado assuma o compromisso de
comparecer no juizado. O auto de prisão em flagrante é substituído pelo termo circunstanciado
(69, §único).
Art. 310, Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A doutrina diz que essa liberdade também pode ser dada se o juiz verificar a presença de
excludentes da ilicitude previstas na parte especial do CP. Ex: aborto – não se pune o aborto
praticado por médico...
Além disso, a doutrina entende que também pode ser concedida nos casos de excludentes
da culpabilidade, salvo a inimputabilidade. Ex: coação moral irresistível, obediência hierárquica.
Ainda que o acusado não compareça a todos os atos processuais, sua prisão preventiva não
poderá ser decretada, conforme o art. 314, CPP.
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas
provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos
incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal.
Há quem diga que o art. 310, §único não se trata de liberdade provisória, pois o acusado
não ficará em verdade vinculado a qualquer outra medida cautelar.
Se a policia verificar que o agente praticou o crime em legítima defesa, p. exe., o que o
delegado deve fazer?
*Concurso delegado de policia: Não deve decretar a prisão em flagrante, pois esta só é
cabível diante de um fato típico, ilícito e culpável. Assim, só instaura um IP.
*Magistratura, MP e Defensoria: O delegado deve fazer a prisão em flagrante. Ainda que
presente uma excludente da ilicitude, o delegado é obrigado a lavrar o auto de prisão em
flagrante. O delegado ao efetuar uma prisão em flagrante, a ele incube apenas uma analise de
tipicidade formal, cabendo ao juiz a análise excludentes da ilicitude e culpabilidade na hora de
conceder a liberdade provisória.
Art. 310, Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (...)
5.3. Liberdade provisória sem fiança quando verificada a ausência de hipótese que
autorize a prisão preventiva do acusado
Antes da Lei 12.403/11, essa hipótese estava prevista no art. 310, §único.
Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o
fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do Código Penal, poderá, depois de ouvir o
Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação.
Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de
prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão
preventiva (arts. 311 e 312). (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
Essa liberdade provisória sem fiança, com o advento da Lei 12.403/11, foi extinta.
Hoje, a liberdade provisória sem fiança ocorre apenas nas hipóteses de descriminantes ou
no caso de pobreza.
Assim, se o juiz verificar que não há a necessidade de manter o acusado preso ele terá que
conceder a liberdade provisória com fiança cumulada, se o for o caso, com as medidas cautelares
diversas da prisão.
Se uma pessoa for miserável e que não poça recolher a fiança, o juiz poderá dispensar.
Cabível apenas para crimes afiançáveis.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do
preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes
dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das obrigações
ou medidas impostas, aplicar-se-á o disposto no § 4 o do art. 282 deste Código. (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Somente o juiz pode conceder essa liberdade sem fiança.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de
residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8
(oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será
encontrado.
Essa situação de pobreza pode ser extraída do art. 32, §1º, CPP.
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua
pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.
§ 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem
privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família.
6.1. Conceito
Fiança é uma calção real destinada a assegurar o cumprimento das obrigações processuais
do acusado. Pode ser dada tanto pelo preso como por um terceiro.
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras,
objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou
em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
Pode ser dado aquele que estava solto (assume natureza de medida cautelar, para não ter
sua preventiva decretada) como ao que estava preso (juiz entende que não há mais a necessidade
de mantê-lo preso).
Assim, a fiança pode ser concedida até o transito em julgado da sentença condenatória.
Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em julgado a sentença
condenatória
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes
limites: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena
privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos; (pode ser dada
pelo delegado)
Só o juiz pode dispensar a fiança. Mas a redução e o aumento pode ser feito tanto pelo
delegado como pelo juiz.
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
Antes DA Lei 12.204/11, quando o crime tinha pena mínima superior a 2 anos não era
cabível fiança.
Súmula 81, STJ: Não se concede fiança quando, em concurso material, a soma das penas
mínimas cominadas for superior a dois anos de reclusão.
6.5. Quebramento da fiança
Quando o acusado se furta a aplicação da pena. Pode ser qualquer pena (multa, prisão,
PRD).
Nesse caso, ocorre a perda da totalidade. O valor, deduzidas as custas o valor será
recolhido ao fundo penitenciário.
Essas vedações estão ultrapassadas, pois a prisão de qualquer pessoa depende de ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária. O juiz não pode negar a liberdade provisória
apontando simplesmente um desses dispositivos legais que vedam a sua concessão.
Por mais que a lei vede, essa análise sempre deverá ser feita pelo juiz, mesmos nos casos
de crimes hediondos e equiparados. Se o juiz entender que não há motivo que justifique a prisão
cautelar do acusado, poderá conceder liberdade provisória, mesmo nos casos em que seja vedada
a fiança. Neste caso, poderá cumular com outra medida cautelar diversa da prisão.
COMPETÊNCIA CRIMINAL
a) Autotutela: caracteriza-se pelo emprego da força bruta para satisfação dos interesses.
Fazer justiça pelas próprias mãos é crime, conforme art. 345, CP, salvo nos casos em que a
lei permite.
Assim, em regra, a autotutela não é tolerada, mas tendo em vista que o Estado não pode
resolver todos os problemas, há situações excepcionais que é permitido. Ex: legítima defesa,
estado de necessidade (ex. do direito penal). Exemplo de autotutela processual é a prisão em
flagrante.
Conceito: é um direito que cada cidadão tem de saber, antecipadamente, a autoridade que
irá processar e julgá-lo caso venha a praticar uma infração penal.
1ª
instância
Respectivo TRF
Membros do MP da União que praticam crimes, salvo eleitorais, são julgados pelo
respectivo TRF (art. 108, I, a) – crimes comuns e de responsabilidade.
Previsão:
à Art. 5º, XXXVII, CF: Não haverá juízo ou tribunal de exceção.
A justiça Militar e Eleitoral são tribunais de exceção? Não, são justiças especializadas,
não se caracterizando como tribunal de exceção.
à Art. 5º, LIII, CF: Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente.
Exemplo: Gerente de um banco Bradesco, pegava os clientes que tinham que pagar a guia
de recolhimento da previdência. O gerente dizia que seus clientes são Gold e não freqüentam fila.
Assim, pedia para que seus clientes trouxessem as guias e o dinheiro para que ele repasse ao INSS.
O gerente autenticava em casa e simulava o pagamento.quando foi descoberto o crime, o banco
pagou ao INSS o prejuízo, temendo perder os clientes.
Quem é a vítima do crime? Não é o INSS e também não é o banco (responsável civil pelo
gerente, que escolheu mal). As vítimas são os clientes que foram lesados.
Sobre o tema há uma súmula do STJ nº 107: Compete à Justiça Comum Estadual processar
e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das
contribuições previdenciárias, quando não ocorrer lesão à autarquia federal.
Assim, em 2004 o TRF conclui que a competência para julgar esse crime é da Justiça
Estadual. Assim, houve uma clara violação ao princípio do juiz natural.
A conseqüência dessa violação é que todos os atos decisórios serão anulados. TRF então é
obrigado a declarar a nulidade absoluta dos atos decisórios.
- Recebimento da denuncia e a
- Sentença foram anulados.
Esses dois atos decisórios são atos Interrompem a prescrição. A partir do momento que se
anula esses atos decisórios, de 1996 até o ano de 2004 a prescrição flui naturalmente porque não
houve nenhuma interrupção. Assim, a depender da pena, pode acarretar a prescrição (na época
existia a prescrição retroativa, seja entre a data do fato e o recebimento).
Ex 1: crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil. Praticado em
1994/1995. Na época, eram julgados pela Justiça Militar.
Imagine que na Justiça Militar/SP:
- 1ª instância: 48 processos
- 2ª instancia (TJM): 42 processos
Em 1996 entre uma nova lei 9.299/96: mudou a competência para o Tribunal do Júri. (essa
lei tem apelido de Lei Rambo).
Pergunta-se: O que se faz com os processos que estão tramitando?
Obs: Lei que altera competência tem aplicação imediata aos processos em andamento,
salvo se já houver sentença relativa ao mérito, hipótese em que o processo deve permanecer na
Justiça Originária. Assim, os 42 processos que estão no TJM lá permanecerão. Não poderia ir para
o TJ Estadual porque não estão sob a mesma Jurisdição.
Ex 2: Tráfico internacional de drogas em Comarca que não seja sede de Vara Federal.
A competência é da Justiça Federal, mas se na Comarca não há sede de JF quem julga?
No ano de 2004, na cidade de Pacaraima (Roraima) uma pessoa foi pega trazendo drogas
da Venezuela. Nessa cidade não tem Vara da Justiça Federal. Em 2004 era julgado perante uma
Vara da Justiça Estadual, com recurso para TRF da 1ª Região.
Essa possibilidade está prevista na CF, art. 109, §3º, CF. Desde que previsto em lei.
A antiga lei de drogas, no art. 27, previa que no tráfico internacional, a competência seria
da Justiça Estadual se o lugar que tiver sido praticado o crime não houvesse vara da Justiça
Federal.
Ocorre que no ano de 2006 surge a nova Lei de Drogas, que trouxe a competência, em se
tratando de tráfico internacional, para a Justiça Federal, pouco importando se há ou não Vara da
Justiça Federal. (art. 70, §único) – assim, nos locais em que não há Justiça Federal, os processos
irão para subseção judiciária correspondente. Ex: Camaquã – JF de Porto Alegre.
No exemplo Pacaraima –> Subseção de Boa Vista
Assim, todos os processos que estavam tramitando na Justiça Estadual devem ser
encaminhados para a Justiça Federal da respectiva subseção. Lei que altera competência tem
aplicação imediata!!
2.3. Convocação de juízes de 1ª Grau para substituir desembargadores
É possível? Tem previsão legal? Como é feita essa escolha? Os julgamentos podem ser
feitos por turmas compostas majoritariamente por juízes convocados?
à A convocação é plenamente possível. Não apenas para substituir desembargadores, mas
também ministros dos Tribunais Superiores (desembargadores para atuar como ministros).
à Há previsão legal na LC 35/79, art. 118 (lei orgânica nacional da magistratura)
à Escolhidos por maioria absoluta do tribunal respectivo ou do órgão especial, se houver.
STF em ADI 1481/ES, interposta contra o Regimento Interno do TJ/ES. O desembargador
que estava sendo afastado escolhia o juiz que iria substituí-lo. Viola o princípio da
impessoalidade, bem como do juiz natural – não é possível discricionariedade, deve ser
uma ordem taxativa. Assim, STF entendeu que a escolha do juiz deve ser por maioria
absoluta dos integrantes do órgão especial.
à Num primeiro julgado, o STJ decidiu que não é possível julgamentos feitos por turmas ou
câmaras compostas majoritariamente por juízes convocados. Todavia, STF entendeu ser
perfeitamente possível, para não gerar a anulação de milhares de processos (STF HC 96821
– Pleno do STF)
3. Competência
3.1. Conceito
É a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional pode aplica o
direito objetivo no caso concreto.
A jurisdição é uma, o que se divide é a competência. É como se pegasse o bolo (jurisdição)
e dividisse em várias fatias (competência)
3.2. Espécies de competência
c) Competência ratione loci: é a competência territorial. Pode ser determinada pelo local
da consumação do delito (regra) ou do local do domicilio do acusado.
d) Competência funcional:
Por fase do processo: a depender da fase em que estiver o processo, um órgão
jurisdicional distinto irá exercer a competência.
Ex: procedimento do júri – há duas fases distintas:
a) 1ª fase:
- judicium accusationis. Quem exerce a competência é o juiz sumariante (pronúncia,
impronúncia, desclassificar, absolver sumariamente.
b) 2ª fase
- judicium causae (juízo da causa). É onde se terá a intervenção do Tribunal do Júri. Aqui
será proferida sentença condenatória ou absolutória.
Por objeto do juízo: a depender da matéria a ser apreciada, um órgão jurisdicional distinto
irá exercer a competência.
Ex: Tribunal do júri, composto pelo:
- Conselho de sentença (os 7 jurados): Decide sobre:
Materialidade (existência do crime),
Autoria
Possível absolvição
Causas de diminuição de pena
Presença de eventuais qualificadoras e causas de aumento de pena
- Juiz Presidente: cabe a ele apreciar as questões de direito suscitadas, como também
elaborar a sentença condenatória ou absolutória de acordo com a decisão dada pelos
jurados.
a) justiça Federal
b) Justiça Estadual – é a competência residual
Crimes militares = mesmo se forem praticados dentro do quartel, se não tiver previsto no
CPM não será militar.
Súmula 172, STJ: compete à justiça comum processar e julgar crimes de abuso de
autoridade, mesmo que praticado em serviço.
(abuso de autoridade, pedofilia na internet, tortura, crimes ambientais)
Lembrar que os crimes novos não estão previstos no CPM.
Crimes militares:
Propriamente militar: só pode ser praticado por militares. Sujeito ativo será um militar.
Ex: deserção (quando militar se ausente do quartel por mais de 8 dias sem autorização do
comandante), embriaguez, dormir em serviço.
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I,
como os do inciso II, nos seguintes casos:
EX: Cidadão civil que engana o exercito para ganhar pensão militar: Responderá por crime
militar, tipificado nos arts. 251, caput, c/c art. 9º, III, a, ambos do CPM.
Súmula 175, STJ: compete à justiça comum estadual processar e julgar policial militar que
promover ou facilitar a fuga de preso em estabelecimento penal.
Se se trata de estabelecimento penal comum, a competência será da Justiça Comum,
federal ou estadual, a depender da natureza do presídio; se se trata de estabelecimento prisional
militar, a competência será da Justiça Militar da União ou dos Estados.
Conflito de competência:
- Para resolver, basta subir aos tribunais superiores e ver qual é o tribunal comum entre
ambos.
STJ
TJ/SP TJM/SP
Obs: o STM só julga crimes ligados à justiça Militar da União e não dos Estados, que irá para
o STJ.
Revogação do art. 9º, II, “f”, CPM: esse crime só era considerado militar se fosse
praticado com uma arma da corporação. Assim, se tivesse de férias, mas usasse a arma para
roubar, seria um crime militar. Hoje esse dispositivo não existe mais. Assim, se um crime for
praticado fora do serviço, mas com arma militar, não será crime militar.
Súmula 47, STJ: Compete à Justiça Militar processar e julgar crime cometido por militar
contra civil , com emprego de arma pertencente á corporação, mesmo não estando em serviço.
(súmula ultrapassada diante da lei 9.299/96)
Acréscimo do parágrafo único ao art. 9º, CPM: Homicídio doloso praticado por militar
contra civil, será da competência do Tribunal do Júri (Estadual ou Federal), ainda que cometido no
exercício das funções.
Ex: militar do exercito que mata civil = Tribunal do Júri Federal.
Lei 12.432/11
Alterou o art. 9º, parágrafo único: O tiro de abate ou de destruição será da competência
da Justiça Militar da União.
Ex: avião clandestino carregando drogas – é permitido aos militares da força aérea
brasileira atirar nesse avião se depois dos avisos não aterrizar. (art. 303 do Código Brasileiro de
Aeronáutica) – Presidente da República ou alguém por ele delegado deve autorizar a destruição da
aeronave.
Julga os crimes eleitorais, aqueles previstos no Código Eleitoral e aqueles que a lei,
eventual e expressamente, define como eleitorais.
Ex: crimes contra a honra durante a campanha eleitoral.
à Crime eleitoral praticado em conexão com crime comum:
Crime eleitoral = Justiça Eleitoral (competência na CF)
+
Crime comum estadual = Justiça Eleitoral (atrai o crime comum estadual)
Crime comum federal = Justiça Federal (porque sua competência está na CF)
Crime doloso contra a vida = Tribunal do Júri Estadual ou Federal
E se matar um juiz eleitoral (juiz estadual exercendo funções eleitorais)? O juiz estadual
está no exercício de funções eleitorais, a justiça eleitoral é uma justiça da União, há nítido
interesse da União, e por isso quem julga será Tribunal do Júri Federal
Com a EC 45/04 a Justiça do Trabalho passou a ter competência para julgar habeas corpus
(art. 114, IV), quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição. (prisão em
flagrante por desobediência e desacato – quem deu a ordem para prender foi o Juiz do Trabalho) =
HC será julgado pelo TRF
ADI 3684: STF entendeu que a EC 45/04 não atribuiu competência criminal genérica á
Justiça do Trabalho.
Tudo que a policia federal investigou deve ser processada pela Justiça Federa?
Não, as atribuições da PF são mais amplas do que a competência criminal da Justiça
Federal. Lei 10.446/02 – refere-se a vários crimes que possuem repercussão interestadual,
podendo ser investigado pela Justiça Federal, mas não quer dizer, obrigatoriamente, que a
competência é da JF.
Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição , quando houver
repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o
Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da
responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição
Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação,
dentre outras, das seguintes infrações penais:
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro
de 1990); e
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
a) Crimes Políticos
Antes da CF/88 os crimes políticos eram julgados pela Justiça Militar (art. 30, Lei 7.170/83 –
lei de segurança nacional – claramente dispõe a justiça militar sobre a competência dos crimes
políticos). Por conta do art. 109, IV, esses crimes passaram a ser competência da Justiça Militar. O
art. 30, portanto, não foi recepcionado pela CF/88.
Não basta estar previsto na Lei, deve também ser praticado com motivação política
Ex: “X” está sendo julgado por um juiz federal de 1ª instância pela prática de crime político.
O juiz prolata sentença condenatória. “X” contrata advogado para interpor recurso. Qual é o
recurso cabível? Recurso Ordinário Constitucional para o STF (art. 102, II, b, CF).
ROC – é muito semelhante a uma apelação.
Bens União
Serviços Autarquias
Interesses* Empresas públicas
Obs: não confundir com “gato Net” que é da competência da JUSTIÇA ESTADUAL = puxar
sinal de TV a cabo clandestino, não há interesse da União, está lesando interesse de PJ de direito
Privado.
HC 97.271 – Min. Joaquim Barbosa – entendeu que gato Net é uma conduta ATÍPICA,
porque não pode ser considerado como furto de energia, porque a energia se consome pelo uso,
já o sinal de TV a cabo é de fluxo contínuo, não é consumido pelo uso. Não é entendimento manso
e pacífico.
**Quanto ao interesse, para que a competência seja da JF esse interesse deve ser direto e
imediato. Se o interesse for genérico ou reflexo, a competência será da JUSTIÇA ESTADUAL.
Crime contra serviços de uma autarquia federal (INSS, IBAMA, DENIT, INCRA) = JUSTIÇA
FEDERAL.
Súmula 107, STJ: Compete à JUSTIÇA COMUM ESTADUAL processar e julgar crime de
estelionato quando praticado mediante falsificação das guias de recolhimento quando não ocorrer
lesão à autarquia federal.
São autarquias federais e quem julga é a JUSTIÇA FEDERAL. O crime deve ser cometido
contra a entidade. Se for contra os profissionais (pessoas que fazem parte do conselho) será
competência da JUSTIÇA ESTADUAL.
OAB natureza jurídica sui generis, ímpar. Se o crime for praticado contra a OAB, crime
envolver a fiscalização da profissão exercida pelo advogado, a competência é da JUSTIÇA FEDERAL
(ADI 3026). EX: falsificação de carteira da ordem e exercício ilegal da profissão.
Súmula 208 do STJ: Compete à Justiça Federal julgar prefeito municipal por desvio de verba
sujeita à prestação de contas perante órgão federal.
Lembrar que prefeito tem foro por prerrogativa de função, assim, compete ao TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL (enquanto prefeito).
Súmula 209, STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
Súmula 151, STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando
ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
Súmula 73, STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese,
o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Todas fazem parte do Poder Judiciário da União, e a competência será da Justiça Federal.
Ex: falso testemunho.
Súmula 165: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho
cometido no processo trabalhista.
O simples fato de ser autor ou vítima funcionário da Justiça Federal não determina a
competência. Mas se o crime for praticado em razão do exercício da função, aí o crime será da
competência da Justiça Federal.
Ex: fiscais do MP do trabalho assassinados. Estavam retornando da fiscalização, do
trabalho.
Ex: agente da policia federal ao intimar uma pessoa foi morto.
Súmula 147, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra
funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função. (crime propter
oficium)
Súmula 254 do Extinto TFR: Compete à Justiça Federal processar e julgar os delitos
praticados por funcionário público federal, no exercício de suas funções e com estas relacionados.
Ex 2: crime praticado por funcionário do TJ/DFT . O fato de o TJ/DFT ser mantido pela
União não transfere a competência. Assim, a competência é da Justiça Comum do DF.
Ex 3: Tribunal do Júri Federal. O caso dos fiscais do MP do trabalho foi julgado por um júri
federal.
Todos os crimes dolosos contra a vida praticado por ou contra funcionário público federal
em razão das funções, será julgado pela Justiça Federal.
Súmula 91, STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a
fauna. (súmula cancelada)
Isso porque a fauna seria um bem da União, já que a CF não prevê, nem mesmo a lei dos
crimes ambientais.
Em regra, esses crimes são da Competência da Justiça Estadual, salvo se praticados em
detrimento de bens ou serviços da União ou Autarquias Federais (IBAMA).
Ex 1: crime de pesca ilegal do camarão no mar territorial – O sujeito passivo desse delito é
o proprietário do bem onde o delito for praticado. O mar territorial é um bem que pertence á
União – Competência da Justiça Federal.
Ex 2: Extração ilegal de recursos minerais (art. 55 da Lei 9.605) – de acordo com a CF, art.
20, IX, diz que são bens da União os recursos minerais – Competência da Justiça Federal.
Ex 4: Crime ambiental praticado na mata Atlântica – conforme art. 224, §4º, a mata
atlântica faz parte do patrimônio Nacional, que não quer dizer patrimônio da União. Patrimônio
Nacional é de todo estado brasileiro – competência da Justiça Estadual.
Regras:
1. Em se tratando de crimes de falsificação, a competência será determinada a partir do
órgão responsável pela confecção do documento.
Ex 1: falsificação de CNH – É emitida pelo Detran que é um órgão estadual – Competência
da Justiça Estadual.
Ex 2: falsificação de CPF – quem emite é a Receita Federal – Competência da Justiça
Federal.
Ex 3: falsificação de carteira de Arrais Amador – documento emitido pela Marinha do Brasil
para que se possa pilotar embarcações de pequeno porte (lancha, jetski) – Competência da Justiça
Federal (STF, pois compete à União fiscalizar o transporte marítimo). Deveria ser da Justiça Militar
da União, mas o STF vem retirando a competência.
2. Em se tratando de crime de uso de documento falso por terceiro que não tenha sido o
responsável pela falsificação, a competência será determinada em virtude da pessoa física ou
jurídica prejudicada pelo uso, pouco importando o órgão responsável pela emissão do documento.
Ex 1: CNH falsa usada em uma Blitz da Policia Rodoviária Federal – Justiça Federal.
Ex 2: declaração de imposto de renda falso para conseguir visto no Consulado Americano –
Justiça Estadual (órgão sem natureza federal, é mera representação de um órgão estrangeiro no
território nacional).
Ex: emite um cheque para enganar as casas Bahia. Prevalece o crime patrimonial, e o
agente só responderá pelo crime patrimonial. Sendo a vítima as Casas Bahia – Justiça Estadual.
Súmula 104, STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de
falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 62, STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na
Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada.
Após a edição dessa súmula surgiu a Lei 9.983/00, que coíbe crimes praticados contra a
Previdência. Essa lei alterou o art. 297, §3º, II do CP,
Ex: Maria vai trabalhar como vendedora em uma loja. O empregador pergunta se ela tem
experiência. Ela diz que sim e traz uma carteira com falsa anotação de ter trabalhado em uma loja.
Nesse caso, apesar da falsa anotação, o crime não atingiu o INSS – Justiça Estadual.
Se a falsa anotação na CTPS não atentar contra interesse do INSS a competência será da
Justiça Estadual. No entanto, se a falsa anotação na CTPS for capaz de produzir efeito perante o
INSS caberá à Justiça Federal o processo e julgamento do crime do art. 297, §3º, II, CP. (STJ CC
58.443).
Súmula 192, STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
A competência será determinada em face da natureza do estabelecimento prisional, pouco
interessa quem condenou o preso.
Lei 11.671/08, art. 2º: Lei que trata da transferência de presos para a polícia federal.
k) Contravenções Penais
São julgadas pela Justiça Estadual.
Súmula 38, STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o
processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades.
Contravenção praticada por juiz federal – Nesse caso haverá prerrogativa de função e o juiz
será julgado pelo TRF.
Súmula 122, STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78, II, "a", do Código
de Processo Penal.
Para que se determine a competência da Justiça federal, conforme o inciso V, exige-se dois
requisitos:
- O crime deve estar previsto em tratado ou convenção internacional;
- Presença de internacionalidade do resultado relativamente à conduta delituosa.
Exemplos:
Cuidar: maconha vinda da Holanda não será tráfico internacional de drogas, mas a
competência será da Justiça Federal, vez que a droga não tem como entrar no Brasil se não for por
navio ou avião.
STF entendeu que tráfico internacional de drogas praticado por militares em avião da FABI
é da competência da Justiça Federal, pois o art. 109, V, CF não ressalva a competência da Justiça
Militar. (STF, CC 7.087)
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por
qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente: (Acrescentado pela L-011.829-2008)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Somente será julgado pela Justiça Federal se comprovado que o crime foi praticado além
das fronteiras nacionais. Caso contrário, o crime será da Justiça Estadual.
Se publicar uma página com fotos de crianças, será da JF, pois o resultado pode ocorrer no
estrangeiro, já que qualquer pessoa no mundo pode ter acesso.
Requisitos:
- Existência de crime praticado com grave violação aos direitos humanos;
- Risco de descumprimento de tratados internacionais em virtude da negligência do estado-
membro em proceder à persecução penal.
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do
trabalho:
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à
violência. (Redação dada pela Lei nº 9.777 , de 29.12.1998)
A doutrina entende que em regra, a competência é da Justiça Estadual. Esses delitos
apenas serão julgados pela Justiça Federal quando houver violação aos direitos dos trabalhadores
coletivamente considerados.
Súmula 115 do TFR: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes contra a
organização do trabalho, quando tenham por objeto a organização geral do trabalho ou direitos
dos trabalhadores considerados coletivamente.
Cuidado com o crime de redução à condição análoga a de escravo, art. 149, CP:
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos
forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho,
quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o
empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Hoje o STF entende que esse crime atinge toda uma coletividade e tem deslocado a
competência para a Justiça Federal (RE 541.627).
Súmula 498, STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o
julgamento dos crimes contra a economia popular.
Em regra, crimes cometidos por ou contra índios são julgados pela Justiça Estadual.
Súmula 140, STJ: Se o crime envolver direitos indígenas, a competência será da Justiça
Federal.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Genocídio contra índios – não é crime doloso contra a vida – deve ser julgado por juiz
singular. Em regra trata-se de crime da competência de um juiz singular federal, pois não se trata
de crime doloso contra a vida. Porém, se praticado mediante morte de membros do grupo, ao
Tribunal do Júri caberá o julgamento dos homicídios e do crime conexo de genocídio. STF, RE
351.487.
Já Deputado Federal que é julgado pelo STF não poderá recorrer, pois não há um órgão
superior.
Obs: STF (AP 396) – a despeito da renúncia do parlamentar no dia anterior ao julgamento,
o STF manteve a competência para o julgamento do feito. Esse caso foi o primeiro caso de
condenação do STF em prerrogativa de função.
Súmula 451, STF: A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao
crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional.
Deputado Estadual: STJ, CC 105.227 – Deputado estadual que pratica homicídio doloso
deve ser julgado pelo respectivo Tribunal de Justiça. Princípio do paralelismo, pois os deputados
federais possuem prerrogativa de função previstos na CF.
Súmula 711, STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecida exclusivamente pela Constituição estadual.
e) Hipóteses de coautoria
É possível a reunião dos processos perante o tribunal de maior graduação, mas isso não é
obrigatório.
Se o crime for doloso contra a vida, a separação dos processos será obrigatória, pois a
competência está prevista na CF, e não tendo o agente foro por prerrogativa na CF, prevalece o
Júri, que está previsto na CF.
Súmula 704, STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados.
Se os dois acusados tiverem o foro por prerrogativa de função perante tribunais distintos,
como promotor de Justiça (TJ) e Desembargador (STJ), prevalecerá a competência do tribunal de
maior graduação.
a) Crimes formais:
Ex: Ligações extorsionárias feitas de presídio. Agente liga de Bangu para a vítima que está
em Santos, pedindo que o dinheiro seja entregue em Porto Alegre.
A extorsão consuma-se no local do constrangimento. Assim, a competência territorial será
em Santos. Bangu é o local onde se deu a execução/conduta. A consumação se deu no local onde
a vítima está (Santos), Porto Alegre é o local do exaurimento do crime.
- Nos casos de exclusiva ação penal privada o querelante pode optar pelo domicílio do
acusado, mesmo que conhecido o local da consumação. É um exemplo de foro de eleição no
processo penal.