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COMENTÁRIOS DAS QUESTÕES DA PROVA DE DELEGADO DE POLÍCIA DO

ESTADO DE SÃO PAULO REFERENTE À MATÉRIA DE DIREITO PENAL


01. A função do Direito Penal é

(A) construir uma sociedade livre, justa e solidária.

(B) dirimir controvérsias e pacificar a sociedade.

(C) garantir a execução das leis.

(D) aplicar penas e medidas de segurança.

(E) proteger bens jurídicos relevantes para a sociedade.

GABARITO: LETRA E

O Direito Penal possui como função a proteção de bens jurídicos, isto é, valores ou interesses
reconhecidos pelo Direito e imprescindíveis à satisfação do indivíduo ou da sociedade.
Somente os interesses mais relevantes são colocados na categoria de bens jurídicos penais,
em face do caráter fragmentário e da subsidiariedade do Direito Penal. Foi Claus Roxin que
defendeu que a principal missão do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos, por meio da
Teoria Funcionalista Moderada (Teleológica ou Dualista ou Racional).

02. Projeto que deu origem ao Código Penal de 1940, conhecido pelo nome de seu elaborador:

(A) Alfredo Buzaid.

(B) Alcântara Machado.

(C) Galdino Siqueira.

(D) Euzébio Gómez.

(E) Sá Pereira.

GABARITO: LETRA B

O elaborador do projeto do Código Criminal Brasileiro de 1938 que deu origem ao Código
Penal de 1940 foi Alcantra Machado. Ressalta-se que o texto sofreu várias alterações pela
comissão revisora composta por Nelson Hungria, Roberto Lyra, Narcélio Queiroz e Vieira
Braga.

03. Indivíduo está sendo processado, ainda em fase de instrução em primeiro grau. Nesse
momento, nova lei é publicada e entra em vigor, estabelecendo novas regras de progressão de
regime para a execução de pena. Essas novas regras, com relação a esse indivíduo específico

(A) apenas serão aplicadas se lhe forem mais benéficas.

(B) serão aplicadas independentemente de serem mais benéficas, tendo em vista que ainda não
houve início da execução de pena.

(C) serão aplicadas independentemente de serem mais benéficas, tendo em vista que ainda não
houve trânsito em julgado.

(D) não serão aplicadas.

Comentadas por Priscilla Carvalho e Caroline Baltes, aprovadas para Delegado de Polícia do
Estado de São Paulo
(E) serão aplicadas independentemente de serem mais benéficas, tendo em vista que ainda não
houve.

GABARITO: LETRA A

As leis penais incriminadoras apenas podem ser aplicadas a fatos praticados após a sua
vigência, ressalvada a possibilidade de aplicação retroativa da lei penal mais benéfica. Assim,
se a lei de qualquer modo favorecer o agente, poderá retroagir, mesmo se já houver trânsito
em julgado. Ademais, as normas híbridas (ou mistas) são aquelas que possuem conteúdo de
direito material e de direito processual. Neste caso, prevalecerá o direito material penal, isto
é, será possível a retroatividade da norma mais benéfica. No caso da Lei de Execução Penal,
estamos diante de uma legislação que trata de conteúdos de natureza penal, processual penal
e administrativa, contudo, sempre que o dispositivo alterado influir na liberdade do indivíduo
estamos diante de uma norma que traz consigo consideráveis impactos de natureza jurídico-
penal, devendo retroagir em benefício do condenado.

04. Determina o art. 12 do CP: “as regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados
por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso”. Trata-se de norma que

(A) privilegia as regras do CP em detrimento da lei especial.

(B) admite a interpretação analógica em situação de anomia.

(C) prescreve a aplicação do princípio da especialidade.

(D) prescreve a aplicação do princípio da legalidade.

(E) prescreve a aplicação das regras do CP em situação de antinomia.

GABARITO: LETRA C

O art. 12 dispõe a respeito do princípio da convivência das esferas autônomas que consiste na
possibilidade de convivência das normas gerais com as normas especiais que versem sobre o
mesmo assunto. Já o princípio da especialidade estabelece que a lei especial (lei específica),
quando existente, deve ser aplicada em detrimento da lei geral, considerando que
regulamenta o tema de forma particularizada.

05.Teoria do Delito: especificamente com relação ao elemento subjetivo do tipo penal, o CP


prevê a possibilidade de

(A) causa independente e causa relativamente independente.

(B) punibilidade e culpabilidade.

(C) ação e omissão.

(D) dolo e culpa.

(E) tentativa e consumação.

GABARITO: LETRA D

Comentadas por Priscilla Carvalho e Caroline Baltes, aprovadas para Delegado de Polícia do
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Elementos subjetivos dizem respeito à esfera psíquica do agente, ou seja, referem-se a sua
consciência e vontade de agir de determina forma e às demais tendências e intenções. O
agente, além do dolo de realizar o núcleo da conduta, pode possuir finalidade especial
indicada expressamente pelo tipo. Assim, verifica-se que o dolo e a culpa são os elementos
subjetivos analisados no âmbito do fato típico.

06. No que concerne ao crime impossível, nossos tribunais, em matéria sumulada, interpretam
que

(A) a maioridade da vítima no crime de estupro impede a possibilidade de reconhecimento do


estupro de vulnerável.

(B) mesmo a falsificação grosseira, constatável a olho nu, pode configurar os crimes de moeda
falsa e estelionato.

(C) o fato de a polícia preparar situação de flagrante, mesmo em hipótese que impeça sua
consumação, não caracteriza, obrigatoriamente, crime impossível.

(D) o pagamento de cheque inicialmente emitido sem provisão de fundos, até a prolação da
sentença, obsta o reconhecimento de crime patrimonial.

(E) sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou existência de segurança no


interior de estabelecimento comercial, por si só, não tornam impossível a configuração do crime
de furto.

GABARITO: LETRA E

Inicialmente cumpre esclarecer que é possível que uma vítima maior seja vítima de crime de
estupro de vulnerável, a ação é praticada com alguém que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência.

Além disso, a utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime
de estelionato, da competência da justiça estadual (súmula 73 do STJ).

Ademais, conforme Informativo nº 537 do STJ: Informativo nº 537 do STJ: Não configura óbice
ao prosseguimento da ação penal – mas sim causa de diminuição de pena (art. 16 do CP) – o
ressarcimento integral e voluntário, antes do recebimento da denúncia, do dano decorrente
de estelionato praticado mediante a emissão de cheque furtado sem provisão de fundos.

O art. 33, §1º, IV, da Lei de Drogas foi inserido pelo Pacote Anticrime e traz a figura do
agente policial disfarçado que corresponde a técnica especial de investigação em que, após
diligências preliminares que atestem a presença de elementos probatórios razoáveis de
conduta criminal preexistente, o policial, de maneira dissimulada (disfarçada), recebe
drogas ilícitas do investigado, restando configurada situação de flagrante delito. Veja que
a autorização para que o agente policial atue de forma disfarçada é dada pela própria lei,
não havendo necessidade de decisão judicial para tanto. Assim, presente elementos
razoáveis de conduta criminal preexistente, a venda (“vende”) ou a entrega (“entrega”) ao
agente policial disfarçado configurará o flagrante (art. 33, §1°, IV, da Lei nº 11.343/06)
delitivo entregue a droga ao policial disfarçado, mas não exista elementos que comprovem
conduta criminal preexistente, será possível o flagrante nas modalidades de “ter em

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depósito”, “transportar”, “trazer consigo” ou “guardar”, restando caracterizado o crime
do art. 33, caput, da Lei de Drogas. Ou seja, o fato de a polícia preparar situação de
flagrante, mesmo em hipótese que impeça sua consumação, não caracteriza,
obrigatoriamente, crime impossível, como no caso citado acima.

Segundo entendimento pacífico no Superior Tribunal de Justiça (Súmula 567), a presença de


sistema de monitoramento instalado em estabelecimento comercial e/ou vigilância por
agente de segurança apenas dificulta a prática de furtos em seu interior, mas não obsta, por
si só, a realização da conduta delituosa, não havendo afastar-se a punição, porquanto existe
o risco, ainda que mínimo, de que o agente logre êxito na consumação do furto e cause
prejuízo à vítima.

07. A depender do caso concreto, nos termos dos arts. 26 a 28 do CP, admite redução de
pena:

(A) embriaguez voluntária.


(B) embriaguez.
(C) emoção.
(D) embriaguez culposa.
(E) paixão.

GABARITO: LETRA B

Apesar de não concordarmos com esse tipo de questão e acharmos que nenhuma alternativa
comporta a resposta correta, a que nos parece “menos pior” é a letra B, “embriaguez, pois,
como o comando da questão especificou que seria NOS TERMOS dos artigos, nos termos do
artigo 28,§2º “§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento”, assim, nos termos do artigo seria “embriaguez”, contudo, o
examinador não trouxe expresso como trouxe o legislador, que especificou tipo de
embriaguez. A doutrina classifica esse tipo de embriaguez como EMBRIAGUEZ ACIDENTAL
INCOMPLETA, que é aquela que o agente ao tempo da ação ou omissão, tenha relativa
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Sua consequência será que o sujeito responde pelo crime, mas terá sua pena
atenuada de um a dois terços, desde que haja efetiva redução de sua capacidade intelectiva
ou volitiva.

Cumpre ressaltar que as duas espécies de embriaguez (voluntária e culposa) não excluem a
imputabilidade penal (CP, art. 28, II), sejam completas ou incompletas.

O artigo 28 também estabelece que “Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a


paixão;

Portanto, a única hipótese que se encaixaria como atenuante é a embriaguez.

08. Em matéria de concurso de pessoas, como regra geral, a participação de menor importância

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(A) possibilita ao Juiz diminuir a pena do acusado.

(B) possibilita ao Juiz diminuir a pena do acusado, mas apenas se ele tiver querido participar de
crime menos grave.

(C) não tem relevância, uma vez que o CP adota a teoria dualista para esse tema.

(D) não tem relevância, uma vez que o CP adota a teoria monista para esse tema.

(E) autoriza que se comuniquem as circunstâncias de caráter pessoal, salvo as elementares.

GABARITO: LETRA A

Artigo 29, § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.

09. O condenado à pena privativa de liberdade igual ou inferior a quatro anos, por disposição
expressa do CP:

(A) deverá iniciar o cumprimento de pena em regime aberto.


(B) deverá se submeter a exame criminológico quando iniciar o cumprimento de pena em regime
aberto.
(C) deverá ter sua pena privativa de liberdade substituída por pena restritiva de direito,
independentemente da natureza do delito.
(D) poderá iniciar o cumprimento de pena, apenas, em regime semiaberto ou aberto.
(E) poderá iniciar o cumprimento de pena em regime fechado, semiaberto ou aberto.

GABARITO: LETRA A

Mais uma vez, a banca exigiu a literalidade do artigo. A alternativa fala "por disposição
expressa do CP". Dessa forma, o art. 33, §2º, letra “c”, estabelece que “o condenado não
reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-
la em regime aberto”.

10. Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, uma causa impeditiva e outra
interruptiva da prescrição.

(A) Publicação da sentença recorrível; pendência de recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis.
(B) Reincidência; vigência do acordo de não persecução
penal.
(C) Durante o cumprimento de pena no exterior; pronúncia.
(D) Publicação do acórdão condenatório recorrível; pendência de embargos de declaração.
(E) Recebimento da denúncia; decisão confirmatória da
pronúncia.

GABARITO: LETRA C

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Causas IMPEDITIVAS da prescrição Causas INTERRUPTIVAS da prescrição
I - enquanto não resolvida, em outro I - pelo recebimento da denúncia ou da
processo, questão de que dependa o queixa;
reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no II - pela pronúncia
exterior;
III - na pendência de embargos de III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
declaração ou de recursos aos Tribunais
Superiores, quando inadmissíveis;
IV - enquanto não cumprido ou não IV - pela publicação da sentença ou acórdão
rescindido o acordo de não persecução condenatórios recorríveis;
penal.
Parágrafo único - Depois de passada em V - pelo início ou continuação do
julgado a sentença condenatória, a cumprimento da pena;
prescrição não corre durante o tempo em
que o condenado está preso por outro
motivo.
VI - pela reincidência.

11. Com relação ao “induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação” é correto


afirmar que o crime

(A) só se configura se a vítima atenta contra a própria vida, produzindo em si, ao menos, lesão
corporal de natureza grave.
(B) tem pena aumentada se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima.
(C) só se configura se a vítima atenta contra a própria vida.
(D) é qualificado se da conduta resulta morte.
(E) é privilegiado, com efetiva redução de pena, se a vítima
não se mutila ou não atenta contra a própria vida

GABARITO: LETRA D

O art. 122 caput tem pena de 6 meses a 2 anos, enquanto o artigo 122, §2º tem pena de reclusão,
de 2 a 6 anos.

§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

12. Assinale a alternativa que apresenta hipótese em que, de acordo com o CP, o crime de furto
pode ter aplicada, somente, a pena de multa: se o criminoso é primário e

(A) a coisa é recuperada pela vítima.


(B) é de pequeno valor a coisa furtada.
(C) configura-se situação de furto famélico.
(D) se trata de bem móvel por equiparação, como a energia elétrica, por exemplo.
(E) configura-se situação de furto de uso

GABARITO: LETRA B

Comentadas por Priscilla Carvalho e Caroline Baltes, aprovadas para Delegado de Polícia do
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Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.

Neste caso, o juiz tem 3 possibilidades:


• Ou substitui a pena de reclusão para detenção
• Diminuir a pena de um a dois terços
• Aplicar somente multa.

Comentadas por Priscilla Carvalho e Caroline Baltes, aprovadas para Delegado de Polícia do
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