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DIREITO I

UD I - Lições Preliminares de Direito

ASSUNTO “f” - Interpretação e


Integração das Normas Jurídicas

1º ANO (Curso Básico) - 2023


INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS

OBJETIVO

Apontar os dispositivos legais, penais,


disciplinares e administrativos cabíveis
em uma relação jurídica, por meio dos
instrumentos de interpretação das
normas.
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS

SUMÁRIO
1) HERMENÊUTICA
a) Introdução;
b) Espécies de interpretação:
- Quanto à origem ou fonte de que emana;
- Quanto à natureza ou elementos de interpretação;
- Quanto aos efeitos e resultados.
2) INTEGRAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
a) Introdução;
b) Elementos de integração.
HERMENÊUTICA - INTRODUÇÃO

- A palavra “Hermenêutica” significa interpretação.


- Se origina de HERMES, deus da mitologia grega, a quem
era atribuído o dom de interpretar a vontade divina.
- Hermenêutica, pois, no seu sentido mais geral é a
interpretação do sentido das palavras.
- “Hermenêutica jurídica”  o termo é usado como
sinônimo de interpretação da norma jurídica, outros dão ao
vocábulo um sentido mais amplo, que abrange a
interpretação, aplicação e integração do Direito.
- É assim que, se o Direito existe, existe para ser aplicado.
Antes, porém, é preciso interpretá-lo.
- SÓ APLICA BEM O DIREITO QUEM O INTERPRETA BEM.
HERMENÊUTICA - INTRODUÇÃO

Como todo objeto cultural, o Direito encerra


significados; interpretá-lo representa revelar o seu
conteúdo e fixar o seu alcance.
a) Revelar o seu conteúdo não significa somente conhecer o
significado das palavras, mas sobretudo descobrir a finalidade
da norma jurídica.
Ex: A lei que concede férias anuais ao trabalhador tem
significado de proteger e beneficiar sua saúde física e mental.

b) Fixar o seu alcance significa delimitar o seu campo de


incidência, é conhecer sobre que fatos sociais e em que
circunstâncias a norma jurídica tem aplicação.
Ex: As normas contidas no Estatutos dos Funcionários Públicos
da União têm seu campo de se incidência limitado a estes
funcionários.
ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO

Quanto à Quanto aos


Quanto à
Origem ou Fonte Efeitos ou
sua Natureza
de que emana Resultados
LITERAL ou
AUTÊNTICA GRAMATICAL DECLARATIVA
JUDICIAL LÓGICO-SISTEMÁTICA RESTRITIVA

DOUTRINÁRIA HISTÓRICA EXTENSIVA

ADMINISTRATIVA TELEOLÓGICA
INTERPRETAÇÃO QUANTO À ORIGEM OU FONTE
DE QUE EMANA

a) Autêntica: quando emana do próprio Poder que fez o ato cujo sentido
e alcance ele declara. Geralmente é feita através de outra lei,
chamada “lei interpretativa”, que se considera como tendo entrado
em vigor na mesma data que a lei interpretada.

b) Judicial: é a resultante das decisões prolatadas pela Justiça; vem a


ser aquelas que realizam os juízes ao sentenciar e encontradas nas
Sentenças, nos Acórdãos e Súmulas dos Tribunais, formando a sua
jurisprudência e que passam a ser aplicadas aos casos análogos.

c) Doutrinária ou científica – é a que realizam os juristas em seus


pareceres e obras, analisando os textos à luz de princípios filosóficos
e científicos do Direito e da realidade social.

d) Administrativa – realizada pelos órgãos da administração pública,


mediante pareceres, portarias, despachos, circulares e instruções
normativas, etc.
INTERPRETAÇÃO QUANTO À SUA NATUREZA

a) Literal ou Gramatical: toma como ponto de partida o exame do


significado e alcance de cada uma das palavras da norma
jurídica; ela se baseia na letra da norma jurídica.

b) Lógico-Sistemática: busca descobrir, de forma lógica, o sentido e


alcance da norma, situando-a no conjunto do sistema jurídico;
busca compreendê-la como parte integrante de um todo, em
conexão com as demais normas jurídicas que com ela se
articulam.

c) Histórica: indaga das condições de meio e momento da


elaboração da norma jurídica, bem como das causas pretéritas
da solução dada pelo legislador. (“Occasio legis” e “Origo legis”)

d) Teleológica: busca o fim que a norma jurídica tenciona servir ou


tutelar.
INTERPRETAÇÃO QUANTO AOS EFEITOS E
RESULTADOS

a) DECLARATIVA: nela o intérprete chega à constatação de que as palavras


expressam, com medida exata, o espírito da lei, cabendo-lhe apenas constatar
esta coincidência. Também denominada de estrita; nela, as normas aplicam-
se no sentido exato, não se dilatam, nem se restringem os seus termos. A
interpretação estrita deve ser aplicada, por exemplo, quando de trata de leis
que impõem penalidades ou que cominam multa.

b) EXTENSIVA: quando o intérprete conclui que o alcance da norma é mais


amplo do que indica seus termos. Nesse caso, diz-se que o legislador
escreveu menos do que queria dizer (“minus scripsit quam voluit”); e o
intérprete, alargando o campo de incidência, aplicá-lo-á a determinadas
situações não previstas expressamente em sua letra, mas que nela se
encontram, virtualmente, incluídas. Ex: a lei diz “filho”, quando na realidade
queria dizer “descendente”.

c) RESTRITIVA: quando o intérprete restringe o sentido da norma ou limita sua


incidência, concluindo que o legislador escreveu mais do que realmente
pretendia dizer (“plus scripsit quam voluit”). Ex: a lei diz “descendente”
quando na realidade queria dizer “filho”.
INTEGRAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
INTRODUÇÃO

- A integração é um processo de preenchimento das LACUNAS


existentes na lei. Lacuna é a ausência de lei para um caso concreto.

- A integração não se confunde com as “fontes”, nem com os


processos de “interpretação” do direito.

- Os elementos de integração não constituem fontes porque não


formulam diretamente a norma jurídica, apenas orientam o aplicador
para localizá-las. Também não é atividade de interpretação, porque
não se ocupa em definir o sentido e o alcance das normas jurídicas.

- Consequentemente, na interpretação, parte-se de lei existente; na


integração, parte-se da inexistência da lei.

- É princípio fundamental de qualquer ordem jurídica que, em caso


algum, poderá o juiz deixar de sentenciar, sob o pretexto de que
inexiste lei preformulada, aplicável ao caso concreto que lhe foi
submetido à apreciação.
ELEMENTOS DE INTEGRAÇÃO

Os elementos de integração são estatuído no artigo 4° da LINDB;

Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

ANALOGIA – aplicação de uma norma prevista para uma situação


distinta, com fundamento na igualdade jurídica, em “razões relevantes
de similitude”. Ex: Crime de homofobia (racismo)

COSTUMES - são regras gerais, não escritas, mas aceitas pelos


destinatários, que as consideram obrigatórias. Ex: Cheque Pré Datado
(nota promissória). Se apresentado antes da data, considera-se que foi
violada a boa fé do emissor.

PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO - estão contidos de forma imanente


no ordenamento jurídico e são úteis quando da falha da analogia e do
costume no preenchimento da lacuna. Ex: Art. 166/CPM (conflito
aparente entre o princípio da liberdade de expressão e o princípio da
hierarquia e disciplina)
QUESTIONÁRIO
1) Qual a correlação existente entre a interpretação, a aplicação e a integração do Direito?
2) Em que consiste a tarefa da interpretação jurídica?
3) Como se classifica a interpretação, quanto a origem?
4) Quando um Regulamento esclarece o sentido de uma lei, tem o valor de interpretação
autêntica? Justifique.
5) Como se classifica a interpretação, quanto a natureza?
6) O que busca descobrir a interpretação Teleológica?
7) O que é uma interpretação extensiva, restritiva e declarativa?
8) Quando o STF equiparou o crime de homofobia ao crime de racismo, operou uma
interpretação judicial com efeito extensivo, ou uma integração por analogia, tendo em
vista uma lacuna legal?
9) O Código Penal considera crime aquele indivíduo que se casa por duas vezes (bigamia).
No entanto, também têm sido condenados indivíduos que se casam três vezes ou mais
(poligamia). Nesse caso ocorreu que espécie de interpretação quanto ao resultado?
10) Se determinado jurisconsulto escreve um artigo advogando a liberação do uso das
drogas, estará realizando que tipo de interpretação quanto à origem ou fonte?
11) O Código Penal só admite o aborto legal nos casos de riscos à vida da gestante ou em
casos de estupro. No entanto, na ADPF nº 54, o STF, enfrentando uma lacuna da lei
penal, decidiu com base na “dignidade da pessoa humana” e em outros princípios
constitucionais, que o aborto de feto anencéfalo, apesar de não previsto em lei, não
caracteriza o crime de aborto. Ao assim decidir, o STF usou qual ferramenta de
integração do Direito?
BRASIL
ACIMA DE TUDO!
Próxima aula trazer a CF/88

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