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Nome De Estudantes:
Tema:
JUNHO, 2021
Introdução
O presente trabalho visa debruçar acerca da Integração e Interpretação da lei Penal, ao
decorrer do trabalho buscaremos abordar da forma mais clara e ao mesmo tempo
objectiva, todos os temas pertinentes a interpretação e a integração da lei penal.
Interpretação é fundamental, a lei seja ela qual for, por mais clara e objectiva que seja,
ainda assim será interpretada, pois, não se pode falar em lei clara sem se interpretar a
sua clareza. A interpretação não é uma questão nova exclusiva da ciência do Direito
Penal. Esta, está ligada não só ao Direito em geral como também a outras e demais
ciências não jurídicas. A questão da interpretação de preceitos já é discutida desde os
primórdios da humanidade tento como objecto diversos textos. Porém como em
qualquer ramo a saber, é sempre necessário perceber as regras da interpretação no nosso
objecto de estudo que é a ciência do Direito Penal.
A interpretação em Direito pode ser histórica, sistemática, actualista, lógica, político-
criminal, extensiva, restritiva, declarativa e.t.c
A integração consiste em traduzir normas jurídicas em medidas ou mecanismos
concretos que possibilitem seu cumprimento e adoptar os meios necessários para torná-
las efectivas.
Todavia, vamos abordar acerca daquelas que tem relevância para o Direito Penal.
2. CONCEITO DE INTERPRETAÇÃO
2.1 Conceito
Hans Kelsen (1998, p. 245) definiu a interpretação jurídica como “uma operação
mental que acompanha o processo da aplicação do Direito no seu progredir de um
escalão superior para um escalão inferior”.
Para Edmund Mezger ( 1958, p. 61) aduzir que “todo o direito, também o direito
penal, requer uma ‘interpretação’. Interpretar a lei significa averiguar seu sentido
determinante, a fim de aplicá-lo aos casos particulares da vida real”. No mesmo
diapasão Damásio de Jesus (1995, p. 70) dispara que “a interpretação nada mais é do
que o processo lógico que procura estabelecer a vontade contida na norma jurídica.
Interpretar é desvendar o conteúdo da norma”.
2.2.2.Quanto ao sujeito que a interpreta (ou quanto à origem), a interpretação pode ser
autêntica (ou legislativa), doutrinária (ou científica) e jurisprudencial.
A interpretação Autêntica (ou legislativa) é aquela fornecida pela própria lei, ou seja a
interpretação autêntica ou legislativa é feita pelo próprio autor da norma, através de uma
fonte de igual valor jurídico. A lei que se destina a explicar o significado de uma lei
anterior designa-se por lei interpretativa e como doutrina expressa no nº 1 do artigo 13º
do código, ela integra-se na lei interpretativa e tem eficácia retroactiva, embora fiquem
ressalvados os efeitos já produzidos pelo cumprimento de obrigações por sentença
transitada em julgado.
A interpretação autêntica pode ser feita no próprio texto da lei, através de enunciação de
deduções do âmbito de conceito utlizados. É o caso, no código penal, artigo 13º que
define o conceito de crime frustrado, o artigo que define o conceito de servidor público,
etc. Também pode ser feita a posterior através de uma nova lei interpretativa.
A interpretação judicial é a que é feita pelos tribunais, na aplicação da lei aos casos
concretos que lhe são submetidos e não tem força obrigatória geral, se não perante o
processo em causa ou entre as partes envolvidas.
O caso de Moçambique não tem força obrigatória geral e não vincula o julgador para
futuros casos e eles submetidos, pois o juiz não cria o Direito. Contudo, os assentos têm
certa importância:
1º- Nos termos do artigo 2 do código civil, os tribunais podem fixar, através de assentos,
doutrina com força obrigatória geral;
3º -Os assentos quando fixados pelo Tribunal supremo devem ser publicados no
Boletim da República (art.143, n.º1, alínea d) da CRM. Assim os assentos devem
garantir a exacta observância e a uniforme interpretação da lei nos futuros casos.
2.2.3 Quanto aos meios, a interpretação pode ser gramatical, lógica, teleológica,
extensiva (ou racional) e evolutiva.
Interpretação teleológica
Sujeito explora e tenta desvendar a real intenção do legislador ao editar aquela lei. A
finalidade à qual ela deveria servir quando foi premeditada e editada.
Ex.: Agrava a pena, a circunstância de o crime ter sido cometido “na casa de habitação
do agente, quando não haja provocação do ofendido” (artigo 117).
A interpretação Restritiva, O intérprete que afirma que não agrava a pena o facto de o
crime ter sido cometido na viatura do agente, estará a fazer a interpretação declaratória.
Este tipo de interpretação o intérprete restringe o conteúdo da norma, o que quer dizer
que as palavras estão a dizer a mais porque o legislador quis dizer menos e usou um
excesso de palavras. Ou seja consiste na diminuição do alcance da locução ou das
palavras da lei, reputando-se que o pensamento da lei não permite que se atribua à letra
todo o sentido que a mesma poderia ter. Aqui, o legislador disse mais do que pretendia,
daí restringir o seu sentido e alcance.
A interpretação se estende para além do alcance das palavras postas pelo legislador, sem
a necessidade de se elaborar uma norma complementar. Aqui, considera-se que a norma
disse menos do que deveria ter dito, deixando de abarcar conteúdo pretendido. De novo,
tem-se a busca pela real vontade do legislador.
Conceito
Cuida-se da integração do ordenamento jurídico. Obs.: a lei pode ter lacunas, mas, não o
ordenamento jurídico. Em direito penal só pode ser utilizada em relação as leis não
incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal.
a ) Analogia in malam partem – é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei
maléfica ao réu, disciplinadora de caso semelhante. Não é admitida face à reserva legal.
Ex.: cola em concursos e estelionato;
b) Analogia in bonam partem – é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei
favorável ao réu, reguladora de caso semelhante. É possível, em Direito Penal, exceto
no que diz respeito às leis excepcionais pelo seu carácter extraordinário.
c) Analogia legis (legal) – se aplica o caso omisso, uma lei que trata de caso
semelhante; e
Analogia
O conteúdo do princípio in dubio pro reo significa que o intérprete, em caso de dúvida,
deve seguir aquela interpretação que mais favoreça ao réu.
Como se vê o tem cariz processual e não substantivo e tem relação com o princípio da
presunção da inocência (art.º 59, n°2 da CRM).
A eficácia desde princípio em sede da interpretação do direito penal prende-se com a
resposta á questão de saber o que o juiz deve fazer, depois de realizado todo o trabalho
hermenêutico, quando a dúvida persistir quanto à vontade da norma?
1° - Admitir que a dúvida deva ser resolvida contra o agente (in dubio pro societate);
2° - Admitir que seja resolvida contra o agente ou contra o agente a sociedade, segundo
o livre convencimento do intérprete;
BELEZA, Teresa Direito Penal, Volumes I e II, Lisboa, 1998: Editora AAFDL
VENTURA, André, Lições de Direito penal, Vol. I, Chiango Editora, 2013, pp.21