Você está na página 1de 4

A INTERPRETAÇÃO JURÍDICA

A interpretação é o resultado da conjugação entre a norma e o caso concreto. É possível falar na interpretação jurídica numa aceção mais
restrita ou ampla, chamando a atenção para a centralidade da atividade interpretativa no momento da concretização prático-normativa do
Direito é imprescindível para a realização do Direito. A partir do momento em que entendemos que a atividade interpretativa é fundamental
ao processo de realização do direito, não sendo o direito criado apenas pelas mãos do legislador, a partir do momento em que temos
subjacente a vocação prático-normativa do direito, a realidade jurídica existe com essa vocação prática, problemática, de dar resposta a
questões concretas, e nesse momento, é preciso convocar a atividade interpretativa.
Em termos amplos, a interpretação é a determinação do sentido normativo de uma fonte única.
Em termos restritos, o professor Castanheira Neves diz-nos que a interpretação jurídica é a atividade necessária para retirar da norma o
critério jurídico-normativo que vai oferecer uma solução a um determinado caso, num contexto problemático de aplicação.
Quanto ao seu âmbito de aplicação, a interpretação jurídica pode ser vista num sentido restrito, amplo e ainda global.
De um ponto de vista restrito, relaciona-se com a distinção da atividade de interpretação da atividade de integração. Assim, temos a
identificação da interpretação jurídica com a exegética interpretação da lei. A interpretação e integração são vistos como atos intencional e
metodologicamente distintos a demarcar pelo texto da lei.
Já num sentido amplo, com o qual o professor Castanheira Neves pretende mostrar que há um contínuo metodológico entre toda esta
atividade hermenêutica no seio do direito, há um reconhecimento atual de que no domínio que era de estrita interpretação concorrem
também momentos integrativos. Há aqui uma fluidez da fronteira entre a interpretação e integração, ou seja, a interpretação extensiva e a
analogia deixaram de ser rigorosamente delimitáveis. Para Castanheira Neves há um fio condutor entre todas as acessões, não há um
momento autónomo.
Num sentido global, o reconhecimento de que para além da integração é necessário um desenvolvimento autónomo do direito para dar
resposta às solicitações da realização histórico-social do direito.

OBJETO DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA


Para as conceções positivistas, legalistas, o objeto consubstanciava-se no texto da lei.
De acordos com as conceções atuais, o objeto não é propriamente o texto, mas a norma que o texto tenciona manifestar. O objeto é a norma,
é o objeto intencionalmente jurídico-normativo.

DISTINÇÃO ENTRE INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA E INTERPRETAÇÃO DOUTRINAL


A interpretação doutrinal depende do cariz administrativo ou jurisprudencial, é feita por juristas, magistrados, entre outros, a partir da lei
feita pelo legislador, com base na sua interpretação pessoal da norma. Esta interpretação não tem qualquer repercussão sobre as fontes.
A interpretação autêntica, ou legislativa, é feita pelo próprio legislador sobre as suas próprias leis. O órgão que cria a lei também tem
competência para a interpretar, modificar, suspender ou revogar. Será juridicamente vinculativa, com o mesmo grau de vinculação que
corresponde em geral à lei. Esta interpretação leva a leis interpretativas, com carácter retroativo, onde se limita a esclarecer a lei.
Segundo Baptista Machado, existem alguns requisitos para definir o que são leis interpretativas e são eles a resolução de direito anterior
controvertida ou incerta; o sentido que a lei interpretativa vem dar tem de ir ao encontro de um possível sentido que os intérpretes
pudessem ter dado à norma.

NOTA HISTÓRICA
Com a modernidade, o direito passou a entender-se apenas como direito positivo, um direito que se tinha como auto-suficiente e fechado em
si, como que se excluía o recurso a critérios normativos para além dele próprio, para a sua determinação – temos aqui a teoria da imanência
do sentido no direito positivo.
A partir daqui definiram-se os fundamentais princípios epistemológicos e metodológicos do positivismo jurídico, assim como a teoria
tradicional da interpretação jurídica, assente nos pressupostos de que o texto da lei é o objeto da interpretação e de que esta é de natureza
puramente hermenêutica.

TEORIA TRADICIONAL DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA


Esta é a teoria consagrada nos Arts.9º e 10º do CC.
É com esta teoria que se identifica a noção de método jurídico para a conceção oitocentista e assenta nos pressupostos de que o texto da lei é
o objeto da interpretação e de que esta ´´e de natureza meramente cognitiva e não uma atividade normativa, mas uma atividade que vis
única e simplesmente reproduzir o anteriormente dado pelos textos legais.
Esta teoria foi-se desenvolvendo em torno de 3 aspetos fundamentais: os objetivos da interpretação, os elementos da interpretação e os
resultados da interpretação.

OBJETIVOS DA INTERPRETAÇÃO
O que se pretende determinar com a interpretação jurídica gerou um debate muito aceso na doutrina que se prolongou por muito tempo,
que precedeu à elaboração do Art.9º do CC.
Este debate foi, principalmente entre 2 correntes que obedecem a diferentes contextos culturais, histórico-filosóficos e políticos.
De um lado temos a tese subjetivista, que sustenta que o propósito decisivo da interpretação estará na averiguação da vontade do legislador.
O objetivo essencial seria o de reconstituir o real pensamento do legislador histórico (mens legislatoris) formulado na lei.
Dentro da teoria subjetivista existe uma teoria mais moderada, que engloba a teoria da alusão que nos diz que se deve seguir o pensamento
do legislador desde que tenha havido uma alusão no texto da lei aquela que foi a intenção, a vontade do legislador. Ou seja, o objeto da
interpretação é o texto e deve-se reconstruir o pensamento do legislador a partir desse texto, mas para tal tem de haver um mínimo de
coerência textual entre a norma e a vontade do legislador.
Existe também um subjetivismo mais radical que defende que, mesmo passando por cima do texto, deve ser essa a intenção do legislador,
que deve ser alcançada pela interpretação jurídica.
Por outro lado, temos ainda a tese objetivista que entende que a interpretação se deverá orientar para o sentido objetivamente assimilado
para o próprio texto da lei, para o sentido que autonomamente o texto legal é suscetível de encarnar e exprimir. Privilegia-se o mens legis.
As teses subjetivistas privilegiam os valores da segurança, certeza e imparcialidade enquanto as teses objetivistas privilegiam os valores da
atuação material, da solução mais correta, da adaptação evolutiva de uma lei. No entanto, ambas as teses partilham o pressuposto de que o
objeto da interpretação é o texto, pelo que a diferença será ver no texto a vontade do legislador, mens legislatoris, ou uma vontade
autónoma, mens legis.
Com o tempo, com uma certa estabilidade, as correntes objetivistas vão ganhando relevo e superam as subjetivistas.

DISTINÇAÕ ENTRE AS CORRENTES ATUALISTAS E AS HISTORICISTAS


As correntes atualistas defendem uma abordagem que enfatiza a importância de levar em consideração o contexto atual e as circunstâncias
contemporâneas ao interpretar o Direito. De acordo com esta corrente, o significado e o propósito das normas jurídicas devem ser
determinados tendo em conta as condições atuais da sociedade, bem como as suas necessidades. O atualismo interpretativo busca uma
interpretação flexível e adaptável ao direito, com o objetivo de troná-lo relevante e efetivo no contexto presente.
Por outro lado, as correntes historicistas diziam que a lei devia ser interpretada de acordo com a vontade histórica, com o sentido que tinha
no momento em que foi promulgada. A interpretação historicista pretende recuperar aquela que foi a intenção originária aquando da
promulgação de uma determinada lei.
O historicismo interpretativo busca uma interpretação mais conservadora e estática do direito, com o objetivo de preservar a coerência e
estabilidade do sistema jurídico ao longo do tempo.
É importante realçar que podemos adotar um subjetivismo historicista ou um subjetivismo atualista bem como um objetivismo historicistas
ou um objetivismo atualista.
Ao longo do tempo vai havendo um equilíbrio entre todas estas correntes. Por vezes é necessário percebermos o que o legislador histórico
quis dizer, quais eram os problemas concretos aos quais ele teve de dar respostas e, portanto, isso vai ajudar a perceber qual o alcance que
ele quis imputar àquela norma, sendo certo que não nos temos que vincular a essa compreensão. Assim, adotamos uma tese mista.
O Art.9ºCC, reflete a superação em relação a estas correntes, pois neste artigo temos uma conciliação que afasta excessos subjetivistas,
objetivistas, atualistas e ainda historicistas. É uma norma harmonizadora.

DISTINÇÃO ENTRE INTERPRETAÇÃO DOGMÁTICA E INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA


Outra distinção quanto ao objetivo ou fim da interpretação.
A interpretação dogmática é aquela que se deve propor determinar na fonte jurídica interpretando um sentido redutível ao pressuposto
sistema jurídico dogmático. É um sentido pelo qual aquela fonte seja assimilável e pensável na auto-substância dogmática desse sistema. Esta
interpretação implica o direito como uma ordem que em si subsiste, e a interpretação é uma explicitação dessa ordem.
A interpretação teleológica deve propor-se determinar um sentido à fonte interpretanda que se obtenha e justifique perspetivando-se
sobretudo pelos fins práticos que com ela se visam alcançar. Um sentido teleologicamente funcional, e assim mediante uma hermenêutica de
racionalidade prática, pela qual o direito se compreende, essencialmente, pelos seus resultados. Esta interpretação implica o direito como
uma particular intenção prática que se visa cumprir, e a interpretação uma realização dessa intenção.

ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO
Uma vez decidido o objetivo, é necessário analisar e determinar qual o percurso hermenêutico a seguir para alcançar estes objetivos e, que
passos específicos a dar para que se realize a interpretação.
Este processo traduz-se no recurso a certos elementos interpretativos, em primeiro lugar a limitação das fontes, a importância da hierarquia e
a conceção de fontes.
Quando falamos destes elementos temos a distinção fundamental, o texto (elemento material, o corpus da interpretação) e o espírito (o
animus da interpretação), fundamentais na interpretativo legis.
A letra constituiria só por si um elemento, o gramatical, que diz respeito ao texto. Para alcança o espírito, a ratio e verdadeiro sentido da
norma, vamos recorrer ao elemento sistemático, ao elemento histórico e ao elemento teleológico.
Elemento Gramatical: Seria o elemento base, uma vez que o objeto da interpretação se identificava com o texto. Era geralmente aceite a
consideração da letra da lei com um valor negativo, ou seja, o texto delimitaria a interpretação e só seriam admissíveis os sentidos das leis
que fossem possíveis segundo o texto. Simultaneamente seria também aceite um sentido positivo onde, de entre os sentidos possíveis, seria
mais forte o que melhor correspondesse ao texto.
Elemento Histórico, ou consideração da génese do preceito interpretativo, tendo em conta os materiais ou trabalhos preparatórios da sua
elaboração legislativa, já a circunstância jurídico-social (ocasio legis), já a própria história do direito e as fontes legislativas.
Elemento sistemático consiste em ter em atenção a unidade e a coerência jurídico-sistemáticas de todo o sistema, uma exigência de
coerência e racionalidade de todo o unitário do direito, é o postulado da coerência intrínseca. Temos aqui o conceito dos lugares paralelos.
Elemento teleológico é aquele que nos leva a procurar a ratio legis, a razão de ser da norma e a que finalidades obedece a norma. A
interpretação é em função da própria razão de ser ou do seu objetivo prático. As finalidades podem ser a justa resolução de conflitos a
manutenção da paz e ordem social e a proteção de bens jurídicos, entre outras.

RESULTADOS DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA


Os resultados da IJ têm como ponto de partida a distinção entre a lei e o espírito. A teoria mais tradicional contempla 3 resultados.
Interpretação Declarativa: A letra e o espírito correspondem-se naturalmente. A interpretação é o significado gramaticalmente enunciado
pelo texto da lei, exprime adequadamente o sentido que este é imputável pelos outros elementos da interpretação. O texto admite, sem mais
o sentido determinável pelo espírito da lei e o intérprete apenas se fixa nesse sentido que o texto exprime.
Interpretação Extensiva: Quando a letra da lei é menos ampla do que o espírito da lei, ou seja, quando a letra fica aquém do mesmo. A
fórmula verbal peca por defeito, pois diz menos do que aquilo que queria dizer. Nestas situações alargamos então o texto para o fazer
corresponder ao pensamento legislativo. Da ratio legis percebemos o que o legislador queria falar e abordar mais conceitos, mas não o fez e
por isso interpretamos extensivamente.
Interpretação Restritiva: Ocorre quando o legislador peca por excesso e a letra vai além daquela que era a sua intenção e, por isso, há a
necessidade de o intérprete restringir a letra da lei de modo a ir ao encontro do pensamento legislativo. Aqui a letra é mais ampla do que o
espírito.
Interpretação ab-rogante ou revogatória: Não era admitida no nosso ordenamento jurídico. Implica que quando houvesse uma absoluta
incompatibilidade entre a letra e o espírito, a norma seria revogada. Não está em uso.
Interpretação Corretiva: Inicialmente proposta pela jurisprudência dos interesses, segundo a qual se admite que o intérprete tenha
competências para corrigir o texto da lei de modo a compatibilizá-lo com a intenção da norma, é uma manifestação de equidade. Esta
modalidade está vedada à jurisprudência nacional, uma vez que a única pessoa que tem competência para alterar o texto da lei é o legislador,
pelo que esta alteração pertence às fontes de direito e não ao intérprete. Não é admissível no nosso ordenamento jurídico.
Analogamente faz-se a redução e extensão teleológica. A redução teleológica consiste em reduzir ou excluir do campo de aplicação de uma
norma casos que estão abrangidos pela sua letra, com fundamento na teleologia imanente da mesma norma. A extensão teleológica trata-se
de quando o campo de aplicação de uma norma, definido pelo texto, é largado, com fundamento também na sua imanente teleologia, a casos
que não estariam formalmente abrangidos por ele.
A redução e a extensão teleológica não se confundem com a interpretação extensiva e restritiva, uma vez que o que se verifica nas duas
primeiras já não é a procura da adequação ou de uma final correspondência entre a letra e o espírito, entre o texto e o pensamento
normativo, mas sim de uma correção do texto fundada teleologicamente, prosseguindo a interpretação para além dos sentidos possíveis do
texto. Abandona-se o sentido puramente exegético da interpretação e assume-se um sentido verdadeiramente prático-normativo na
interpretação jurídica.
Interpretação Enunciativa: Acontece quando de um preceito se retiram certas conclusões que apenas virtualmente estavam lá contidas, a
que conseguimos aceder mediante o recurso a argumentos lógicos, a determinados processos lógico-normativos.
-Argumento por maioria de razão (a forteriori): se a lei explicitamente contempla certas situações, para elas estabelecendo um dado regime,
há-de forçosamente querer abranger outras que, com mais fortes motivos, exigrm ou justificam aquele regime. Dentro deste argumento
temos o argumento a maiori ad minus, a lei que permite o mais também permite o menos; e o argumento a minori ad maius, a lei que proíbe
o menos também proíbe o mais.
-Argumento a contrario sensu: Teoricamente é possível extrair de uma regra excecional, a regra geral contrária.

LACUNAS
O conceito de lacuna desenvolveu-se em obediência à necessidade de limitar a atuação interpretativa do juiz e, a lacuna é tradicionalmente
considerada uma incompletude, uma falha, uma imperfeição contrária ao plano do direito vigente, tal como nos diz Baptista Machado.
Assim, haverá uma lacuna quando, depois de interpretação e indo até ao limite desta, não exista uma resposta a uma determinada questão
num determinado plano do direito vigente. A proibição da decisão non liquet significa que é vedado ao juiz o poder de se recusar a decidir um
caso alegando que não há norma jurídica aplicável. Esta proibição visa garantir a segurança jurídica e a previsibilidade no sistema jurídico,
evitando o vácuo normativo.
Quando há uma lacuna, os juristas devem recorrer aos métodos interpretativos para preencher essa lacuna, procurando entender a intenção
do legislador, os princípios gerais do direito e a lógica sistêmica do ordenamento jurídico. Perante uma lacuna o juiz deve fazer então uso dos
métodos interpretativos, das fontes do direito disponíveis para preencher essa lacuna e fornecer uma resposta legalmente fundamentada.
TIPOS DE LACUNAS
LACUNAS DA LEI (imperfeições contrárias ao plano da lei)
 Lacunas Normativas: Como nos diz Larenz, são situações raras, e que se verificam quando existe um determinado preceito à
qual falta uma parte para se tornar funcional e aplicável. São normas incompletas que geram lacunas normativas.
 Lacunas de Colisão: São situações em que existe contradição entre normas igualmente aplicáveis a um mesmo facto, mas com
estatuições incompatíveis.
 Lacunas de Regulamentação: Situações em que não existe nenhuma regra para uma certa questão que, de acordo com a
intenção reguladora subjacente, precisa de uma regulamentação jurídica.
LACUNAS DO DIREITO (falha da ordem jurídica no seu conjunto, aqui falta regulamentar todo um instituto jurídico)
 Lacunas Patentes: São aquelas situações em que à lei falta uma determinada norma para fazer face a uma determinada
situação, norma essa que deveria existir face ao plano regulativo da ordem jurídica positiva.
 Lacunas Latentes ou ocultas: Situações em que a lei contém uma regra aplicável a casos desta espécie, mas, de acordo com o
sentido e a finalidade da própria lei, essa regra não se ajusta a todo este grupo de casos. São casos em que falta uma restrição
na lei, que vai ser introduzida por redução teleológica, onde retiro o caso do âmbito de aplicação da norma.

MODO DE RESOLUÇÃO DE LACUNAS PATENTES


A forma cabal de suprir lacunas ocultas ou de regulamentação é a analogia, postulada no Art.10ºCC.
A analogia encontra-se no nº1 do Art.10º do CC e é transversal a todos os ramos do direito. Através da analogia vamos transpor a solução
prevista pelo legislador para uma determinada hipótese X para um conjunto de hipóteses Y em que se justifica a mesma solução, há uma
valoração das duas situações de facto, materialidade, que identifica pontos comuns que justifiquem a aplicação da mesma solução normativa,
por maioria de razão ou de igualdade. Esta é a chamada analogia legis.
A analogia iuris ou geral verifica-se quando de várias disposições legais que ligam uma consequência jurídica idêntica a hipóteses legais
diferentes e, de todas essas hipóteses legais diferentes, se infere um princípio jurídico geral que se ajusta tanto à hipóteses não regulada na
lei como às hipóteses reguladas.
O Art.10º nº3 do CC vai de encontra a esta analogia, uma vez que nos diz que quando não há caso análogo, quando o legislador não prevê
nenhum caso semelhante ao que quero resolver, no âmbito da integração, o julgador deve julgar de acordo com a norma que ele próprio cria,
como se fosse legislador, regulando dentro do espírito do sistema. A intenção aqui não é geradora de direito, mas generalizadora, a norma
criada é ad hoc, sendo uma normal geral e abstrata que só vale para aquela situação, não ficando a fazer parte do sistema. A norma é criada
para o caso em concreto e depois desaparece, ela não vincula para o futuro por que a intenção do nº3 é generalizadora e não
individualizadora, uma vez que a criação compete apenas ao legislador e porque a integração não é fonte de direito legal. Este nº3 tem como
seu campo de aplicação as lacunas de direito descobertas com recurso a princípios e valores jurídicos gerais.

Você também pode gostar