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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

PLANO DE ENSINO

1 – IDENTIFICAÇÃO
Curso: Licenciatura em História Bloco: III
Disciplina: Teoria e Metodologia da História II
Carga Horária: 60 horas Créditos: 4.0.0 Período Letivo: 2024.1
Professor: Dr. Fábio Leonardo Castelo Branco Brito

2. EMENTA
A produção do conhecimento histórico na contemporaneidade: tempo, espaço, indivíduo, sociedade,
memória e identidade. Discussões sobre o retorno do político, do acontecimento, da narrativa, do
sujeito. O debate sobre a virada historiográfica e a crise dos paradigmas. As tensões teóricas e
metodológicas envolvendo a retórica e a prova. Hibridismos na produção do conhecimento histórico.
Ampliação do espectro de fontes e expansão dos interesses temáticos.

3. OBJETIVO GERAL
O objetivo central da disciplina é discutir os paradigmas contemporâneos da historiografia,
sobretudo dos anos 1980 até a atualidade. Nesse sentido, observa os procedimentos teóricos e
metodológicos que perpassam campos como a história cultural francesa e suas repercussões para
além da França, o neo-historicismo alemão e os debates que se dão para além dos paradigmas
ocidentais, ampliando o debate para espaços da América Latina, Ásia e África, aos povos originários
e às questões de gênero.

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Discutir os paradigmas da história cultural francesa e suas repercussões nos Estados Unidos e no
Brasil;
• Analisar as ressonâncias do historicismo do século XIX na produção do conhecimento histórico
da Alemanha contemporânea;
• Mapear os debates teóricos pós-coloniais e decoloniais, diferenciando-os e apontando suas
principais questões;
• Compreender a teoria queer como um campo de estudos para a compreensão de corpo e gênero
na contemporaneidade.

5. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade I – Entre práticas e representações: a história cultural francesa e suas ressonâncias

Tomando como base as discussões iniciadas em Teoria e Metodologia da História I, a primeira


unidade abordará os desdobramentos da chamada “nova história” francesa na configuração do que, a
partir dos anos 1980, ganhará a denominação de história cultural, campo que tem como um de seus
inauguradores o historiador Roger Chartier, a partir do qual se estabeleceram as categorias
conceituais de apropriações, práticas e representações. A partir de uma “arqueologia” da história
cultural, sobretudo dos estudos de Michel de Certeau sobre cultura e práticas cotidianas, será
discutido os modos com os quais o campo da cultura se desdobra em pesquisas que envolvem
sujeitos e sensibilidades sociais, bem como as ressonâncias da história cultural em outros espaços,
tais como o Brasil.
1ª Aula
Apresentação da disciplina e do plano de curso.

2ª Aula
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Precursores e redescobertas: a arqueologia da História Cultural. In:
______. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. p. 19-27.

3ª Aula
CERTEAU, Michel de. A beleza do morto. In: ______. A cultura no plural. Campinas: Papirus,
2001. p. 55-85.

4ª Aula
CERTEAU, Michel de. Introdução geral. In: ______. A invenção do cotidiano. v. I. Artes de fazer.
Petrópolis: Vozes, 1998. p. 37-53.

5ª Aula
HUNT, Lynn. Apresentação: história, cultura e texto. In: HUNT, Lynn (Org.). A nova história
cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 01-29.

6ª Aula
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. In: ______. À beira da falésia: a história entre
incertezas e inquietude. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002. p. 61-79.

7ª Aula
DAVIS, Natalie Zemon. O retorno de Martin Guerre. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. p. 09-81.

8ª Aula
DAVIS, Natalie Zemon. O retorno de Martin Guerre. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. p. 82-151.

9ª Aula
DARNTON, Robert. Histórias que os camponeses contam: os significados de Mamãe Ganso. In:
______. O grande massacre de gatos: e outros episódios da história cultural francesa. São Paulo:
Paz e Terra, 2014. p. 21-103.

10ª Aula
CASTELO BRANCO, Edwar de Alencar; BRITO, Fábio Leonardo Castelo Branco. Por uma escrita
bailarina da história. In: RAMOS, Alcides Freire; PATRIOTA, Rosangela (Og.). História cultural:
produção e circulação do conhecimento. São Paulo: Hucitec; Brasília: CAPES, 2017. p. 51-64.

11ª Aula
Avaliação escrita da Unidade I.

Unidade II – Consciência histórica e usos do passado: o neo-historicismo alemão

A segunda unidade partirá das ressonâncias do historicismo alemão, que se destacou em meados do
século XIX, e de seus desdobramentos ao longo da segunda metade do século XX e no século XXI.
Para tanto, tomará os principais fundamentos do chamado “neo-historicismo” como pautas para
discussões tais como: as reflexões sobre tempo histórico e história dos conceitos de Reinhart
Koselleck, o debate sobre aprendizagem, narrativa e construção de consciência histórica de Jörn
Rüsen e a produção de presença e perspectivas sobre os usos do passado nos escritos de Hans Ulrich
Gumbrecht.
12ª Aula
BARROS, José D’Assunção. Koselleck: o Historicismo e o enigma da temporalidade. In: ______.
Teoria da história. v. IV. Acordes historiográficos: uma nova proposta para a teoria da história.
Petrópolis: Vozes, 2011. p. 265-302.

13ª Aula
KOSELLECK, Reinhart. O futuro passado dos tempos modernos. In: ______. Futuro passado:
contribuição para a semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio,
2006. p. 21-39.

14ª Aula
KOSELLECK, Reinhart. História dos conceitos e história social. In: ______. Futuro passado:
contribuição para a semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio,
2006. p. 97-118.

15ª Aula
FARIAS JÚNIOR, José Petrúcio. A teoria da história de Jörn Rüsen: estudos introdutórios e chaves
de leitura. In: NASCIMENTO, Francisco de Assis de Sousa; SILVA, Jaison Castro; CHAVES,
Reginaldo Sousa (Org.). A forja do tempo: artes e vanguardas diante do contemporâneo. Teresina:
EDUFPI, 2016. p. 31-49.

16ª Aula
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende (Org.). Jörn
Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Ed. UFPR, 2011. p. 07-77.

17ª Aula
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende (Org.). Jörn
Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Ed. UFPR, 2011. p. 79-149.

18ª Aula
LAGE, Mariana. Da produção de presença ao presente amplo: entrevista com Hans Ulrich
Gumbrecht. In: GUMBRECHT, Hans Ulrich. Serenidade, presença e poesia. Belo Horizonte:
Relicário Edições, 2016.

19ª Aula
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Depois de aprender com a História. In: ______. Em 1926: vivendo no
limite do tempo. Rio de Janeiro: Record, 1999.

20ª Aula
Avaliação escrita da Unidade II.

Unidade III – Sujeitos, olhares, epistemologias: estudos pós-coloniais, decoloniais e teoria queer

Por fim, a unidade de saída terá como pautas as epistemologias que emergem de espaços periféricos
da sociedade – seja a partir da dimensão geográfica, o chamado “Sul global”, seja a partir das
dimensões de identidades de gênero e sexualidades. O problema central a ser respondido é de que
modo tais locais de fala configuram suas próprias matrizes teóricas, sobretudo a partir dos estudos
pós-coloniais (centrados nos hibridismos e temporalidades intervalares) e decoloniais (estabelecidos
a partir da busca pela criação de novas epistemologias, centradas nas subalternidades).
Compreenderemos para tal as discussões que partem de espaços como a Índia (Homi K. Bhabha e
Gayatri Chakravorty Spivak), da Jamaica (Stuart Hall), do Chile (Aníbal Quijano), bem como das
perspectivas sobre africanidades e experiências quilombolas (Mariléia de Almeida) e povos
originários (Eduardo Viveiro de Castro), bem como as epistemologias femininas e os debates sobre
corpos trans, configurando, nessa vertente final, a teoria queer e suas metamorfoses, com autores tais
como a pós-feminista Judith Butler e o filósofo transgênero Paul Beatriz Preciado.

21ª Aula
BHABHA, Homi K. Introdução – Locais da cultura. In: ______. O local da cultura. Belo Horizonte:
UFMG, 2014. p. 19-42.

22ª Aula
HALL, Stuart. Quando foi o pós-colonial? Pensando no limite. In: ______. Da diáspora: identidades
e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil,
2003. p. 101-128.

23ª Aula
HALL, Stuart. Nascimento e morte do sujeito moderno. In: ______. A identidade cultural na pós-
modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. p. 23-46.

24ª Aula
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? In: ______. Pode o subalterno falar? Belo
Horizonte: UFMG, 2010. p. 19-126.

25ª Aula
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de
Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologia do sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 73-117.

26ª Aula
CASTRO, Eduardo Viveiros de. Perspectivismo. In: ______. Metafísicas canibais: elementos para
uma antropologia pós-estrutural. São Paulo: Ubu Editora; N-1 Edições, 2018. p. 33-54.

27ª Aula
ALMEIDA, Mariléia de. Encruzilhadas teóricas. In: ______. Devir quilombola: antirracismo, afeto e
política nas práticas de mulheres quilombolas. São Paulo: Elefante, 2002. p. 49-90.

28ª Aula
BUTLER, Judith. Sujeitos de sexo/gênero/desejo. In: ______. Problemas de gênero: feminismo e
subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. p. 17-70.

29ª Aula
PRECIADO, Paul B. Da filosofia como modo superior de dar o cu: Deleuze e a “homossexualidade
molecular”. In: ______. Manifesto contrassexual: prática subversivas de identidade sexual. São
Paulo: N-1 Edições, 2017. p. 173-193.

30ª Aula
Avaliação escrita da Unidade III.

6. PROCEDIMENTOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM


• Aulas expositivas e dialogadas;
• Realização de mesas-redondas;
• Exibição de filmes e músicas;
• Produção de texto.
7. SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO
Cada avaliação parcial vale de zero (0,0) a dez (10,0). A média aritmética das quatro notas produz a
nota final. Será aprovado o aluno que obtiver no mínimo sete (7,0) como média final e 75% de
frequência conforme as normas da Universidade Federal do Piauí (Resolução nº 043/95 – CEPEX).

A avaliação será dividida em 04 (quatro) notas, que corresponderão, respectivamente, a:

• Avaliação escrita da Unidade I (em classe, com consulta);


• Avaliação escrita da Unidade II (em classe, com consulta);
• Avaliação escrita da Unidade III (em classe, com consulta);
• Presença e participação nas aulas, comentário e leitura dos textos.

Na avaliação também serão considerados aspectos qualitativos como assiduidade, realização das
atividades e participação nas discussões propostas.

8. BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Mariléia de. Devir quilombola: antirracismo, afeto e política nas práticas de mulheres
quilombolas. São Paulo: Elefante, 2002.
BARROS, José D’Assunção. Teoria da história. v. IV. Acordes historiográficos: uma nova proposta
para a teoria da história. Petrópolis: Vozes, 2011.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 2014.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2018.
CASTRO, Eduardo Viveiros de. Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós-
estrutural. São Paulo: Ubu Editora; N-1 Edições, 2018.
CERTEAU, Michel de. A cultura no plural. Campinas: Papirus, 2001.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. v. I. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1998.
CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre incertezas e inquietude. Porto Alegre: Ed.
Universidade/UFRGS, 2002. p. 61-79.
DARNTON, Robert. O grande massacre de gatos: e outros episódios da história cultural francesa.
São Paulo: Paz e Terra, 2014.
DAVIS, Natalie Zemon. O retorno de Martin Guerre. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. p. 09-81.
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Em 1926: vivendo no limite do tempo. Rio de Janeiro: Record, 1999.
GUMBRECHT, Hans Ulrich. Serenidade, presença e poesia. Belo Horizonte: Relicário Edições,
2016.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG; Brasília:
Representação da UNESCO no Brasil, 2003.
HUNT, Lynn (Org.). A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição para a semântica dos tempos históricos. Rio
de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio, 2006.
NASCIMENTO, Francisco de Assis de Sousa; SILVA, Jaison Castro; CHAVES, Reginaldo Sousa
(Org.). A forja do tempo: artes e vanguardas diante do contemporâneo. Teresina: EDUFPI, 2016.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
PRECIADO, Paul B. Manifesto contrassexual: prática subversivas de identidade sexual. São Paulo:
N-1 Edições, 2017.
RAMOS, Alcides Freire; PATRIOTA, Rosangela (Og.). História cultural: produção e circulação do
conhecimento. São Paulo: Hucitec; Brasília: CAPES, 2017.
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologia do sul. Coimbra:
Almedina, 2009.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende (Org.). Jörn
Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Ed. UFPR, 2011.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: UFMG, 2010.

SUBMISSÃO AO COLEGIADO DO CURSO

Data de envio: _____/_____/_____ Data de aprovação: _____/_____/_____

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Assinatura do Professor Assinatura do Coordenador

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