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Hayden White

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Enredo e verdade na
escrita da história
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A elaboração do enredo e seus limites

 Existe uma impugnável relatividade em toda representação do fenômeno


histórico.

 A narrativa ficcional e a narrativa dos fatos históricos – na historiografia, a


narrativa é vista como um container neutro do fato histórico, consistindo
ou manifestando um amontoado de estórias “reais” ou “vividas”.

 Estórias, como declarações factuais, são entidades linguísticas e


pertencem, essencialmente, à ordem dos discursos.
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A elaboração do enredo e seus limites

 Existe algum limite sobre o tipo de estória que pode ser contada de maneira
responsável sobre fenômenos históricos tais como o nazismo?

 Podem esses eventos ter seus enredos responsavelmente realizados de


quaisquer modos, símbolos, tipos de enredos e gêneros que nossa cultura
fornece para fazer sentido sobre o passado?

 Ou o nazismo e a solução final pertencem a uma classe específica de eventos,


tais que devem ser vistos como manifestando apenas uma estória, que possui
enredos elaboráveis de uma só forma e significa apenas um tipo de sentido?
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Narratividade, elaboração do enredo e o
problema do Holocausto
 A perspectiva lançada sobre os eventos configuram diferentes narrativas
com diferentes estilos e diferentes modos de compreensão.

 A forma de representação dos eventos podem caracterizá-los como


estórias trágicas, cômicas ou épicas, para além da questão da exatidão
factual.

 O contexto do enredo determinada os limites que a narrativa a respeito


deles terá. Exemplo: não se pode associar a fatos tais como o nazismo ou
o Holocausto o estilo cômico ou bucólico.
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Narratividade, elaboração do enredo e o
problema do Holocausto
 A possibilidade de aplicar diferentes gêneros
narrativas a respeito de determinados
acontecimentos pode ter como exemplo a história
em quadrinhos Maus: a história de um sobrevivente,
de Art Spiegelman.

 Na obra, o Holocausto é representado como uma


sátira amarga, com alemães colocados como gatos,
judeus como ratos e polacos como porcos.

 A trama narra o esforço do artista em extrair de seu


paia a estória da experiência sobre o Holocausto.
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O discurso histórico e a “escrita
intransitiva”
 A noção de “escrita intransitiva”, de Roland Barthes, é tomada como um
modelo do tipo de discurso apropriado à discussão de temas teóricos e
filosóficos levantados pela reflexão sobre o Holocausto.

 Na escrita intransitiva, um autor não escreve para fornecer acesso a algo


independente de ambos, autor e leitor, mas “escreve a si mesmo”.

 Nesse sentido, a escrita de eventos tais como o Holocausto deve


acontecer de forma que “devem contar a estória do genocídio como se
eles tivessem passado por aquilo”.
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O discurso histórico e a “escrita
intransitiva”
 Os modos de representação modernistas podem oferecer possibilidades de
representar a realidade de ambos, o Holocausto e sua experiência, que nenhuma
outra versão do realismo poderia fazer.

 Hayden White não acha que o Holocausto, a solução final ou o genocídio alemão
dos judeus seja mais irrepresentável do que qualquer outro evento da história
humana.

 Como indica Primo Levi, ao contar a sua versão sobre a experiência do Holocausto,
assume contar uma história “totalmente arbitrária”, que é, “não obstante, verdadeira”,
afastando a divergência aparente entre verdade e representação.

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