Você está na página 1de 2

ADMISSIBILIDADE DA RECONVENÇÃO

Dado que os Réus deduziram um pedido reconvencional contra os autores, deve verificar-se se, no caso em concreto, essa reconvenção
seria ou não admissível: - Nos termos do art. 266.º, nº 2, al. c), do CPC, a reconvenção é admissível nos casos em que o réu pretende o
reconhecimento de um crédito, seja para obter a compensação, seja para obter o pagamento do valor em que o crédito invocado excede o
do autor; - Não é admissível a reconvenção, quando ao pedido do réu corresponda uma forma de processo diferente da que corresponde
ao pedido do autor, salvo se o juiz a autorizar, nos termos previstos nos art. 37.º, n.ºs 2 e 3, do CPC, com as necessárias adaptações (art.
266.º, n.º 3, do CPC); - De acordo com o art. 93.º, n.º 1, do CPC, o tribunal da ação é competente para as questões deduzidas por via de
reconvenção, desde que tenha competência para elas em razão da nacionalidade, da matéria e da hierarquia, sob pena de o reconvindo ser
absolvido da instância; - Do ponto de vista processual, à luz do art. 583.º do CPC, a reconvenção só é admissível desde que: - seja
expressamente identificada e deduzida separadamente na contestação, expondo-se os fundamentos e concluindo-se pelo pedido; - o
reconvinte deve ainda declarar o valor da reconvenção - Assim, a reconvenção seria admissível.
CONSEQUENCIAS DA DEFESA POR RECONVENÇÃO
- Uma vez que os réus deduziram uma reconvenção, os autores devem, nos termos do art. 584.º do CPC, apresentar réplica, por forma a
poderem defender-se da reconvenção; - A falta de apresentação da réplica ou a falta de impugnação dos novos factos alegados pelo réu
tem o efeito previsto no art. 574.º do CPC; - A réplica deve ser apresentada no prazo de 30 dias, a contar daquele em que for ou se
considerar notificada a apresentação da contestação, à luz do art. 585.º do CPC; Quanto à competência do tribunal: - Nos termos do art.
299.º, n.º 1, do CPC, na determinação do valor da causa, deve atender-se ao momento em que a ação é proposta, exceto quando haja
reconvenção ou intervenção principal; - Havendo lugar a uma reconvenção, o valor do pedido formulado pelo réu é somado ao valor do
pedido formulado pelo autor quando os pedidos sejam distintos, sendo que o aumento do valor só produz efeitos quanto aos atos e termos
posteriores à reconvenção ou intervenção (art. 299.º, n.ºs 2 e 3, do CPC); - No caso em concreto, o por força da soma do valor da ação com
o valor da reconvenção, o valor da causa passaria a ser superior a € 50.000,00, razão pela qual a competência caberia agora a um Juízo
Central Cível (art. 117.º, n.º 1, al. a), da LOSJ); - Em função da opção dos autores, seria competente o Juízo Central Cível da Póvoa de Varzim
(o qual abrange o município de Matosinhos), o Juízo Central Cível do Porto ou o Juízo Central Cível de Aveiro; - Nos termos do art. 93.º, n.º
2, do CPC, quando, por virtude da reconvenção, o tribunal deixe de ser competente em razão do valor, o juiz deve remeter oficiosamente o
processo para o tribunal competente, ou seja, o juízo local cível devia remeter o processo para o juízo central cível. - Mantém-se a
competência territorial escolhida pelos autores (arts. 71.º e 82.º do CPC ).

CONTESTAÇÃO DO REU E DEFESA DAS AUTORAS PERANTE A CONTESTAÇÃO - O art. 571º regula o tipo de defesa que pode ser apresentada
pelo réu. Com efeito, o réu pode defender-se através de diferentes modalidades:
por impugnação da matéria de facto ou de direito, quando, respetiva- mente, contradiz os factos alegados na petição inicial ou quando
afirma que esses factos não podem produzir o efeito jurídico pretendido pelo autor;
por exceção dilatória, quando alega factos que impedem que o juiz conheça do mérito da causa; ou
- por exceção perentória, quando alega factos que, servindo de causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo autor,
determinam a improcedência total ou parcial do pedido.
O réu pode, igualmente, formular pedidos autónomos contra o autor, através da apresentação de uma defesa por reconvenção, nos termos
dos art. 266º e 583º.
- Ao invocar a caducidade do direito de propositura da ação, o réu defender-se por exceção perentória extintiva (art. 576.", n° 3, do CPC); -
Ao sustentar que é "falso que tenha ocupado ilegalmente o terreno", o réu defende-se quer por impugnação da matéria de facto, na
medida em que contradiz os factos articulados na petição inicial, quer por impugnação da matéria de direito, já que, apesar de reconhecer
a ocupação do terreno, sustenta que, por aplicação das regras de direito, a mesma não enferma de qualquer ilegalidade (art. 571. do CPC).-
Ao pretender que o tribunal declare e reconheça o seu direito de propriedade, por usucapião, desse terreno, o réu apresenta uma defesa
por reconvenção, a qual é processualmente admissivel, na medida em que o réu pretende conseguir, em seu beneficio, o mesmo efeito
juridico pretendido pelo autor (arts. 266., n." 2, al. d), e 583.° do CPC).-Dado que o réu deduziu uma reconvenção, os autores podem
replicar (art. 584.", n." 1 CPC); -Considerando que a lei refere que a réplica só é admissível para o autor deduzir toda a matéria da defesa
quanto à reconvenção (art. 584., n. 1, do CPC), o aluno deve problematizar se deve igualmente admitir-se a apresentação de defesa quanto
à matéria da reconvenção:- numa perspetiva mais formalista, as autores apenas poderiam responder à matéria da reconvenção na réplica,
relegando para o inicio da audiência prèvia ou, subsidiariamente, da audiência final, a resposta quanto à matéria da exceção; -
diversamente, numa perspetiva de economia processual e de concentração dos atos, será defensável que as autoras aproveitem o
articulado da réplica para exercer o seu contraditório quanto à matéria da exceção. Nesse caso, o aluno deverá problematizar se o exercicio
do contraditório em relação à exceção será uma mera faculdade um verdadeira onus processual.- Uma outra possibilidade, seria as autoras,
em sede de réplica, exercerem o seu contraditório apenas quanto à matéria da reconvenção, podendo o juiz, ao abrigo do seu dever de
gestão processual, convidar as autoras a responderem à matéria de exceção, providenciando, desse modo, pelo andamento célere do
processo (6nº1 cpc)
INEPTIDÃO VS DEFICIENCIA DA PETIÇAO INICIAL -Distinção entre petição inepta, por falta de causa de pedir (arts. 5., n. 1 e 186.", n. 2, a),
de CPC), e petição deficiente;-a petição inepta não preenche os requisitos mínimos para ser admitida pelo tribunal, enquanto a petição
deficiente apresenta falhas ou irregularidades que não impedem sua admissibilidade, mas podem ser objeto de correção ou sanção
posteriormente.-No caso em concreto, estamos perante uma petição inicial que apresenta deficiências na exposição da matéria de facto, já
que as autoras alegaram, de forma genérica, que sofreram danos, mas não concretizaram que danos foram esses;- Ao abrigo do seu dever
de gestão processual (arts. 6. e 590.º, n.º 2, al. b), e n. 4 do CPC), o juiz devia proferir um despacho pré-saneador, convidando as autoras a
procederem ao aperfeiçoamento da petição inicial;- Referência ao facto de esse convite ter um âmbito muito limitado, já que as autoras só
podem aperfeiçoar a petição inicial na parte em que a mesma apresenta deficiências na alegação da matéria factual, estando, opor isso
vedada às autoras a possibilidade de alteração da causa de pedir (arts. 265. e 590.º, n.º 6, do CPC).

Você também pode gostar