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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


BARUERI/SP

BANCO ITAÚ S.A., por sua advogada que esta


subscreve, nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS, pelo rito
ORDINÁRIO que lhe promove AIRTON NOGUEIRA DA SILVA (processo nº
1881/2003), oferece CONTESTAÇÃO, oportuno tempore, pelas razões
seguintes:

I – DA TEMPESTIVIDADE

O prazo para contestar iniciou-se em 09/09/03


(3ª feira) – data seguinte à da juntada do aviso de recebimento – 08/09/03 (art.
241, I, do CPC) – terminando em 23/09/03. Caracteriza-se, assim, por
tempestiva esta defesa protocolizada em 23/09/03.

II – DA PRETENSÃO INICIAL

1
O autor alega que contra si foi protestada,
indevidamente, a nota promissória n° 5764651, emitida em 14/09/1994, no valor
de R$ 6.643,11 (seis mil, seiscentos e quarenta e três reais e onze centavos) , em favor
do Banco Itaú S.A. Aduz que não sabe a origem do débito que originou o protesto
do título e que suportou abalo por conta desse equívoco.

Sustenta, ainda, que encontrou dificuldades para a


obtenção de emprego por conta do protesto e que o réu só forneceu carta de
anuência para cancelamento da mácula em Outubro/2001.

Pede, por fim, a condenação do réu ao pagamento


de:
- indenização por danos morais em R$ 664.311,00 (seiscentos e sessenta e quatro mil e
trezentos e onze reais),
- indenização por danos materiais (lucros cessantes) correspondente aos salários
que poderia ter ganhado durante o período em que perdurou o protesto (3 anos),
- tudo isso acrescido dos consectários legais.

III – DOS FATOS

A bem da verdade, imperioso narrar a realidade


dos acontecimentos.

Em 14/09/1994, o autor firmou um contrato


Autobank (contrato de financiamento de veículos) nº 57646515, no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais), a ser liquidado em 24 prestações de R$ 392,36 (trezentos
e noventa e dois reais e trinta e seis centavos) – cópia anexa.

Através da citada contratação, o autor objetivava


adquirir um veículo marca GM, modelo Caravan Diplomata, ano e modelo 1986,
placas BQ 1056, chassis 9BG5V015FGB103274.

No momento da assinatura do contrato, o autor


deu ao réu em garantia uma Nota Promissória, conforme cláusula 7 do Contrato:

“7. Garantia. Dou ao Itaubanco as seguintes


garantias.

2
7.2. Nota promissória de minha emissão, sem
vencimento e valor expressos, avalizada pelas
pessoas ao final nomeadas, QUE ASSINAM ESTE
CONTRATO, CONCORDANDO COM SEUS TERMOS, E
QUE RESPONDERÃO SOLIDARIAMENTE POR TODAS AS
OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS POR MIM.
7.2.1. – na hipótese de atraso no pagamento ou de
vencimento antecipado, autorizo o Itaubanco a
preencher a nota promissória no valor total da dívida.”
- grifamos

Quando verificou-se o atraso no pagamento das


prestações a partir da parcela 21 (vencimento 14/11/1996), o contrato foi
considerado vencido, o réu preencheu o valor da Nota Promissória e a enviou a
protesto.

Assim, não pode o autor alegar desconhecer suas


obrigações, pois assinou referido contrato, estava ciente das suas cláusulas e
declarou, inclusive, tê-lo lido.

III - PRELIMINARES

III.1. DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO

O Código Civil vigente dispõe no Capítulo das


Disposições Finais e Transitórias, mais precisamente no art. 2.028 que:

“Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos


por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor,
já houver transcorrido mais da metade do tempo
estabelecido na lei revogada”.

Assim, deduz-se que, se não tiver transcorrido mais


da metade do tempo (in casu, 10 anos), o prazo será o previsto pelo Código Civil
de 2002 (artigo 206, § 3º, V: Prescreve em 3 anos a pretensão de reparação civil).

No caso dos autos em tela, o protesto se deu em


09/09/1998. Dessa data até 2003 (ano em que o Novo Código Civil passou a viger),

3
transcorreram-se 4 anos, ou seja, menos da metade do prazo de prescrição
estipulado pelo Código Civil de 1917, que era de vinte anos.

Dessa forma, nos autos em tela, aplica-se o prazo


do Código Civil vigente, isto é, três anos, conforme prevê o art. 206, §3º, V.
Partindo-se dessa constatação, conclui-se direito de ação do autor já
precluiu. Isto porque, desde 1998 até 23/07/03 (data em que o autor
ajuizou a presente demanda), decorreram-se bem mais de três anos.

Portanto, pelo Código Civil vigente, a ação deve ser


pronunciada como prescrita e, conseqüentemente, julgada extinta com julgamento
de mérito com fulcro no art. 269, IV do CPC.

III.2. DA INÉPCIA DA INICIAL – FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DO PEDIDO

A petição inicial é inepta (art. 295, inciso I, do


CPC), pois não apresenta fundamentação jurídica do pedido, como exige o artigo
282, inciso III, do CPC, ou ao menos esta é falha, como se depreende da leitura
desta.

De fato, o autor não demonstrou, como lhe cabia,


a subsunção dos fatos às normas jurídicas vigentes à época da distribuição da
petição inicial, pois esta foi protocolizada em 23/07/2003, quando o novo Código
Civil já estava em vigor1.

Assim, a base legal utilizada como ofendida – artigo


159 do Código Civil - não era mais a aplicável ao caso concreto, demonstrando
ausência completa de base jurídica que possa dar embasamento à sua pretensão.

Portanto, deve ser reconhecida expressamente a


inépcia da inicial por omissão dos fundamentos jurídicos do pedido como
exige o artigo 282, inciso III, do CPC, requerendo o réu se digne V. Exa. julgar
extinto o processo sem análise do mérito, condenando-se o autor no pagamento
dos encargos de sucumbência, com base no art. 267, inciso I, do CPC.

III.3. DA INÉPCIA DA INICIAL – DANOS MATERIAIS

1
Desde 11/01/2003 o novo Código Civil vigorava.

4
O autor formulou pedido ilíquido no tocante aos
danos materiais.

Não houve qualquer descrição dos prejuízos


materiais havidos, a não ser genérica menção de supostos lucros cessantes
advindos de ato supostamente praticado pelo réu.

Nos termos do artigo 286, do CPC, o pedido deve


ser sempre certo e determinado, sendo que, embora em seus incisos venham
elencadas as exceções, o autor não justificou que sua situação pudesse,
eventualmente, encartar-se em quaisquer delas. Aliás, o artigo 286 não foi sequer
mencionado na inicial.

Outrossim, não se justifica remeter eventual


apuração desse dano material para a fase de liqüidação. O dano patrimonial é, por
definição, mensurável e depende de prova de sua expressão diretamente sobre o
patrimônio do demandante (conforme decisão do Tribunal de Alçada de Minas Gerais,
Apelação Cível 188.522-9, rel. Juiz Francisco Bueno, j. 2/2/95, no bol. IOB de
Jurisprudência, 1ª quinzena de out/95, p. 299).

Ademais, nenhuma prova foi juntada aos autos


quanto aos efetivos danos materiais supostamente sofridos pelo autor,
especialmente no tocante aos atos praticados pelo contestante, sendo que tais
provas deveriam necessariamente ter acompanhado a petição inicial, por ser este o
momento adequado para que se produza a prova documental dos fatos alegados,
sob pena de preclusão.

Não houve sequer descrição dos prejuízos materiais


havidos, a não ser a genérica menção de lucros cessantes.

Diante disso, torna-se inequívoco que a petição é


inconcludente e o pedido ilíquido, impedindo, de forma irremediável, o exercício da
atividade jurisdicional.

Isto posto, é imperativo o indeferimento da inicial,


julgando-se extinto o processo com fulcro no artigo 267, I, c/c artigo 295, I, ambos
do CPC.

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IV – MÉRITO

Ad cautelam, na remota hipótese de não se acolher


as preliminares retro argüidas, passa o réu a contestar a ação indenizatória do
autor.

1. DA INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO IMPUTÁVEL AO CONTESTANTE

Conhecidos são os elementos para que um ato


gere responsabilidade civil.

De início, a pretensão indenizatória pressupõe,


necessariamente, uma ação ou omissão ilícita, em regra culposa.

Como demonstrado, a cobrança exercida pelo ora


contestante deu-se em fiel cumprimento a contrato assinado pelas partes.

Assim, o ato do contestante, operado junto ao


Cartório de Protesto, pautou-se no exercício regular de um direito reconhecido.

Dispõe o artigo 188 do Código Civil:

“Não constituem atos ilícitos:


I - Os praticados em legítima defesa ou no exercício
regular de um direito reconhecido.” (grifos do
contestante).

Lecionando sobre a exclusão da ilicitude, escreve


WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO (Curso, vol. I, pág. 273):

“Quem assim exerce um direito legítimo, não fica


obrigado a reparar o dano causado a outrem, sendo,
pois, improcedente qualquer pedido de indenização
formulado pelo prejudicado.
Dessa forma, não constitui ato ilícito o praticado no
exercício regular de um direito reconhecido.”

O protesto, in casu, é totalmente possível e


aceitável, pois inadimplente tornou-se o autor. A jurisprudência entende que:

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“EXTINÇÃO DO PROCESSO - Personalidade jurídica -
Cartório de Registro de Imóveis - Repartição
administrativa - Ausência de capacidade de ser parte
em juízo - Determinação da extinção do processo sem
exame do mérito - Artigo 267, IV, do CPC - Recurso
improvido quanto ao tema.
CAMBIAL - Nota promissória - Falta de
pagamento no vencimento - Envio a protesto -
Exercício regular de um direito - Não
demonstração de má fé e negligência -
Descabimento de indenização por dano moral -
Redução, porém, dos honorários advocatícios -
Apelação em parte provida para esse fim.”
(Primeiro Tribunal de Alçada Cível de São Paulo -
PROCESSO: 0815505-9 - RECURSO: Apelação -
ORIGEM: Sorocaba - JULGADOR: 12ª Câmara -
JULGAMENTO: 28/11/2000 - RELATOR: Matheus Fontes
- REVISOR: Campos Mello - DECISÃO: Deram
Provimento Parcial, VU) - grifamos

A responsabilidade civil, no direito brasileiro,


norteia-se pelo princípio da culpa, cuja noção tem fundamental importância na
caracterização do ato ilícito e sua responsabilização. Nesse sentido dispõe o artigo
186, do Código Civil.

Assim, para que nasça a obrigação de alguém


reparar um dano, é imprescindível que tenha praticado culposamente um ato ilícito,
que seja causa do prejuízo experimentado pela vítima.

Conforme ensina Silvio Rodrigues, ato ilícito é


aquele praticado com infração a um dever e do qual resulta dano para outrem.
Dever legal ou contratual (in DIREITO CIVIL, Parte Geral, vol. I, 20ª edição, p. 324) –
sem grifos no original

Daí resulta que não basta a prática do ato


(ou a omissão); é necessário que tal prática esteja revestida da ilicitude.

Importante, neste particular, a lição de Pontes de


Miranda (Tratado de Direito Privado - volume 53/82) , segundo a qual, "para que a

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indenização se haja de dar sem ter havido agente culpável, é preciso que se tire do
texto legal".

Ademais, o fator determinante na consumação do


protesto, no qual está embasada a pretensão indenizatória, foi o total descaso do
autor em impedi-lo.

O protesto, como sabido, é uma cadeia de atos que


pode ser interrompida de forma a afastar a lavratura.

O requerimento feito ao oficial público pelo


apresentante do título, para que lavre o protesto, é apenas o marco inicial desta
interligação de atos que pode ser interceptada após o segundo ato, qual seja, a
comunicação do oficial público ao obrigado cambial relativa ao requerimento
recebido.

Recebida a intimação do Tabelião (art. 14, da Lei


9.492/97), o obrigado cambial tem, até o ato do protesto, tempo suficiente para
impedi-lo, desde que munido de razões para tal, existindo, inclusive, medidas
judiciais para tanto.

Do contrário, em não sendo sustado o protesto,


cabe ao obrigado cambial tentar obter, de imediato, o respectivo cancelamento.

A sua inércia em não evitar o protesto tirado contra


si (apesar de intimado para tanto) e não cancelá-lo administrativamente assume,
nos termos do artigo 403 do Código Civil, a condição de causa direta e necessária
do dano e, portanto, por si só exclui a causa remota (envio do título ao Cartório)
pelo que se impõe, segundo a relação de causalidade consagrada no direito pátrio,
excluir qualquer responsabilidade do réu pelo evento.

Nada justifica a ausência de providências por parte


do autor.

Nesse sentido é oportuno lembrar lapidar lição de


ORLANDO GOMES (in “Obrigações”, pág. 333):

“Se o dano provém de outra circunstância, ainda que


pela atitude culposa do agente tivesse que ocorrer, este

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não se torna responsável, uma vez que não há a
relação de causa e efeito. Não basta, com efeito, que o
dano pudesse sobrevir por efeito da conduta do agente,
mas é preciso que se produza na realidade como
conseqüência desta e não de outro acidente.” (grifos do
contestante)

Em complemento, cita-se os ensinamentos de


Montenegro A. Lindberg:

“A regra é a irressarcibilidade do dano indireto.


Citam-se como exemplos de danos indiretos não
ressarcíveis os seguintes: a) a inatividade de um sócio
por lesão sofrida em uma colisão de veículo; b) o dano
que podia ser evitado pelo ofendido ou que resulte de
causa superveniente e diversa do ato ilícito.
(...)
O Código Civil Brasileiro disciplinou a matéria no art.
10602, verbis: ‘Ainda que a inexecução resulte de dolo
do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos
efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e
imediato’
O legislador pátrio ao assentar tal enunciado parece não
ter deixado dúvidas quanto a irressarcibilidade dos
danos indiretos e mediatos decorrentes das relações
contratuais.
Surge então a pergunta: essa regra jurídica aplica-se
também aos danos oriundos das relações
extracontratuais?
A indagação, que originou séria polêmica entre os
franceses, foi respondida afirmativamente pelos
Mazeaud, ao interpretarem o art. 1151 do Código Civil
francês, que serviu de modelo ao nosso art. 1.060
acima transcrito. Ao concluírem pela irresponsabilidade
dos danos indiretos tanto na esfera contratual quanto
na aquiliana, afirmam eles que tal postulado depara
fundamento no fato de inexistir um vínculo de
causalidade suficiente entre o dano indireto e a culpa do
devedor.”
(Responsabilidade Civil - págs. 214/215).

2
Antigo artigo 1.060, do CC, novo art. 403.

9
A propósito, decisão unânime da 15ª Câmara Cível
do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ( in RJTJESP - LEX 125/175),
apreciando pretensão semelhante, deve ser colacionada:

“Anote-se inicialmente que à vista do protesto indevido,


não noticiam os autos nenhuma diligência da autora
apelante junto à ré no sentido de cancelar tal
protesto, expediente usual e corriqueiro na vida
comercial. De se acrescentar que tampouco noticiam
os autos diligência da autora junto ao Banco onde teve
seu crédito recusado, para demonstração de que o
protesto fora indevido, o que seria extremamente fácil,
à vista da menção no contrato posteriormente
celebrado da rescisão do contrato de nº 022724. Em
verdade não obstante ser o protesto indevido, pretende
a autora imputar à ré a responsabilidade pela sua
própria omissão” (grifos do contestante).

Quedando-se inerte, o autor contribuiu


sobremaneira para que o protesto da nota promissória ocorresse, ao não adimplir
pontualmente suas obrigações, sujeitando-se, culposamente, aos riscos inerentes a
tal procedimento.

Nesse sentido, cita-se decisão proferida pelo


Egrégio Primeiro Tribunal de Alçada Civil deste Estado, nos autos da Apelação Cível
nº 570.388-0, através da 10ª Câmara, relator Dr. Edgard Jorge Lauand, cuja
ementa transcreve-se:

“Indenização – Ato Ilícito – Contribuição do


representante da autora para o ato que considera
lesivo – Inexistência de efetivo prejuízo econômico
para fazer jus à indenização por dano material ou por
dano moral, de efeitos econômicos verificáveis –
Descabimento da indenização por dano moral
pela simples ocorrência do protesto sem
qualquer prova de dano – Decisão incorreta fixando
indenização exarcebada sem apontar critério – Recurso
provido para inverter e julgar improcedente a ação.” -
grifamos

Do corpo do acórdão extrai-se os seguinte trecho:

10
“Não há como negar que contribuiu o representante da
autora para o ocorrência do ato que reputar ter-lhe
causado danos.
...mas o fato é que a autora foi intimada por carta
registrada como aviso de recebimento quanto ao
apontamento do título e nada declarou conforme
informado no instrumento de protesto de fls.
26... Não consta que a autora por seus
representante tenha ao menos tentado obstar o
protesto.” (g/n)

Deve-se ressaltar que não caberia ao réu promover


o cancelamento e a baixa do protesto em questão, tendo em vista que este foi
legítimo.

Aliás, esse entendimento foi ratificado pelo E.


Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, ao apreciar o Resp nº 442641 (julgado
em 21/08/2003, aguardando publicação do acórdão), manteve a decisão do
Tribunal de Justiça da Paraíba, que estabeleceu como responsabilidade do devedor
o cancelamento do protesto de uma duplicata junto ao 1º Cartório de Protesto de
Títulos de Campina Grande.

Naquela ação, o Super Mini Preço Supermercado


Ltda. pedia ao TJ-PB indenização por danos morais e abalo de crédito por achar ser
de responsabilidade da Kimberly Clark Indústria e Comércio Ltda. cancelar o
protesto do título.

Pelo acima demonstrado, então, não houve


configuração de qualquer ato ilícito por parte do contestante, despiciendo cogitar-
se sobre o elemento culpa. Assim, não há que se falar em obrigação de indenizar.

2. DA NÃO COMPROVAÇÃO DE EVENTUAL PREJUÍZO MORAL

Inexiste comprovação, in concreto, de quaisquer


danos como conseqüência imediata e direta do protesto do título mencionado.

Não há nos autos prova alguma de que o autor


tenha ficado impossibilitado de obter emprego (quanto menos comprovou o autor

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estar desempregado!) ou tenha suportado qualquer tipo de abalo moral durante o
lapso temporal decorrido do protesto até a devida baixa da mácula. Preferiu,
contudo, seguir o caminho da indenização.

Como sabido, nas indenizatórias as provas devem


ser concretas e suficientes, no sentido de demonstrarem efetivos prejuízos na fase
cognitiva da ação, só se remetendo para o juízo sucessivo da execução a eventual
apuração do respectivo quantum.

Não há dano sem prova. A jurisprudência é clara


nesse sentido:

“CHEQUE - Devolução por divergência de assinatura -


Notícia ao Banco Central como se se tratasse de
insuficiência de fundos - prejuízo não demonstrado -
Ação de indenização improcedente mesmo quanto ao
alegado dano moral.
A devolução do cheque com a motivação atribuída pode
acarretar prejuízos materiais, impedindo a conclusão de
negócios em andamento e, com o abalo de crédito,
acarretando dificuldades em muitos setores de atividade
produtiva, comercial e profissional. Mas, para constituir
título indenizatório, imprescindível seja demonstrado o
dano. Esse é o pressuposto necessário, seja por
responsabilidade por ato ilícito ou contratual.”
(RT-575/133).

O pedido de indenização por dano moral é


indevido, eis que incomprovado. Como sabido, o dano, mesmo moral, tem de ser
provado, não havendo nenhuma razão jurídica para se estabelecer derrogações aos
princípios gerais probatórios (art. 333, I, CPC) e aos da responsabilidade civil (art. 186,
CC).

Nesse sentido é a jurisprudência dominante,


inclusive do Superior Tribunal de Justiça:

“Mandato. Coação. Indenização. Dano Moral. Apelação.


Requisitos.
1 - Sem base probatória segura para que seja
identificado, o dano moral não há de ser indenizado.”

12
(Ag.I.42.383-3 - Rio Grande do Sul, STJ, Rel. Min.
Cláudio Santos, DJU. 21.02.94, nº 197, pág. 21685)
(grifamos)

“Não basta que o autor mostre seja o fato de que se


queixa capaz de produzir dano.
Em síntese que seja de natureza prejudicial. É mister a
prova somente do dano.” (RT 454/219 , RT 177/265)

“Para que haja pagamento da indenização pleiteada,


além da prova do dolo do agente, é necessário
comprovar a ocorrência de um dano patrimonial ou
moral.” (RT 436/97, 433/88, 368/181, 458/206,
434/101; RTJ-39/38, 41/844; RF 221/200)

De qualquer sorte, o autor não demonstrou os


supostos prejuízos sofridos e o dano apontado sequer veio aos autos com alguma
sustentação probatória. Nessa esteira, nada há a indenizar.

3. DA FALTA DE COMPROVAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS – LUCROS


CESSANTES.

Dano pode ser conceituado como toda diminuição


de patrimônio3. Todo prejuízo resultante da perda, deterioração ou depreciação de
um bem é, em princípio, indenizável. Porém, para que ocorra o dever de indenizar
não basta um ato ou conduta ilícita e o nexo causal; é necessário que tenha havido
decorrente repercussão patrimonial negativa no acervo de bens de quem reclama.

O dano patrimonial “é o dano que atinge o


patrimônio do ofendido” (Pontes de Miranda, in Tratado do Direito Privado,
XXVI, § 3.108, p. 30), é o dano puramente econômico suportado pelo ofendido,
que é, necessariamente, mensurável.

3
Patrimônio é qualquer bem exterior com relação ao sujeito e que seja capaz de classificar-se na
ordem da riqueza material, quase sempre valorável, para satisfazer uma necessidade econômica,
ou, como descrito no Dicionário Aurélio, “é um complexo de bens, materiais ou não, direitos, ações,
posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa ou empresa e seja suscetível de apreciação
econômica”.

13
Reparar o dano significa indenizar, tornar indene o
prejuízo. Indene é o que se mostra íntegro, perfeito, incólume. E a reparação de
dano deve ser feita de molde que a situação anterior seja reconstituída.

No dano patrimonial existe um empobrecimento do


que o lesado possui e guarda, materialmente, mas também podem atingir o
possível aumento patrimonial que teria havido se o evento não tivesse ocorrido.

Na verdade, quando o autor pleiteia indenização


por lucro cessante, há um juízo de probabilidade, que desemboca na perda de
chance ou de oportunidade. É preciso prever, nesse campo, o curso normal dos
acontecimentos. Por esse prisma, as hipóteses devem ficar sempre nos limites do
razoável e no que pode ser materialmente demonstrado. Os danos futuros devem
ser razoavelmente avaliados quando conseqüência de um dano presente.

Destarte, em se tratando de avaliação futura,


guarda certa relatividade, mas não pode ser meramente hipotética como
apresentado pelo autor na inicial.

O caso concreto sustenta-se em meras suposições.

Para Amílcar de Castro, “os lucros cessantes não


podem compreender lucros imaginários ou fantásticos, nem podem ser fonte de
enriquecimento sem causa, já que não se instituem com o objetivo de proporcionar
vantagem ao credor.” (Comentários ao Código de Processo Civil, vol. VIII, pág. 171, n.
234) (g.n.)

Doutrina Rui Stoco, em “Responsabilidade Civil e


sua interpretação jurisprudencial”, 2ª edição, pág. 516:

“Lucros cessantes constitui a expressão usada para


distinguir os lucros de que fomos privados, e que
deveriam vir ao nosso patrimônio, em virtude de
impedimento decorrente de fato ou ato não acontecido
ou praticado por nossa vontade. São, assim, os ganhos
que eram certos ou próprios de nosso direito, que foram
frustrados por ato alheio ou fato de outrem.” - grifamos

14
Ora, a prova dos autos é contundente no sentido
de que o autor não experimentou qualquer prejuízo, tão pouco teve lucro frustrado,
em decorrência do ato questionado.

Não restou minimamente demonstrado que o autor


esteve desempregado durante o período em que perdurou o protesto, que
procurou emprego ou que alguma negativa tenha decorrido em razão única e
exclusiva da existência da mácula em nome deste.

O eminente Juiz Carlos Roberto Gonçalves,


integrante do E. Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, em sua
obra “Responsabilidade Civil”, ao tratar das perdas e danos, leciona:

“Como diretriz, o Código usa a expressão


razoavelmente, ou seja, o que a vítima ‘razoavelmente
deixou de lucrar’, cujo sentido, segundo Agostinho
Alvim, é este: ‘...até prova em contrário, admite-se que
o credor haveria de lucrar aquilo que o bom senso diz
que lucraria. Há aí uma presunção de que os fatos se
desenrolariam dentro do seu curso normal, tendo-se em
vista os antecedentes ... ele (o advérbio razoavelmente)
não significa que se pagará aquilo que for razoável
(idéia quantitativa) e sim que se pagará se se puder,
razoavelmente, admitir que houve lucro cessante (idéia
que se prende à existência mesma do prejuízo). Ele
contém uma restrição, que serve para nortear o juiz
acerca da prova do prejuízo em sua existência, e não
em sua quantidade. Mesmo porque, admitida a
existência do prejuízo (lucro cessante), a indenização
não se pautará pelo razoável e sim pelo provado’
(Da inexecução, cit., p. 188-90).” - grifamos

Veja-se, ainda, decisões acerca da matéria:

“Para que ocorra o direito aos lucros cessantes, a


título de perdas e danos, deve-se comprovar
haver, com certeza, algo a ganhar, uma vez que
só se perde “o que se deixa de ganhar” (cf. Pontes
de Miranda, “Tratado de Direito Privado”, tomo XXV,
p.23). Aliás, estabelece o art. 1.059 do Código Civil, que
a perda indenizável é “o que razoavelmente deixa de

15
ganhar”, sendo de se exigir venha o esbulhado
demonstrar haver possibilidade precisa de ganho, sem o
que não há que falar em lucros cessantes.” (1º TACSP -
3ª C.- Ap. 476.842/1- Rel. Antonio de Pádua Ferraz
Nogueira, j.01-06-93) - grifamos

“Acidente de trânsito - Lucros cessantes -


Necessidade de prova da probabilidade objetiva
da percepção de lucros, de forma concreta e, não,
da simples possibilidade de sua realização -
Recurso parcialmente provido para reduzir a verba”
(JTACSP, Revista dos Tribunais, 111:58) - grifamos

“Responsabilidade civil - Lucros cessantes não se


presumem - Necessidade de demonstração plena de sua
existência - Verba indevida - Recurso não provido”
(RJTJSP, 99:140).

Desta forma, resta evidente que é totalmente


descabida qualquer reparação referente aos lucros cessantes, devendo o autor ser
considerado carecedor da ação por absoluta falta de comprovação dos prejuízos
efetivos, ou de eventuais lucros futuros interrompidos, já que estes, como sabido,
devem ser provados de plano, não cabendo ao juiz qualquer estimativa ou
arbitramento de valores, como absurdamente pedido pelo autor na inicial.

4. DA NECESSIDADE DE PARÂMETROS PARA A INDENIZAÇÃO

Admitindo-se, pelo princípio da eventualidade, a


existência efetiva de danos e sua comprovação, impugna o réu o exorbitante valor
pleiteado a título de indenização por dano moral.

O dano moral deve ser mensurado mediante a


conjugação de diversos elementos, entre os quais, o grau de culpa, a
gravidade, a extensão e a repercussão da ofensa, bem como a
intensidade do sofrimento acarretado à vítima.

A despeito da inexistência de critérios para a


fixação do dano moral, há certa uniformidade na jurisprudência quanto à
razoabilidade das indenizações, em especial do E. Superior Tribunal de Justiça
que, mostrando-se cauteloso, reiteradamente tem afastado os ressarcimentos

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vultosos, recomendando o arbitramento com moderação, independente da
intensidade da culpa ou do dano.

Consigne-se que a orientação jurisprudencial mais


recente tem se valido dos critérios da limitação e moderação do dano moral:

“CIVIL. INDENIZAÇÃO. PROTESTO INDEVIDO DE


TÍTULO. DANO MORAL. ELEVAÇÃO DA CONDENAÇÃO.
CRITÉRIOS. PRECEDENTES DA CORTE. RECURSO
PROVIDO PARCIALMENTE.
I - A indenização pelo protesto indevido de título
cambiariforme deve representar punição a quem
indevidamente promoveu o ato e eficácia ressarcitória à
parte atingida.
II - O arbitramento da condenação a título de
dano moral deve operar-se com moderação,
proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte
empresarial das partes, suas atividades
comerciais, e, ainda, ao valor do negócio,
orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos
pela doutrina e pela jurisprudência, com
razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do
bom senso, atento à realidade da vida, notadamente à
situação econômica atual, e às peculiaridades de cada
caso.
III - O arbitramento do valor indenizatório por
dano moral sujeita-se ao controle do Superior
Tribunal de Justiça.”
(RESP 173366/SP ; RECURSO ESPECIAL
(1998/0031610-8) - Fonte DJ DATA:03/05/1999
PG:00152 - Relator Min. SALVIO DE FIGUEIREDO
TEIXEIRA - Data da Decisão 03/12/1998 – Órgão
Julgador QUARTA TURMA – v.u.) – grifos nossos

“Responsabilidade civil. Imprensa (publicação de notícia


ofensiva). Ofensa à honra. Dano moral. Valor da
indenização. Controle pelo STJ.
1. Quem pratica pela imprensa abuso no seu exercício
responde pelo prejuízo que causa. Violado direito, ou
causado prejuízo, impõe-se sejam reparados os danos.

17
Caso de reparação de dano moral, inexistindo, nesse
ponto, ofensa a texto de lei federal.
2. Em não sendo mais aplicável a indenização a que se
refere a Lei nº 5.520/67, deve o juiz no entanto
quantificá-la moderadamente. O critério da pena de
multa máxima prevista no Cód. Penal (em dobro,
segundo o disposto no Cód. Civil, art. 1.547, parágrafo
único) nem sempre é recomendável.
3. O valor da indenização por dano moral não
pode escapar ao controle do Superior Tribunal de
Justiça.
4. Recurso especial conhecido pelo dissídio e provido
em parte, para reduzir-se o valor da condenação.”
(RECURSO ESPECIAL Nº 53.321 - RJ - (Registro nº
94.0026523-9) - Relator: O Sr. Ministro Nilson Naves -
Recorrente: Jornal do Brasil S/A - Recorrido: Eduardo
Mayr - Advogados: Drs. Sérgio Bermudes e outros, e
Francisco Antônio Fabiano Mendes e outro -
Sustentação Oral: Dr. Marcelo Alexandre Lopes (pelo
recorrente) – v.u. - Publicado no DJ de 24-11-97 - RSTJ
105/230). – grifos nossos

“Dano moral. Indenização. Arbitramento. Possível, em


tese, rever o valor da indenização em recurso especial.
Assim, quando se mostra evidentemente
exagerada, distanciando-se das finalidades da lei
que não deseja o enriquecimento de quem sofreu
a ofensa. Possibilidade, ainda, de conhecimento pelo
dissídio, cotejando-se o valor com o estabelecido para
outras hipóteses.
Hipótese em que se impunha a redução do valor
fixado, tendo em vista que o constrangimento sofrido
pelo autor não foi muito significativo.”
(RECURSO ESPECIAL Nº 87.719 – RJ - Registro nº
96.0008300-2 - Relator: O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro -
Recorrente: Casa Garson Aparelhos Elétricos S/A -
Recorrido: Delci Ribeiro - Advogados: Drs. Roberto
Algranti e outros, e Dr. Antônio Augusto de Souza Mallet
- Publicado no DJ de 25-05-98 - RSTJ 107/197). –
grifos nossos

18
Sem argumentação plausível, pede o autor o
arbitramento indenizatório em equivalente a R$ 664.311,00 – mais de 2.700
salários mínimos. O quantum pretendido tem sido objeto de rejeição por parte
do Poder Judiciário.

Veja-se a manifestação, incidental, do Min. Sálvio


de Figueiredo Teixeira a esse respeito, no Agravo Regimental no AI nº
108.923/SP : “Ademais, é de assinalar-se que a reparação do dano moral não pode
ensejar o enriquecimento indevido, sendo de repudiar-se o posicionamento dos que
postulam vantagens fáceis por intermédio desta via.“

Se não bastasse a ausência de critérios norteadores


capazes de mensurar as indenizações nas ações de reparação por danos e, visando
coibir o enriquecimento indevido, o Superior Tribunal de Justiça tem se preocupado
em definir, em última instância, qual o real valor devido.

Destarte, tolhendo um agravamento das situações


hodiernas é que o STJ, em acórdãos recentíssimos chamou para si o controle dos
valores das indenizações por dano moral, à consideração de que “na fixação
da indenização, tem-se que, necessariamente, observar um padrão de
razoabilidade, e isso, em verdade, constitui questão jurídica, sendo passível, pois,
de exame por esta Corte.” (do voto do Min. Costa Leite, no Resp 53.321/RJ, j.
16/09/97,publ. 24/11/97)

E, seguindo esse entendimento, os Tribunais


Estaduais têm reduzido drasticamente os valores das indenizações por dano moral,
rejeitando pedidos como o pleiteado pelo autor:

“RESPONSABILIDADE CIVIL – AÇÃO ORDINÁRIA


OBJETIVANDO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS –
Cliente de supermercado que teve uma cédula de R$
50,00 recusada pela caixa do estabelecimento. Não
comprovado por prova idônea e convincente ter sido
imputada à autora a suposta falsificação da nota, mas
tendo sido a mesma submetida a vexame, diante do
tumulto surgido na ocasião, há que ser reformada em
parte, a sentença, para reduzir a indenização a
vinte salários mínimos.”

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(j. 11/08/98 - Apelação Cível 6585/98 - TJRJ - 18ª
Câmara Cível - unânime – Relª. Desª. Helena Bekhor –
AASP nº 2090) – grifamos

“DANO MORAL - Protesto indevido - Cambial -


Duplicata - Compra e venda mercantil - Envio para
protesto das cártulas em razão de aquisições em nome
da sacada - Inocorrência de sua aquisição no negócio
realizado - Caracterização da negligência da empresa ao
aceitar transação envolvendo o nome de terceira pessoa
- Necessidade da reparação do dano - Condenação
das requeridas ao pagamento da indenização em
30 salários mínimos - Recurso provido para este fim.”
(Primeiro Tribunal de Alçada Civel de São Paulo -
PROCESSO: 0829421-7 - RECURSO: Apelação -
ORIGEM: Sorocaba - JULGADOR: 10ª Câmara -
JULGAMENTO: 06/06/2000 - RELATOR: Frank Hungria -
REVISOR: Candido Alem - DECISÃO: Deram Provimento
ao(s) Recurso) – grifos nossos

“INDENIZAÇÃO - Dano moral - Hipótese em que não


executou em sua totalidade a empresa-ré os serviços
contratados - Inexistência de prova de que o tenha
efetuado integralmente - Ônus que competia à ré -
Protesto abusivo de título - Abalo de crédito ao autor -
Verba devida - Fixação em 25 (vinte e cinco)
salários mínimos - Verba advocatícia mantida -
Recurso do autor provido, em parte, desprovido o da
ré.” (Tribunal de Justiça de São Paulo - Apelação Cível
n. 036.749-4 - Ribeirão Preto - 5ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Rodrigues de Carvalho - 25.06.98 - V.
U.) – grifos nossos

“RESPONSABILIDADE CIVIL - Dano moral -


Protesto cambiário indevido - Desnecessidade de provar
a existência de dnao patrimonial - Necessidade de o
Banco arcar com as conseqüências de seu ilícito culposo
- Condenação do Banco ao pagamento de 30
salários mínimos a título de danos morais, bem
como custas processuais e honorários
advocatícios fixados em 10% sobre o valor da
causa - Recurso parcialmente provido.”

20
(Primeiro Tribunal de Alçada Civel de São Paulo -
PROCESSO: 0829311-6 - RECURSO: Apelação -
ORIGEM: São Paulo - JULGADOR: 10ª Câmara -
JULGAMENTO: 04/06/2002 - RELATOR: Frank Hungria -
REVISOR: Simões de Vergueiro - DECISÃO: Deram
Provimento Parcial) – grifos nossos

“CAMBIAL - DUPLICATA - TÍTULO QUITADO -


PROTESTO EFETUADO - INADIMISSIBILIDADE -
PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL
DEFERIDO - FIXAÇÃO DO VALOR EM 20 SALÁRIOS
MÍNIMOS, DEVENDO, AINDA, A RÉ ARCAR COM O
PAGAMENTO DAS VERBAS DA SUCUMBÊNCIA -
DECLARATÓRIA DE NULIDADE DO TÍTULO CUMULADA
COM PERDAS E DANOS PROCEDENTES - RECURSO
PROVIDO.”
(Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo -
ACÓRDÃO: 25169 - PROCESSO: 0709879-5 - RECURSO:
Apelação Cível - ORIGEM: São Paulo - JULGADOR: 2ª
Câmara Especial de Janeiro - JULGAMENTO:
06/02/1997 - RELATOR: Alberto Tedesco - DECISÃO:
Unânime - PUBLICAÇÃO: MF 24/NP) – grifos nossos

Destarte, se devida fosse a indenização, esta


deveria ser suficiente apenas para restabelecer o status quo ante, em coerência
aos princípios que norteiam a obrigação de indenizar, que não tolera o
enriquecimento sem causa.

Vê-se, portanto, que em contraposição à infundada


pretensão do autor, o réu apresenta critérios lógicos que, na eventualidade de
condenação, devem obrigatoriamente, ser aplicados para a justa composição de
interesses.

V - DO PEDIDO

Diante do exposto, requer o acolhimento das


preliminares de prescrição e inépcia argüidas, extinguindo-se o feito.

21
Na hipótese de afastamento das preliminares, seja
a demanda julgada totalmente improcedente, com a condenação do autor nas
verbas sucumbenciais.

Requer-se, outrossim, a produção das provas


admissíveis, notadamente o depoimento pessoal do autor, juntada de novos
documentos, oitiva de testemunhas a serem oportunamente arroladas e expedição
de ofícios.

Termos em que, requerendo que as intimações


doravante publicadas sejam feitas em nome da subscritora desta e do Dr. Orandir
Carvalho Lima Filho, OAB/SP 77.032,
pede deferimento.
De São Paulo para Barueri, 23 de setembro de 2003

RENATA MALUF MARTINS


OAB/SP 122.502

2003/30

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